Rezenha Crítica CREED 2016 – Não tem como não soltar a metralhadora de SPOILERS

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Terça-Feira, exatos 19 de janeiro de 2016 finalmente depois de muita espera e ansiedade pude ir ao cinema conferir o spin-off do Rocky Balboa, com certo otimismo mas receoso,  como sempre devemos ser para não nos decepcionarmos. Só posso dizer que foi imensuravelmente melhor do que já esperava e podia sentir que fosse. Meu principal meio de descobrir se um filme é bom ou não, é se ele me faz rir ou chorar. Mas são raros os filmes que me afetam destas duas maneiras ao mesmo tempo, e esse foi um deles.

Não é novidade pra ninguém que este blogueiro é fã incondicional de toda a saga Balboa, e quem não conferiu, perca alguns minutos com este post: A SÍNDROME DE ROCKY BALBOA | Rezenha para notar o que eu digo. Mas não percamos tempo e vamos falar do que interessa, Creed: Nascido pra Lutar.

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O filme trata sobre a difícil infância de Adonis Jhonson, filho bastardo de Apollo Creed, que é encontrado por sua esposa oficial em um orfanato e como é o único herdeiro de Apollo com sangue do mito correndo em suas veias, ela o resgata. E adivinhem, o primeiro quadro do personagem ele está fazendo com um garoto o que Apollo deveria ter feito com Ivan Drago em 84.

Logo de cara nos deparamos também com algo que Stallone já havia feito em seu Rocky Balboa de 2006, matou seu último ente querido e irmão por escolha Paulie. Já é um choque para todos quando repetindo o eterno ritual de sentar-se a frente dos túmulos de Adrian e Paulie respectivamente, aí já seria um bom motivo para começar a chorar se eu não tivesse visto este detalhe no trailler, o que com certeza sentenciou a possibilidade de ver algum trailler de qualquer filme que me interesse daqui para frente. Nego “mete” spoiler sem dó nos trailers sem preocupar-se com o amanhã, e deram a deixa sobre o câncer também, ainda bem que de uma forma bem discreta.

Adonis evita que seu sobrenome seja descoberto, afinal em razão disso na cidade Los Angeles onde reside, os ginásios evitam treiná-lo para combates, inclusive o personagem Tony “Little Duke” filho do lendário Tony Duke (Treinador de Apollo Creed e posteriormente de Rocky, que também mataram sutilmente com este pequeno detalhe) recusou-se a treiná-lo em respeito de seu sobrenome. Depois disto ele vai atrás de Rocky, pedir que o treine. E aí que começa a graça e a película destoa lágrimas.

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Ao adentrar ao Adrian’s Restaurant o coração já começa a palpitar loucamente e de repente quando ele está olhando o famoso quadro que foi pintado entre os Rocky III e Rocky IV simbolizando uma luta secreta e a famosa “nega” entre Rocky e Apollo surge Rocky querendo saber qual o motivo que Adonis queria tanto falar com ele. Neste momento todos descobrimos o que muitos já suspeitavam, essa “nega” foi ganha pelo Apollo, talvez por isso no IV ele tenha se animado a volar aos ringues, que coisa. Mas Rocky só contou mesmo depois de Adonis ter confessado ser filho de Apollo.

Rocky de início recusa o convite para treiná-lo, mas passa algumas dicas para que ele comece de algum ponto, uma vez que ele está sozinho na Philadelphia sem ninguém, a não ser o “Tio” Rocky. Adonis vai até a lendária academia Mickey que foi reerguida por um antigo amigo de Rocky. Ali ele começa sua saga sozinho.

O filme tem uns pontos cômicos muito bem arranjados como a diferença de idade entre os dois e as gírias, eu ri alto com a cena onde Adonis solta “na nuvem” as informações de treino que Rocky tinha escrito em um papel, e ao falar que havia salvo nas nuvens Rocky olha para cima, sem contar outros momentos quando eles começam a treinar, onde Rocky, logicamente um idoso, ao invés de pular corda com Adonis lê um jornal e toma seu café, ou ao correr pelas ruas da Philadelphia vai dirigindo seu furgãozinho enquanto seu pupilo tenta acompanhá-lo.

