Só é possível dizer qual é o melhor filme de Wong Kar-Wai porque em 2000 ele lançou essa obra-prima diante de tantos belos filmes seus. Amor à Flor da Pele mostra a história de Chow (Tony Leung Chiu Wai) que descobre que sua esposa o trai com o marido da sua vizinha Li-Zhen (Maggie Cheung). A partir daí se constrói uma história de sucessivos encontros entre duas pessoas, onde se inicia uma amizade, ficando cada vez mais próximas até perceberem que os sentimentos crescem rapidamente e ficam fora de controle, forçando eles a tomarem uma decisão que não é algo que eles realmente gostariam de fazer. Aliada à forte narrativa, o filme tecnicamente é indefectível com a mão segura do roteiro de Kar-Wai, a química inigualável do casal central de atores, além dos eternos colaboradores que quase são “personagens” do filme como: a fotografia de Christopher Doyle, a trilha sonora de Shigeru Umebaysashi e o figurino de Willian Chang. Um filme para ser visto e revisto, sempre nos trazendo à tona, o quê nos faríamos no lugar deles?.
Com Manuel de Oliveira, eu só tinha experiência com O Convento (1995) com os mesmos John Malkovich e Catherine Deneuve, mas a tentativa de explicar a origem e a existência de Shakespeare, no filme é pouco desenvolvida, perdida em tramas paralelas, que nos confundem qual seria a história principal do filme. Nesse Um Filme Falado (2003), através da mãe portuguesa (professora de história) que durante a viagem, explica para a filha partes importantes da história mundial de uma forma envolvente. Numa determinada cena, 4 personagens com nacionalidades diferentes (americana, francesa, italiana e grega) falam nos seus respectivos idiomas e são compreendidos normalmente, um paradoxo que quando pessoas falam sobre o mesmo tema e numa certa fluência são capazes de se entenderem, mesmo sem falar o mesmo idioma. A inocência da menina portuguesa que acredita em tudo que a mãe fala, nos deixa a impressão que o diretor acredita no futuro da humanidade, com uma visão otimista.
Atividade Paranormal 2 (2010) conta a história de uma família que após ter sua casa arrombada decide instalar câmeras por segurança, mas o acontecido revela ter relação com a presença de assombrações, como estranhos barulhos, batida de móveis e fatos inexplicáveis. Uma suposta maldição é levada em questão porque tudo tem como alvo o bebê recém-nascido, todos aqueles que tentam impedir isso acabam saindo do caminho de uma forma ou de outra (a empregada, a cachorra, a irmã mais velha) nessa trama surpreendente. Esse 2º filme explica a origem do 1º, porém o primeiro explica a origem de todas as assombrações. Alguns críticos dizem que os dois filmes seguem a linha documentário-suspense de A Bruxa de Blair lançado em 1999, mas diferente desse filme noventista que seria a "origem" de tudo, Atividade Paranormal rendeu uma continuação mais interessante com um roteiro melhor construído e assustador.
O Equilibrista (2008) é um documentário que fala a proeza do françês Philippe Petit e seus amigos em amarrar um cabo de aço entre as Torres Gêmeas de NY, para que o mesmo pudesse fazer suas acrobacias a 450m do solo. Foram exatos 45 min na manhã de 07 de agosto de 1974 (Petit deitou, se ajoelhou, fez 8 travessias e olhou para baixo) antes de ser preso pelo ato, que também o transformou numa celebridade. James Marsh dirigiu uma película que mesmo sabendo o final, prende a nossa atenção aos longos dos seus 94 min, com relatos atuais de todos os participantes do feito, fotos da travessia e filmagens da época, além da dramatização desde o momento em que Petit soube da construção das Torres, até toda preparação em Paris e a realização do sonho nos EUA. Um filme realista, onde as pessoas que concretizaram o sonho, são mostradas como seres humanos: com falhas, anseios e alegrias. Oscar merecido de melhor documentário para que aquele que foi um dos melhores e mais emocionante documentário já feito no cinema, narrando aquele que é considerado o crime artístico do século.
