Algumas vezes engraçado, outras vezes revoltante, quase sempre triste chegando a ser desolador, este filho do movimento Dogma não agradará a todos mas também não deixará impune a quem se permitir se envolver. Personagens perdidos e perdedores em uma sociedade que incute nas pessoas determinadas metas para serem "winners". Personagens pelos quais não conseguimos ter apenas um sentimento. Com a presença de Chloë Sevigny e participação grotescamente marcante do Werner Herzog como o "anti-pai indigesto", "Julien Donkey-Boy" é um filme interessantíssimo que embaralha as concepções de doença mental e até nos convida a fabricar outro planeta para viver.
Um filme cuja beleza só consegui compreender e apreciar melhor quando se aproximava do final. Durante grande parte da história me parecia uma "invasão do cotidiano" em demasia entremeada ao que era mais importante. Mas, a certa altura, percebi felizmente que esta obra cinematográfica tem sua grandeza exatamente pelo modo como o percurso é executado. Isso é talento e ousadia. Ótimo filme. Deneuve e Depardieu estão incríveis juntos.
Começa bem, vai melhorando, melhorando, daí... vai perdendo gás. O desfecho poderia ser bem mais interessante. A maior carga de dramaticidade vem antes do clímax, infelizmente. Mesmo assim é legal de se assistir, há uma tensão quase palpável entre os personagens, o elenco não faz feio. Interessante.
Este "filme rosado" expõe os sofrimentos e frustrações de seres rejeitados (e agredidos) por uma sociedade que não tolera que pessoas que não se enquadram nos padrões estéticos vigentes possam viver normalmente como qualquer um. Há uma certa extravagância que, pelo menos para mim, prejudica a imersão do espectador na história:
já que há tanta gente sofrendo pelas mais diversas características físicas realmente existentes, então por que a história também colocou personagens que parecem surreais (como a jovem com sistema digestivo "inusitado")?
Será que isso aconteceu para o espectador se identificar também com os agressores? Bem, o fato é que me pareceu estar vendo dois filmes ao mesmo tempo. Também me pareceu um tanto repetitivo ao se usar do mesmo expediente para mostrar a mesma coisa e achei que o filme seria mais contundente se o final tivesse sido outro, do tipo que deixa o espectador sem palavras, como o ótimo "Speak no evil".
Não é um filme que achei ruim, tem uma proposta muito boa, o elenco bem engajado (alguns momentos comoventes quando soam espontâneos), uma fotografia notável. Mas o material poderia render muito mais.
É um bom filme, talvez fosse melhor com alguns minutos a menos, porém a construção da atmosfera de mistério e suspense foi boa. Concordo que é um tanto previsível mas isso não impede de acompanharmos a história com curiosidade e tensão. Não gostei muito do desempenho da atriz Véra Clouzot como a mulher do diretor com os nervos em frangalhos e Simone Signoret tem presença bem marcante. Também penso que os diálogos não ajudaram muito as atrizes. Há tempos eu assisti o remake com Isabelle Adjani e Sharon Stone e acho que os dois filmes valem a pensa ser assistidos.
"Fresh" perde muito tempo num jogo de sedução semelhante a tantos outros filmes "românticos" de qualidade ruim. Tirando isso temos uma história clichê porém que não economiza nas imagens bizarras e sanguinolentas. Se é isso o que queremos ver, vai valer a pena, basta ter paciência.
Um festival de clichês, roteiro que tenta ser complexo, atuações questionáveis... Mas é bom de assistir, não falta momentos de tensão e ação, um filme divertido. E a protagonista é daquelas que eu torci pra se dar mal. rsrs
Lobisomem em clima de antigos filmes de faroeste, com valentões (e valentonas) sem medo fazendo caras e bocas. E um roteiro que "topa tudo por uma cena de ação", refazendo lendas para se encaixar em seus malabarismos. Um elenco com interpretações fracas (até do veterano Stephen Rea que merecia coisa melhor). Mesmo assim o filme funciona dentro de seus limites, é claro, e vale a pipoca e o refrigerante.
