quarta-feira, 14 de junho de 2023

THE FLASH – na velocidade do fan service | CRÍTICA

 Ezra Miller como Barry Allen/Flash em THE FLASH. Cortesia de Warner Bros./DC

Com todos os percalços de desenvolvimento e de produção, é incrível como The Flash nos faz esbanjar sorrisos com tanta facilidade. Da leveza cartunesca à comoção familiar trazida com equilíbrio pelo roteiro de Christina Hodson (Aves de Rapina, Bumblebee) e pela direção de Andy Muschietti (IT - A Coisa), a aventura (não tão solo assim...) do velocista escarlate aproveita a aceitação popular com viagens temporais para correr por fora em uma narrativa que, apesar de expandir seu universo, não deixa de ser uma despedida agridoce para o mesmo.

Dos sorrisos que se fazem recorrentes, uma das gratas surpresas do longa já aparece na sequência inicial que, de tão propositalmente absurda, se faz uma das passagens mais engraçadas que a DC já projetou no cinema, ainda mais quando aposta num lado cômico da Liga da Justiça distinto daquele garrancho redirigido por Joss Whedon em 2017. É como olhar para o passado (e isso será recorrente aqui) e ver o que não foi explorado na telona – e arrisco dizer que há uma disposição maior em compor cenas da forma como se faziam nos quadrinhos oitentistas. Uma “arena” com vários acontecimentos regressos e uma cabeça no meio do céu analisando um acidente, por exemplo, podem ser encontradas em artes similares desenhadas por George Pérez e seu acúmulo de informações visuais, algo condizente com a mente deste Barry Allen de Ezra Miller.

(Foto: Warner Bros./DC/Divulgação)


O ator, aliás, entrega performances formidáveis no que concerne ao seu protagonista e, se escrevo no plural, é porque Miller concebe não só a continuidade ao que já tínhamos assistido em Liga da Justiça, como traz um outro Barry de maneirismos vocais e gestuais distintos justamente por sua criação em uma realidade em que Nora Allen (Maribel Verdú) não fora assassinada. Sem surpresas (mas, de qualquer forma, surpreendendo), Michael Keaton retorna triunfal e apresenta passagens muito empolgantes com seu Batman/Bruce Wayne cheio de poses – e é notável que a narrativa debruça tanto o seu interesse pelo herói que parece fazer justiça ao seu terceiro filme que jamais foi feito.


Com tantas participações especiais de outros heróis e vilões da DC ao longo da trama, paira um sentimento de que a mitologia particular do Flash em si é deixada de lado (a Iris West de Kiersey Clemons pouco tem a fazer), ainda mais quando o arco da Supergirl (Sasha Calle) e General Zod (Michael Shannon) ganha maior importância apesar de o protagonista estar ali como o centro da ação e lidando com decisões urgentes. Esse sentimento só aumenta quando o longa, abrindo-se de vez para o multiverso (embora James Gunn esteja prestes a desconsiderá-lo), presta homenagens e recompensas visuais de outros heróis do legado cinematográfico da DC.

 

E, por falar em decisões, é uma lástima que a trilha sonora de Benjamin Wallfisch seja tão insossa que não seja capaz de entregar um tema icônico ao herói, logo quando poderiam aproveitar até mesmo a melodia criada por Danny Elfman para o personagem em "Liga da Josstiça". Outro tema que senti falta foi o de General Zod que, se antes as batidas de Hans Zimmer conferiam a gravidade do vilão em O Homem de Aço, agora é relegado a uma sonorização... qualquer. 


(Foto: Warner Bros./DC/Divulgação)

 

Se é pra continuar falando dos defeitos de The Flash, nunca antes os filmes recentes da DC pareceram tão feios tipo os da Marvel Studios quanto agora (uma leva, porém, iniciada por pelo último Shazam!) e o mau uso de CGI em elementos cênicos desde locações a bebês em hospitais chegou a despertar em mim até uma sensação de pânico.

 
Dito isso, as mais de duas horas de projeção de The Flash passaram correndo pra mim. Na sua aposta certeira no lúdico, o que rende cenas ótimas com bom uso da montagem (vide a entrada interrompida do título inicial e toda a preparação épica de um traje improvisado culminando num plano hilário), encontramos a essência bem-humorada do personagem e a diversão prometida, sem postergações para o futuro.

 

Assista ao trailer: 




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