Através dos olhos do jovem Florya levando a bela Glasha, quando ele chega em casa e vê a família morta, ele começa a percorrer o pântano com Glasha tentando escapar de um perigo maior. Eles se deparam com bombas pelo caminho, tiroteios e o medo da morte. Depois eles chegam até uma vila que está sendo dominada pelos nazista que matam a todos colocando dentro de uma igreja, somente Floryan e Glasha escapam, queimando-os vivo. Floryan é humilhado pelos nazista, surtando então, enquanto Glasha sofre violências de todos os aspectos, quando vemos ela em estado de choque tocando um apito. O filme mostra Floryan atirando num poster de Hitler na lama, a cada tiro ele tem a idéia de voltar todos os atos em flashback (bombardeios, mortes, queimadas, tratados, invasões, palestras, desfiles e ascensão). Até o último tiro quando vemos Hitler bebê no colo da mãe?. Questionando-se qual o sentido da guerra?
The Navigator - Uma Odisséia Medieval (1988) assisti quando foi lançado nos cinemas (como assistir com minha irmã, sempre soube que não era o único a tê-lo visto) em 1990, tinha um cartaz que falava que era um dos filmes mais premiados dos últimos tempos, e foi com o total de 21 prêmios. Um filme que se passa na época medieval da peste negra, com um garoto que tem visões, surrealista com a linha do tempo e dramático, quando o irmão mais velho é questionado pelo mais novo, por ter voltado para a aldeia com a peste negra, ele responde firmemente: "(...) e eu iria para aonde?".
Queimando ao Vento (2002) fala da difícil vida de um ex-patriado, o calado Tobias fugiu do leste europeu por ter supostamente matado o pai, sempre perseguido pela lembrança da colega de escola e eterno amor "Line", pois ele somente carrega de bom consigo desse tempo que tenta esquecer a memória da mulher que ama, quando ele a reencontra na fábrica em que trabalha na Suíça, ele decide ficar com ela para sempre. Sílvio Sondini fez uma obra mais sobre a vida de uma pessoa que tem que abandonar a terra natal do que um romance, com seus diálogos cortantes, flashbacks explicando pontos chaves, tempo emocional da narrativa e belo uso da música, o filme tem na brilhante interpretação de Ivan Franek, um de seus pontos altos. Uma de suas grandes reflexões é seu eterno recomeço, fugir para uma nova terra (com sua língua, costumes e povo diferente) sempre com esperança, deixar o passado sem perspectiva mais representa uma valorização a si próprio do que não encarar a realidade.
Casa Vazia (2004) mostra a mudança de comportamento provocada pelo encontro de duas pessoas, Tae-Suk, um jovem que invade as casas desocupadas, ficando por pouco tempo, em troca limpa e faz pequenos consertos; Sun-Hwa uma moça que apanha do marido e vive um vazio emocional numa casa cheia de bens materiais. O quê o diretor Kim Ki Duk mostra mais uma vez é um drama, onde alguém tem chegar na sua própria identidade (Tae) e Sun encontrar a felicidade nas coisas simples. O casal não tem o diálogo como forma principal de comunicação ao longo dos 88 min(em nada entendiantes), porém eles se entendem mais que as outras pessoas que verbalizam o tempo todo. Kim Ki Duk a partir da sua "nacionalização"(mostrar através da estética sul coreana com ausência de diálogos, sensibilidade de gestos e simplicidade), "internacionalizou", revelando problemáticas mundiais, um jovem em busca da própria identidade, vivendo as dos outros, enquanto ela busca a felicidade em ser compreendida e respeitada.
"Se vissemos uma pessoa só pelas fotos, pensaríamos que ela só teve momentos felizes". Entre Casais (2002) inicia com uma sessão de slides, mostrando a amizade entre 2 casais para falar de relacionamentos afetivos. Cristian, insatisfeito com o casamento indo mal e Katrin, infeliz que nada faz para mudar a sua vida. Uwe, um amargurado que passa o dia reclamando e apontando defeitos e Katrin, que busca a felicidade fora da rotina. Se o diretor Andreas Dresen usa a estética dos filmes "Dogma 95" com imagens granuladas, cortes abruptos e vários closes; também mostra um filme com muitos momentos cômicos, lembrando filmes italianos do gênero. Entre Casais é reflexivo sobre o quê fazer da nossa vida (tentar reformular a situação presente ou mudar drasticamente). O caso entre Cristian e Ellen é mostrado de uma forma não vulgar, como se fosse mais uma das tentativas que os personagens se dispoem a fazer para sair do marasmo, o resultado é um filme que ocupa a nossa mente muito depois do seu fim.
