Eu vi a representação de uma típica equipe de uma corporação até mesmo nas fantasias delirantes. Foi isso que me prendeu à história. Tudo o mais é adereço.
No final entendi que deveria ver (e apreciar) com o olhar da época em que foi lançado, em certa medida. No resto é um retrato extremamente atual, o que me faz refletir que o filme estava a frente do seu tempo, por isso a rejeição na altura do lançamento. Vejo com a lente de outrora principalmente as interpretações que parecem exageradas, algo mais teatral, o que, de forma alguma, diminui o valor da película, apesar de, confesso, me incomodar um pouco, já que me acostumei a interpretacoes mais naturais.Chama a atenção, por outro lado, o que alguém mencionou aí embaixo: os diálogos eram mais profundos. Inteligentes, penso eu. Junte-se a isso o P&B e temos uma obra-prima de um cinema que não existe mais.
Quando o filme fica muito famoso, tomo distância para não me influenciar. Esperava muito desse filme. Entendi que é aberto a interpretações, e eu falhei miseravelmente em tentar encontrar a minha. Precisei pesquisar. Para mim, isso mostra que não consegui imergir na profundidade a que o filme se pretende. Não é o caso de condenar o filme a uma avaliação péssima. Pode ser o meu momento. E, pode ser que o filme tenha cumprido a sua "missão" de incomodar.
Um filme importante sobre os excessos para combater...os excessos. Sou simplista na minha visão de guerra. Ainda acho que não se combate violência com violência. Sei do imperativo de se dar respostas a ataques, invasões...mas quando o que move é o desejo de vingança sempre sai do controle e inocentes são sacrificados.
Li alguns comentários aqui e criticas/resenhas fora daqui. O meu viés de confirmação me levou a outra interpretação. Com certeza serei acusada de racismo e de exercer o meu privilégio branco. Onde as pessoas veem cores, eu vejo seres humanos, o que me fez amar a história e seus intérpretes, independente de raça (ou seria etnia?). Sim, eu sei do preconceito pela cor (desculpa foi assim que aprendi a definir "aparências"). Talvez tenha visto o caminho inverso, aquele em que o filme mostra um discurso do qual os movimentos identitários têm se apropriado para defender suas pautas, que nos últimos anos radicalizou a ponto de deixar de ser uma defesa de direitos para passar a ser uma imposição de narrativa, repetida à exaustão (e sem filtros críticos) pela militância e por aqueles que pretendem aparecer virtuosos.
Uma imersão no submundo da hipocrisia que mata, independente de lugar. Choca mais num mundo (à parte) fundamentalista que se perpetua por gerações. O choque é ainda maior com a realidade crua graficamente mostrada e a qual, normalmente, viramos a cabeça.
Estava adiando para ver, como sempre faço com produções que são muito comentadas. Preciso pegar distância até ficar só eu e o filme (ou série). Favoritei. E chorei. Nem sempre uso isso como métrica, mas nesse caso mexeu muito com a minha sensibilidade por entender`à perfeição, e, ao mesmo tempo, não imaginar o sofrimento daquelas mulheres. As pausas nos diálogos marcam cada frase dita, soam como vereditos do passado do qual se quer fugir e do futuro que se almeja alcançar. O filme todo é um marco entre um e outro.
Eu dei 4 estrelas proporcionalmente à perturbação que este filme causou em mim. Dias depois ainda estava com pesadelos. De onde vi a dica sabia que era um daqueles filmes que o pessoal de arte classifica como "cult". Não faço parte dessa turma, antes pelo contrário, talvez por ignorância ou, confesso, por gosto estético mesmo. Dei uma chance e entrei com tudo na loucura do enredo e do protagonista. Do meu lugar não vi arte, a não ser o da sobrevivência, que sempre será prioritário considerando tudo o mais.
O que mais me intrigou foi pensar que em um ambiente com segurança máxima, quando o sistema falha, é como estar em qualquer lugar inóspito em qualquer tempo.
