Musical dos mais engraçados e visualmente adorável. Fiquei encantado com os cenários, com as canções e, principalmente, com os personagens escrachados e as participações especiais. Não teve como não rir com o dentista sádico de Steve Martin e o paciente masoquista de Bill Murray! Rick Moranis era perfeito ao interpretar paspalhos nessa época e aqui teve um dos momentos mais inspirados de sua carreira na pele de Seymour, mas o grande destaque do longa é a planta carnívora alienígena e dissimulada. Audrey II é maravilhosa e possui uma bela duma lábia, hein?! Acaba conquistando todos os clientes da floricultura (assim como o espectador), e só de lembrar daquele timbre de voz ao suplicar para ser alimentada eu já começo a dar risada, hahaha. Curti o final, apesar de ser mais certinho e diferir da obra original. Lembro de A Pequena Loja dos Horrores passando na Sessão da Tarde, mas só conferi agora porque na década de 90 não me interessava por este gênero cinematográfico. Obrigado, canal Max Up!
Aquela comédia adolescente que de boba não tem nada... Anárquico e sarcástico, Heathers surpreende pelo humor negro crescente e pelos quotes sensacionais de um roteiro bastante esperto (nesse caso, assemelha-se à Meninas Malvadas, longa que influenciou clara e diretamente). Não vou dizer que gargalhei, mas ri de várias piadas (algumas deliciosamente infames) envolvendo temas espinhosos tais como homossexualidade, bullying, bulimia e, logicamente, suicídio. Em tempos de politicamente correto e o mimimi que nos cerca dia após dia, essa pérola oitentista pode acabar incomodando muito mais do que na época de seu lançamento. Confesso que esperava mais do ato final, que me pareceu um tanto desleixado e exageradamente nonsense. Ao menos, não se pode dizer que tenha sido previsível.
Cheguei a imaginar uma revelação bombástica ao estilo Clube da Luta, aonde J.D. sequer existiria, representando a verdadeira face psicótica de Veronica. Viajei na interpretação, sim ou não?!
Destaque para a trilha sonora e também pro Christian Slater, perigoso e muito convincente. O então jovem astro formou uma ótima dupla com a musa Winona e eu fiquei me perguntando como nunca havia conferido este cult movie...
Um remake decente, nada além disso. Se você não viu o oscarizado longa argentino, talvez goste bastante. Mas se já viu, vale assistir por curiosidade, por algumas alterações sutis no roteiro e principalmente pela Julia Roberts. A atriz tomou o filme para si, entregando uma surpreendente e comovente performance na pele da sofrida Jess. Chiwetel também tá muito bem e Nicole Kidman conseguiu ser ofuscada pelos dois, mesmo sendo a maravilhosa que é.
Acho que a falta de química entre o casal contribuiu pro espectador pouco se importar deles não terem ficado juntos, num desfecho que difere da obra original.
Quanto à adaptação e transposição para os EUA, acertaram em ilustrar a época do assassinato com a paranoia pós-11 de setembro e com relação à vítima ser filha e não esposa de outro personagem. No fim das contas, essas e outras mudanças fazem alguma diferença já que o impacto não será o mesmo pra quem, assim como eu, tem O Segredo dos Seus Olhos entre os favoritos e jamais esqueceu daquele insuperável plano-sequência no estádio de futebol...
Recentemente vi o excelente Sherlock Jr. e foi quando resolvi conferir outros trabalhos de Buster Keaton. 'O homem que nunca ri', como era conhecido, sabia como ninguém mesclar comédia com ação e aqui realiza uma obra empolgante do início ao fim, enquanto o espectador fica se perguntando como ele fora capaz de criar sequências absolutamente espetaculares a bordo da locomotiva que dá nome à película, em plena década de 20 e com os limitados recursos da época. Johnny Gray e Annabelle fazem uma ótima, engraçada e atrapalhada dobradinha!
Destaque para a famosíssima e sensacional cena da ponte despencando.
Confesso que já conhecia esse e outros momentos clássicos sem nem imaginar que eram de A General: sem sombra de dúvidas, o filme silencioso mais dinâmico ao qual já tive o prazer de assistir.
Filme interessante ao retratar a Igreja Católica como instituição moralmente falida, hipócrita e corrupta. Quanto à adaptação da obra literária, não sou capaz de opinar (rs), mas a transposição da história para o México não me pareceu forçada em momento algum. É sim um tanto previsível o desfecho do romance proibido entre o padre do título e a jovem Amelia, mas nada que desabone a produção. Pelo contrário, é pertinente e só reforça a intenção da mesma como crítica. Ademais, temos Gael García no auge e em bela atuação, além de um elenco secundário bastante competente (sem exageros a la Televisa, o que acaba dando credibilidade às subtramas envolvendo guerrilheiros, traficantes e interesses políticos).
