Rezenha Crítica O Enigma de Kaspar Hauser 1974

Wallpaper Kaspar Hauser 1974

O que mais assusta é o fato do conteúdo transcorrido durante a obra ter sido real e possivelmente ainda mais cruel, uma vez que todo filme por mais próximo da realidade que tente ser, não passa de uma fantasia kafkiana que depois de duas horas acaba para o telespectador. Confiram a “rezenha” crítica de O Enigma de Kaspar Hauser.

Um garoto é criado num porão, longe de qualquer contato com outro ser humano, até completar 18 anos (se bem que parecia ter muito mais). Sem saber falar, andar ou sua própria identidade, ele é levado para a cidade onde é objeto de curiosidade e desprezo da população local.

Uma pena ter assistido O Homem Elefante (confiram “rezenha” aqui) antes, apesar de uma história não ter nada haver com a outra, ambos são fatos reais e tratam de uma forma velada um tema pra lá de filosófico, a visão de um ser humano depois de anos trancado e sem contato algum com a humanidade, levando uma vida deplorável (angustiante, no qual não desejamos nem pro nosso pior inimigo), quando do nada o mesmo na fase adulta começa a ter esse contato com o mundo externo de uma forma positiva. Em vários momentos ambos deslumbram a ingenuidade pura e uma visão totalmente livre de vícios de uma sociedade corrompida no berço (religião, política, costumes), algo que valeria inclusive ser tema de debates e trabalhos de conclusão de curso.

O que pesa na comparação é em relação a nacionalidade e respectivo estereótipo de quem dirige ambos, uma vez que Herzog, diretor de Kaspar Hause é alemão, cai no mesmo problema de Toni Erdmann, filmes que poderiam ter sido muito mais emocionantes do que foram, mesmo que ambos fossem dirigidos pelos mesmos diretores. Ora, se os mesmos diretores tivessem nascidos em outro país, a carga emocional teria sido muito maior, uma vez que alemães são intrinsecamente mais lógicos do que emocionais.

Tecnicamente Kaspar Hause é quase perfeito, com uma fotografia e enquadramento destoantes do padrão, inclusive muito melhor do que muitos diretores fazem hoje em dia, quarenta anos depois, as paisagens são positivamente valorizadas. Apesar da falta de emoção devida ao peso que a história carrega sobre este triste personagem, os diálogos e divagações do mesmo quando começa a de fato pensar e refletir sobre a vida diante de pseudo intelectuais equilibram o filme, retratando literalmente o que é ver “o outro lado da moeda” além da crise existencial que o próprio começa a viver conforme vai aprendendo os tais vícios citados, o que não deveria acontecer uma vez que ele estava livre e tinha uma vida inteira pra viver e em vários momentos ele deixa claro a vontade de querer voltar a estar preso.

Muito interessante inclusive o teste lógico sobre aldeia das pessoas que dizem a verdade e mentira, a resposta padrão e a resposta que Kaspar Hause dá ao pseudo intelectual.

Iria assistir de novo? Sim.

Minha nota é 3,5/5.

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7 comentários sobre “Rezenha Crítica O Enigma de Kaspar Hauser 1974

    • Surpreso pelo seu relato, eu tenho a impressão que nasci na época e lugar errados. Gostaria muito de ter nascida bem antes e apesar de odiar morar em capital, atualmente moro no interior de sampa, anos setenta e oitenta deveria ter sido bacana morar e presenciar a expansão industrial além de claro ter ido no vácuo do cinema da época, muitos filmes como o primeiro exterminador queria muito ter presenciado in loco.

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      • foram anos muito complexos, Felipe. mas, claro, havia uma densa força cultural – já vinhas dos anos 60 – na música, no cinema (os filmes de Bergman, Costa Gavras e seu maravilhoso “Z”, entre tantas outras coisas. no início dos 70 estava trabalhando, então muito se diluia no meu cotidiano, mas jamais deixei de lado a literatura, a arte, o cinema, a música. para teres uma pequena ideia, em 70 assisti a estreia aqui em Porto Alegre de “Woodstock”, então proibido para menores de 18 anos. entrei junto com a turma e nem perceberam que eu ainda era um menino. experiências!!!! hoje, tenho mais vontade de morar no interior, mas as incertezas que vivemos me fazem ficar por aqui. grande abraço.

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