Eu faço psicologia e tenho interesse/estudo o sistema carcerário brasileiro. Eu estudo egressos e, portanto, estudo o próprio sistema em si. Quando eu vi esse filme, eu vi ali todos os motivos porque eu amo e quero estudar isso. Eu vejo muitas pessoas querendo achar vilões e heróis dentro desse filme. Tem aqueles que exaltam a polícia e tem aqueles que a demonizam. E o que eu mais amei nele, foi que ele não faz nenhum dos dois, até porque NÃO TEM como fazer nenhum dos dois. A polícia é corrupta, é violenta, não diferencia em quem atira, não mata apenas traficante, muitas vezes age movida apenas pelo ódio contra aquela população. A polícia tortura. Assistindo o treinamento para entrar no BOPE, é possível visualizar a reprodução/criação do discurso de ódio contra aquela população. Mas isso não é culpa deles. Eles estão apenas reproduzindo uma ideia que já existe socialmente e utilizando isso no próprio trabalho. Eles estão apenas achando um meio de conseguir realizar o trabalho deles sem serem corroídos pelo remorso (algo inaceitável, como o próprio Nascimento diz). Eles estão apenas cumprindo o trabalho que foi incumbido a eles. Eles não apenas desumanizam o morador do morro, mas também se desumanizam no processo. Assim como o morador do morro que mantêm o tráfico não tem culpa disso. O traficante, muitas vezes, protege aquele morador de um sistema que o odeia por ser pobre e majoritariamente negro/pardo. O tráfico permite que esse morador tenha uma renda que não conseguiria de outra forma devido ao preconceito. Não existem vilões e mocinho, não existe a dicotomia bem-mal nessa realidade. Você não pode culpabilizar o traficante e o morador do morro por reagirem a um sistema que os exclui e a um Estado que não garante seus direitos fundamentais e você também não pode culpabilizar a polícia por reproduzir um discurso que TODOS NÓS reproduzimos de alguma maneira: a criminalização da pobreza. Com relação ao bando de burguês safado, não nego que fiquei com raiva. Porque a maneira que a classe média reage a essa guerra me deixa absurdamente puta. É basicamente o discurso "eu contribuo com o tráfico, mas faço parte de uma ONG, olha como eu sou legal". Amigos, não é assim. Uma coisa não anula a outra. Não tem como minimizar os danos de mortes causadas com essa situação. Entendo também que ela apenas está reproduzindo o discurso que aprendeu, mas não consigo fechar os olhos para essa situação. E a passeata para alguém da classe média que faleceu, enquanto pessoas mais pobres morrem diariamente, a naturalização da morte desses últimos e a exaltação da morte daqueles, me deixa absurdamente incomodada e é algo completamente compatível com a realidade.
Leveza. Esse é o sentimento que permaneceu em mim durante as duas horas do filme. Não porque o tema seja leve ou a situação seja leve. Mas porque a maneira como foi tratado o romance, todo o sentimento, o processo de se apaixonar, transmitiu uma leveza típica daquele tipo de amor que nós sabemos que não vai durar mas queremos nos entregar mesmo assim. É um adolescente se apaixonando. É um adolescente se decepcionando e se magoando. Mas não de uma maneira clichê do tipo felizes para sempre, mas de uma maneira real. No primeiro beijos dos dois eu queria pular na tela e abraçar eles de tanto amor e felicidade que eles transmitiram. Não vou mencionar a fotografia, a trilha sonora e as atuações (que pelo amor, que obra de arte). Porque, para mim, esse filme transcende críticas técnicas. É um filme sobre amor real, que cumpre o que promete. E tudo isso incluso em um contexto em que os próprios personagens acham que o amor que sentem é errado (não que seja muito diferente de atualmente, mas, ainda assim, de uma maneira um pouco mais acentuada). Eu terminei o filme sentindo todo o amor que eles tiveram e toda a tristeza de saber que acabou. De novo: eu senti completa leveza. OBS: e aquele diálogo no finalzinho com o pai??????????? Que cena foi essa, que fala foi essa?????????????
Só queria fazer um comentário à parte de toda a metáfora relacionada à Bíblia: a casa é a mãe, a mulher. Todos invadem o seu corpo, todos querem deixar sua marca ali e tirar tudo o que for possível. A mãe terra e a mulher: ambas objetificadas, utilizados para que o ser humano (em específico o homem) possa retirar tudo o que for de seu agrado, tudo o que quiser, usar como se não fosse algo vivo. O corpo da mulher é estuprado assim como a Terra. A mulher, como sempre, vista fora da sua individualidade, fora da sua especificidade: ele deve ser utilizada para qualquer fim que todo mundo quiser. Não importa quanto grite, quanto chore, o corpo da mulher é quase público. Assim como a Terra. E isso, como a renovação da Terra, é um ciclo que por mais que tente ser quebrado (com a "rebeldia" da mother ao chegar ao ponto de queimar o próprio corpo para acabar com aquela violação) prossegue, atingindo outras mulheres.