Sangue de Jesus tem poder! Um baita dum filme de terror, o melhor em anos. A24 e o novato Ari Aster estão de parabéns por trazerem ao público uma experiência tão desconcertante e singular. Vai para os favoritos porque, apesar de ser fã do gênero, dificilmente me impressiono e Hereditário é chocante sob diversos aspectos sem precisar recorrer aos sustos óbvios. A atmosfera é muito bem construída, a direção é quase perfeita e a interpretação da Toni Collette é excepcional (torcendo por uma indicação ao Oscar em 2019). Duas horas em que fiz o possível pra nem piscar, enquanto sentia o incômodo e o impacto das cenas horripilantes.
Decapitação já é por si só algo terrível de se ver. Se for uma criança, pior ainda. Se ela tiver aquele semblante estranho da Milly Shapiro, daí então... E o que dizer dos minutos de agonia antes de vermos a cabeça da garota cheia de formigas, sem termos certeza do que aconteceu?! Toda essa sequência tá marcada na minha retina pra sempre.
Espero que ela tenha outras oportunidades para atuar. O desfecho é mórbido e não tive problemas com o fato dele ser didático, pois baseia-se numa mitologia conhecida por quem se interessa por ocultismo (o que não é o meu caso). Achei o longa desgraçado o suficiente pra sair pesquisando sobre os fundamentos do que eu tinha acabado de assistir, hahaha. Enfim, um neoclássico do mal que fez jus ao marketing e à honraria de ser considerado um dos mais aterrorizantes do novo milênio.
Vale assistir pela ótima atuação de Fassbender e pelo retrato de um homem obstinado, frio, egocêntrico e que fez história. É um filme que exige muita paciência do espectador já que, por mais incisivos que sejam os diálogos e por mais bem escrito que seja o roteiro de Aaron Sorkin, são duas horas praticamente ininterruptas de arrogância, discussões e bastidores. Algumas vezes, tais confrontos verbais saíram atropelados, carecendo de fôlego e tornando o longa cansativo de acompanhar. De qualquer forma, gostei da escolha como uma cinebiografia pouco convencional, dividida entre três atos em momentos decisivos de Jobs como visionário na indústria da informática. Kate Winslet brilha como a voz da razão e braço direito do protagonista, liderando um belo elenco de coadjuvantes que conta também com os subestimados Michael Stuhlbarg e Jeff Daniels. Apesar das críticas negativas, tenho curiosidade em conferir a produção estrelada pelo Ashton Kutcher... Será tão ruim quanto dizem?!
Embate entre um morto-vivo e um tubarão no fundo do oceano, farpa atravessando o olho da mulher, desfecho icônico e pessimista com a tomada de Nova York...
Nem vale comentar muito, pois vai soar repetitivo. A trilha sonora dá nos nervos e, levando em conta o orçamento e a época, achei tudo muito bem feito. A maquiagem é eficiente sim, ao contrário de vários outros longas desse período. Só para efeito de comparação, é infinitamente melhor que a do superestimado Despertar dos Mortos, de Romero, produzido um ano antes e considerado um dos maiores clássicos de zumbis. Realmente um filme diferenciado e divertido, digno de ser visto, revisto e fazer parte de qualquer lista decente com os melhores deste subgênero. Foi direto pro meu Top 3 e já preciso assistir a mais pérolas dirigidas pelo Fulci...
Nem todo filme com temática LGBT precisa ser pesadão, trágico, intenso, com cenas tórridas e de nudez. Nem sempre é necessário ter morte ou rompimento, sofrimento, agressão, pais opressores e tudo mais. Com Amor, Simon é uma comédia romântica assumida, um típico 'feel good movie' adolescente e não há mal algum nisso! É cativante a forma como a história vai se desenvolvendo, a convivência de Simon com os amigos e a família, o âmbito escolar, os medos, os anseios, as intrigas, as descobertas, os encontros e desencontros enquanto a identidade de Blue não é revelada. Uma das coisas que mais me incomodam em produções teen é aquele humor grosseiro e esta me deixou satisfeito, fazendo rir das situações sem nunca tornar-se apelativa. A trilha sonora é bacana e, na medida do possível, o longa escapa de alguns clichês do gênero.
Até o baile de formatura ficou de fora do clímax. Me senti enganado, mas no bom sentido! O encontro romântico entre o protagonista e Bram me fez lembrar do divertido Nunca Fui Beijada.
Nick Robinson atuou muito bem e Logan Miller demonstrou ótimo timing cômico no papel de chantagista, rs. Filme adorável, leve e atual.
Trago verdades sobre o cinema de horror da década de 70: são os filmes mais bonitos já concebidos no gênero. Temos Suspiria, Profondo Rosso, Carrie e outras tantas obras esteticamente perfeitas... Inverno de Sangue em Veneza veio para confirmar o que eu já sabia, com suas locações inigualáveis, fotografia belíssima e direção elegante. A trama é instigante e o desfecho conseguiu ser macabro, ainda que veja o longa como um drama espírita com pitadas de mistério em sua essência.