Acabei de ver e vou de clichê: quando você só precisa de bons diálogos e silêncios desconcertantes na penumbra para ter uma obra-prima. Mesmo que você intua e deseje o final, aqui, é o caminho de dúvidas até a decisão que importa.
Geralmente as pessoas chamam de confusas histórias contadas não linearmente. Talvez sejam. De fato são um quebra-cabeça a ser montado(ou percebido, ou interpretado). Aqui cumpre a proposta da história à perfeição porque a mente não é linear, é um labirinto, com rotas circulares e conexões de percepção que independem de tempo e espaço. Simplificando muito, o objetivo do filme é sobre percepções. De quem conta/mostra e de quem ouve/vê. Versões da verdade (ou da mentira). Realidade e fantasia, tudo junto e misturado. Há momentos que nos apontam para um julgamento definitivo pela aparente racionalidade, portanto verdade absolutas, já que é a razão considerada o fio condutor de fatos incontestáveis. Será? E é esse será que permeia o filme inteiro, portanto não vou opinar sobre o que é verdade ou mentira, fantasia ou realidade, mesmo que o meu cérebro insista numa tendência porque é lógico que o meu viés. Gostei, mas não dei uma nota melhor porque achei um bocadinho cansativo, principalmente o início, que pareceu longo demais.
PS: Fiquei surpresa ao ir à ficha do diretor e descobrir que já tinha visto todas as obras dele, geralmente gostando muito. Sou uma pessoa que avalia obra, por isso a surpresa.
Todo mundo que leu ou ouviu sobre o filme sabia que era uma crítica social, com endereço certo: ricos. Também foi bastante divulgado o uso de bizarrices para, digamos, não deixar dúvidas do quanto o mundo alvo é podre. Eu sou mais adepta de sutilezas, ironias finas, sarcasmos inteligentes em qualquer crítica, mas principalmente na arte e na literatura. Tendem a provocar mais reflexão em mim. Mas, pelo que ando vendo (e lendo) a moda agora são provocações surreais...e escatológicas. Me pergunto se encaretei. Não sei. Só sei que a escatologia fica como uma lembrança incomoda (não no bom sentido) e fecha a minha mente para reflexões a que a obra se propôs.
No primeiro ato, uma comédia com bizarrices inacreditáveis, consegui ver alegorias, metáforas que me levaram a pensar em questões filosóficas bem amplas, rindo desbragadamente. A partir do segundo ato ficou claro o ponto central da reflexão menos filosófica e mais emocional, psicológica, digamos. Ou foi no terceiro? Só sei que da metade em diante, parei de gargalhar. No terceiro ato chorei desbragadamente, apesar de sentir um certo incomodo pelo que percebi de melodramático, até de sentimentalismo exagerado, aqueles chamados clichês que a gente adora apontar como negativos numa produção. Mas, a proposta da obra não é ser over? E não é over(dramática) a nossa jornada de autoconhecimento?
Não tem como um filme com Ricardo Darín ser ruim. Mentira, tem. Talvez 1 mais ou menos e outro bem confuso, mas não por causa dele e sim do roteiro. Aqui ele e o roteiro brilham. Uma aula, sobretudo no nosso cenário nacional atual. Tudo é relevante, mas me chamou a atenção quando ele está montando a equipe e busca nomes possíveis. Um deles é de um progressista (palavra da minha escolha) na juventude que na velhice se tronou fascista. O personagem Julio diz: Um clássico. Sim, é.
Cada vez que leio, a série é lenta, o filme é lento ,me passa pela cabeça que a pessoa está garantindo um lugar no inferno cristão, eternamente queimando no fogo que nunca apaga. Isso é lentidão. Boas história têm contexto, detalhes, ritmos conforme o enredo. Quer encurtar, procura o resumo na internet. Quer velocidade veja filmes de ação, passe o tempo jogando aqueles jogos alucinantes, vai correr...ou pule partes da obra.