Minha expectativa é culpada por eu acreditar que iria assistir a uma trama mais dinâmica e "concreta". Por isso foi custoso para mim assistir a mais de 2 horas de filme mesmo que minha curiosidade permanecesse o tempo inteiro. Temos uma história metafórica, do tipo "tente entender ou não" e, nesse sentido, "Em chamas" é coeso e bem cadenciado. Não apresenta "soluções fáceis", preferindo deixar que o espectador monte seu próprio quebra-cabeça. O elenco está muito bem, bela fotografia e direção segura. Ainda penso que retirando vários minutos a película conseguiria obter êxito, por isso minha apreciação da história ficou um tanto diluída.
Basta não levar em consideração as falhas no roteiro, os poucos e pobres diálogos e as interpretações sofríveis. E assim se pode desfrutar de um terror sanguinolento que cumpre o que promete. Há algumas cenas realmente bizarras e indigestas, mas não são muitas, e acho que isso valorizou a experiência de assistir a "Buio Omega".
Assisti acreditando que iria gostar mais. O início é bom, os personagens vão sendo apresentados e o enredo se delineia, porém achei que o desenvolvimento da história poderia ser melhor, com mais deboche e um melhor clímax. Porém há algumas cenas bem trabalhadas em seus detalhes e algumas falas são ótimas. Mastroianni e Claudia Cardinale exibem pouco suas qualidades. E Mario Monicelli era um dos grandes diretores italianos, responsável por filmes como "Parente é serpente", "Os novos monstros" e "O incrível exército de Brancaleone".
Acho que um filme muito longo tanto pode justificar plenamente sua duração quanto diluir suas ideias básicas e tornar-se enfadonho. Bem, "Triângulo da tristeza" não chega a ser enfadonho, mas penso que sua duração excessiva abalou um tanto sua coesão. De qualquer modo, é um filme interessantíssimo, com várias cenas inesquecíveis e pelo menos uma extremamente repulsiva (e, contraditoriamente, muito engraçada). É mais uma crítica debochada da associação dinheiro-poder e as rearrumações feitas quando papeis sociais se invertem. O visual é muito caprichado, há uma grande preocupação com os detalhes mas o humor negro nem sempre me provocou a satisfação que tive com outras histórias semelhantes. Em alguns momentos me lembrou "A sweet movie" (que é politizado e altamente bizarro), o famoso "Titanic", "O senhor das moscas" e outros filmes que abordam, direta ou indiretamente, a crônica luta de classes. Não achei "Triângulo da tristeza" espetacular mas gostei bastante de tê-lo assistido e fiquei curioso por outras obras do diretor.
Chabrol e suas histórias que vão se organizando sem pressa para nos deixar sem saber o que dizer no final, ou melhor, sem saber dar um único veredicto. A aparente normalidade de uma família de alta renda com sua nova empregada vai se transformando em uma toca de lobo até que... Uma representação da "luta de classes" em que nenhum dos lados é santo, ou ambos talvez sejam, a depender da perspectiva adotada. O elenco muito bem escolhido, Jacqueline Bisset no auge dos seus 50 anos ainda portadora de uma beleza fascinante, e a dona Isabelle Huppert esbanjando talento como de costume, aqui talvez com um pouco de exagero dramático mas Isabelle é Isabelle... Um ótimo filme.
Regimes despóticos são irmãos gêmeos, não importa a tendência ideológica da qual se sirvam. "A vida dos outros" é um filme alemão bastante interessante e com um elenco que cumpriu muito bem o seu papel. Retrata uma Alemanha Oriental próxima de seus últimos estertores e opta por uma história de suspense que só não funciona 100 % bem por causa da longa duração da película. Mesmo assim é um filme muito bom de assistir e, é claro, com um clima pesadão e deprimente de muitos filmes antigos alemães.
História que se torce e retorce brincando com o espectador. É interessante, tem cenas aflitivas e um "mistério" a ser solucionado. Infelizmente não curti tanto assim.
Algumas histórias não precisam de contorcionismos para serem interessantes. "A Sala de Fermat" começou muito bem, instalou o clima de mistério e suspense e poderia ir até seu final aumentando a ansiedade do espectador. Pelo menos para mim, quando a história começa a mostrar "surpresas", também vai perdendo o poder de envolvimento. Mesmo assim é um filme bom de se ver, embora minha empatia por qualquer personagem tenha sido pouca.
