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Últimas opiniões enviadas

  • Dean Corso

    "A democracia só funciona quando os ricos se sentem ameaçados. Caso contrário, as oligarquias tomam o poder: de pai para filho, de filho para neto, de neto para bisneto e assim sucessivamente..."

    Democracia em vertigem, dirigido por Petra Costa, indicado ao Oscar de Melhor Documentário. Assistido hoje, 14/01/2020. Impactado e ainda digerindo sua mensagem.

    O documentário original da Netflix, dirigido por Petra Costa, destrincha os fatos que levaram ao Processo de Impeachment de Dilma Rousseff em 2015.
    De forma extremamente coerente, a cineasta propõe uma reflexão sobre os eventos políticos e todas as articulações que levaram á um processo pura e simplesmente político, onde a verdade era o que menos importava.
    Os antecedentes de nosso país também são abordados, e nosso presente é questionado com severidade: porque grande parte do nosso povo deixou de acreditar na democracia, porque muitos se tornaram amantes do autoritarismo e da repressão? Como diria Renato Russo: "Que país é esse?"
    Falando em nossos antecedentes, de maneira corajosa, a diretora põe a cara a tapa ao expor o passado da própria família, cujo avô enriqueceu durante a Ditadura Militar, devido aos contratos de sua empreiteira com os Governos Militares. Contrastando com a história de seus pais, que foram perseguidos pelo regime.
    A Guerra iniciada pelo Impeachment, que nos dividiu irremediavelmente também é muito bem abordada, porém, como toda guerra concatenada por ideais torpes, não existe uma explicação para tamanha loucura, tal como para a devoção adquirida pelo "outro lado". Os Siths que cresciam no seio da República. E talvez Eduardo Cunha fosse o Palpatine dessa encrenca das galáxias. Isso até Bolsonaro surgir com sua falácia absurda e que estranhamente ganhou o apoio de boa parte da população.
    Uma democracia nasce morta, quando os interesses de apenas parte da população são levados em conta. E isso fica claro no documentário quando alguns dos parlamentares são questionados quanto aos objetivos do Processo de Impeachment... Nenhum argumento realmente se sustenta, e o circo midiático parece apontar para outra coisa. A democracia respira por aparelhos em nosso país.

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  • Dean Corso

    Respeitando a visão política de cada um, mas ao mesmo tempo analisando o objetivo dos realizadores do documentário, é obvio, que os envolvidos se aproveitam da onda reacionária que tomou conta do país, para sim, tentar uma espécie de revisão fajuta da história. Pois somos seres pensantes, e sabemos que tal idéia não poderia surgir em outro momento histórico.
    Independentemente de você ser de direita ou de esquerda, fato é: o Brasil viveu sim, uma Ditadura a partir do ano 1964, e ela trouxe graves consequências para a nossa nação. Pessoas fora. executadas, torturadas, exiladas, silenciadas, a arte sofreu com a censura, tal como a imprensa, a inflação esteve nas alturas, a corrupção era absurda... Quem duvida, consulte a história da modelo e jornalista Leila Cravo.
    Tenho visto muitas pessoas falarem a respeito do documentário como verdade absoluta, tapa na cara da esquerda, a voz da razão...
    Mas, tal como os documentários sobre o outro lado são vistos como extremamente parciais, é impossível crer que esse não seja...
    Aliás, vale lembrar aos amigos cinéfilos, que uma grande cineasta, chamada Leni Riefenstahl, fazia brilhantes "filmes propaganda" sobre o Regime Nazista, vide O Triunfo da Vontade, com estética apurada e angulos extremamente inovadores, porém, com uma narrativa extremamente tendenciosa, e que de fato, oculta a verdade sobre o que realmente era o Nacional Socialismo naquela época. Outro exemplo foi o documentário Mein Kampf, com cenas coletadas pelo próprio Joseph Goebbels, que serviria como propaganda positiva do regime nazista, mas que acabou sendo escondido pelo teor de suas imagens, que poderiam ter impacto negativo com a população.
    Tal fato se evidencia também em nosso país, quando vemos que há muitas lacunas em aberto em relação ás crueldades cometidas pelos militares, e que pela nossa situação de revisionismo histórico, não virão a tona tão cedo.

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  • Dean Corso

    A Idade do ouro.
    Essa é certamente uma das mais importantes obras de Buñuel, é por consequência do movimento surrealista.
    Um filme que claramente expõe problemas sociais que nos afligem até os dias de hoje. O que faz dele um filme tão clássico, quanto atual.
    O filme começa com uma magnífica cena onde os protagonistas são escorpiões. E é baseado no comportamento desses aracnídeos, que Buñuel vai traçar o perfil comportamental dos personagens do longa: seres territoriais, traiçoeiros, vorazes e letais...
    A cena toda é muito bem feita, com a perfeita sincronia entre os animais, ambiente e o movimento da câmera. O que demonstra a aptidão que o diretor tinha para trabalhar com animais. Algo que assombrava outros gênios da Sétima Arte. Kurosawa que o diga...
    Dos escorpiões, como de costume no surrealismo, o foco passa a ser um grupo de quadro padres em uma montanha, esses homens até por suas vestimentas, vem a representar os primórdios do cristianismo...
    Dali a história segue com um grupo de camponeses, que parecem aguardar a chegada de alguém.
    Algo que se apresenta como a chegada de cidadãos colonizadores, e é aí que o filme realmente começa. Tal como suas críticas sociais.
    Inicialmente vemos pessoas de alta classe descendo de embarcações, mas o que era perfeito se torna inicialmente chocante com os cadáveres dos padres inicialmente citados.
    As críticas começam ferrenhas, já na primeira cena do casal protagonista.
    Onde o desejo e o sexo são reprimidos como uma praga por aqueles cidadãos extremamente puritanos.
    Depois disso temos uma referência bíblica, onde os colonizadores fundam sobre uma Pedra a Cidade de Roma Imperial, onde seria a sede da Igreja. Um gancho nas palavras de Jesus a Pedro: "sobre essa pedra edificarei a minha igreja".
    Só que com muita astúcia Buñuel observa que, o pilar dessa Santa Igreja, na verdade é o antigo antro do paganismo. Onde os mártires do início do filme pereceram. Fazendo assim duras críticas a estrutura da instituição religiosa mais poderosada terra.
    A partir dali, várias críticas sociais se desenrolam, com foco maior na elite, pouco preocupada com algo além de suas futilidades, ou como no caso do protagonista, dos seus desejos. Mostrando o quanto o desejo pode consumir não só o indivíduo como o que está ao seu redor.
    O desprezo pela vida humana, tal como a hipocrisia em relação a não ortodoxia, são veementemente criticados em cada cena.
    O final mostra o quão hipócrita e assassina pode ser a dita "sociedade civilizada", que vive apenas da aparência. Não importa o quão atroz sejam suas atitudes.
    As atuações são extremamente brilhantes, com destaque para Gastón Modot, que tem uma atuação impecável.
    Os elementos surrealistas, como as lágrimas com sangue, uma vaca sobre a cama, o as mais hora com, hora sem dedos são um espetáculo visual a parte.
    A fotografia é magnífica, tal como a trilha sonora.
    Em resumo, A Idade do Ouro é, na minha opinião, a obra prima máxima de Luís Buñuel, e funciona como um verdadeiro soco na mente, para nos colocar em nosso devido lugar enquanto cidadãos. Pois os falsos conceitos morais que nos regem, simplesmente não existem.

    10/10

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