Assisti Léolo (1992) em 1997, coincidentemente um mês antes do diretor Jean-Claude Lauzon morrer em um acidente de avião, ele morreu cedo com apenas 44 anos e três filmes feitos. Assisti em vídeo, tem uma temática interessante, mas confesso que na época não gostei muito. Léolo (1992) foi seu último filme, uma pena porque nesse filme, vi aspectos interessantes (drama familiar, fuga da realidade usando a imaginação e passagem da infância para a adolescência) que poderiam ser desenvolvidos em obras futuras pelo diretor. Infelizmente, o destino não permitiu a Lauzon, mas ele sempre será lembrado por esse filme.
Wall Street - O Dinheiro nunca dorme (2010) é a tentativa do diretor Oliver Stone de realizar a continuação do seu famoso sucesso dos anos 80 sobre o mercado financeiro, tanto que o ponto de partida é a volta de Gordon Gekko (Michael Douglas) depois da prisão, tendo como sustentação a admiração que seu genro Jake (Shia LaBeouf) tem por ele, inclusive tentando a reaproximação com a filha Winnie (Carey Mullligan). O mundo dos negócios já não vive mais pela lei "ganância é boa", mas agora é "tudo é uma questão de bolha", onde não existe nada de real e de concreto, apenas ilusões financeiras que acabam com fortunas, empresas e carreiras, o quê aproxima mais Jake de Gekko é a vingança do seu chefe que se suicidou Lewis Zabel (Frank Langella) contra o causador desse mal Bretton James (Josh Brolin). São 138 minutos discursivos sobre o mercado acionário, porém Stone não deixa de escapar que tem uma certa adimiração pela personagem Gekko, apesar da atuação magnética de Douglas, o filme é mais pessoal do que sobre Wall Street, mais sobre seus dramas familiares do que seus dilemas morais. A contradição aqui reside na questão da confrontação da falta de ética de Gekko e Jake, porém devemos perdoá-los e aceitá-los devido as suas razões.
Confidências Muito Íntimas (2004) é um filme com o diálogo brilhante, que fala de uma mulher descontente com o casamento, ao tentar análise e entrar na porta errada, ela conhece um tributarista que acaba lhe ajudando na forma de rever a sua vida, porém a relação é mútua, eles acabam se ajudando um ao outro, acontecendo uma antítese nessa busca pela felicidade, ela volta à infância (o balé, viagem ao interior), enquanto ele tem que quebrar as amarras com o mesmo (sair do apartamento que mora desde que nasceu, o emprego que herdou do pai, a relação mal resolvida com a ex-namorada). Dentro de uma análise psicológica, o tributarista introvertido, é deixado o espaço para que ele avance, mas tudo é feito dentro da ótica francesa, com sugestões, educadamente. Uma reclamação constante é que filmes franceses não tem uma boa narrativa para os seus excelente roteiros. Esse filme prende nossa atenção do início até o fim, deixando o final aberto, para nós pensarmos qual seria a melhor decisão.
Alguns criticos dizem que Woody Allen não teria mais o quê ensinar para o cinema, Ponto Final (2005) vai contra essa idéia. Cris é um professor de Tênis na Inglaterra que faz amizade com o rico Tom, logo começa a namorar a sua irmã, Chloe; com a aceitação e ajuda dos sogros, ele arranja um novo emprego e tem uma ascensão social, a sua estabilidade é quebrada pela paixão por Nola, namorada de Tom, o fato de se tornarem amantes caminha num equilíbrio até que Nola fica grávida, enquanto ele não consegue engravidar Chloe, então Cris tem que fazer uma escolha entre o amor e a segurança. Inspirado em Crime e Castigo de Dostoiévski, as reviravoltas no roteiro acontecem de acordo com as mudanças na personalidade de Cris (calmo, objetivo, trabalhador, marido exemplar, amante irresponsável, frio e calculista). Allen como seu personagem, mostrou que é capaz de mudar também, a diferença entre ele e Cris é que o primeiro conta com mais astúcia e sorte, enquanto Allen com o seu talento habitual.