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Mas vou me conter e parar de comentar cena por cena como um narrador de futebol. Uma coisa é certa, todos nós fãs de Stallone e aos que sempre assistiram aos seus filmes, estamos acostumados com ele sempre bombado matando geral ou triunfando com os seus finais bem utópicos, pois bem, você ficará chocado ao se deparar com um Rocky descobrindo um câncer, cara até arrepia digitando, merecido o Globo de Ouro de Ator Coadjuvante a ele e quiçá agora em fevereiro torçamos sim por um Oscar de Ator Coadjuvante seria a redenção em sua carreira como ator e um “Chupa” aos críticos blasé hollywoodianos.

Senti como um presságio do fim de um dos personagens mais inspiradores do cinema, o maldito câncer que havia aniquilado a sua amada Adrian. É um dos momentos chave do filme e mais dramáticos, pois o Rocky tenta esconder de Adonis o diagnóstico de seus exames, mas ele descobre. E discutindo com Rocky você chega a “Engolir seco” com ele falando que daria tudo que ganhou para ter mais um dia com Adrian, e que não faria o tratamento de quimioterapia, afinal ele soubera que agora estava próximo de encontrá-la num lugar melhor, FODA.

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A jogada que o diretor Ryan Coogler usou neste ato é incrível, pois Adonis o convence em deixá-lo treinar contra o câncer enquanto Rocky o treina para a luta de sua vida, esta jogada e a construção de cenas são perfeitas com os treinos feitos no hospital onde Rocky estava internado. E vale ressaltar uma cena em especial, onde quando começaram a treinar Adonis e Rocky batiam num saco de pancadas lado a lado, e após a descoberta do Câncer, é feita a mesma cena com Adonis sozinho e olhando para o lado vago e o plano abrindo, ali eu chorei sem maldade e duvido que você não chore.

Uma curiosidade é que o personagem Manopla, é o mesmo ator e personagem de Rocky II, um “Afro Descendente” / “Neguinho” que ajuda Rocky em seus treinos batendo em seu abdômen enquanto faz abdominais. Muito foda isso.

A situação criada para a luta principal é interessante e me exaltei, acabei deixando de explicar no começo. ‘Pretty’ Ricky Conlan, o atual campeão mundial está para ser preso definitivamente e para fazer uma última grana seu manager decide enfrentar Adonis CREED, que até então utilizava o sobrenome Johnson para afastar as sombras de seu pai, mas a notícia acaba vazando e toda a imprensa traz a tona os fantasmas do pai e o peso de representá-lo à altura. Adonis lida com isso apenas nos últimos rounds da luta de sua vida.

Bom a famosa corrida pela Philadelphia cinzenta existe, mas não tão bela quanto as corridas de Rocky. Não que a cena não é bonita, é. Pois aqueles garotos com motos barulhentas que representam a Philadelphia atual (Como próprio Rocky descreve quando Adonis pergunta porque aquela “mulecada” anda com aquelas motos), não só a Philadelphia como na minha cidade também ou qualquer outra, pior que pardal estas pragas. Mas em minha humilde opinião a cena já é bonita, afinal Creed corre até onde Rocky está em seus aposentos para cumprimentá-lo e suadá-lo, mas poderiam ter feito algo mais sensível e artístico como em Rocky II, além dos motoqueiros indo atrás de Creed, outras pessoas normais (Feirantes, crianças, ou qualquer cidadão que por ali estivessem) poderiam acompanhar Creed (Não no mesmo pique) até onde Rocky estava para reverenciá-lo e cumprimentá-lo, seria mais do que merecido e a cena em si faria as lágrimas escorrerem até com mais alegria por esta redenção de Stallone, seria fantástico.