Um dia, deparei-me com um livro que dizia o seguinte: a palavra é essencialmente diálogo. E então, veio esse filme. A linguagem é apaixonante. A linguagem de uma cultura pode dizer tanto da mesma quanto qualquer outra manifestação, se não mais. A linguagem mostra como determinada cultura encara a vida, o universo, a subjetividade etc. E então nos deparamos com seres cuja linguagem não tem início nem fim, você já sabe o que vai escrever antes mesmo de terminar, é um ciclo: Hannah. E é essa a linguagem capaz de unificar, justamente por não ter pontas, não ter meio, não ter hierarquia: quem é superior, quem é maior dentro de um circulo? A linguagem ensina (como o caso dos jogos de xadrez: um lado vencedor e um lado perdedor, justamente como nós encaramos a vida). A forma como Louise teve coragem e vontade de entender seres completamente diferentes, que podiam mata-la, transmitir mil e uma doenças etc mostra justamente a importância da linguagem. A palavra é essencialmente diálogo. Não necessariamente a palavra, mas a linguagem. E diálogo significa comunicação, compreensão. União. Ao mesmo tempo, a linguagem molda a forma como nos sentimos, vemos as coisas ao nosso redor, e frente a uma linguagem que unifica, sem início, nem fim, como o ser humano pensaria? O tempo teria início e fim? A vida teria início e fim? Ciclo. As duas palavras que surgem a minha cabeça com o fim do filme: união e ciclo.
O momento em que Little descobre em um estranho, que vende crack para a mãe, uma figura paterna e entende que pode ser quem quiser. Quando Chiron encontra e concretiza seu primeiro amor, no momento em que busca um lugar para poder respirar longe do bullying e das crises da mãe (e acredito que até de si mesmo e a imensidão e confusão de seus sentimentos). Na parte em que ele finalmente se reencontra não apenas com seu amor, mas consigo, depois de um longo período em que ele perdeu-se em meio a um "pai" morto. A cena final, em que o "pequeno Little", em meio à brisa que foi tão importante em sua vida, volta-se para a câmera e encara você maravilhosamente sintetiza bem esse momento de encontro, de volta, de raiz, de paz. O momento em que tudo que você escuta é a batida do próprio coração. Tudo isso magistralmente cercado pela crítica, pela questão da marginalização do negro (nesse ponto, mostrando um problema cíclico, em que o indivíduo acaba repetindo os mesmos erros devido à uma violência subjetiva e ao mesmo tempo explícita, como é o caso de Black tornando-se Juan) e da homofobia, que condena o sujeito a uma vida em negação de si.
A primeira parte encaixa-se perfeitamente na última, como um quebra-cabeças, ou um circulo, ou então o renascimento do novo. A arte, a poesia e o social.
A parte mais importante desse documentário, mais chocante e mais difícil de digerir: apesar de partir da questão da 13ª emenda estadunidense, a realidade mostrada é maior que os EUA, se aplica ao mundo inteiro de modo geral. Quando olhamos para o Brasil, essa realidade adquire um fator ainda pior, já que o modo como negros e prisioneiros são tratados aqui não chegam a possuir tanta atenção da mídia e da população de modo geral, pois é algo cotidiano, algo a que as pessoas se acostumaram. O encarceramento domiciliar, que nos EUA pretende ser uma "revolução" para diminuir o número de indivíduos nas prisões por meio de GPS etc, já pode ser considerada quase uma realidade no nosso país, já que favelas podem ser quase consideradas prisões, com monitoramento constante, abuso de força policial etc. As pessoas negras no nosso país sofrem o mesmo que os prisioneiros negros estadunidenses sofrem no cárcere. Não há justiça se você for pobre, negro ou "pior", os dois. A realidade demonstrada nessa uma hora e quarenta é chocante, sim. Ela é um tapa na cara de quem, como eu, é branco e não tem que lidar com esse tipo de violência que é tanto implícita quanto explícita. Porém não sejamos ingênuos de limita-la aos EUA. Não sejamos ingênuos e olhar e apontar o dedo e falar: olha lá como eles sofrem lá. Prisioneiros no Brasil são tratados como lixo. As prisões estadunidenses podem ser quase consideradas como de luxo perto de como são as brasileiras. Em um contexto de Trump, Bolsonaro e ascensão de outros extremistas que vêem negros, prisioneiros e pobres como lixo que deve ser exterminado, esse documentário é essencial para entender que isso não é de hoje, que vem que um passado elitista, racista, que essa matança e desumanização de determinada parte da população é consequência de um descaso que conseguiu sobreviver aos séculos. O pior é que mesmo com essa realidade que é cuspida na nossa cara diariamente, ainda vemos pessoas que acham que a forma como presos são tratados não tem nada a ver com o aumento da criminalidade, que o fato de que o sistema judiciário atual é falho e que diversas pessoas são presas por crimes insignificantes ou até mesmo sendo inocentes não tem nada a ver com a forma como essas pessoas agem uma vez que saem do cárcere, que o fato de não existir reabilitação nenhuma uma vez que o indivíduo é preso e que após conseguida a liberdade ele ainda é tratado como se continuasse preso não possui nenhuma relação com o número gigantesco de reincidentes em crimes. Essa é uma questão urgente que precisa ser discutida, uma questão que consegue abranger tanto racismo, xenofobia, elitismo, má distribuição de renda quanto o sistema carcerário em si.