Deve ser o filme em que mais se ouve a palavra "sir". "Fazendo história" é um filme estranho. Com isso não quero dizer que seja ruim nem que seja excelente ou mesmo realista. Me pareceu uma representação alucinatória de questões educativas, existenciais e sexuais em um grupo de 8 alunos mais seus respectivos mestres. Os alunos estão constantemente em uma espécie de "verborragia poética", recitando pensamentos e versos de autores e há momentos em que os 8 parecem apenas um. Propostas de vida e educação que, inicialmente, sugerem tomar caminhos opostos acabam por se entrelaçar em ambientes que tem algo de sonho (ou pesadelo, a depender do caso). Pra mim faltou um maior aprofundamento em alguma das questões colocadas na maior parte do filme, há muitos minutos que poderiam render bem mais, e apenas perto do final é que sentimos a dor real (e crueldade) de alguns personagens.
Gostei de assistir principalmente porque o filme foge de lugares-comuns em histórias que envolvem alunos mas também esperava um pouco mais do enredo. Destaque para Richard Griffiths e sua marcante atuação.
Uma história simples, absurda, até ridícula. Porém um talento como Cronenberg consegue deixar o espectador com o olho grudado na tela do início ao fim, valorizando ao seu modo os lugares-comuns. Imagine então se o roteiro fosse melhor... Não é um filme formidável mas garante boa diversão e muita tensão. Quanto ao trabalho do elenco não consegui apreciar o suficiente.
Projetar em algum "grupo diferente" o que não ousamos enxergar em nós mesmos, por medo, covardia, loucura, seja lá que motivo for, mas tudo remete à fragilidade. Uma casa mal construída precisa se defender até de um sopro e acreditar que esse sopro é um vendaval. E assim também é a "casa mental", quanto mais aos pedaços estiver mais se transforma em fábrica de ódio.
Até uma criança (com razoável saúde mental) consideraria ridícula qualquer explicação dada pelas "brancas senhoras arianas virtuosas" para justificar sua sanha assassina. Mas, no entanto, esses virtuosos continuam brotando em cada lugar, dos becos lamacentos às mansões. E assim caminha a (des)humanidade...
O filme correu o risco de transitar meio que abruptamente dos diálogos tensos a um mini apocalipse. E se deu bem na mudança, eu acho que sim.
Porém, a violência das cadelas raivosas permaneceu basicamente a mesma, apenas foi exteriorizada, numa amostra grátis de uma eterna ameaça mundial.
Defeitos o filme tem, qualquer obra humana tem. Mas a (sempre) urgência de devassar esse assunto compensa qualquer falha da produção e execução da obra.
Um bom filme sobre loucura, obsessão e fanatismo religioso. O que eu mais gostei foi dos duelos verbais entre Maud e Amanda e ficaria mais satisfeito se as interações entre as duas fossem mais exploradas pois é um rico material para ser trabalhado. De qualquer modo "Saint Maud" se sai geralmente bem, apesar de alguns poucos momentos entediantes e
aquele clímax em que Amanda aparece como uma figura demoníaca
(sei que isso dá uma boa sacudida no espectador porém penso que o filme poderia ter utilizado outro recurso pra expressar o momento). Mas gostei muito de assistir, valeu a pena. Destaque para o desempenho muito bom da Jennifer Ehle.
Um filme sobre o tema fanatismo que achei ainda melhor é "Paraíso: fé".
Como é um filme sueco eu já imaginava que não tivesse muitas características dos filmes de terror americanos. E assim acontece embora "Deixa ela entrar" não escape de alguns clichês comuns (as cenas de bullying, por exemplo). Vi mais esse filme como um drama sobre as agruras do crescimento (com pitadas de romance entre pré-adolescentes e até com uma cena mais ousada para nossos tempos politicamente corretos) do que como filme de terror. Parecia a história de dois garotos solitários e infelizes e que, por acaso, a menina era uma vampira (poderia ser qualquer outra coisa). O que eu não gostei tanto foi do desvelamento dos personagens, da apresentação de suas personalidades e de certas mudanças que achei bruscas, contrastando com situações que se arrastaram em demasia. Em cenários gelados - para transmitir mais intensamente a sensação de isolamento e desamparo - para mim faltou "um pouco mais de alma", uma identidade mais nítida ao filme. Foi essa a minha impressão. Mesmo assim achei melhor do que a maioria dos filmes do gênero que já assisti.