As cenas de lutas são fantásticas, todas elas, das primeiras como a principal contra o campeão, utilizando plano sequência e uma envolvência sensacional, de todos filmes do gênero, incluindo os Rocky Balboa, de longe uma das melhores sequências que já vi. Não sei se repararam, mas há umas batidas bem estilo John Williams em Exterminador do Futuro 2, o que deixo a sequência dos rounds ainda mais emocionante como se eu tivesse apostando milhões nessa porra de luta.

O final da luta mostra a mensagem de uma forma destorcida como Rocky: Um Lutador mostrou em 1976. O primeiro Rocky mostrou como imigrantes podiam triunfar na América, cidade das oportunidades, impulsionando o orgulho americano da classe operária e passando a esperança de um país das oportunidades àqueles que lá chegavam para “ganhar a vida”. Em Creed: Nascido para Lutar a mensagem é outra e não tão pormenor e que não pode ser menosprezada, afinal mostram os conflitos de uma pessoa que saiu das ruas e tinha o desejo de triunfar e não era por dinheiro, nem por fama, e sim por respeito como o personagem Adonis mesmo frisa.

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Gente não vou conseguir parar, preciso aqui deixar explícito uma outra cena tão tocante como qualquer outra mas em especial, como se fosse o próprio Stallone, quando Adonis pergunta sobre seu filho, se você reparar nos olhos marejados de Stallone é notável que neste momento ele deve ter sentido um aperto no coração, afinal o Stallone da vida real perdeu o seu filho há alguns anos, e neste momento ele fala que seu filho está longe, cara é nítido o filme passando em sua cabeça e o peso que esta cena dá ao filme. Alô academia, dá a estatueta pra ele pelo amor de deus.

Os últimos momentos de Rocky subindo as escadarias com a ajuda de Adonis tem uma simbologia incrível, ali é notório que literalmente Rocky finalmente pode “passar o bastão” ao seu verdadeiro pupilo, alguém que além de poder confiar, é um amigo que ele já não tinha mais. Ainda bem que Stallone pode deixar mentes frescas e criativas trabalharem na construção do roteiro e transformar o Rocky Balboa ídolo de todos e fonte de inspiração em um personagem inspirador sem necessitar que o mesmo tenha que ser o protagonista, isso deixou a película ainda mais linda.

Rocky finalmente passa o bastão de seu legado

Rocky finalmente passa o bastão de seu legado

Desculpem a imparcialidade, mas é que não tem como quando trata-se de qualquer coisa relacionada à Rocky Balboa.

Poster Creed 2015

 

9 comentários sobre “Rezenha Crítica CREED 2016 – Não tem como não soltar a metralhadora de SPOILERS

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  3. Tive que vir ler depois que vc comentou no meu blog! Suas resenhas são muuuito mais elaboradas que as minhas. As minhas são meras opiniões minhas sobre os filmes.
    Mas fiquei feliz em saber que alguém tbm riu com a cena da “nuvem”. Pqp! Eu rio sozinha lembrando!
    Chorei em todas as cenas que vc falou que chorou. Esse filme é FODA!

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  4. Pingback: Fazemos Parte de um Seleto Grupo de Privilegiados, Prazer Geração Y! | Rezenhando

    • Muito obrigado amigo. Desculpe os spoilers mas é que o emocional falou mais alto e qualquer coisa sobre Rocky pra mim é difícil escrever sem ser parcial. Só podíamos nos encontrar no melhor blog de esporte atualmente hehehehe. Temos bom gosto. Você tem algum blog?

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      • Nao infelizmente eu nao possuo nenhum blog, nao tenho talento com palavras necessario para isso, e tambem nao dispunho de conhecimento para criar um blog. Mas gosto de acompanhar e pode ter certeza que visitarei o seu com frequencia. Ja marquei aqui, e a cada nova postagem eu receberei um email avisando, entao poderei vir e interagir;
        Grande abraco
        Glauber

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