Mães Paralelas (“Madres paralelas”)

Pedro Almodóvar não dá para o pobre cinéfilo 1 minuto de paz, mas no melhor dos sentidos. Visto por aqui pela última vez no ótimo “Dor e Glória”, o diretor trata agora de dois temas completamente diferentes.

O tema, digamos, principal, e do que trata o título, é sobre duas mulheres interpretadas por Penélope Cruz de “As Agentes 355” em sua oitava colaboração com o diretor, e Milena Smit que nos burburinhos já está sendo conhecida como a nova musa de Almodóvar.

Elas são respectivamente Janis e Ana, que tiveram seus filhos no mesmo dia, ambas mães solteiras, com Janis já em seus 40 anos e Ana completando 18. Logo após o parto, as duas se afastam e quando se reencontram, quase 2 anos depois, alguns segredos veem à tona.

O mais interessante da trama nem é as pequenas reviravoltas ou segredos, pois estes são até previsíveis com o mínimo de atenção, mas sim a carga dramática que eles trazem, inclusive potencializados pela excelente trilha sonora de Alberto Iglesias, parceiro habitual do diretor em seus filmes. O que importa é a preocupação que o espectador vai ter com a reação da dupla de protagonistas frentes a esses eventos de impacto.

Nessa hora Penélope Cruz – principalmente – e Milena Smit brilham com atuações fortes como mães, mulheres fortes e independentes, mas que ao mesmo tempo exibem uma complexa camada de fragilidade frente às intempéries peculiares apresentadas na história.

Com toda a cara de “uma película de Almodóvar”, de repente o filme dá uma guinada e faz uma crítica política forte sobre a Guerra Civil Espanhola (1936 – 1939) e sobre a falta de recursos do governo para desenterrar esse passado. O único “problema” (entre aspas) é que, apesar dele iniciar a história com esse tema e gradativamente ir mudando o rumo para a trama das mães, no último ato essa transição é brusca, quase que esquecendo a construção narrativa e passando direto para essa crítica que ainda termina com direito à uma legenda pré-créditos falando sobre a guerra e suas devastadoras consequências.

Mães Paralelas” tem atuações muito acima da média, uma intrincada e ótima dinâmica entre personagens, tornando uma história quase impossível num drama pé no chão e só peca pela falta de encaixe de temas no final, podendo ter tido uma transição mais natural.

Curiosidades:

– No filme “Abraços Partidos” de Almodóvar de 2009, há uma cena onde se vê o poster do filme “Mães Paralelas”! É porque o diretor já estava trabalhando no roteiro desde aquela época e resolveu colocar um spoiler.
– Marca registrada do diretor: em todos os seus filmes pelo menos um personagem – geralmente o principal – tem um carro vermelho.

Ficha Técnica

Elenco:
Penélope Cruz
Milena Smit
Israel Elejalde
Aitana Sánchez-Gijón
Rossy de Palma
Julieta Serrano
Auria Contreras
Carmen Flores
Alice Davies
Ainhoa Santamaría
Adelfa Calvo
Arantxa Aranguren
Inma Ochoa
Trinidad Iglesias
Julio Manrique

Direção:
Pedro Almodóvar

Produção:
Agustín Almodóvar
Esther García

Fotografia:
José Luis Alcaine

Trilha Sonora:
Alberto Iglesias

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