Woody Allen é um diretor que filma todo ano, por isso muitos dizem que alguns de seus filmes são apenas esboços de obra-primas; outros dizem que ele não tem mais nada a acrescentar. Eu discordo, ele a cada 3 ou 4 anos faz um grande filme, em particular esse filme em questão, ele faz um balanço da vida profissional e pessoal através do seu cinema, um cinema bastante autoral, com problemas e questionamentos pessoais levados a tela grande quase sempre. Para mim, ele sintetiza a idéia do seu trabalho quando diz "Ao longo da minha carreira como artista, eu tive vários problemas pessoais, e esses problemas afetaram minha profissão, foi aí que eu percebi que a única coisa que me fazia seguir adiante era meu trabalho. Então, ele me salvou".
Sete Anos no Tibet (1997) dirigido por Jean Jacques Annaud, partindo sempre de assuntos reais para falar de comportamento humano. O alpinista Henrich Mann (Brad Pitt) parte em busca de escalar o Himalaia. Depois da tentativa frustada, ele acaba sendo preso devido à II Guerra. A fuga e sobrevivência só se dá pela ajuda de um alpinista inglês (o magnífico David Thwelis), o contato com a sociedade budista e depois com o próprio Dalai Lama, então criança, provoca mudanças em Mann que descobre valores humanos, repensando sua vida também (abandonou a esposa grávida em busca da escalada). O relacionamento com o Dalai lama, quase uma relação de pai e filho, desperta nele a sensação de resolver sua vida deixada na terra natal, enquanto o alpinista inglês se encontra facilmente com a nova realidade, Mann retorna à Austria. O filme se você espera uma aventura, pouco se realizará, mas sim pelo lado da mudança no homem que saiu para escalar a mais alta altitude e foi no mais profundo de si mesmo.
2046 (2004) fala de um escritor chinês Chow e seus relacionamentos afetivos. O seu amor apenas físico pela sua vizinha, o platônico pela filha do dono do hotel e o não consolidado por uma jogadora profissional. Chow é um conquistador inveterado e seus livros falam muito da sua própria vida. Kar Wong-Wai realizou uma obra onde um relacionamento auto-destrutível é aquele em que o padrão é construído e não comparado aos anteriores. O filme é indefectível em sua trilha sonora, direção de arte, figurinos, fotografia e interpretações. Wai não responde o quê Chow deveria fazer, ele deixa pra nós mesmos decidimos qual seria a melhor resposta para nossas vidas, o quê ele deixa claro é que relacionamentos mal-resolvidos sempre pautam os futuros até acharmos uma solução.
Esse filme que é uma produção Vietnam e França revelou o diretor Tran Ahn Hung em 1993, como representante do cinema vietnamita, talvez o diretor mais renomado de lá. O filme consiste em uma garota que vai trabalhar na casa de uma família quando ela tem por volta 10, 11 anos (Tran Nu Yên Khê); então ela conhece o filho mais novo dos patrões que tem por volta 5,6 anos, o menino começa a chatear a garota, aprontando as maiores peraltices possíveis e imagináveis, mesmo quando vai crescendo. Com o passar do tempo, a empregada se torna amiga dele, na passagem da adolescência para a vida adulta, eles vão vendo que tem muitas afinidades, até que se iniciam uma relação, clandestina é verdade, porém verdadeira, do meio para o fim o filme fica quase sem falas, apenas gestos, toques, música, cores fortes, ações e sentimentos, principalmente isso que faz que o filho mais novo opte em se casar com a empregada, ao invés da noiva prometida, é claro que o fato da empregada estar grávida contribue, mas a decisão do caçula consiste na identificação com uma mulher que ele tem uma história, parte da vida dele ou quase toda. Quem não gostaria de ter essa mesma decisão, poder de escolha; ser feliz e não optar pelo conformismo, se resignar na infelicidade.
O título do filme vem da plantação interna de papaia que tem na casa e dos famosos doces que são feitos com a fruta, que na época só conhecíamos como mamão (he he he).
