quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

AQUAMAN 2: O REINO PERDIDO ...e o encanto também? | CRÍTICA


Pela virada da maré que foi o sucesso de Aquaman nos cinemas entre 2018 e 2019, era esperado que o personagem vivido com o entusiasmo ímpar de Jason Momoa dirigido por James Wan tomasse novos e promissores rumos, ainda mais considerando os ótimos arcos nos quadrinhos da DC tendo até mesmo um filme derivado de terror em cogitação. As crises nas infinitas terras do estúdio, porém, com suas trocas de presidências, filmes deletados, direcionamentos criativos e outros rebuliços na Warner nos últimos anos, somando aí o escândalo judicial de Amber Heard contra Johnny Depp e, com maior peso, James Gunn e a sua proposta de novo universo cinematográfico (um dos fatores da rasteira financeira em The Flash), fizeram a sequência de Aquaman passar por refilmagens entre tantos rumores que, no fim, aumentavam a dúvida se o longa conseguiria chegar às telas depois de tantos afogamentos.


Em um esforço nitidamente mínimo por parte de elenco enquanto Wan demonstra maior segurança com o que tem em mãos, Aquaman 2: O Reino Perdido faz o possível para funcionar enquanto diverte dentro das limitações impostas. Ao envolver a trama em torno de um súbito aquecimento global causado (in)diretamente por um colérico Arraia Negra (Yahya Abdul-Mateen II), o roteiro aproveita pra reforçar os vínculos (mais paternalistas do que) familiares de Arthur (Momoa) enquanto as figuras femininas como a Rainha Atlanna (Nicole Kidman, que some entre cenas para fazer um novo filme ou série) e Mera (Heard, por motivos que sabemos quais...). Salvo uma ou outra adição relevante, a ação em torno do elenco apresentado já no longa anterior funciona para que outros personagens ganhem destaque ainda que tudo muda quando Patrick Wilson rouba cenas como Orm que, de antagonista arrogante, ganha um bom arco de redenção graças ao carisma do ator e seu talento de sustentar narrativas nem sempre profundas.

YAHYA ABDUL-MATEEN II como Black Manta em AQUAMAN 2: O REINO PERDIDO (Warner Bros. Pictures)
Yahya Abdul-Mateen II aproveita seu maior tempo de tela para ser mais vilanesco. (Foto: © Warner Bros./© DC Comics/Divulgação)


É estranho pensar, no entanto, que este Aquaman 2 seja carente de brilho próprio, ainda mais considerando que, apesar de todas as suas ressalvas, o filme de 2018 apostou certo as suas forças no visual colorido além da versatilidade do manejo de câmera típica do cineasta em parceria com o diretor de fotografia Don Burgess, algo que se repete aqui. Talvez seja o evidente tom de despedida ou até mesmo o vício brega em usar flashbacks para fazer o público lembrar de acontecimentos da aventura passada, mas para cada boa cena de humor nos momentos em que remetem a um Star Wars aquático (destaco o personagem com a voz do querido John Rhys-Davies e outro retorno divertido), parece faltar tempo para desenvolver a expansão da própria mitologia envolvendo o subtítulo da obra, sublevada em reforçar o teor familiar. Ainda assim, James Wan se delicia em fazer terror ao menor sinal de oportunidade e projeta uma ótima composição desse Reino Perdido que parece arrancada até mesmo de algum dos escritos de J.R.R. Tolkien.


Patrick Wilson e Jason Momoa em AQUAMAN 2: O REINO PERDIDO (Warner Bros. Pictures)
A parceria de Patrick Wilson e Jason Momoa garante tensão e humor ao longo do filme. (Foto: © Warner Bros./© DC Comics/Divulgação)


Certamente melhor do que as continuações catastróficas de Mulher-Maravilha e Shazam!, Aquaman 2: O Reino Perdido é o "filme de herói" que cumpre em sua entrega do essencial logo em um ano que trouxe à tona a fadiga desse cinema até mesmo para a então imbatível Marvel Studios mesmo com todos os rearranjos pra encerrar o chamado DCEU por aqui mesmo. Com estética de história em quadrinhos amenizada, o longa é um programa pra toda a família ao vestir sua camisa de paizão ...e quem melhor do que Jason Momoa para assumir isso no momento?




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