Estava morrendo de medo de assistir por causa do titulo em português, Primeiro vejo, depois pesquiso. Jamais vejo qualquer produção no top 10. Dei chance porque fiquei curiosa para ver, conforme pressupus pelo titulo, como seria contada uma história com outro lado daquilo que acredito. Foi uma grata surpresa ver que é vida real, vida como ela é, como a enxergo, sem responsabilidades sobrenaturais. Respeito a fé, a crença das pessoas, o que jamais vou respeitar, o que sempre me indignará, é a crueldade feita em nome da fé, crença e que tais.
Eu me irrito tanto com gente amadora dando uma de cinéfilos. Eu sou absolutamente leiga em técnicas cinematográficas e espero continuar assim, para poder viver, sentir com profundidade a história. Creio que é a única forma de apreciar arte. E não se trata só de arte, mas de vida vivida, ainda que na ficção, ainda mais que é sobre uma realidade ficcionada. O pulsar da vida, das nossas guerras, seja qual for o campo de batalha, têm que ser sentidos com o ritmo da sensibilidade e não com a aceleração do entretenimento puro e simples, sem causa, ficção desprovida de veracidade. A minha raiva vai aos quintos dos infernos quando leio sobre a lentidão de um filme/série. A pressa faz desaparecer os detalhes, os diálogos inteligentes...a sensibilidade. Da minha parte me espanto como ainda existem ângulos, histórias a serem exibidas sobre um horror desumano cada vez mais distante (será?) e que ainda conseguem me surpreender e chocar. Quando leio certos comentários, vejo essa pressa para racionalizar emoções, sentimentos, objetivar a subjetividade, e ignorar com tamanha ênfase uma história-aprendizado como mostra esse filme. Ppenso na perpetuação de todas as guerras, em todos os campos de batalha.
Eu não cairia nesse golpe, mas não é sobre mim. Quem nunca foi enganado por uma boa lábia? Se alguém disser que jamais, pode ser só frio e calculista ou o manipulador.... ou ambos.
Estava na minha lista, indicação de alguma critica/resenha que eu não leio completamente p não estragar a surpresa. Pelo cartaz, pelo mínimo q li, jamais adivinharia o enredo. Que bom! De pronto, é um dos filmes mais lindos q já vi. São tantas as reflexões e creio que já foram todas mencionadas. Da minha parte, porque é hoje, é agora, o que grita é uma critica contundente à desumanidade, à hipocrisia. A Itália é um pais extremamente religioso, como o Brasil, e exerce essa religiosidade na teoria, nos rituais. Na prática maltrata, explora, expulsa, mata os verdadeiramente puros de coração, de alma, de mente...e depois canoniza esses mártires p os idolatrar nos altares. Penso tb q há os ignorantes dessas fés institucionalizadas e outros saberes que agem primitivamente, como animais predadores. Paradoxalmente, há uma ignorância, cuja essência faz forma na ingenuidade, na bondade, na verdadeira fé, que, no filme, só é reconhecida por quem nós humanos chamamos de animal. No caso, um animal perigoso, a encarnação do mal.