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Amor à Flor da Pele
4.3 497 Assista AgoraSó é possível dizer qual é o melhor filme de Wong Kar-Wai porque em 2000 ele lançou essa obra-prima diante de tantos belos filmes seus. Amor à Flor da Pele mostra a história de Chow (Tony Leung Chiu Wai) que descobre que sua esposa o trai com o marido da sua vizinha Li-Zhen (Maggie Cheung). A partir daí se constrói uma história de sucessivos encontros entre duas pessoas, onde se inicia uma amizade, ficando cada vez mais próximas até perceberem que os sentimentos crescem rapidamente e ficam fora de controle, forçando eles a tomarem uma decisão que não é algo que eles realmente gostariam de fazer. Aliada à forte narrativa, o filme tecnicamente é indefectível com a mão segura do roteiro de Kar-Wai, a química inigualável do casal central de atores, além dos eternos colaboradores que quase são “personagens” do filme como: a fotografia de Christopher Doyle, a trilha sonora de Shigeru Umebaysashi e o figurino de Willian Chang. Um filme para ser visto e revisto, sempre nos trazendo à tona, o quê nos faríamos no lugar deles?.
Um Filme Falado
3.6 38Com Manuel de Oliveira, eu só tinha experiência com O Convento (1995) com os mesmos John Malkovich e Catherine Deneuve, mas a tentativa de explicar a origem e a existência de Shakespeare, no filme é pouco desenvolvida, perdida em tramas paralelas, que nos confundem qual seria a história principal do filme. Nesse Um Filme Falado (2003), através da mãe portuguesa (professora de história) que durante a viagem, explica para a filha partes importantes da história mundial de uma forma envolvente. Numa determinada cena, 4 personagens com nacionalidades diferentes (americana, francesa, italiana e grega) falam nos seus respectivos idiomas e são compreendidos normalmente, um paradoxo que quando pessoas falam sobre o mesmo tema e numa certa fluência são capazes de se entenderem, mesmo sem falar o mesmo idioma. A inocência da menina portuguesa que acredita em tudo que a mãe fala, nos deixa a impressão que o diretor acredita no futuro da humanidade, com uma visão otimista.
Atividade Paranormal 2
2.7 1,8K Assista AgoraAtividade Paranormal 2 (2010) conta a história de uma família que após ter sua casa arrombada decide instalar câmeras por segurança, mas o acontecido revela ter relação com a presença de assombrações, como estranhos barulhos, batida de móveis e fatos inexplicáveis. Uma suposta maldição é levada em questão porque tudo tem como alvo o bebê recém-nascido, todos aqueles que tentam impedir isso acabam saindo do caminho de uma forma ou de outra (a empregada, a cachorra, a irmã mais velha) nessa trama surpreendente. Esse 2º filme explica a origem do 1º, porém o primeiro explica a origem de todas as assombrações. Alguns críticos dizem que os dois filmes seguem a linha documentário-suspense de A Bruxa de Blair lançado em 1999, mas diferente desse filme noventista que seria a "origem" de tudo, Atividade Paranormal rendeu uma continuação mais interessante com um roteiro melhor construído e assustador.
O Equilibrista
4.1 172O Equilibrista (2008) é um documentário que fala a proeza do françês Philippe Petit e seus amigos em amarrar um cabo de aço entre as Torres Gêmeas de NY, para que o mesmo pudesse fazer suas acrobacias a 450m do solo. Foram exatos 45 min na manhã de 07 de agosto de 1974 (Petit deitou, se ajoelhou, fez 8 travessias e olhou para baixo) antes de ser preso pelo ato, que também o transformou numa celebridade. James Marsh dirigiu uma película que mesmo sabendo o final, prende a nossa atenção aos longos dos seus 94 min, com relatos atuais de todos os participantes do feito, fotos da travessia e filmagens da época, além da dramatização desde o momento em que Petit soube da construção das Torres, até toda preparação em Paris e a realização do sonho nos EUA. Um filme realista, onde as pessoas que concretizaram o sonho, são mostradas como seres humanos: com falhas, anseios e alegrias. Oscar merecido de melhor documentário para que aquele que foi um dos melhores e mais emocionante documentário já feito no cinema, narrando aquele que é considerado o crime artístico do século.
Vá e Veja
4.5 754 Assista AgoraVá e Veja (1985) tenta mostrar a Bielorússia na II Guerra durante a invasão nazista.