Gostei do Kåre Hedebrant e seu Oskar medroso, triste, espremido entre rejeições. O ator mirim fez o que pôde. Quanto à personagem de Lina Leandersson (a vampirazinha Eli) vi com reserva e lamentei não ter sido mais explorada em sua dualidade empatia/sede de sangue. Queria ver como a atriz atuaria se lhe fosse mais exigido.
Para quem não precisa ver banhos de sangue o filme inteiro e quer um drama razoavelmente interessante, "Deixa ela entrar" é uma boa pedida.
Ao mesmo tempo que o filme me pareceu longo demais para contar sua história também o senti simplificando (até infantilmente) os fatos para torná-los mais palatáveis. Há uma tentativa de visão psicanalítica no caso mas, convenhamos, é um tipo de filme mais interessado em cativar o público, e não o estou censurando por isso. O ritmo se mantém, o que ajuda o espectador a se manter atento, e a amostra de um hospital psiquiátrico é bem interessante, com alguns exageros que fazem o filme resvalar para uma comédia. Olivia de Havilland era muito bonita e aqui tenta se entregar ao papel, em alguns momentos mais tensos convence, em outros me lembrou sua personagem açucarada de "E o vento levou".
Parece que vai ser um filme policial mas aos poucos descobrimos que não é. É um outro tipo de investigação. No geral achei um filme que vale a pena assistir.
"Stella by starlight" é a bela canção tema de "The Uninvited", um filme que achei muito interessante até mais ou menos chegar na metade, com agilidade, falas espirituosas e uma boa interação entre a dupla de irmãos. Havia certo "enchimento de linguiça" mas mesmo isso ficava interessante. Do meio para o final achei que foi ficando cada vez mais morno, os personagens cativavam cada vez menos e o desfecho, que pretendeu ser surpreendente, não me causou impacto devido ao desgaste da história em sua segunda metade. Não chega a ser um filme ruim porém achei que não acertou bem o passo quando chegava ao final.
Julien Donkey-Boy
3.8 37Algumas vezes engraçado, outras vezes revoltante, quase sempre triste chegando a ser desolador, este filho do movimento Dogma não agradará a todos mas também não deixará impune a quem se permitir se envolver. Personagens perdidos e perdedores em uma sociedade que incute nas pessoas determinadas metas para serem "winners". Personagens pelos quais não conseguimos ter apenas um sentimento. Com a presença de Chloë Sevigny e participação grotescamente marcante do Werner Herzog como o "anti-pai indigesto", "Julien Donkey-Boy" é um filme interessantíssimo que embaralha as concepções de doença mental e até nos convida a fabricar outro planeta para viver.
O Último Metrô
3.8 68 Assista AgoraUm filme cuja beleza só consegui compreender e apreciar melhor quando se aproximava do final. Durante grande parte da história me parecia uma "invasão do cotidiano" em demasia entremeada ao que era mais importante. Mas, a certa altura, percebi felizmente que esta obra cinematográfica tem sua grandeza exatamente pelo modo como o percurso é executado. Isso é talento e ousadia. Ótimo filme. Deneuve e Depardieu estão incríveis juntos.
Assassinato Por Morte
3.9 87 Assista AgoraUma interessante e divertida homenagem às histórias de mistério.
O Que Você Faria?
3.7 113Começa bem, vai melhorando, melhorando, daí... vai perdendo gás. O desfecho poderia ser bem mais interessante. A maior carga de dramaticidade vem antes do clímax, infelizmente. Mesmo assim é legal de se assistir, há uma tensão quase palpável entre os personagens, o elenco não faz feio. Interessante.
Peles
3.4 590 Assista AgoraEste "filme rosado" expõe os sofrimentos e frustrações de seres rejeitados (e agredidos) por uma sociedade que não tolera que pessoas que não se enquadram nos padrões estéticos vigentes possam viver normalmente como qualquer um. Há uma certa extravagância que, pelo menos para mim, prejudica a imersão do espectador na história:
já que há tanta gente sofrendo pelas mais diversas características físicas realmente existentes, então por que a história também colocou personagens que parecem surreais (como a jovem com sistema digestivo "inusitado")?
Não é um filme que achei ruim, tem uma proposta muito boa, o elenco bem engajado (alguns momentos comoventes quando soam espontâneos), uma fotografia notável. Mas o material poderia render muito mais.