Quem tem medo de olhar para si e encontrar cansaço, arrependimento, vontade de auto-destruição acompanhada de vontade de destruir tudo ao redor? Quem tem medo de envelhecer e ver que nada vale a pena na própria vida ao ponto de tomar jogos como vida real, e vivê-los intensamente? Quem tem medo de olhar-se no espelho e encontrar toda a exaustão de uma vida? Raiva, ódio, rancor, irritação, podridão, desgaste... Quem tem medo de escancarar tudo aquilo que pensa, sente, imagina? Quem tem medo de saber tanto sobre si próprio?
Três explosões. Não como bombas, mas como fogos de artificio. Explosões de cansaço, agonia, explosões de fartura da vida. Esta aparece não como a fantasia, a possibilidade, a esperança: mas na realidade, na dureza, como realmente é. A vida cansa. E essas três mulheres a enfrentam de frente, junto de diversas outras mulheres, que aparecem em momentos cruciais, por cinco minutos ou vinte. A doença de Virgínia. A vida pseudo-perfeita, o que seria o sonho americano, cheio de seus vazios, de Laura. O peso de Clarissa, que percebe a futilidade da vida, sempre dando festas para encobrir o silêncio. Um dia em que tudo isso explode bem na cara delas, e elas explodem junto. Lágrimas visíveis, lágrimas internas, lágrimas que, como tudo, também explodem. E o livro Mrs. Dalloway sempre interligando as três mulheres. A escritora, a leitora, a personificação do livro. A que não aguentou o peso da vida, a que fugiu desse mesmo peso, e a que o encarou. Muita poesia, muita realidade, muita dor. Aliás, o que esse filme mais me fez foi doer. Uma dor de vida. Sendo que este é o tema mais explorado do filme: a vida. Como forma de encontrar a paz, como escolha, como fardo, como realidade, como explosão.
A discriminação foi tão bem demonstrada, tão bem trabalhada, que fica até difícil comentar sobre o doc. Apesar de focar, sim, principalmente no racismo, machismo foi trabalhado (uma das últimas cenas dela falando "forget cute" foi ótimo), homofobia foi trabalhada, transfobia foi trabalhada, e por ai vai. Achei maravilhoso, achei forte, achei real e sincero. Deveria, na minha opinião, ser passado em todo colegial, porque não adianta nada alunos que saem de uma escola e passam nas melhores faculdades do país, tendo a mesma mentalidade que o homem que disse que imaginava que uma pessoa não podia fazer a diferença. Também não adianta nada se tornarem médicos, advogados, engenheiros, achando que vivemos em uma democracia racial, em uma sociedade igualitária. Minha palavra favorita do universo traduzida lindamente no exercício dessa professora: empatia. Documentário obrigatório para a vida.
Um ciclo. O ciclo daqueles que sofreram de diversas e inimagináveis formas quando criança e que se mantém quando adulto: mesmo quando tudo está bem, aquilo te persegue, te atinge nas horas de maior alegria, nas horas menos esperadas.
Foi isso o que entendi com o fim "repetindo" o começo. Foi isso o que absorvi vendo aquelas crianças que se vêem "limitadas" pelo que passaram. Mas assim que elas mudam esse modo de se ver, elas conseguem ditar o próprio destino, saem das amarras dos abusos que sofreram, que foi justamente o que aconteceu com Marcus.
Foi um furacão de emoções no qual fui pega assistindo esse filme. Um dos melhores e mais profundos no quesito sentimentos humanos que já vi.
Década de 60: era dos festivais. Esses festivais foram todos woodstocks, em meio a críticas políticas, eferverscências sociais, surgem músicas que combinam com o clima. Chorei tanto quanto uma moça da platéia na apresentação de "Roda Viva". Poder ouvir os depoimentos dos artistas, de quem organizou, ver as reações do público, tudo foi muito bem montado (tanto as gravações antigas como as novas). Um dos meus doc favoritos, sem nenhuma dúvida.
Depois de tantas críticas negativas que já tinha ouvido sobre esse filme, fiquei até com um pouco de medo de assistir. Mais uma comédia romântica clichê e chata, que só serve para aqueles dias em que você não quer pensar em nada. Estava MUITO errada. Vi muito além de uma histórinha de amor e imagino que realmente, esse resumo não tenha sido o objetivo do filme. O ideal de mulher perfeita (loira, bunduda, peituda, cheia de maquiagem, unha pintada o tempo inteiro) é completamente quebrado. A ideia de que homem "macho" é aquele que pega muitas, assiste pornografia, se importa com carros e superficialidades é destruída ao longo do filme. No início, Johnny-boy tem até um jeito de falar diferente que é completamente o oposto da cena em que ele toma café com a ex no finalzinho.
E ele encontra a união, a sensação de ser completo, justamente no oposto que procurou em todas as baladas e vídeos pornôs: uma mulher simples, com uma história triste, desencanada e sincera, sem falsidades na aparência ou na personalidade.
