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Últimas opiniões enviadas

  • José Benevides

    O filme escolhido foi: E Buda desabou de vergonha. Trata-se do primeiro longa-metragem de Hana Makhmalbaf que teve estreia mundial em 9 de setembro de 2007, mas antes de clarear alguns aspectos sobre o trabalho, cabe situar Makhmalbaf como mulher, iraniana, extremamente jovem, por volta dos dezenove anos quando da realização do filme. Informações que não podem passar por desapercebidas, pois são de importância para a contextualização da obra. Makhmalbaf é mulher no Irã, país que ainda caminha na consolidação do direito feminino; Makhmalbaf é jovem e ainda é cedo demais para que ela possa desistir de um futuro diferente e tarde demais para que suporte as injustiças do passado.
    A partir dessa apresentação romantizada abre-se a cortina para a nossa heroína Bagtay. Uma menininha de seis anos que mora em uma caverna. Mas uma caverna? Sim. Ambiente escuro, sem luz, de grande simplicidade, que satisfaz apenas o básico das necessidades humanas: ali se encontra camas e um fogão. A garota passa os dias no local, presa com um bebê, que apenas tenta fugir, quem sabe uma ironia.
    Nessa caverna Bagtay é cega, segue uma função, cuidar do irmão, enquanto a mãe está fora, provavelmente em algum emprego para conseguir manter a pequena família. Mas por que Bagtay é cega? Ela é cega, porque não vislumbra uma realidade diferente, segue um caminho imposto, ela é jogada a ignorância enquanto seu vizinho, talvez seu único amigo? Nas mesmas condições de pobreza, ainda pode sonhar com histórias que aprende na escola. Bagtay poderia permanecer imersa nessa realidade em que nasceu, apática, inerte, mas ela escolheu a resistência. Bagtay resolveu buscar a luz. Faço aqui, referência ao mito da caverna de Platão. Bagtay saiu da caverna. Um feito heroico, ela transcendeu nesse gesto toda uma realidade, toda uma construção. O filme poderia acabar nesse momento. O maior passo já teria sido dado, a ideia estaria lançada, mas a guerra de uma ideia diferente, porque toda mudança gera resistência, não seria vista, e é nisso, na epopeia de Bagtay que o filme continua.
    As aventuras são inúmeras. Ela luta contra a falta de dinheiro, comprar um caderno para Bagtay é uma tarefa quase impossível; ela enfrenta “soldados” que também são crianças, ela “veleja” em um barco de papel por um rio revolto; ela salva “prisioneiras”. Uma verdadeira epopeia grega, Bagtay é um Ulisses iraniano enfrentando seus próprios percalços. Bagtay é um personagem quixoteano vagueando em busca de histórias e aqui como no romance de Cervantes há a inocência, que encontra não em monstros, mas na realidade cotidiana os inimigos para se enfrentar.
    A história continua e é enorme, o dia de Bagtay pode ter valido mais que a vida de inúmeras mulheres iranianas e, por que não, de todos nós? Poderíamos escrever um livro sobre o mundo de nossa heroína, citando a sua relação com o seu amigo, a cena do pão, a ida a escola, porém ela já não cabe mais nesse pequeno texto. Sobre a estética: é simples. Imagens que estão no dia a dia. Tudo aquilo que todos vemos de forma repetida e por isso não vemos. Um paradoxo. Não há um apelo para chamar a atenção do espectador. É uma visão de menina de seis anos. Sem dúvida uma característica dos filmes iranianos, sem as apelações Hollywoodianas. A música é a mesma por todo o filme e Bagtay veste verde. Verde. Cor da esperança, cor da natureza, enfim ...
    Não consigo falar do enquadramento em um parágrafo. Cabe apenas lembrar que enquadrar é escolher, mas também excluir. A cena do barquinho de papel enfrentando a correnteza do rio é a minha predileta. Em uma imagem aberta a cena poderia ser reduzida a banalidade. Em uma imagem fechada, como no filme, é possível ver as ondas enormes que o barco enfrenta, o sofrimento de percorrer todo o caminho e as barreiras inesperadas que surgem no percurso.
    Para finalizar esse texto caótico deveria falar sobre o que o filme fala. Poderia dizer que ele é uma crítica. Ele é. Poderia dizer que ele é uma aventura heroica. Ele é. Poderia dizer que ele é sobre a construção da infância. Ele é. Para não me comprometer em nenhum posicionamento, prefiro falar que o filme fala sobre a vida. É amplo, mas antes a ignorância infinita do que a sabedoria limitada.

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  • Filmow
    Filmow

    O Oscar 2017 está logo aí e teremos o nosso tradicional BOLÃO DO OSCAR FILMOW!

    Serão 3 vencedores no Bolão com prêmios da loja Chico Rei para os três participantes que mais acertarem nas categorias da premiação. (O 1º lugar vai ganhar um kit da Chico Rei com 01 camiseta + 01 caneca + 01 almofada; o 2º lugar 01 camiseta da Chico Rei; e o 3º lugar 01 almofada da Chico Rei.)

    Vem participar da brincadeira com a gente, acesse https://filmow.com/bolao-do-oscar/ para votar.
    Boa sorte! :)

    * Lembrando que faremos uma transmissão ao vivo via Facebook e Youtube da Casa Filmow na noite da cerimônia, dia 26 de fevereiro. Confirme presença no evento https://www.facebook.com/events/250416102068445/

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