O Bar | Comédia e terror espanhol na Netflix

    Filme O Bar



    Se tem duas coisas que o cinema espanhol sabe fazer bem é: ser original e interessante. Estes dois elementos me levaram a assistir O Bar (El Bar), recentemente adicionado ao catálogo da Netflix. Depois de assistir eu passei alguns dias sem saber direito como eu me sentia em relação ao filme, mas tentei organizar o máximo que consegui pra esse texto. Vamos lá? Vamos.

    Em uma manhã qualquer, no centro de Madri, um grupo de desconhecidos com diferentes personalidades está em um bar / lanchonete, assim, bem aleatório mesmo. A coisa começa a ficar estranha quando uma destas pessoas sai do bar e leva um tiro na cabeça, ainda na calçada. Quase que instantaneamente a região é evacuada e as pessoas dentro do bar não têm a mínima ideia do autor do disparo ou do que está acontecendo. Quando um homem de dentro do bar tenta sair ele também é executado. Ou seja, melhor ficar ali dentro.

    Cena do filme O Bar

    A coisa fica ainda mais estranha quando eles ligam a TV para tentar descobrir o que está acontecendo mas não há qualquer tipo de informação nos noticiários. Ao encontrarem um homem morto no banheiro, que havia injetado alguma coisa, as pessoas de dentro do bar começam a formular as suas teorias quanto ao que pode estar acontecendo.

    Descrito pelo diretor Álex de La Iglesia como uma “comédia de terror”, o filme consegue carregar bem este clima, principalmente no primeiro ato, quando há mais mistério envolvido. As diferentes reações das pessoas com medo de tudo o que pode estar acontecendo reflete bem o sentimento de uma Europa que têm registrado tantos atentados terroristas e violência gratuita recentemente. Apesar das personalidades caricatas até demais (o publicitário hipster que o diga), é interessante ver personagens tão diferentes interagindo em uma situação tão absurda como esta.

     

    No entanto, à medida em que as pessoas vão encaixando as peças ao tentar entender o que está acontecendo, o filme se torna um pouco previsível. A polarização entre “nós e eles”, assim como as mortes em série já são coisas bem esperadas, mas ainda assim não conseguimos imaginar uma saída para o grupo.

    O filme se perde um pouco ali pela segunda metade, quando um grupo tenta sair do local pelo porão, através do esgoto da cidade. O humor dá lugar a um terror um pouco mais gore, que eu particularmente não sou muito fã, e repete alguns elementos de forma cansativa (afinal, quantas vezes eu preciso ver pessoas se espremendo por um buraco no chão?).

    Cena do filme O Bar

    Dali pra frente a coisa desanda de vez e a história fica cheia de furos, com escolhas bem questionáveis de praticamente todos os personagens. Sabe aquele filme de terror adolescente em que eles são assassinados pela própria burrice? É quase assim que funciona. Dá muita raiva.

    Entre as atuações tenho apenas dois destaques: Blanca Suárez e Jaime Ordóñez. Ela, no papel da protagonista patricinha Elena, que claramente não pertencia àquele lugar e ele no papel do mendigo Israel, que rende as principais risadas do filme, embora suas intenções nunca sejam certas. O elenco conta ainda com Mario Casas, que estrelou Um contratempo, mas aqui a participação dele está apenas regular.

    Apesar destas falhas, O Bar levanta alguns questionamentos bem pertinentes quanto a preconceitos, euforia coletiva, medos particulares e aos sacrifícios feitos “por uma causa maior”. Não é um filme completamente descartável porque a ideia em si é muito boa, apenas a execução frustra um pouco. Mas vai me fazer pensar duas vezes antes de entrar em um bar cheio de estranhos.

    Imagens: IMDb

    Nota:

    Trailer de O Bar


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