Mesmo se diferenciando um pouco do esperado, poderia ter acabado em um filme comum se não fosse pelo modo como foi dirigido, o ritmo que muda junto com o personagem, e até as próprias atuações. É o melhor que já vi? Não, nem está entre OS melhores. Mas é gostoso, tem uma boa crítica aos relacionamentos (tanto da parte da mulher, quanto do homem) e a objetificação da mulher, e é ao mesmo tempo leve.
Obs: a cena de sexo entre ele e a Moore no sofá da casa dela foi MUITO bonita, contrastou completamente com todas as outras, e conseguiu demonstrar porque ele não conseguia se satisfazer antes. Nenhum barulho além deles, as expressões deles, o foco nessas mesmas expressões. Simples, mas completa. Obs2: a hipocrisia que o filme mostra, e que é constante, em relação ao fato de Jon ser extremamente religioso apesar de tudo o que faz foi válida. Além de criticar a própria Igreja e seus métodos de "punição" (na cena em que ele pergunta ao padre porque que mesmo tendo mudado, ainda deve rezar a mesma quantidade de orações e o padre se mantém silencioso, sem resposta).
Documentários em geral tendem a me comover, mas nenhum o fez como esse. Esperava, ao começar a assistir, mais um filme mostrando a crueldade animal (o que deve ser sim levada em consideração), mas acabou mostrando muito mais: como isso afeta não apenas eles, mas o planeta como um todo e, consequentemente, o ser humano. Levou muito além do clichê (não que ele não faça sentido, pois faz, só se tornou repetitivo e portanto, muitos não o ouvem mais, ou encontraram contra-argumentos que acham satisfatórios) dos argumentos usados por pessoas que defendem o fim do consumo de carne e seus derivados, não parou só na crueldade e no desmatamento, mostrou dados inovadores (pelo menos, para mim) e chocantes. Não é só algo que você assiste durante uma hora e meia e um mês ou até um ano depois se esquece. Mostrar, além de tudo, a hipocrisia dos grupos ambientalistas, ir a fundo em questões que poderiam acabar em processo, tudo isso, entre outros fatores, torna esse documentário único. O que poderia ser considerado por muitos só mais uma "chatice vegana", se mostrou algo que esses "muitos" vão achar bem difícil de questionar.
Não tenho palavras para descrever o quanto me comovi com esse filme, e é justamente isso que lhe faltam: palavras. Não que isso seja uma coisa ruim: as cenas de silêncio prolongadas, como quando Woody e seus irmãos estão na sala assistindo futebol americano, foram tão bem elaboradas que quase ouve-se a respiração de cada um, repara-se no arfar no peito, na expressão do rosto, coisas que passam despercebidas em filmes que há falas demais e significados de menos. Esse arrastar que cada cena tem, cenas que o diretor poderia ter feito durar um minuto e duram muito mais, demonstram o arrastar da vida de Woody, que atingiu a velhice e chega a conclusão que não tem legado nenhum para deixar para seus filhos. O fato de ser em preto e branco foi outro detalhe que me comoveu, pois, para mim, demonstra o que o filme quer transmitir: a vida nua e crua.
Isso comprova-se no fim quando Woody não ganha o prêmio e percebe que foi tudo uma grande ilusão (aliás, eu me peguei torcendo para que ele realmente ganhasse um milhão de dólares).
A trilha sonora, pelo fato de ser exclusivamente instrumental foi outro fator que tornou esse um dos meus filmes favoritos, voltando ao fato de ele ser ele composto mais por expressões que falar. A fotografia: divina. Não foram necessárias cores para admirar cada paisagem. Aliás, acredito que elas não teriam sido tão valorizadas quanto foram em preto e branco. Além de que, na minha opinião, parece que as rugas ficaram mais acentuadas com esse efeito, deixando ainda mais evidente o efeito do tempo sobre a pele de cada personagem. Enfim, chorei sim, em várias partes ao longo do filme, ficando maravilhada com a atuação de Bruce Dern, que fez com que eu realmente sentisse tudo aquilo pelo que ele passou, até me sentir tão velha de alma quanto ele de aparência, me sentir tão inocente, explorada e maltratada quanto ele foi, me sentir ele, mais jovem, mas ainda assim, ele.
Essa simplicidade, essa volta ao passado por meio dos vídeos que Antonia gravou dela (que por sinal, foram um toque lindo ao filme), as falas poéticas, melancólicas, que me fariam assistir ao filme mil vezes! Só achei que foi um pouco "desnecessário" colocar o "morro dos ventos uivantes", porque ficou com um ar de história inacabada, ou algo que não foi trabalhado direito. Essa foi minha impressão devido ao fato de que quando ele apareceu a primeira vez, parecia algo importante, algo quase fundamental para a conclusão do filme, e ele acabou sendo esquecido. Tirando esse e alguns outros detalhes (que, por sinal, foram bem poucos), fiquei apaixonada pelas atuações, pelo enredo e pela fotografia!