As Diabólicas
4.2 208 Assista AgoraÉ um bom filme, talvez fosse melhor com alguns minutos a menos, porém a construção da atmosfera de mistério e suspense foi boa. Concordo que é um tanto previsível mas isso não impede de acompanharmos a história com curiosidade e tensão. Não gostei muito do desempenho da atriz Véra Clouzot como a mulher do diretor com os nervos em frangalhos e Simone Signoret tem presença bem marcante. Também penso que os diálogos não ajudaram muito as atrizes. Há tempos eu assisti o remake com Isabelle Adjani e Sharon Stone e acho que os dois filmes valem a pensa ser assistidos.
Fresh
3.5 520 Assista Agora"Fresh" perde muito tempo num jogo de sedução semelhante a tantos outros filmes "românticos" de qualidade ruim. Tirando isso temos uma história clichê porém que não economiza nas imagens bizarras e sanguinolentas. Se é isso o que queremos ver, vai valer a pena, basta ter paciência.
Housebound
3.1 133Um festival de clichês, roteiro que tenta ser complexo, atuações questionáveis... Mas é bom de assistir, não falta momentos de tensão e ação, um filme divertido. E a protagonista é daquelas que eu torci pra se dar mal. rsrs
Lobisomem: A Besta Entre Nós
2.5 173Lobisomem em clima de antigos filmes de faroeste, com valentões (e valentonas) sem medo fazendo caras e bocas. E um roteiro que "topa tudo por uma cena de ação", refazendo lendas para se encaixar em seus malabarismos. Um elenco com interpretações fracas (até do veterano Stephen Rea que merecia coisa melhor). Mesmo assim o filme funciona dentro de seus limites, é claro, e vale a pipoca e o refrigerante.
Em Chamas
3.9 378 Assista AgoraMinha expectativa é culpada por eu acreditar que iria assistir a uma trama mais dinâmica e "concreta". Por isso foi custoso para mim assistir a mais de 2 horas de filme mesmo que minha curiosidade permanecesse o tempo inteiro. Temos uma história metafórica, do tipo "tente entender ou não" e, nesse sentido, "Em chamas" é coeso e bem cadenciado. Não apresenta "soluções fáceis", preferindo deixar que o espectador monte seu próprio quebra-cabeça. O elenco está muito bem, bela fotografia e direção segura. Ainda penso que retirando vários minutos a película conseguiria obter êxito, por isso minha apreciação da história ficou um tanto diluída.
Buio Omega
3.6 60Basta não levar em consideração as falhas no roteiro, os poucos e pobres diálogos e as interpretações sofríveis. E assim se pode desfrutar de um terror sanguinolento que cumpre o que promete. Há algumas cenas realmente bizarras e indigestas, mas não são muitas, e acho que isso valorizou a experiência de assistir a "Buio Omega".
Os Eternos Desconhecidos
4.2 36Assisti acreditando que iria gostar mais. O início é bom, os personagens vão sendo apresentados e o enredo se delineia, porém achei que o desenvolvimento da história poderia ser melhor, com mais deboche e um melhor clímax. Porém há algumas cenas bem trabalhadas em seus detalhes e algumas falas são ótimas. Mastroianni e Claudia Cardinale exibem pouco suas qualidades. E Mario Monicelli era um dos grandes diretores italianos, responsável por filmes como "Parente é serpente", "Os novos monstros" e "O incrível exército de Brancaleone".
Triângulo da Tristeza
3.6 730 Assista AgoraAcho que um filme muito longo tanto pode justificar plenamente sua duração quanto diluir suas ideias básicas e tornar-se enfadonho. Bem, "Triângulo da tristeza" não chega a ser enfadonho, mas penso que sua duração excessiva abalou um tanto sua coesão. De qualquer modo, é um filme interessantíssimo, com várias cenas inesquecíveis e pelo menos uma extremamente repulsiva (e, contraditoriamente, muito engraçada). É mais uma crítica debochada da associação dinheiro-poder e as rearrumações feitas quando papeis sociais se invertem. O visual é muito caprichado, há uma grande preocupação com os detalhes mas o humor negro nem sempre me provocou a satisfação que tive com outras histórias semelhantes. Em alguns momentos me lembrou "A sweet movie" (que é politizado e altamente bizarro), o famoso "Titanic", "O senhor das moscas" e outros filmes que abordam, direta ou indiretamente, a crônica luta de classes. Não achei "Triângulo da tristeza" espetacular mas gostei bastante de tê-lo assistido e fiquei curioso por outras obras do diretor.