Fui assistir com grande expectativa por ser uma produção adaptada de livro da Elena Ferrante. Acabara de maratonar My brillant friend, série baseada na tetralogia napolitana da mesma autora. Fiquei fascinada pela série. Foi uma imersão da qual ainda não estou liberta. Foi muito difícil acabar o filme. Primeiro, presumi que pela comparação, o que não seria justo. A humanidade das duas protagonistas, a Leda jovem e a outra um pouco mais adulta não conseguiram a minha empatia como as protagonistas da série com todas as suas contradições e complexidades. Depois de muito analisar, entendi que Leda é muito chata. Paradoxalmente o meu incomodo só prova a competência das duas atrizes. Sobre o enredo: não sei quando começaram a romantizar a maternidade que agora movimentos querem desromantizar; quando eu era criança na década de 1960 sabia que eu era um fardo e a minha mãe não tinha uma carreira fora de casa; antes dela foi assim, ainda mais se analisarmos que não ter filhos não era uma opção, não existiam métodos contraceptivos; muitas crianças foram devidamente tratadas como pesos; muitas ainda são. Da minha parte, acho q como a própria Leda disse, ter filhos é muita responsabilidade e quando você opta por ter tem q assumir, do contrário melhor guardar dinheiro para a terapia vitalicia dos seus descendentes, eles vão precisar. Claro q nós mulheres, a quem ainda cabe a maior, ás vezes toda, carga dessa responsabilidade ficamos tentando sem descanso equilibrar a maternidade com outros papéis a que temos direito e lidar com uma culpa incurável. Não é fácil. Eu deveria ter mais empatia, portanto, pela Leda, mas independentemente da maternidade o que mais me incomodou foi o egoismo irritante dela. Talvez resquícios de uma mãe ausente. E, aqui vejo o ponto alto dessa discussão sobre maternidade. Muitas mulheres que experimentaram o sentimento de rejeição da própria mãe se propõem a fazer tudo diferente dela. Invariavelmente fracassam, se não no todo, naquilo que mais importa. Os padrões aprendidos grudam em nossa genética e a tendência é repeti-los. Autoconsciência ajuda, mas é coisa rara, até porque, geralmente somos levadas a ela naquele momento que um gatilho nos faz refletir e analisar o passado com o devido distanciamento. No final, o filme pode ser sobre isso.
Foi difícil fugir dos comentários, da polêmica. Tentei dar só uma vista d'olhos e mesmo assim peguei ranço, o que me levou a decidir por fugir da onda e não assistir...até assistir.. a curiosidade matou um gato diziam meus antepassados. Definitivamente não é um gênero que curto, MAS, que paródia foi essa? Ou seria sátira? Critica ácida? Humor negro? Rindo da comicidade das tragédias do nosso tempo até a tragédia acontecer. Óbvio que chorei. Cabem todas as analogias dos retrocessos humanos na contramão do exponencial avanço tecnológico (cientifico em primeira instância) resultado de um vertiginoso desenvolvimento do cérebro do animal HOMEM que paradoxalmente é capaz de pensar (?) como um dinossauro. Não só, todos os personagens são over e consequentemente patéticos. Porque se paramos para analisar estamos todos bizarros nesse novo milênio.
Assisti ontem. Fiquei sem palavras para comentar. Busquei os comentários daqui. Dei um tempo para assimilar a minha experiência. O adjetivo que melhor cabe é perturbador, concordo com a maioria e o óbvio. Não fui atrás de saber sobre a tragédia grega Ifigênia. Não me interessa porque consegui, não sem muito analisar e ler outras impressões, construir as metáforas que alcancei. Inevitavelmente ficarão lacunas. É muita informação. Com o tempo preencho. Ou não. 2 observações:
é claro que é uma maldição e isso fica claro quando o Steven destrói a cozinha respondendo (ironicamente) para a Anna como "curar" os filhos; maldições, ou o que se entende, ou crê sobre elas, ficam num plano sobrenatural no sentindo de nomear um "poder" maligno que escapa totalmente ao nosso controle;
muitos pontuaram que a música de fundo contribui para a atmosfera de tensão. para mim, foi irritante, embora angustiante. o roteiro, as atuações, as cenas, a história já dão conta de elevar ao máximo a perturbação.
Exame
3.3 222Eu vi a representação de uma típica equipe de uma corporação até mesmo nas fantasias delirantes. Foi isso que me prendeu à história. Tudo o mais é adereço.
O Mensageiro do Diabo
4.1 261 Assista AgoraNo final entendi que deveria ver (e apreciar) com o olhar da época em que foi lançado, em certa medida. No resto é um retrato extremamente atual, o que me faz refletir que o filme estava a frente do seu tempo, por isso a rejeição na altura do lançamento. Vejo com a lente de outrora principalmente as interpretações que parecem exageradas, algo mais teatral, o que, de forma alguma, diminui o valor da película, apesar de, confesso, me incomodar um pouco, já que me acostumei a interpretacoes mais naturais.Chama a atenção, por outro lado, o que alguém mencionou aí embaixo: os diálogos eram mais profundos. Inteligentes, penso eu. Junte-se a isso o P&B e temos uma obra-prima de um cinema que não existe mais.