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Tropa de Elite
4.0 1,8K Assista AgoraEu faço psicologia e tenho interesse/estudo o sistema carcerário brasileiro. Eu estudo egressos e, portanto, estudo o próprio sistema em si. Quando eu vi esse filme, eu vi ali todos os motivos porque eu amo e quero estudar isso. Eu vejo muitas pessoas querendo achar vilões e heróis dentro desse filme. Tem aqueles que exaltam a polícia e tem aqueles que a demonizam. E o que eu mais amei nele, foi que ele não faz nenhum dos dois, até porque NÃO TEM como fazer nenhum dos dois. A polícia é corrupta, é violenta, não diferencia em quem atira, não mata apenas traficante, muitas vezes age movida apenas pelo ódio contra aquela população. A polícia tortura. Assistindo o treinamento para entrar no BOPE, é possível visualizar a reprodução/criação do discurso de ódio contra aquela população. Mas isso não é culpa deles. Eles estão apenas reproduzindo uma ideia que já existe socialmente e utilizando isso no próprio trabalho. Eles estão apenas achando um meio de conseguir realizar o trabalho deles sem serem corroídos pelo remorso (algo inaceitável, como o próprio Nascimento diz). Eles estão apenas cumprindo o trabalho que foi incumbido a eles. Eles não apenas desumanizam o morador do morro, mas também se desumanizam no processo. Assim como o morador do morro que mantêm o tráfico não tem culpa disso. O traficante, muitas vezes, protege aquele morador de um sistema que o odeia por ser pobre e majoritariamente negro/pardo. O tráfico permite que esse morador tenha uma renda que não conseguiria de outra forma devido ao preconceito. Não existem vilões e mocinho, não existe a dicotomia bem-mal nessa realidade. Você não pode culpabilizar o traficante e o morador do morro por reagirem a um sistema que os exclui e a um Estado que não garante seus direitos fundamentais e você também não pode culpabilizar a polícia por reproduzir um discurso que TODOS NÓS reproduzimos de alguma maneira: a criminalização da pobreza. Com relação ao bando de burguês safado, não nego que fiquei com raiva. Porque a maneira que a classe média reage a essa guerra me deixa absurdamente puta. É basicamente o discurso "eu contribuo com o tráfico, mas faço parte de uma ONG, olha como eu sou legal". Amigos, não é assim. Uma coisa não anula a outra. Não tem como minimizar os danos de mortes causadas com essa situação. Entendo também que ela apenas está reproduzindo o discurso que aprendeu, mas não consigo fechar os olhos para essa situação. E a passeata para alguém da classe média que faleceu, enquanto pessoas mais pobres morrem diariamente, a naturalização da morte desses últimos e a exaltação da morte daqueles, me deixa absurdamente incomodada e é algo completamente compatível com a realidade.
Me Chame Pelo Seu Nome
4.1 2,6K Assista AgoraLeveza. Esse é o sentimento que permaneceu em mim durante as duas horas do filme. Não porque o tema seja leve ou a situação seja leve. Mas porque a maneira como foi tratado o romance, todo o sentimento, o processo de se apaixonar, transmitiu uma leveza típica daquele tipo de amor que nós sabemos que não vai durar mas queremos nos entregar mesmo assim. É um adolescente se apaixonando. É um adolescente se decepcionando e se magoando. Mas não de uma maneira clichê do tipo felizes para sempre, mas de uma maneira real. No primeiro beijos dos dois eu queria pular na tela e abraçar eles de tanto amor e felicidade que eles transmitiram. Não vou mencionar a fotografia, a trilha sonora e as atuações (que pelo amor, que obra de arte). Porque, para mim, esse filme transcende críticas técnicas. É um filme sobre amor real, que cumpre o que promete. E tudo isso incluso em um contexto em que os próprios personagens acham que o amor que sentem é errado (não que seja muito diferente de atualmente, mas, ainda assim, de uma maneira um pouco mais acentuada). Eu terminei o filme sentindo todo o amor que eles tiveram e toda a tristeza de saber que acabou. De novo: eu senti completa leveza.
OBS: e aquele diálogo no finalzinho com o pai??????????? Que cena foi essa, que fala foi essa?????????????
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraSó queria fazer um comentário à parte de toda a metáfora relacionada à Bíblia: a casa é a mãe, a mulher. Todos invadem o seu corpo, todos querem deixar sua marca ali e tirar tudo o que for possível. A mãe terra e a mulher: ambas objetificadas, utilizados para que o ser humano (em específico o homem) possa retirar tudo o que for de seu agrado, tudo o que quiser, usar como se não fosse algo vivo. O corpo da mulher é estuprado assim como a Terra. A mulher, como sempre, vista fora da sua individualidade, fora da sua especificidade: ele deve ser utilizada para qualquer fim que todo mundo quiser. Não importa quanto grite, quanto chore, o corpo da mulher é quase público. Assim como a Terra. E isso, como a renovação da Terra, é um ciclo que por mais que tente ser quebrado (com a "rebeldia" da mother ao chegar ao ponto de queimar o próprio corpo para acabar com aquela violação) prossegue, atingindo outras mulheres.