Aliás, se tem uma mensagem que a produção pretendia passar é a de que uma mediunidade mal explorada pode acarretar consequências trágicas e inesperadas. A culpa, o luto e a falta de compreensão, com a vidência do protagonista no centro de tudo isso.
Bom, pelo menos foi o que mais me chamou a atenção após as coisas se encaixarem e o filme terminar. Sinceramente, achei o ritmo bem arrastado e isso acabou atrapalhando a experiência! Sendo assim, não considero uma obra-prima irretocável e sim um filme de qualidade, digno de ser apreciado por qualquer cinéfilo. Donald Sutherland e Julie Christie estão excelentes, como era de se esperar.
Não tem como não lembrar da Katy Perry e suas mil sósias, rs. Sobre o filme, diria que é um bom passatempo pra quem adora a década de 80, época de filmes juvenis despretensiosos e personagens bacanas. Helen Slater muito linda, antes e depois da mudança de visual! E não tem como não torcer pela protagonista: justiceira, cheia de atitude, ícone 'girl power', uma irmã incrível e rara. Justo é justo! Destaque também para o Keith Gordon, rosto conhecido e uma grande promessa daqueles tempos (Christine, Vestida Para Matar). Enfim, é um longa emblemático no que se refere à adolescência, à rebeldia e à necessidade de alguém para se espelhar e admirar. Fiquei na dúvida se Helen e Christian Slater são irmãos na vida real também...
Ótima cinebiografia, e não tem como não ficar surpreso com a brilhante performance de Gary Busey. O ator, conhecido por seus personagens incomuns e com uma filmografia pouco expressiva, dá um show de interpretação e musicalmente, com afinação impecável e presença de palco digna de uma grande lenda do rock! O coadjuvante Charles Martin Smith também está bem carismático. Além disso, é interessante por mostrar como funciona a indústria da música desde os primórdios, a liberdade criativa ou falta dela, a arte unindo as pessoas e quebrando a barreira da cor da pele. Alguns acontecimentos da vida pessoal são um tanto corridos, mas nada que comprometa o entendimento. Assisti ao La Bamba recentemente e gostei, mas achei A História de Buddy Holly superior, melhor dirigido e ainda acaba ganhando pontos por não concentrar-se na tragédia. Podiam ter feito um filme sobre The Big Bopper também...
O que eu mais gostei em Poucas e Boas foi a narrativa de falso documentário, tal qual o maravilhoso Zelig (um dos meus favoritos de Allen), trazendo depoimentos do próprio diretor e de outras personalidades sobre Emmet. Além disso, a interpretação de Sean Penn na pele do músico excêntrico e beberrão é tão sensacional que, a certa altura, até acreditei que ele havia existido de verdade. Sobre Samantha Morton: quanta doçura, talento e expressividade sem precisar de uma única palavra! Ambos concorreram ao Oscar em 2000 e só agora eu vejo o quanto foram merecedores (e olha que 99 foi um ano de grandes atuações e muitas obras-primas). Dei altas risadas com os hobbies do protagonista, envolvendo ratos e trens, hahaha. O desfecho ligeiramente melancólico e a participação de Uma Thurman também foram pontos positivos da produção. Bastante agradável de se assistir.
Um bom filme, com todas aquelas neuroses típicas e os diálogos certeiros de Woody Allen. O diretor/ator possui uma ótima química com Diane Keaton, o que fica evidenciado aqui após retomarem a antiga parceria. Em meio à infinidade de confusões envolvendo o sumiço da vizinha, temos uma investigação a la Hitchcock (Janela Indiscreta, guardadas as devidas proporções) como pano de fundo para uma crise conjugal e a possibilidade do casal sair da rotina de tantos anos. Para o espectador, é instigante tentar desvendar se o que houve foi, de fato, um assassinato ou tudo não passava de um grande mal-entendido. Há um leve suspense, muito humor e explicações bem convincentes no final! Diversas vezes lembrei de Crimes e Pecados (até pela presença de Anjelica Huston), o qual achei superior, mas este também traz um Allen inspirado e engraçado.
Dos filmes baseados em alguma obra do Stephen King, este é um dos mais fracos dentre todos os que eu vi. Mesmo sendo curto, achei cansativo e enfadonho. O protagonista é inexpressivo ao extremo e o resto do elenco também não colabora. Stephen Macht consegue se destacar como vilão, mas o personagem foi mal desenvolvido no roteiro capenga.
O mito Brad Dourif, loucão, aparece pouco e morre rápido!
O que dizer de um deslize desses?! Pior é que tinha tudo pra dar certo: King como roteirista, roedores sanguinários, um monstrengo prático e sem os perigos do CGI, nostalgia, cidade pequena, ambientação claustrofóbica e escura na medida... Aliás, a tal criatura ficou malfeita e isso deixou a lambança ainda maior. O longa deu uma melhorada no final, mas aí já era tarde demais.