Mulheres Diabólicas
4.0 85 Assista AgoraChabrol e suas histórias que vão se organizando sem pressa para nos deixar sem saber o que dizer no final, ou melhor, sem saber dar um único veredicto. A aparente normalidade de uma família de alta renda com sua nova empregada vai se transformando em uma toca de lobo até que... Uma representação da "luta de classes" em que nenhum dos lados é santo, ou ambos talvez sejam, a depender da perspectiva adotada. O elenco muito bem escolhido, Jacqueline Bisset no auge dos seus 50 anos ainda portadora de uma beleza fascinante, e a dona Isabelle Huppert esbanjando talento como de costume, aqui talvez com um pouco de exagero dramático mas Isabelle é Isabelle... Um ótimo filme.
A Vida dos Outros
4.3 645Regimes despóticos são irmãos gêmeos, não importa a tendência ideológica da qual se sirvam. "A vida dos outros" é um filme alemão bastante interessante e com um elenco que cumpriu muito bem o seu papel. Retrata uma Alemanha Oriental próxima de seus últimos estertores e opta por uma história de suspense que só não funciona 100 % bem por causa da longa duração da película. Mesmo assim é um filme muito bom de assistir e, é claro, com um clima pesadão e deprimente de muitos filmes antigos alemães.
Achei uma forçação de barra a mudança do protagonista (ele não me parecia um ingênuo, e sim uma "raposa velha" bem consciente de tudo o que ocorria)
Preso na Escuridão
4.2 497 Assista AgoraHistória que se torce e retorce brincando com o espectador. É interessante, tem cenas aflitivas e um "mistério" a ser solucionado. Infelizmente não curti tanto assim.
A Sala de Fermat
3.5 80Algumas histórias não precisam de contorcionismos para serem interessantes. "A Sala de Fermat" começou muito bem, instalou o clima de mistério e suspense e poderia ir até seu final aumentando a ansiedade do espectador. Pelo menos para mim, quando a história começa a mostrar "surpresas", também vai perdendo o poder de envolvimento. Mesmo assim é um filme bom de se ver, embora minha empatia por qualquer personagem tenha sido pouca.
Fazendo História
3.8 56Deve ser o filme em que mais se ouve a palavra "sir". "Fazendo história" é um filme estranho. Com isso não quero dizer que seja ruim nem que seja excelente ou mesmo realista. Me pareceu uma representação alucinatória de questões educativas, existenciais e sexuais em um grupo de 8 alunos mais seus respectivos mestres. Os alunos estão constantemente em uma espécie de "verborragia poética", recitando pensamentos e versos de autores e há momentos em que os 8 parecem apenas um. Propostas de vida e educação que, inicialmente, sugerem tomar caminhos opostos acabam por se entrelaçar em ambientes que tem algo de sonho (ou pesadelo, a depender do caso). Pra mim faltou um maior aprofundamento em alguma das questões colocadas na maior parte do filme, há muitos minutos que poderiam render bem mais, e apenas perto do final é que sentimos a dor real (e crueldade) de alguns personagens.
Gostei de assistir principalmente porque o filme foge de lugares-comuns em histórias que envolvem alunos mas também esperava um pouco mais do enredo. Destaque para Richard Griffiths e sua marcante atuação.
Os Filhos do Medo
3.7 152Uma história simples, absurda, até ridícula. Porém um talento como Cronenberg consegue deixar o espectador com o olho grudado na tela do início ao fim, valorizando ao seu modo os lugares-comuns. Imagine então se o roteiro fosse melhor... Não é um filme formidável mas garante boa diversão e muita tensão. Quanto ao trabalho do elenco não consegui apreciar o suficiente.
Soft & Quiet
3.5 240Projetar em algum "grupo diferente" o que não ousamos enxergar em nós mesmos, por medo, covardia, loucura, seja lá que motivo for, mas tudo remete à fragilidade. Uma casa mal construída precisa se defender até de um sopro e acreditar que esse sopro é um vendaval. E assim também é a "casa mental", quanto mais aos pedaços estiver mais se transforma em fábrica de ódio.
Até uma criança (com razoável saúde mental) consideraria ridícula qualquer explicação dada pelas "brancas senhoras arianas virtuosas" para justificar sua sanha assassina. Mas, no entanto, esses virtuosos continuam brotando em cada lugar, dos becos lamacentos às mansões. E assim caminha a (des)humanidade...