Através dos olhos do jovem Florya levando a bela Glasha, quando ele chega em casa e vê a família morta, ele começa a percorrer o pântano com Glasha tentando escapar de um perigo maior. Eles se deparam com bombas pelo caminho, tiroteios e o medo da morte. Depois eles chegam até uma vila que está sendo dominada pelos nazista que matam a todos colocando dentro de uma igreja, somente Floryan e Glasha escapam, queimando-os vivo. Floryan é humilhado pelos nazista, surtando então, enquanto Glasha sofre violências de todos os aspectos, quando vemos ela em estado de choque tocando um apito. O filme mostra Floryan atirando num poster de Hitler na lama, a cada tiro ele tem a idéia de voltar todos os atos em flashback (bombardeios, mortes, queimadas, tratados, invasões, palestras, desfiles e ascensão). Até o último tiro quando vemos Hitler bebê no colo da mãe?. Questionando-se qual o sentido da guerra?
Navigator: Uma Odisséia no Tempo
3.4 24The Navigator - Uma Odisséia Medieval (1988) assisti quando foi lançado nos cinemas (como assistir com minha irmã, sempre soube que não era o único a tê-lo visto) em 1990, tinha um cartaz que falava que era um dos filmes mais premiados dos últimos tempos, e foi com o total de 21 prêmios. Um filme que se passa na época medieval da peste negra, com um garoto que tem visões, surrealista com a linha do tempo e dramático, quando o irmão mais velho é questionado pelo mais novo, por ter voltado para a aldeia com a peste negra, ele responde firmemente: "(...) e eu iria para aonde?".
Queimando ao Vento
3.7 6Queimando ao Vento (2002) fala da difícil vida de um ex-patriado, o calado Tobias fugiu do leste europeu por ter supostamente matado o pai, sempre perseguido pela lembrança da colega de escola e eterno amor "Line", pois ele somente carrega de bom consigo desse tempo que tenta esquecer a memória da mulher que ama, quando ele a reencontra na fábrica em que trabalha na Suíça, ele decide ficar com ela para sempre. Sílvio Sondini fez uma obra mais sobre a vida de uma pessoa que tem que abandonar a terra natal do que um romance, com seus diálogos cortantes, flashbacks explicando pontos chaves, tempo emocional da narrativa e belo uso da música, o filme tem na brilhante interpretação de Ivan Franek, um de seus pontos altos. Uma de suas grandes reflexões é seu eterno recomeço, fugir para uma nova terra (com sua língua, costumes e povo diferente) sempre com esperança, deixar o passado sem perspectiva mais representa uma valorização a si próprio do que não encarar a realidade.
Casa Vazia
4.2 409Casa Vazia (2004) mostra a mudança de comportamento provocada pelo encontro de duas pessoas, Tae-Suk, um jovem que invade as casas desocupadas, ficando por pouco tempo, em troca limpa e faz pequenos consertos; Sun-Hwa uma moça que apanha do marido e vive um vazio emocional numa casa cheia de bens materiais. O quê o diretor Kim Ki Duk mostra mais uma vez é um drama, onde alguém tem chegar na sua própria identidade (Tae) e Sun encontrar a felicidade nas coisas simples. O casal não tem o diálogo como forma principal de comunicação ao longo dos 88 min(em nada entendiantes), porém eles se entendem mais que as outras pessoas que verbalizam o tempo todo. Kim Ki Duk a partir da sua "nacionalização"(mostrar através da estética sul coreana com ausência de diálogos, sensibilidade de gestos e simplicidade), "internacionalizou", revelando problemáticas mundiais, um jovem em busca da própria identidade, vivendo as dos outros, enquanto ela busca a felicidade em ser compreendida e respeitada.
Entre Casais
3.3 2"Se vissemos uma pessoa só pelas fotos, pensaríamos que ela só teve momentos felizes". Entre Casais (2002) inicia com uma sessão de slides, mostrando a amizade entre 2 casais para falar de relacionamentos afetivos. Cristian, insatisfeito com o casamento indo mal e Katrin, infeliz que nada faz para mudar a sua vida. Uwe, um amargurado que passa o dia reclamando e apontando defeitos e Katrin, que busca a felicidade fora da rotina. Se o diretor Andreas Dresen usa a estética dos filmes "Dogma 95" com imagens granuladas, cortes abruptos e vários closes; também mostra um filme com muitos momentos cômicos, lembrando filmes italianos do gênero. Entre Casais é reflexivo sobre o quê fazer da nossa vida (tentar reformular a situação presente ou mudar drasticamente). O caso entre Cristian e Ellen é mostrado de uma forma não vulgar, como se fosse mais uma das tentativas que os personagens se dispoem a fazer para sair do marasmo, o resultado é um filme que ocupa a nossa mente muito depois do seu fim.