A Chegada
4.2 3,4K Assista AgoraUm dia, deparei-me com um livro que dizia o seguinte: a palavra é essencialmente diálogo. E então, veio esse filme. A linguagem é apaixonante. A linguagem de uma cultura pode dizer tanto da mesma quanto qualquer outra manifestação, se não mais. A linguagem mostra como determinada cultura encara a vida, o universo, a subjetividade etc. E então nos deparamos com seres cuja linguagem não tem início nem fim, você já sabe o que vai escrever antes mesmo de terminar, é um ciclo: Hannah. E é essa a linguagem capaz de unificar, justamente por não ter pontas, não ter meio, não ter hierarquia: quem é superior, quem é maior dentro de um circulo? A linguagem ensina (como o caso dos jogos de xadrez: um lado vencedor e um lado perdedor, justamente como nós encaramos a vida). A forma como Louise teve coragem e vontade de entender seres completamente diferentes, que podiam mata-la, transmitir mil e uma doenças etc mostra justamente a importância da linguagem. A palavra é essencialmente diálogo. Não necessariamente a palavra, mas a linguagem. E diálogo significa comunicação, compreensão. União. Ao mesmo tempo, a linguagem molda a forma como nos sentimos, vemos as coisas ao nosso redor, e frente a uma linguagem que unifica, sem início, nem fim, como o ser humano pensaria? O tempo teria início e fim? A vida teria início e fim? Ciclo. As duas palavras que surgem a minha cabeça com o fim do filme: união e ciclo.
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraO cenário mais importante, que aparece em todas as cenas mais poéticas e marcantes: o mar.
O momento em que Little descobre em um estranho, que vende crack para a mãe, uma figura paterna e entende que pode ser quem quiser. Quando Chiron encontra e concretiza seu primeiro amor, no momento em que busca um lugar para poder respirar longe do bullying e das crises da mãe (e acredito que até de si mesmo e a imensidão e confusão de seus sentimentos). Na parte em que ele finalmente se reencontra não apenas com seu amor, mas consigo, depois de um longo período em que ele perdeu-se em meio a um "pai" morto. A cena final, em que o "pequeno Little", em meio à brisa que foi tão importante em sua vida, volta-se para a câmera e encara você maravilhosamente sintetiza bem esse momento de encontro, de volta, de raiz, de paz. O momento em que tudo que você escuta é a batida do próprio coração. Tudo isso magistralmente cercado pela crítica, pela questão da marginalização do negro (nesse ponto, mostrando um problema cíclico, em que o indivíduo acaba repetindo os mesmos erros devido à uma violência subjetiva e ao mesmo tempo explícita, como é o caso de Black tornando-se Juan) e da homofobia, que condena o sujeito a uma vida em negação de si.
A 13ª Emenda
4.6 354 Assista AgoraA parte mais importante desse documentário, mais chocante e mais difícil de digerir: apesar de partir da questão da 13ª emenda estadunidense, a realidade mostrada é maior que os EUA, se aplica ao mundo inteiro de modo geral. Quando olhamos para o Brasil, essa realidade adquire um fator ainda pior, já que o modo como negros e prisioneiros são tratados aqui não chegam a possuir tanta atenção da mídia e da população de modo geral, pois é algo cotidiano, algo a que as pessoas se acostumaram. O encarceramento domiciliar, que nos EUA pretende ser uma "revolução" para diminuir o número de indivíduos nas prisões por meio de GPS etc, já pode ser considerada quase uma realidade no nosso país, já que favelas podem ser quase consideradas prisões, com monitoramento constante, abuso de força policial etc. As pessoas negras no nosso país sofrem o mesmo que os prisioneiros negros estadunidenses sofrem no cárcere. Não há justiça se você for pobre, negro ou "pior", os dois. A realidade demonstrada nessa uma hora e quarenta é chocante, sim. Ela é um tapa na cara de quem, como eu, é branco e não tem que lidar com esse tipo de violência que é tanto implícita quanto explícita. Porém não sejamos ingênuos de limita-la aos EUA. Não sejamos ingênuos e olhar e apontar o dedo e falar: olha lá como eles sofrem lá. Prisioneiros no Brasil são tratados como lixo. As prisões estadunidenses podem ser quase consideradas como de luxo perto de como são as brasileiras. Em um contexto de Trump, Bolsonaro e ascensão de outros extremistas que vêem negros, prisioneiros e pobres como lixo que deve ser exterminado, esse documentário é essencial para entender que isso não é de hoje, que vem que um passado elitista, racista, que essa matança e desumanização de determinada parte da população é consequência de um descaso que conseguiu sobreviver aos séculos. O pior é que mesmo com essa realidade que é cuspida na nossa cara diariamente, ainda vemos pessoas que acham que a forma como presos são tratados não tem nada a ver com o aumento da criminalidade, que o fato de que o sistema judiciário atual é falho e que diversas pessoas são presas por crimes insignificantes ou até mesmo sendo inocentes não tem nada a ver com a forma como essas pessoas agem uma vez que saem do cárcere, que o fato de não existir reabilitação nenhuma uma vez que o indivíduo é preso e que após conseguida a liberdade ele ainda é tratado como se continuasse preso não possui nenhuma relação com o número gigantesco de reincidentes em crimes. Essa é uma questão urgente que precisa ser discutida, uma questão que consegue abranger tanto racismo, xenofobia, elitismo, má distribuição de renda quanto o sistema carcerário em si.
Quem Tem Medo de Virginia Woolf?