O filme correu o risco de transitar meio que abruptamente dos diálogos tensos a um mini apocalipse. E se deu bem na mudança, eu acho que sim.
Porém, a violência das cadelas raivosas permaneceu basicamente a mesma, apenas foi exteriorizada, numa amostra grátis de uma eterna ameaça mundial.
Defeitos o filme tem, qualquer obra humana tem. Mas a (sempre) urgência de devassar esse assunto compensa qualquer falha da produção e execução da obra.
Saint Maud
3.5 334 Assista AgoraUm bom filme sobre loucura, obsessão e fanatismo religioso. O que eu mais gostei foi dos duelos verbais entre Maud e Amanda e ficaria mais satisfeito se as interações entre as duas fossem mais exploradas pois é um rico material para ser trabalhado. De qualquer modo "Saint Maud" se sai geralmente bem, apesar de alguns poucos momentos entediantes e
aquele clímax em que Amanda aparece como uma figura demoníaca
Um filme sobre o tema fanatismo que achei ainda melhor é "Paraíso: fé".
Deixa Ela Entrar
4.0 1,6KComo é um filme sueco eu já imaginava que não tivesse muitas características dos filmes de terror americanos. E assim acontece embora "Deixa ela entrar" não escape de alguns clichês comuns (as cenas de bullying, por exemplo). Vi mais esse filme como um drama sobre as agruras do crescimento (com pitadas de romance entre pré-adolescentes e até com uma cena mais ousada para nossos tempos politicamente corretos) do que como filme de terror. Parecia a história de dois garotos solitários e infelizes e que, por acaso, a menina era uma vampira (poderia ser qualquer outra coisa). O que eu não gostei tanto foi do desvelamento dos personagens, da apresentação de suas personalidades e de certas mudanças que achei bruscas, contrastando com situações que se arrastaram em demasia. Em cenários gelados - para transmitir mais intensamente a sensação de isolamento e desamparo - para mim faltou "um pouco mais de alma", uma identidade mais nítida ao filme. Foi essa a minha impressão. Mesmo assim achei melhor do que a maioria dos filmes do gênero que já assisti.
Gostei do Kåre Hedebrant e seu Oskar medroso, triste, espremido entre rejeições. O ator mirim fez o que pôde. Quanto à personagem de Lina Leandersson (a vampirazinha Eli) vi com reserva e lamentei não ter sido mais explorada em sua dualidade empatia/sede de sangue. Queria ver como a atriz atuaria se lhe fosse mais exigido.
Para quem não precisa ver banhos de sangue o filme inteiro e quer um drama razoavelmente interessante, "Deixa ela entrar" é uma boa pedida.
A Cova da Serpente
4.1 41 Assista AgoraAo mesmo tempo que o filme me pareceu longo demais para contar sua história também o senti simplificando (até infantilmente) os fatos para torná-los mais palatáveis. Há uma tentativa de visão psicanalítica no caso mas, convenhamos, é um tipo de filme mais interessado em cativar o público, e não o estou censurando por isso. O ritmo se mantém, o que ajuda o espectador a se manter atento, e a amostra de um hospital psiquiátrico é bem interessante, com alguns exageros que fazem o filme resvalar para uma comédia. Olivia de Havilland era muito bonita e aqui tenta se entregar ao papel, em alguns momentos mais tensos convence, em outros me lembrou sua personagem açucarada de "E o vento levou".
Parece que vai ser um filme policial mas aos poucos descobrimos que não é. É um outro tipo de investigação. No geral achei um filme que vale a pena assistir.
O Solar das Almas Perdidas
3.5 31"Stella by starlight" é a bela canção tema de "The Uninvited", um filme que achei muito interessante até mais ou menos chegar na metade, com agilidade, falas espirituosas e uma boa interação entre a dupla de irmãos. Havia certo "enchimento de linguiça" mas mesmo isso ficava interessante. Do meio para o final achei que foi ficando cada vez mais morno, os personagens cativavam cada vez menos e o desfecho, que pretendeu ser surpreendente, não me causou impacto devido ao desgaste da história em sua segunda metade. Não chega a ser um filme ruim porém achei que não acertou bem o passo quando chegava ao final.