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30 years, Salvador/Bahia (BRA)
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Últimas opiniões enviadas

  • Katarina F.

    Um mundo perfeito?
    Pra mim, comunista sonhadora, sim! Para os capitalistas? Um mundo perfeito a se derrotar para expor que não há possibilidades de tal existência.

    Ben é um pai de seis filhos, cuja esposa Leslie suicida-se após uma longa caminhada pela saúde mental, a qual supõe ter sido iniciada em depressão pós-parto logo da gravidez do primeiro filho, desencadeando diversos surtos, alucinações e outras questões. Tentou se tratar, mas o que desejava verdadeiramente era poder viver um mundo diferente do qual foi criada e que pudesse propiciar aos seus filhos esse modo de conviver com o mundo cruel e desumano.
    Os seis filhos são extremamente inteligentes, Ben e Leslie, enquanto educandos, oportunizam uma vida totalmente fora dos padrões sociais e normativos. Estudam assuntos ditos foram da idade, se exercitam "como adultos" para fortalecer seu corpo e disposição para poder caçar, cozinhar e produzir sua própria alimentação, vestuário, moradia e cuidados à natureza. Cuidam uns dos outros de forma fraterna e não há segredo entre eles, pois são ensinados desde cedo a questionar sobre tudo e terem sempre respostas sinceras, independente da idade, mas sempre de uma forma que compreendem a partir de suas limitações. No entanto, desde bem pequenos são muito estudiosos e conseguem compreender as estruturas sociais, as desigualdades, os inimigos, a questão do desperdício, luxo, fortuna, do preconceito e da mídia, etc...

    Não precisam ir à escola, pois a escola da vida lhes ensina todos os dias como viver naquele meio. No entanto, este parece ser o erro de Ben e Leslie cometeram. Isolaram-se de todo o resto da sociedade para criar "o paraíso, fora da República de Platão", que acreditavam ser o melhor para eles e seus filhos. Mas, após a morte de Leslie, alguns dos seus filhos começam a questionar o modo de vida que levam e como tudo aquilo os aprisiona, os impede de aprender outras formas de socializar e entender o mundo para além dos livros, e como também tudo aquilo levou sua mãe à morte.
    Achei o filme extremamente duro nesse ponto. Dureza no sentido de expor de forma crua que os filhos também tinham mágoas e angústias entaladas na garganta, e que mesmo que o modo de sobrevivência seja o mais sustentável, ecológico e solidário possível, ainda assim ele pode trazer algumas prisões invisíveis e autoritárias em sua forma, caso ela não seja dialogada, mas imposta (ainda que não seja necessariamente assim no filme).
    O modo de vida apreendido por essas crianças e adolescentes é totalmente diferente do que vivi e do que nossas crianças vivem hoje, mas também precisa ser considerado como uma forma possível. Não querem que a gente sonhe com outras maneiras de organização das sociedades, pois impõem o modo de consumo capitalista como única alternativa viável para se relacionar, ter felicidade, conforto, prazer, riquezas, saúde, etc.
    Acredito que cada vez mais precisamos lutar contra as mentiras do sistema, que realmente iludem e impõem que tenhamos que abandonar nossos sonhos, mesmo quando acreditamos estar certos e convictos, mas que também ainda tenha alguns dos seus métodos de conduta alterados. Não dá pra nos isolarmos pura e simplesmente impondo ao outro o que achamos ser melhor se não permitimos que esse outro também queira buscar o seu destino, mesmo vivendo onde foi construído para ser o melhor para ele e todos ao redor.