Belo e atemporal, daqueles que nem o passar das décadas e nem o preto e branco são capazes de envelhecer. E o espectador só precisa de alguns minutos pra se encantar por Cabíria, torcer pra que seu coração seja preenchido, pra que cada homem que vai surgindo em seu caminho seja aquele que lhe trará felicidade, afeto e salvação. Giulietta Masina esplêndida! Saí pesquisando sobre prêmios e indicações que a atriz recebeu na época de tão tocante que foi sua interpretação (até achei que tinha concorrido ao Oscar, pois me parece uma daquelas atuações arrebatadoras que transpõem a barreira do idioma e cativam os votantes). Me enganei, mas pelo menos ganhou um merecido prêmio em Cannes. Enfim, a personagem é a perfeita representação da baixinha invocada e sem papas na língua! Acima de tudo, Cabíria é a mulher sofrida, forte, sonhadora, esperançosa, paradoxalmente imensa e intensa. Já preciso ver Masina em A Estrada da Vida, também dirigido por Fellini.
Tendo em vista que os thrillers e filmes de terror tavam em baixa no início da década de 90 e sendo esta uma adaptação feita para a TV, até que ficou boa. Possui todos aqueles elementos já levados às telas através de outras obras baseadas em Stephen King, ainda que sem o mesmo brilho: o drama familiar está lá, além das reminiscências de infância, traumas, luto, rebeldia, carrões, espíritos malignos, etc. No geral, a trama tem ritmo e é bem amarrada, mas concordo que o desfecho descamba pra pieguice e acaba destoando de todo o resto. A maquiagem é eficiente, mesmo que se faça pouco presente devido à economia no quesito gore. Lembro que uma das continuações passava direto nas madrugadas da Band, mas dava pra sentir a picaretagem de longe e nunca me interessei em conferir. Este primeiro é legal, não mais do que isso...
Uma sucessão de sequências espetaculares, ainda mais levando-se em conta que foram filmadas há quase um século. Buster Keaton era, de fato, tão extraordinário quanto Chaplin apesar de não ter conquistado o mesmo reconhecimento. Sherlock Jr. é engraçado, metalinguístico, à frente de seu tempo, terno, eterno e tão impressionante que, mesmo se tivesse uma duração maior, inevitavelmente deixaria esse gostinho de quero mais. Não lembro de uma única cena que eu não tenha adorado, seja do filme, seja do filme dentro do filme, seja do sonho do projecionista inserido no filme. Daquelas obras essenciais que renovam os votos de qualquer cinéfilo perante a Sétima Arte. Quanto ao esquisito título nacional, dá pra relevar pois é da época dos 'birutas' e 'supimpas', rs.
Um Lugar Silencioso é um thriller poderoso que entrega o que promete: doses generosas de aflição como poucos do gênero na atualidade, contando com um Krasinski seguríssimo tanto na direção quanto na interpretação. Como já era esperado, a performance de Emily Blunt tá sensacional e sofremos junto a ela durante a hora e meia de perigo iminente. Outro acerto foi a inclusão de Millicent Simmonds no papel de Regan, ela mesma deficiente auditiva na vida real. Como o silêncio foi meticulosamente trabalhado, a tensão concentra-se nos detalhes e acaba potencializando cada um dos sustos capazes de fazerem o espectador encolher-se na poltrona.
Não encaro a gravidez de Evelyn como um furo ou forçação de barra no roteiro. Vejo mais como uma crítica e alusão ao controle de natalidade, já que gente engravidando sem condições é o que mais se vê por aí, não é mesmo?!
E, no longa, este é um dos fatores que nos fazem sofrer por antecedência tamanha empatia que adquirimos pela família Abbott. O desfecho abrupto de sequência engatilhada não faz muito o meu estilo, mas estão valendo as quatro estrelas e minha total admiração pela produção.
Independente do espectador identificar-se com as ideologias expostas na tela, é um belíssimo filme. E independente de certas atitudes pouco ortodoxas (algumas beiram a hipocrisia), Ben é um ótimo pai e transparece um amor mais do que palpável por seus filhos. Ponto para Viggo Mortensen como protagonista que, com muito talento e inteligência, deu vida a um personagem memorável em toda a sua complexidade. O elenco infantojuvenil atua com naturalidade e surpreende bastante, em especial o promissor George MacKay. Capitão Fantástico oferece ao público uma jornada reflexiva, emocional e envolvente, daquelas que nem deixam você perceber o tempo passar... E também me fez lembrar das obras de Wes Anderson num bom sentido, já que não curto muito o estilo peculiar do cineasta: estética semelhante, porém com maior profundidade de conteúdo e menos simetria, rs. O desfecho foi com chave de ouro, tamanha sensibilidade e equilíbrio.