Leolo
4.1 52Assisti Léolo (1992) em 1997, coincidentemente um mês antes do diretor Jean-Claude Lauzon morrer em um acidente de avião, ele morreu cedo com apenas 44 anos e três filmes feitos. Assisti em vídeo, tem uma temática interessante, mas confesso que na época não gostei muito. Léolo (1992) foi seu último filme, uma pena porque nesse filme, vi aspectos interessantes (drama familiar, fuga da realidade usando a imaginação e passagem da infância para a adolescência) que poderiam ser desenvolvidos em obras futuras pelo diretor. Infelizmente, o destino não permitiu a Lauzon, mas ele sempre será lembrado por esse filme.
Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme
3.3 404 Assista AgoraWall Street - O Dinheiro nunca dorme (2010) é a tentativa do diretor Oliver Stone de realizar a continuação do seu famoso sucesso dos anos 80 sobre o mercado financeiro, tanto que o ponto de partida é a volta de Gordon Gekko (Michael Douglas) depois da prisão, tendo como sustentação a admiração que seu genro Jake (Shia LaBeouf) tem por ele, inclusive tentando a reaproximação com a filha Winnie (Carey Mullligan). O mundo dos negócios já não vive mais pela lei "ganância é boa", mas agora é "tudo é uma questão de bolha", onde não existe nada de real e de concreto, apenas ilusões financeiras que acabam com fortunas, empresas e carreiras, o quê aproxima mais Jake de Gekko é a vingança do seu chefe que se suicidou Lewis Zabel (Frank Langella) contra o causador desse mal Bretton James (Josh Brolin). São 138 minutos discursivos sobre o mercado acionário, porém Stone não deixa de escapar que tem uma certa adimiração pela personagem Gekko, apesar da atuação magnética de Douglas, o filme é mais pessoal do que sobre Wall Street, mais sobre seus dramas familiares do que seus dilemas morais. A contradição aqui reside na questão da confrontação da falta de ética de Gekko e Jake, porém devemos perdoá-los e aceitá-los devido as suas razões.
Confidências Muito Íntimas
3.4 10Confidências Muito Íntimas (2004) é um filme com o diálogo brilhante, que fala de uma mulher descontente com o casamento, ao tentar análise e entrar na porta errada, ela conhece um tributarista que acaba lhe ajudando na forma de rever a sua vida, porém a relação é mútua, eles acabam se ajudando um ao outro, acontecendo uma antítese nessa busca pela felicidade, ela volta à infância (o balé, viagem ao interior), enquanto ele tem que quebrar as amarras com o mesmo (sair do apartamento que mora desde que nasceu, o emprego que herdou do pai, a relação mal resolvida com a ex-namorada). Dentro de uma análise psicológica, o tributarista introvertido, é deixado o espaço para que ele avance, mas tudo é feito dentro da ótica francesa, com sugestões, educadamente. Uma reclamação constante é que filmes franceses não tem uma boa narrativa para os seus excelente roteiros. Esse filme prende nossa atenção do início até o fim, deixando o final aberto, para nós pensarmos qual seria a melhor decisão.
Ponto Final: Match Point
3.9 1,4K Assista AgoraAlguns criticos dizem que Woody Allen não teria mais o quê ensinar para o cinema, Ponto Final (2005) vai contra essa idéia. Cris é um professor de Tênis na Inglaterra que faz amizade com o rico Tom, logo começa a namorar a sua irmã, Chloe; com a aceitação e ajuda dos sogros, ele arranja um novo emprego e tem uma ascensão social, a sua estabilidade é quebrada pela paixão por Nola, namorada de Tom, o fato de se tornarem amantes caminha num equilíbrio até que Nola fica grávida, enquanto ele não consegue engravidar Chloe, então Cris tem que fazer uma escolha entre o amor e a segurança. Inspirado em Crime e Castigo de Dostoiévski, as reviravoltas no roteiro acontecem de acordo com as mudanças na personalidade de Cris (calmo, objetivo, trabalhador, marido exemplar, amante irresponsável, frio e calculista). Allen como seu personagem, mostrou que é capaz de mudar também, a diferença entre ele e Cris é que o primeiro conta com mais astúcia e sorte, enquanto Allen com o seu talento habitual.
