Allan

Merce mesmo?

Queria entender a brisa dos pinguins

O filme é bem mais profundo do que parece. Essa coisa de buscar o par ideal a partir de um algoritmo já está acontecendo, e o nome dele é tinder. Temos cada vez mais a possibilidade de encontrar alguém que atenda exatamente às nossas expectativas conscientes. No começo é tudo maravilhoso e superficial. Com o tempo você vai enxergando que está se relacionando com um ser humano, que tem suas falhas, seus defeitos, e então volta pro aplicativo atrás da sua idealização. No consciente o sonho de todo mundo é encontrar um Tom.

Isso fala muito sobre a sociedade individualista que estamos nos tornando, menos disposta a lidar com os defeitos do par romântico e nos fechar no nosso próprio mundo. Não acho que isso seja errado. Quantas vezes nos colocamos em relações tóxicas pelo medo de ficar sozinho? Pelo medo de não ser aceito? Pra suprir as nossas inseguranças? A Alma parece uma pessoa incompleta?

Acho que o argumento do filme não é "será que um robô conseguiria se assemelhar à um ser humano?". Talvez esteja mais para "estamos esperando que as pessoas atuem dentro de um padrão?".

Enxergar os atributos que diferenciam o Tom de um ser humano é essencial para entender esse argumento:

Só não dou 5 estrelas porque eles podiam ter caprichado mais na construção do romance. Em nenhum momento me apaixonei pelo casal, então não sofri pela separação, não me empolguei com o sexo. O Tom é frio demais, robô demais. Difícil não lembrar do Her, que consegue exatamente isso mesmo com um dos personagens sendo uma voz. Talvez seja coisa do cinema Alemão.