La Bamba passava direto na TV aberta dos anos 90 e sabe-se lá o porquê de eu nunca ter assistido. Aproveitei a oportunidade dessa vez e conferi a trágica história de Ritchie Valens no canal Max Up. Como cinebiografia, é bem convencional e sustenta-se através da atuação do carismático Lou Diamond Phillips no papel do astro da música, bem como de suas energéticas apresentações com hits que marcaram o rock. Ou seja, garantia de uma trilha sonora de qualidade e, logicamente, um desfecho triste e já conhecido há décadas. Intitulado como 'o dia em que a música morreu', gostaria de ter visto um pouco mais de Buddy Holly e The Big Bopper no filme, apesar de compreender que a produção era sobre o intérprete de La Bamba, seus conflitos familiares, namorada, sucesso e desaparecimento. Pretendo ver A História de Buddy Holly (1978) em breve.
Filmaço nacional e, devo dizer, um dos melhores que eu já vi. Cinebiografia cativante, engraçada, ousada e muito bem produzida, do tipo que surpreende positivamente (e muito)! Vladimir Brichta tá excelente no papel do palhaço e, de fato, faz parte da diversão identificar os personagens na vida real, as emissoras e etc. Como um longa que traz Emanuelle Araújo dando as caras (não só as caras, rs) como a Rainha do Rebolado poderia ser menos que ótimo?! Como um filme estrelado por atores globais cujo roteiro retrata algumas fragilidades da toda poderosa rede de televisão poderia ser menos que brilhante?! Destaque também para as sempre competentes Leandra Leal e Ana Lúcia Torre, além da participação singela do saudoso Domingos Montagner. Achei o Cauã Martins idêntico à Tainá Müller e, assim como na história, o garoto parece filho dela. Bingo, o filme, é rico em referências aos bastidores da TV e emblemático ao retratar a louca década de 80, com uma deliciosa e nostálgica trilha sonora.
Que obra bonita! Me Chame Pelo Seu Nome é o filme com temática LGBT mais arrebatador desde Brokeback Mountain e, tal qual o já clássico dirigido por Ang Lee, merece ser visto por pais e filhos, independentemente da orientação sexual. Raro caso onde a lentidão está a serviço da história e não prejudicando o seu ritmo: tinha mesmo de ser assim, sutil e sem pressa, o encontro entre Elio e Oliver no ensolarado verão italiano. Impossível não ficar encantado com aquelas paisagens maravilhosas e com a trilha sonora. Mystery of Love é o tipo de balada melancólica que gruda na mente e insiste em não me abandonar por semanas. Em um mundo justo, teria levado o Oscar de canção original. Sobre Timothée Chalamet, eu só posso dizer que sua performance é impressionante em se tratando de um ator tão jovem e que, com muita maturidade, foi capaz de expressar o turbilhão de sentimentos com os quais Elio depara-se durante as mais de duas horas desse deleite cinematográfico. Armie Hammer e Michael Stuhlbarg também estão muito bem, sendo deste último o monólogo mais arrasador em anos.
Perlman viveu (ou abrir mão de viver quando jovem) algo semelhante ao que o filho experimentou ou apenas referia-se ao amor de forma geral?! Aberto a interpretações...
Adoro essas listas de piores filmes de todos os tempos, pois você acaba se deparando com pérolas como The Room, Plan 9 e este Troll 2. E também constata que já viu coisa muito, muito pior. Confesso que me diverti horrores com duas das mais medonhas atuações femininas da história do cinema, com a trama absurda e gosmenta sobre trolls que na verdade são goblins, além dos efeitos práticos e da maquiagem tosca desse trash movie noventista. Um filme que mostra o lado perverso do vegetarianismo merece ser visto tamanha ousadia e coerência, hahaha. Sem contar que foi o responsável por gerar um meme eterno, daqueles que você fica imitando sem parar. Deu vontade de assistir ao documentário Best Worst Movie e ao Troll de 1986, mas esses são mais difíceis de garimpar...
A Pequena Loja dos Horrores
3.6 230 Assista AgoraMusical dos mais engraçados e visualmente adorável. Fiquei encantado com os cenários, com as canções e, principalmente, com os personagens escrachados e as participações especiais. Não teve como não rir com o dentista sádico de Steve Martin e o paciente masoquista de Bill Murray! Rick Moranis era perfeito ao interpretar paspalhos nessa época e aqui teve um dos momentos mais inspirados de sua carreira na pele de Seymour, mas o grande destaque do longa é a planta carnívora alienígena e dissimulada. Audrey II é maravilhosa e possui uma bela duma lábia, hein?! Acaba conquistando todos os clientes da floricultura (assim como o espectador), e só de lembrar daquele timbre de voz ao suplicar para ser alimentada eu já começo a dar risada, hahaha. Curti o final, apesar de ser mais certinho e diferir da obra original. Lembro de A Pequena Loja dos Horrores passando na Sessão da Tarde, mas só conferi agora porque na década de 90 não me interessava por este gênero cinematográfico. Obrigado, canal Max Up!