4.3 497 Assista AgoraQuem tem medo de olhar para si e encontrar cansaço, arrependimento, vontade de auto-destruição acompanhada de vontade de destruir tudo ao redor? Quem tem medo de envelhecer e ver que nada vale a pena na própria vida ao ponto de tomar jogos como vida real, e vivê-los intensamente? Quem tem medo de olhar-se no espelho e encontrar toda a exaustão de uma vida? Raiva, ódio, rancor, irritação, podridão, desgaste... Quem tem medo de escancarar tudo aquilo que pensa, sente, imagina? Quem tem medo de saber tanto sobre si próprio?
Verdade e ilusão, nós não sabemos a diferença, mas vamos fingir que sabemos.
As Horas
4.2 1,4KTrês explosões. Não como bombas, mas como fogos de artificio. Explosões de cansaço, agonia, explosões de fartura da vida. Esta aparece não como a fantasia, a possibilidade, a esperança: mas na realidade, na dureza, como realmente é. A vida cansa. E essas três mulheres a enfrentam de frente, junto de diversas outras mulheres, que aparecem em momentos cruciais, por cinco minutos ou vinte. A doença de Virgínia. A vida pseudo-perfeita, o que seria o sonho americano, cheio de seus vazios, de Laura. O peso de Clarissa, que percebe a futilidade da vida, sempre dando festas para encobrir o silêncio. Um dia em que tudo isso explode bem na cara delas, e elas explodem junto. Lágrimas visíveis, lágrimas internas, lágrimas que, como tudo, também explodem. E o livro Mrs. Dalloway sempre interligando as três mulheres. A escritora, a leitora, a personificação do livro. A que não aguentou o peso da vida, a que fugiu desse mesmo peso, e a que o encarou. Muita poesia, muita realidade, muita dor. Aliás, o que esse filme mais me fez foi doer. Uma dor de vida. Sendo que este é o tema mais explorado do filme: a vida. Como forma de encontrar a paz, como escolha, como fardo, como realidade, como explosão.
De Olhos Azuis
4.6 78A discriminação foi tão bem demonstrada, tão bem trabalhada, que fica até difícil comentar sobre o doc. Apesar de focar, sim, principalmente no racismo, machismo foi trabalhado (uma das últimas cenas dela falando "forget cute" foi ótimo), homofobia foi trabalhada, transfobia foi trabalhada, e por ai vai. Achei maravilhoso, achei forte, achei real e sincero. Deveria, na minha opinião, ser passado em todo colegial, porque não adianta nada alunos que saem de uma escola e passam nas melhores faculdades do país, tendo a mesma mentalidade que o homem que disse que imaginava que uma pessoa não podia fazer a diferença. Também não adianta nada se tornarem médicos, advogados, engenheiros, achando que vivemos em uma democracia racial, em uma sociedade igualitária. Minha palavra favorita do universo traduzida lindamente no exercício dessa professora: empatia. Documentário obrigatório para a vida.
Temporário 12
4.3 590Um ciclo. O ciclo daqueles que sofreram de diversas e inimagináveis formas quando criança e que se mantém quando adulto: mesmo quando tudo está bem, aquilo te persegue, te atinge nas horas de maior alegria, nas horas menos esperadas.
Foi isso o que entendi com o fim "repetindo" o começo. Foi isso o que absorvi vendo aquelas crianças que se vêem "limitadas" pelo que passaram. Mas assim que elas mudam esse modo de se ver, elas conseguem ditar o próprio destino, saem das amarras dos abusos que sofreram, que foi justamente o que aconteceu com Marcus.
Uma Noite em 67
4.2 263Década de 60: era dos festivais. Esses festivais foram todos woodstocks, em meio a críticas políticas, eferverscências sociais, surgem músicas que combinam com o clima. Chorei tanto quanto uma moça da platéia na apresentação de "Roda Viva". Poder ouvir os depoimentos dos artistas, de quem organizou, ver as reações do público, tudo foi muito bem montado (tanto as gravações antigas como as novas). Um dos meus doc favoritos, sem nenhuma dúvida.
Como Não Perder Essa Mulher
3.0 1,4K Assista AgoraDepois de tantas críticas negativas que já tinha ouvido sobre esse filme, fiquei até com um pouco de medo de assistir. Mais uma comédia romântica clichê e chata, que só serve para aqueles dias em que você não quer pensar em nada. Estava MUITO errada. Vi muito além de uma histórinha de amor e imagino que realmente, esse resumo não tenha sido o objetivo do filme. O ideal de mulher perfeita (loira, bunduda, peituda, cheia de maquiagem, unha pintada o tempo inteiro) é completamente quebrado. A ideia de que homem "macho" é aquele que pega muitas, assiste pornografia, se importa com carros e superficialidades é destruída ao longo do filme. No início, Johnny-boy tem até um jeito de falar diferente que é completamente o oposto da cena em que ele toma café com a ex no finalzinho.
E ele encontra a união, a sensação de ser completo, justamente no oposto que procurou em todas as baladas e vídeos pornôs: uma mulher simples, com uma história triste, desencanada e sincera, sem falsidades na aparência ou na personalidade.