    Esse filme é intensamente sensível e traz muitos aprendizados. A aliança de fraternidade, amor e companheirismo entre os irmãos, irmãs e Ben é uma das demonstrações mais verdadeiras que a gente pode sentir, mesmo do outro lado da tela. A gente sente muito a cada cena, pois aqueles sujeitos tinham como premissa viver sempre intensamente e encarar as dificuldades de cabeça erguida. A cena da despedida de Leslie é uma das coisas mais lindas que pude ver, nunca havia ouvido a música "Sweet child o'mine" de tal forma, tão tocante, doce e profunda... A versão é encantadora! E a luta para fazer com que o desejo verdadeiro de Leslie fosse realizado em sua morte é um empenho que só a coletividade e a união podem se engajar e compreender para conseguir sem desistir.
    Todas as passagens trazem muitas reflexões sobre como Ben estava conformando o modo de vida para os filhos e como o sistema impera suas imposições de ser de forma muito mais cruel e infeliz, mas que apresenta uma espécie de conciliação ao final... Ben percebe que o modo de vida que levava era o que havia escolhido para si, mas que seus filhos também precisavam de outros tipos de socialização que, infelizmente, o mundo demanda. Não era bem o final que eu esperava, mas não quis pensar de forma fatalista como se ele tivesse simplesmente cedido ao sistema. Foi uma forma de, em partes, conciliar e respeitar o que os filhos sonhavam também, mesmo tendo vivido de tal forma anteriormente, que existiam também contradições, como se é de esperar no modelo de sociedade em que vivemos.

    É um filme esplêndido. Não cabem as inúmeras análises que podem (e devem!) ser feitas de cada construção de cena, imagens, olhares e falas profundas de todas as personagens. Todas são atores e atrizes principais e que trazem um toque peculiar ao filme. Até mesmo quando Leslie aparecia algumas vezes era sempre muito emocionante e em tom de gratidão por ter conseguido viver um pouco do que acreditava ser o melhor pra si, ainda que sua morte tenha recaído sobre o seu estilo de vida.
    Esse filme demonstra (n)o Amor o caminho da construção de um mundo novo. E esse mundo se faz com pessoas desde o início de suas vidas, somos nós capazes de forja-las diariamente, seja em um ambiente totalmente propício a isso, seja nos belos e vielas que temos que sobreviver. É lindo ver que toda essa construção é, sim, possível com pessoas envolvidas que acreditem e sonhem com uma nova sociedade pautada na destruição das estruturas que nos alienam e cegam. Como é bem propagado no filme, o lema, a regra e a convicção são uma só: PODER AO POVO! ABAIXO O SISTEMA!

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  • Katarina F.

    Esperei ansiosamente a chegada dele ao encontro. No fundo, era o que esperava por ter sido construída para sempre torcer pelo final feliz dos longas-metragens... É sempre assim por mais que, também no fundo, você saiba que o final não será tão bom assim se for "tão feliz" realmente.

    Vi o trailer no mês passado no cinema e fiquei um tanto curiosa. Passeando por aqui, reencontrei-me com ele e percebi que era a hora de assisti-lo mesmo sem ir ao cinema, pois não sei quando chegará nas telonas aqui. Desde o início já estava apreensiva, tentando compreender primeiramente o título e imaginando que a personagem Susan era uma tremenda assassina manipuladora rs. Ledo engano.
    Um nó na garganta foi se criando desde os primeiros minutos e com o passar do tempo mais ansiedade e apreensão, algo que nunca mais havia sentido ao ver um filme... As cenas iam criando um sentimento de fraqueza, de imobilidade, ao mesmo tempo de motivação e coragem para Tony/Edward que se via impedido de lutar por aquilo que mais amava: sua esposa e sua filha, que lhe foram tiradas sem o seu consentimento através de um ato de violência jamais esquecido (e imperdoável).

    As cenas vão se desenrolando e se encaixando ao mesmo tempo. Tony e Edward, com a mesma face, escritos em folhas para expurgar remorso, dor e mágoas. Susan, perdida em projeto de vida, reforçado pelo papel da genitora, que nunca foi o seu por fingir ser forte, mas a todo tempo trazer em sua fala que gostaria de ser tudo aquilo que diziam sobre ela ou que aparentava. O medo, o receio, a fraqueza sempre a rondou e traçou o seu caminho, mas diferentemente de Edward, que não tinha problemas em admitir a sua personalidade mais genuinamente sensível.