Aftersun
4.1 694Quando o filme fica muito famoso, tomo distância para não me influenciar. Esperava muito desse filme. Entendi que é aberto a interpretações, e eu falhei miseravelmente em tentar encontrar a minha. Precisei pesquisar. Para mim, isso mostra que não consegui imergir na profundidade a que o filme se pretende. Não é o caso de condenar o filme a uma avaliação péssima. Pode ser o meu momento. E, pode ser que o filme tenha cumprido a sua "missão" de incomodar.
O Mauritano
3.7 107Um filme importante sobre os excessos para combater...os excessos. Sou simplista na minha visão de guerra. Ainda acho que não se combate violência com violência. Sei do imperativo de se dar respostas a ataques, invasões...mas quando o que move é o desejo de vingança sempre sai do controle e inocentes são sacrificados.
Ficção Americana
3.8 356 Assista AgoraLi alguns comentários aqui e criticas/resenhas fora daqui. O meu viés de confirmação me levou a outra interpretação. Com certeza serei acusada de racismo e de exercer o meu privilégio branco. Onde as pessoas veem cores, eu vejo seres humanos, o que me fez amar a história e seus intérpretes, independente de raça (ou seria etnia?). Sim, eu sei do preconceito pela cor (desculpa foi assim que aprendi a definir "aparências"). Talvez tenha visto o caminho inverso, aquele em que o filme mostra um discurso do qual os movimentos identitários têm se apropriado para defender suas pautas, que nos últimos anos radicalizou a ponto de deixar de ser uma defesa de direitos para passar a ser uma imposição de narrativa, repetida à exaustão (e sem filtros críticos) pela militância e por aqueles que pretendem aparecer virtuosos.
Holy Spider
4.0 114 Assista AgoraUma imersão no submundo da hipocrisia que mata, independente de lugar. Choca mais num mundo (à parte) fundamentalista que se perpetua por gerações. O choque é ainda maior com a realidade crua graficamente mostrada e a qual, normalmente, viramos a cabeça.
Entre Mulheres
3.7 262Estava adiando para ver, como sempre faço com produções que são muito comentadas. Preciso pegar distância até ficar só eu e o filme (ou série). Favoritei. E chorei. Nem sempre uso isso como métrica, mas nesse caso mexeu muito com a minha sensibilidade por entender`à perfeição, e, ao mesmo tempo, não imaginar o sofrimento daquelas mulheres. As pausas nos diálogos marcam cada frase dita, soam como vereditos do passado do qual se quer fugir e do futuro que se almeja alcançar. O filme todo é um marco entre um e outro.
Dentro
2.8 89 Assista AgoraEu dei 4 estrelas proporcionalmente à perturbação que este filme causou em mim. Dias depois ainda estava com pesadelos. De onde vi a dica sabia que era um daqueles filmes que o pessoal de arte classifica como "cult". Não faço parte dessa turma, antes pelo contrário, talvez por ignorância ou, confesso, por gosto estético mesmo. Dei uma chance e entrei com tudo na loucura do enredo e do protagonista. Do meu lugar não vi arte, a não ser o da sobrevivência, que sempre será prioritário considerando tudo o mais.
O que mais me intrigou foi pensar que em um ambiente com segurança máxima, quando o sistema falha, é como estar em qualquer lugar inóspito em qualquer tempo.
Entre Mulheres
3.7 262Acabei de ver e vou de clichê: quando você só precisa de bons diálogos e silêncios desconcertantes na penumbra para ter uma obra-prima. Mesmo que você intua e deseje o final, aqui, é o caminho de dúvidas até a decisão que importa.