Desconstruindo Harry
4.0 333 Assista AgoraWoody Allen é um diretor que filma todo ano, por isso muitos dizem que alguns de seus filmes são apenas esboços de obra-primas; outros dizem que ele não tem mais nada a acrescentar. Eu discordo, ele a cada 3 ou 4 anos faz um grande filme, em particular esse filme em questão, ele faz um balanço da vida profissional e pessoal através do seu cinema, um cinema bastante autoral, com problemas e questionamentos pessoais levados a tela grande quase sempre. Para mim, ele sintetiza a idéia do seu trabalho quando diz "Ao longo da minha carreira como artista, eu tive vários problemas pessoais, e esses problemas afetaram minha profissão, foi aí que eu percebi que a única coisa que me fazia seguir adiante era meu trabalho. Então, ele me salvou".
Sete Anos no Tibet
3.8 397 Assista AgoraSete Anos no Tibet (1997) dirigido por Jean Jacques Annaud, partindo sempre de assuntos reais para falar de comportamento humano. O alpinista Henrich Mann (Brad Pitt) parte em busca de escalar o Himalaia. Depois da tentativa frustada, ele acaba sendo preso devido à II Guerra. A fuga e sobrevivência só se dá pela ajuda de um alpinista inglês (o magnífico David Thwelis), o contato com a sociedade budista e depois com o próprio Dalai Lama, então criança, provoca mudanças em Mann que descobre valores humanos, repensando sua vida também (abandonou a esposa grávida em busca da escalada). O relacionamento com o Dalai lama, quase uma relação de pai e filho, desperta nele a sensação de resolver sua vida deixada na terra natal, enquanto o alpinista inglês se encontra facilmente com a nova realidade, Mann retorna à Austria. O filme se você espera uma aventura, pouco se realizará, mas sim pelo lado da mudança no homem que saiu para escalar a mais alta altitude e foi no mais profundo de si mesmo.
2046 - Os Segredos do Amor
4.0 150 Assista Agora2046 (2004) fala de um escritor chinês Chow e seus relacionamentos afetivos. O seu amor apenas físico pela sua vizinha, o platônico pela filha do dono do hotel e o não consolidado por uma jogadora profissional. Chow é um conquistador inveterado e seus livros falam muito da sua própria vida. Kar Wong-Wai realizou uma obra onde um relacionamento auto-destrutível é aquele em que o padrão é construído e não comparado aos anteriores. O filme é indefectível em sua trilha sonora, direção de arte, figurinos, fotografia e interpretações. Wai não responde o quê Chow deveria fazer, ele deixa pra nós mesmos decidimos qual seria a melhor resposta para nossas vidas, o quê ele deixa claro é que relacionamentos mal-resolvidos sempre pautam os futuros até acharmos uma solução.
O Cheiro do Papaia Verde
3.8 53 Assista AgoraEsse filme que é uma produção Vietnam e França revelou o diretor Tran Ahn Hung em 1993, como representante do cinema vietnamita, talvez o diretor mais renomado de lá.
O filme consiste em uma garota que vai trabalhar na casa de uma família
quando ela tem por volta 10, 11 anos (Tran Nu Yên Khê); então ela conhece o filho mais novo dos patrões que tem por volta 5,6 anos, o menino começa a chatear a garota, aprontando as maiores peraltices possíveis e imagináveis, mesmo quando vai crescendo.
Com o passar do tempo, a empregada se torna amiga dele, na passagem da adolescência para a vida adulta, eles vão vendo que tem muitas afinidades, até que se iniciam uma relação, clandestina é verdade, porém verdadeira, do meio para o fim o filme fica quase sem falas, apenas gestos, toques, música, cores fortes, ações e sentimentos, principalmente isso que faz que o filho mais novo opte em se casar com a empregada, ao invés da noiva prometida, é claro que o fato da empregada estar grávida contribue, mas a decisão do caçula consiste na identificação com uma mulher que ele tem uma história, parte da vida dele ou quase toda.
Quem não gostaria de ter essa mesma decisão, poder de escolha; ser feliz e não optar pelo conformismo, se resignar na infelicidade.
O título do filme vem da plantação interna de papaia que tem na casa e dos famosos doces que são feitos com a fruta, que na época só conhecíamos como mamão (he he he).