Mesmo se diferenciando um pouco do esperado, poderia ter acabado em um filme comum se não fosse pelo modo como foi dirigido, o ritmo que muda junto com o personagem, e até as próprias atuações. É o melhor que já vi? Não, nem está entre OS melhores. Mas é gostoso, tem uma boa crítica aos relacionamentos (tanto da parte da mulher, quanto do homem) e a objetificação da mulher, e é ao mesmo tempo leve.
Obs: a cena de sexo entre ele e a Moore no sofá da casa dela foi MUITO bonita, contrastou completamente com todas as outras, e conseguiu demonstrar porque ele não conseguia se satisfazer antes. Nenhum barulho além deles, as expressões deles, o foco nessas mesmas expressões. Simples, mas completa.
Obs2: a hipocrisia que o filme mostra, e que é constante, em relação ao fato de Jon ser extremamente religioso apesar de tudo o que faz foi válida. Além de criticar a própria Igreja e seus métodos de "punição" (na cena em que ele pergunta ao padre porque que mesmo tendo mudado, ainda deve rezar a mesma quantidade de orações e o padre se mantém silencioso, sem resposta).
A Conspiração da Vaca: O Segredo da Sustentabilidade
4.4 212 Assista AgoraDocumentários em geral tendem a me comover, mas nenhum o fez como esse. Esperava, ao começar a assistir, mais um filme mostrando a crueldade animal (o que deve ser sim levada em consideração), mas acabou mostrando muito mais: como isso afeta não apenas eles, mas o planeta como um todo e, consequentemente, o ser humano. Levou muito além do clichê (não que ele não faça sentido, pois faz, só se tornou repetitivo e portanto, muitos não o ouvem mais, ou encontraram contra-argumentos que acham satisfatórios) dos argumentos usados por pessoas que defendem o fim do consumo de carne e seus derivados, não parou só na crueldade e no desmatamento, mostrou dados inovadores (pelo menos, para mim) e chocantes. Não é só algo que você assiste durante uma hora e meia e um mês ou até um ano depois se esquece. Mostrar, além de tudo, a hipocrisia dos grupos ambientalistas, ir a fundo em questões que poderiam acabar em processo, tudo isso, entre outros fatores, torna esse documentário único. O que poderia ser considerado por muitos só mais uma "chatice vegana", se mostrou algo que esses "muitos" vão achar bem difícil de questionar.
Nebraska
4.1 1,0K Assista AgoraNão tenho palavras para descrever o quanto me comovi com esse filme, e é justamente isso que lhe faltam: palavras. Não que isso seja uma coisa ruim: as cenas de silêncio prolongadas, como quando Woody e seus irmãos estão na sala assistindo futebol americano, foram tão bem elaboradas que quase ouve-se a respiração de cada um, repara-se no arfar no peito, na expressão do rosto, coisas que passam despercebidas em filmes que há falas demais e significados de menos.
Esse arrastar que cada cena tem, cenas que o diretor poderia ter feito durar um minuto e duram muito mais, demonstram o arrastar da vida de Woody, que atingiu a velhice e chega a conclusão que não tem legado nenhum para deixar para seus filhos.
O fato de ser em preto e branco foi outro detalhe que me comoveu, pois, para mim, demonstra o que o filme quer transmitir: a vida nua e crua.
Isso comprova-se no fim quando Woody não ganha o prêmio e percebe que foi tudo uma grande ilusão (aliás, eu me peguei torcendo para que ele realmente ganhasse um milhão de dólares).
A trilha sonora, pelo fato de ser exclusivamente instrumental foi outro fator que tornou esse um dos meus filmes favoritos, voltando ao fato de ele ser ele composto mais por expressões que falar. A fotografia: divina. Não foram necessárias cores para admirar cada paisagem. Aliás, acredito que elas não teriam sido tão valorizadas quanto foram em preto e branco. Além de que, na minha opinião, parece que as rugas ficaram mais acentuadas com esse efeito, deixando ainda mais evidente o efeito do tempo sobre a pele de cada personagem.
Enfim, chorei sim, em várias partes ao longo do filme, ficando maravilhada com a atuação de Bruce Dern, que fez com que eu realmente sentisse tudo aquilo pelo que ele passou, até me sentir tão velha de alma quanto ele de aparência, me sentir tão inocente, explorada e maltratada quanto ele foi, me sentir ele, mais jovem, mas ainda assim, ele.
Cães de Aluguel
4.2 1,9K Assista AgoraMinha cena preferida do universo: Mr. Blonde torturando o policial ao som de "stuck in the middle with you"
Como Esquecer
3.6 659 Assista AgoraEssa simplicidade, essa volta ao passado por meio dos vídeos que Antonia gravou dela (que por sinal, foram um toque lindo ao filme), as falas poéticas, melancólicas, que me fariam assistir ao filme mil vezes! Só achei que foi um pouco "desnecessário" colocar o "morro dos ventos uivantes", porque ficou com um ar de história inacabada, ou algo que não foi trabalhado direito. Essa foi minha impressão devido ao fato de que quando ele apareceu a primeira vez, parecia algo importante, algo quase fundamental para a conclusão do filme, e ele acabou sendo esquecido. Tirando esse e alguns outros detalhes (que, por sinal, foram bem poucos), fiquei apaixonada pelas atuações, pelo enredo e pela fotografia!