As Linhas Tortas de Deus
3.5 230 Assista AgoraGeralmente as pessoas chamam de confusas histórias contadas não linearmente. Talvez sejam. De fato são um quebra-cabeça a ser montado(ou percebido, ou interpretado). Aqui cumpre a proposta da história à perfeição porque a mente não é linear, é um labirinto, com rotas circulares e conexões de percepção que independem de tempo e espaço. Simplificando muito, o objetivo do filme é sobre percepções. De quem conta/mostra e de quem ouve/vê. Versões da verdade (ou da mentira). Realidade e fantasia, tudo junto e misturado. Há momentos que nos apontam para um julgamento definitivo pela aparente racionalidade, portanto verdade absolutas, já que é a razão considerada o fio condutor de fatos incontestáveis. Será? E é esse será que permeia o filme inteiro, portanto não vou opinar sobre o que é verdade ou mentira, fantasia ou realidade, mesmo que o meu cérebro insista numa tendência porque é lógico que o meu viés. Gostei, mas não dei uma nota melhor porque achei um bocadinho cansativo, principalmente o início, que pareceu longo demais.
PS: Fiquei surpresa ao ir à ficha do diretor e descobrir que já tinha visto todas as obras dele, geralmente gostando muito. Sou uma pessoa que avalia obra, por isso a surpresa.
Triângulo da Tristeza
3.6 730 Assista AgoraTodo mundo que leu ou ouviu sobre o filme sabia que era uma crítica social, com endereço certo: ricos. Também foi bastante divulgado o uso de bizarrices para, digamos, não deixar dúvidas do quanto o mundo alvo é podre. Eu sou mais adepta de sutilezas, ironias finas, sarcasmos inteligentes em qualquer crítica, mas principalmente na arte e na literatura. Tendem a provocar mais reflexão em mim. Mas, pelo que ando vendo (e lendo) a moda agora são provocações surreais...e escatológicas. Me pergunto se encaretei. Não sei. Só sei que a escatologia fica como uma lembrança incomoda (não no bom sentido) e fecha a minha mente para reflexões a que a obra se propôs.
Tudo em Todo O Lugar ao Mesmo Tempo
4.0 2,1K Assista AgoraEu achei genial.
No primeiro ato, uma comédia com bizarrices inacreditáveis, consegui ver alegorias, metáforas que me levaram a pensar em questões filosóficas bem amplas, rindo desbragadamente. A partir do segundo ato ficou claro o ponto central da reflexão menos filosófica e mais emocional, psicológica, digamos. Ou foi no terceiro? Só sei que da metade em diante, parei de gargalhar. No terceiro ato chorei desbragadamente, apesar de sentir um certo incomodo pelo que percebi de melodramático, até de sentimentalismo exagerado, aqueles chamados clichês que a gente adora apontar como negativos numa produção. Mas, a proposta da obra não é ser over? E não é over(dramática) a nossa jornada de autoconhecimento?
Argentina, 1985
4.3 334Não tem como um filme com Ricardo Darín ser ruim. Mentira, tem. Talvez 1 mais ou menos e outro bem confuso, mas não por causa dele e sim do roteiro. Aqui ele e o roteiro brilham. Uma aula, sobretudo no nosso cenário nacional atual. Tudo é relevante, mas me chamou a atenção quando ele está montando a equipe e busca nomes possíveis. Um deles é de um progressista (palavra da minha escolha) na juventude que na velhice se tronou fascista. O personagem Julio diz: Um clássico. Sim, é.
O Milagre
3.5 219Cada vez que leio, a série é lenta, o filme é lento ,me passa pela cabeça que a pessoa está garantindo um lugar no inferno cristão, eternamente queimando no fogo que nunca apaga. Isso é lentidão. Boas história têm contexto, detalhes, ritmos conforme o enredo. Quer encurtar, procura o resumo na internet. Quer velocidade veja filmes de ação, passe o tempo jogando aqueles jogos alucinantes, vai correr...ou pule partes da obra.