    Esse filme fala sobre nós. Mulheres e homens que vivem em seus mundos imaginários através de pinturas, não pintadas por si mesmos, pois desistimos como Susan, mas revendidas por terceiros sem a menor avaliação se nos cabe a etiqueta ou não. É sobre os nossos arrependimentos e desilusões não refletidos criticamente, apenas jogados para cima como se fossem sumir no varal das lembranças... Mas elas ficam e retornam após 5, 10, 19 anos, e pode ser de uma forma mais destrutiva do que antes o foram.

    Quase pensei que ia ficar sem saliva durante esse filme, o nó na garganta só pode ser desfeito um pouco mais agora que consegui escrever sobre todo essa avalanche que esse filme trouxe.
    É muito envolvente a forma como tomamos parte de ambos os lados, sentindo ambas as dores e chorando ao final por perceber que a vida vai sempre nos mostrar como os caminhos poderiam ter sido outros e há como voltar antes de se arrepender. A vingança é um prato muito cheio, alimentou meu coração por muitos momentos, hoje percebo que não necessariamente ela deve ser criada, apesar de compreender totalmente o sentimento e alívio de Tony ao ter por suas próprias mãos a morte daqueles que levaram suas amadas... A morte do assassino tornou-se a possibilidade do seu descanso também e caminhada para a frente. É a morte da dor do passado que machucava e se foi, liberta.
    E é assim que deve ser!

    Excelentíssimo filme, as atuações nem se fala! De início ao fim intrigante, permite uma angústia enorme para os amantes da reflexão contínua sobre si e sobre o nosso redor. Vou digerindo o meu nó na garganta, quase não consigo deixar as lágrimas fluírem. Momentaneamente, ficam presas ao tentar entender de onde estão vindo e para onde estão indo. Deixo o choro vir forte e romper à garganta ao perceber a grande identificação enquanto mais uma animal noturna também...

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  • Pedro
    Pedro

    Oi Katarina, tô passando só pra dizer que gostei muito do seu comentário no filme "Capitão Fantástico". Você expressou bem o que eu penso não somente sobre este filme, mas principalmente sobre o mundo que vivemos. É bonito ver alguém que pense assim, me traz esperança. "Não querem que a gente sonhe com outras maneiras de organização das sociedades, pois impõem o modo de consumo capitalista como única alternativa viável (...) precisamos lutar contra as mentiras do sistema, que realmente iludem e impõem que tenhamos que abandonar nossos sonhos". Gratidão por compartilhar sua visão e ideias. Esse filme mexeu tão profundamente comigo, ele concentra tantas coisas que penso sobre a minha vida e como ela é organizada por um sistema capitalista que limita e cerceia a liberdade, dizendo que é um sistema "livre" (pra quem?). Te agradeço mesmo. Tudo de mió procê!

  • Filmow
    Filmow

    Como já anunciamos ao longo dessa semana. O Filmow foi alvo de alguns ataques que acabou tirando o site do ar, bugando várias funções do site e dando muita dor e sofrimento aos usuários.
    Fizemos uma recente migração de servidor e agora leva um tempo para algumas reconfigurações que deixa o site instável e com alguns erros, mas ele deve voltar ao normal ao longo dos próximos dias.
    Pedimos que tenha um pouquinho de paciência.

    O Filmow agradece a sua compreensão.

  • Filmow
    Filmow

    O Oscar 2017 está logo aí e teremos o nosso tradicional BOLÃO DO OSCAR FILMOW!

    Serão 3 vencedores no Bolão com prêmios da loja Chico Rei para os três participantes que mais acertarem nas categorias da premiação. (O 1º lugar vai ganhar um kit da Chico Rei com 01 camiseta + 01 caneca + 01 almofada; o 2º lugar 01 camiseta da Chico Rei; e o 3º lugar 01 almofada da Chico Rei.)

    Vem participar da brincadeira com a gente, acesse https://filmow.com/bolao-do-oscar/ para votar.
    Boa sorte! :)

    * Lembrando que faremos uma transmissão ao vivo via Facebook e Youtube da Casa Filmow na noite da cerimônia, dia 26 de fevereiro. Confirme presença no evento https://www.facebook.com/events/250416102068445/

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