Atração Mortal
3.7 318 Assista AgoraAquela comédia adolescente que de boba não tem nada... Anárquico e sarcástico, Heathers surpreende pelo humor negro crescente e pelos quotes sensacionais de um roteiro bastante esperto (nesse caso, assemelha-se à Meninas Malvadas, longa que influenciou clara e diretamente). Não vou dizer que gargalhei, mas ri de várias piadas (algumas deliciosamente infames) envolvendo temas espinhosos tais como homossexualidade, bullying, bulimia e, logicamente, suicídio. Em tempos de politicamente correto e o mimimi que nos cerca dia após dia, essa pérola oitentista pode acabar incomodando muito mais do que na época de seu lançamento. Confesso que esperava mais do ato final, que me pareceu um tanto desleixado e exageradamente nonsense. Ao menos, não se pode dizer que tenha sido previsível.
Cheguei a imaginar uma revelação bombástica ao estilo Clube da Luta, aonde J.D. sequer existiria, representando a verdadeira face psicótica de Veronica. Viajei na interpretação, sim ou não?!
Destaque para a trilha sonora e também pro Christian Slater, perigoso e muito convincente. O então jovem astro formou uma ótima dupla com a musa Winona e eu fiquei me perguntando como nunca havia conferido este cult movie...
Olhos da Justiça
3.2 449 Assista AgoraUm remake decente, nada além disso. Se você não viu o oscarizado longa argentino, talvez goste bastante. Mas se já viu, vale assistir por curiosidade, por algumas alterações sutis no roteiro e principalmente pela Julia Roberts. A atriz tomou o filme para si, entregando uma surpreendente e comovente performance na pele da sofrida Jess. Chiwetel também tá muito bem e Nicole Kidman conseguiu ser ofuscada pelos dois, mesmo sendo a maravilhosa que é.
Acho que a falta de química entre o casal contribuiu pro espectador pouco se importar deles não terem ficado juntos, num desfecho que difere da obra original.
Quanto à adaptação e transposição para os EUA, acertaram em ilustrar a época do assassinato com a paranoia pós-11 de setembro e com relação à vítima ser filha e não esposa de outro personagem. No fim das contas, essas e outras mudanças fazem alguma diferença já que o impacto não será o mesmo pra quem, assim como eu, tem O Segredo dos Seus Olhos entre os favoritos e jamais esqueceu daquele insuperável plano-sequência no estádio de futebol...
A General
4.4 175 Assista AgoraRecentemente vi o excelente Sherlock Jr. e foi quando resolvi conferir outros trabalhos de Buster Keaton. 'O homem que nunca ri', como era conhecido, sabia como ninguém mesclar comédia com ação e aqui realiza uma obra empolgante do início ao fim, enquanto o espectador fica se perguntando como ele fora capaz de criar sequências absolutamente espetaculares a bordo da locomotiva que dá nome à película, em plena década de 20 e com os limitados recursos da época. Johnny Gray e Annabelle fazem uma ótima, engraçada e atrapalhada dobradinha!
Destaque para a famosíssima e sensacional cena da ponte despencando.
Confesso que já conhecia esse e outros momentos clássicos sem nem imaginar que eram de A General: sem sombra de dúvidas, o filme silencioso mais dinâmico ao qual já tive o prazer de assistir.
O Crime do Padre Amaro
3.5 247 Assista AgoraFilme interessante ao retratar a Igreja Católica como instituição moralmente falida, hipócrita e corrupta. Quanto à adaptação da obra literária, não sou capaz de opinar (rs), mas a transposição da história para o México não me pareceu forçada em momento algum. É sim um tanto previsível o desfecho do romance proibido entre o padre do título e a jovem Amelia, mas nada que desabone a produção. Pelo contrário, é pertinente e só reforça a intenção da mesma como crítica. Ademais, temos Gael García no auge e em bela atuação, além de um elenco secundário bastante competente (sem exageros a la Televisa, o que acaba dando credibilidade às subtramas envolvendo guerrilheiros, traficantes e interesses políticos).
Também senti pena do Rubén e bateu aquela curiosidade ao imaginar as consequências de uma intriga bem feita...
Não é um grande filme, mas vale a conferida. E me prendeu mais do que Spotlight (não consegui evitar tal associação).
Hereditário
3.8 3,0K Assista AgoraSangue de Jesus tem poder!