O Milagre
3.5 219Estava morrendo de medo de assistir por causa do titulo em português, Primeiro vejo, depois pesquiso. Jamais vejo qualquer produção no top 10. Dei chance porque fiquei curiosa para ver, conforme pressupus pelo titulo, como seria contada uma história com outro lado daquilo que acredito. Foi uma grata surpresa ver que é vida real, vida como ela é, como a enxergo, sem responsabilidades sobrenaturais. Respeito a fé, a crença das pessoas, o que jamais vou respeitar, o que sempre me indignará, é a crueldade feita em nome da fé, crença e que tais.
O Soldado que Não Existiu
3.4 72 Assista AgoraEu me irrito tanto com gente amadora dando uma de cinéfilos. Eu sou absolutamente leiga em técnicas cinematográficas e espero continuar assim, para poder viver, sentir com profundidade a história. Creio que é a única forma de apreciar arte. E não se trata só de arte, mas de vida vivida, ainda que na ficção, ainda mais que é sobre uma realidade ficcionada. O pulsar da vida, das nossas guerras, seja qual for o campo de batalha, têm que ser sentidos com o ritmo da sensibilidade e não com a aceleração do entretenimento puro e simples, sem causa, ficção desprovida de veracidade. A minha raiva vai aos quintos dos infernos quando leio sobre a lentidão de um filme/série. A pressa faz desaparecer os detalhes, os diálogos inteligentes...a sensibilidade. Da minha parte me espanto como ainda existem ângulos, histórias a serem exibidas sobre um horror desumano cada vez mais distante (será?) e que ainda conseguem me surpreender e chocar. Quando leio certos comentários, vejo essa pressa para racionalizar emoções, sentimentos, objetivar a subjetividade, e ignorar com tamanha ênfase uma história-aprendizado como mostra esse filme. Ppenso na perpetuação de todas as guerras, em todos os campos de batalha.
Green Book: O Guia
4.1 1,5K Assista AgoraNem sei dizer o quanto achei lindo. Que viagem!
On the Rocks
3.3 120Fui sem saber. Vi Bill Murray e senti Sofia Coppola. Menor. Não deu vontade de rir, nem de refletir. Muito chato.
O Golpista do Tinder
3.5 418Eu não cairia nesse golpe, mas não é sobre mim. Quem nunca foi enganado por uma boa lábia? Se alguém disser que jamais, pode ser só frio e calculista ou o manipulador.... ou ambos.
Lazzaro Felice
4.1 217 Assista AgoraEstava na minha lista, indicação de alguma critica/resenha que eu não leio completamente p não estragar a surpresa. Pelo cartaz, pelo mínimo q li, jamais adivinharia o enredo. Que bom! De pronto, é um dos filmes mais lindos q já vi. São tantas as reflexões e creio que já foram todas mencionadas. Da minha parte, porque é hoje, é agora, o que grita é uma critica contundente à desumanidade, à hipocrisia. A Itália é um pais extremamente religioso, como o Brasil, e exerce essa religiosidade na teoria, nos rituais. Na prática maltrata, explora, expulsa, mata os verdadeiramente puros de coração, de alma, de mente...e depois canoniza esses mártires p os idolatrar nos altares. Penso tb q há os ignorantes dessas fés institucionalizadas e outros saberes que agem primitivamente, como animais predadores. Paradoxalmente, há uma ignorância, cuja essência faz forma na ingenuidade, na bondade, na verdadeira fé, que, no filme, só é reconhecida por quem nós humanos chamamos de animal. No caso, um animal perigoso, a encarnação do mal.
A Filha Perdida
3.6 576Fui assistir com grande expectativa por ser uma produção adaptada de livro da Elena Ferrante. Acabara de maratonar My brillant friend, série baseada na tetralogia napolitana da mesma autora. Fiquei fascinada pela série. Foi uma imersão da qual ainda não estou liberta. Foi muito difícil acabar o filme. Primeiro, presumi que pela comparação, o que não seria justo. A humanidade das duas protagonistas, a Leda jovem e a outra um pouco mais adulta não conseguiram a minha empatia como as protagonistas da série com todas as suas contradições e complexidades. Depois de muito analisar, entendi que Leda é muito chata. Paradoxalmente o meu incomodo só prova a competência das duas atrizes.