Um baita dum filme de terror, o melhor em anos. A24 e o novato Ari Aster estão de parabéns por trazerem ao público uma experiência tão desconcertante e singular. Vai para os favoritos porque, apesar de ser fã do gênero, dificilmente me impressiono e Hereditário é chocante sob diversos aspectos sem precisar recorrer aos sustos óbvios. A atmosfera é muito bem construída, a direção é quase perfeita e a interpretação da Toni Collette é excepcional (torcendo por uma indicação ao Oscar em 2019). Duas horas em que fiz o possível pra nem piscar, enquanto sentia o incômodo e o impacto das cenas horripilantes.
Decapitação já é por si só algo terrível de se ver. Se for uma criança, pior ainda. Se ela tiver aquele semblante estranho da Milly Shapiro, daí então... E o que dizer dos minutos de agonia antes de vermos a cabeça da garota cheia de formigas, sem termos certeza do que aconteceu?! Toda essa sequência tá marcada na minha retina pra sempre.
Espero que ela tenha outras oportunidades para atuar. O desfecho é mórbido e não tive problemas com o fato dele ser didático, pois baseia-se numa mitologia conhecida por quem se interessa por ocultismo (o que não é o meu caso). Achei o longa desgraçado o suficiente pra sair pesquisando sobre os fundamentos do que eu tinha acabado de assistir, hahaha. Enfim, um neoclássico do mal que fez jus ao marketing e à honraria de ser considerado um dos mais aterrorizantes do novo milênio.
Steve Jobs
3.5 591 Assista AgoraVale assistir pela ótima atuação de Fassbender e pelo retrato de um homem obstinado, frio, egocêntrico e que fez história. É um filme que exige muita paciência do espectador já que, por mais incisivos que sejam os diálogos e por mais bem escrito que seja o roteiro de Aaron Sorkin, são duas horas praticamente ininterruptas de arrogância, discussões e bastidores. Algumas vezes, tais confrontos verbais saíram atropelados, carecendo de fôlego e tornando o longa cansativo de acompanhar. De qualquer forma, gostei da escolha como uma cinebiografia pouco convencional, dividida entre três atos em momentos decisivos de Jobs como visionário na indústria da informática. Kate Winslet brilha como a voz da razão e braço direito do protagonista, liderando um belo elenco de coadjuvantes que conta também com os subestimados Michael Stuhlbarg e Jeff Daniels. Apesar das críticas negativas, tenho curiosidade em conferir a produção estrelada pelo Ashton Kutcher... Será tão ruim quanto dizem?!
Zombie: A Volta dos Mortos
3.7 182Uma coleção de cenas memoráveis, angustiantes e curiosas.
Embate entre um morto-vivo e um tubarão no fundo do oceano, farpa atravessando o olho da mulher, desfecho icônico e pessimista com a tomada de Nova York...
Nem vale comentar muito, pois vai soar repetitivo. A trilha sonora dá nos nervos e, levando em conta o orçamento e a época, achei tudo muito bem feito. A maquiagem é eficiente sim, ao contrário de vários outros longas desse período. Só para efeito de comparação, é infinitamente melhor que a do superestimado Despertar dos Mortos, de Romero, produzido um ano antes e considerado um dos maiores clássicos de zumbis. Realmente um filme diferenciado e divertido, digno de ser visto, revisto e fazer parte de qualquer lista decente com os melhores deste subgênero. Foi direto pro meu Top 3 e já preciso assistir a mais pérolas dirigidas pelo Fulci...
Com Amor, Simon
4.0 1,2K Assista AgoraNem todo filme com temática LGBT precisa ser pesadão, trágico, intenso, com cenas tórridas e de nudez. Nem sempre é necessário ter morte ou rompimento, sofrimento, agressão, pais opressores e tudo mais. Com Amor, Simon é uma comédia romântica assumida, um típico 'feel good movie' adolescente e não há mal algum nisso! É cativante a forma como a história vai se desenvolvendo, a convivência de Simon com os amigos e a família, o âmbito escolar, os medos, os anseios, as intrigas, as descobertas, os encontros e desencontros enquanto a identidade de Blue não é revelada. Uma das coisas que mais me incomodam em produções teen é aquele humor grosseiro e esta me deixou satisfeito, fazendo rir das situações sem nunca tornar-se apelativa. A trilha sonora é bacana e, na medida do possível, o longa escapa de alguns clichês do gênero.
Até o baile de formatura ficou de fora do clímax. Me senti enganado, mas no bom sentido! O encontro romântico entre o protagonista e Bram me fez lembrar do divertido Nunca Fui Beijada.
Nick Robinson atuou muito bem e Logan Miller demonstrou ótimo timing cômico no papel de chantagista, rs. Filme adorável, leve e atual.
Inverno de Sangue em Veneza
3.7 205Trago verdades sobre o cinema de horror da década de 70: são os filmes mais bonitos já concebidos no gênero. Temos Suspiria, Profondo Rosso, Carrie e outras tantas obras esteticamente perfeitas... Inverno de Sangue em Veneza veio para confirmar o que eu já sabia, com suas locações inigualáveis, fotografia belíssima e direção elegante. A trama é instigante e o desfecho conseguiu ser macabro, ainda que veja o longa como um drama espírita com pitadas de mistério em sua essência.