Sobre o enredo: não sei quando começaram a romantizar a maternidade que agora movimentos querem desromantizar; quando eu era criança na década de 1960 sabia que eu era um fardo e a minha mãe não tinha uma carreira fora de casa; antes dela foi assim, ainda mais se analisarmos que não ter filhos não era uma opção, não existiam métodos contraceptivos; muitas crianças foram devidamente tratadas como pesos; muitas ainda são.
Da minha parte, acho q como a própria Leda disse, ter filhos é muita responsabilidade e quando você opta por ter tem q assumir, do contrário melhor guardar dinheiro para a terapia vitalicia dos seus descendentes, eles vão precisar. Claro q nós mulheres, a quem ainda cabe a maior, ás vezes toda, carga dessa responsabilidade ficamos tentando sem descanso equilibrar a maternidade com outros papéis a que temos direito e lidar com uma culpa incurável. Não é fácil. Eu deveria ter mais empatia, portanto, pela Leda, mas independentemente da maternidade o que mais me incomodou foi o egoismo irritante dela. Talvez resquícios de uma mãe ausente. E, aqui vejo o ponto alto dessa discussão sobre maternidade. Muitas mulheres que experimentaram o sentimento de rejeição da própria mãe se propõem a fazer tudo diferente dela. Invariavelmente fracassam, se não no todo, naquilo que mais importa. Os padrões aprendidos grudam em nossa genética e a tendência é repeti-los. Autoconsciência ajuda, mas é coisa rara, até porque, geralmente somos levadas a ela naquele momento que um gatilho nos faz refletir e analisar o passado com o devido distanciamento. No final, o filme pode ser sobre isso.
Não Olhe para Cima
3.7 1,9K Assista AgoraFoi difícil fugir dos comentários, da polêmica. Tentei dar só uma vista d'olhos e mesmo assim peguei ranço, o que me levou a decidir por fugir da onda e não assistir...até assistir.. a curiosidade matou um gato diziam meus antepassados. Definitivamente não é um gênero que curto, MAS, que paródia foi essa? Ou seria sátira? Critica ácida? Humor negro? Rindo da comicidade das tragédias do nosso tempo até a tragédia acontecer. Óbvio que chorei. Cabem todas as analogias dos retrocessos humanos na contramão do exponencial avanço tecnológico (cientifico em primeira instância) resultado de um vertiginoso desenvolvimento do cérebro do animal HOMEM que paradoxalmente é capaz de pensar (?) como um dinossauro. Não só, todos os personagens são over e consequentemente patéticos. Porque se paramos para analisar estamos todos bizarros nesse novo milênio.
A Mão de Deus
3.6 190É essencialmente belo!
O Sacrifício do Cervo Sagrado
3.7 1,2K Assista AgoraAssisti ontem. Fiquei sem palavras para comentar. Busquei os comentários daqui. Dei um tempo para assimilar a minha experiência. O adjetivo que melhor cabe é perturbador, concordo com a maioria e o óbvio.
Não fui atrás de saber sobre a tragédia grega Ifigênia. Não me interessa porque consegui, não sem muito analisar e ler outras impressões, construir as metáforas que alcancei. Inevitavelmente ficarão lacunas. É muita informação. Com o tempo preencho. Ou não.
2 observações:
é claro que é uma maldição e isso fica claro quando o Steven destrói a cozinha respondendo (ironicamente) para a Anna como "curar" os filhos; maldições, ou o que se entende, ou crê sobre elas, ficam num plano sobrenatural no sentindo de nomear um "poder" maligno que escapa totalmente ao nosso controle;
muitos pontuaram que a música de fundo contribui para a atmosfera de tensão. para mim, foi irritante, embora angustiante. o roteiro, as atuações, as cenas, a história já dão conta de elevar ao máximo a perturbação.