Aliás, se tem uma mensagem que a produção pretendia passar é a de que uma mediunidade mal explorada pode acarretar consequências trágicas e inesperadas. A culpa, o luto e a falta de compreensão, com a vidência do protagonista no centro de tudo isso.
Bom, pelo menos foi o que mais me chamou a atenção após as coisas se encaixarem e o filme terminar. Sinceramente, achei o ritmo bem arrastado e isso acabou atrapalhando a experiência! Sendo assim, não considero uma obra-prima irretocável e sim um filme de qualidade, digno de ser apreciado por qualquer cinéfilo. Donald Sutherland e Julie Christie estão excelentes, como era de se esperar.
E que belos pais, hein?! Após perderem uma filha, largaram o outro num colégio interno e não pareciam ligar muito pra ele.
Tá certo que Veneza é deslumbrante e, a princípio, era uma viagem a trabalho... Enfim, recomendo.
A Lenda de Billie Jean
3.6 99 Assista AgoraNão tem como não lembrar da Katy Perry e suas mil sósias, rs. Sobre o filme, diria que é um bom passatempo pra quem adora a década de 80, época de filmes juvenis despretensiosos e personagens bacanas. Helen Slater muito linda, antes e depois da mudança de visual! E não tem como não torcer pela protagonista: justiceira, cheia de atitude, ícone 'girl power', uma irmã incrível e rara. Justo é justo! Destaque também para o Keith Gordon, rosto conhecido e uma grande promessa daqueles tempos (Christine, Vestida Para Matar). Enfim, é um longa emblemático no que se refere à adolescência, à rebeldia e à necessidade de alguém para se espelhar e admirar. Fiquei na dúvida se Helen e Christian Slater são irmãos na vida real também...
A História de Buddy Holly
4.0 33'Everyday' é uma das canções mais marcantes da minha adolescência e eu adorei a cena do ensaio.
Com o grilo dando nome à banda de Buddy Holly.
Ótima cinebiografia, e não tem como não ficar surpreso com a brilhante performance de Gary Busey. O ator, conhecido por seus personagens incomuns e com uma filmografia pouco expressiva, dá um show de interpretação e musicalmente, com afinação impecável e presença de palco digna de uma grande lenda do rock! O coadjuvante Charles Martin Smith também está bem carismático. Além disso, é interessante por mostrar como funciona a indústria da música desde os primórdios, a liberdade criativa ou falta dela, a arte unindo as pessoas e quebrando a barreira da cor da pele. Alguns acontecimentos da vida pessoal são um tanto corridos, mas nada que comprometa o entendimento. Assisti ao La Bamba recentemente e gostei, mas achei A História de Buddy Holly superior, melhor dirigido e ainda acaba ganhando pontos por não concentrar-se na tragédia. Podiam ter feito um filme sobre The Big Bopper também...
Poucas e Boas
3.6 129 Assista AgoraO que eu mais gostei em Poucas e Boas foi a narrativa de falso documentário, tal qual o maravilhoso Zelig (um dos meus favoritos de Allen), trazendo depoimentos do próprio diretor e de outras personalidades sobre Emmet. Além disso, a interpretação de Sean Penn na pele do músico excêntrico e beberrão é tão sensacional que, a certa altura, até acreditei que ele havia existido de verdade. Sobre Samantha Morton: quanta doçura, talento e expressividade sem precisar de uma única palavra! Ambos concorreram ao Oscar em 2000 e só agora eu vejo o quanto foram merecedores (e olha que 99 foi um ano de grandes atuações e muitas obras-primas). Dei altas risadas com os hobbies do protagonista, envolvendo ratos e trens, hahaha. O desfecho ligeiramente melancólico e a participação de Uma Thurman também foram pontos positivos da produção. Bastante agradável de se assistir.
Um Misterioso Assassinato em Manhattan
3.9 183 Assista AgoraUm bom filme, com todas aquelas neuroses típicas e os diálogos certeiros de Woody Allen. O diretor/ator possui uma ótima química com Diane Keaton, o que fica evidenciado aqui após retomarem a antiga parceria. Em meio à infinidade de confusões envolvendo o sumiço da vizinha, temos uma investigação a la Hitchcock (Janela Indiscreta, guardadas as devidas proporções) como pano de fundo para uma crise conjugal e a possibilidade do casal sair da rotina de tantos anos. Para o espectador, é instigante tentar desvendar se o que houve foi, de fato, um assassinato ou tudo não passava de um grande mal-entendido. Há um leve suspense, muito humor e explicações bem convincentes no final! Diversas vezes lembrei de Crimes e Pecados (até pela presença de Anjelica Huston), o qual achei superior, mas este também traz um Allen inspirado e engraçado.
A Criatura do Cemitério
2.7 81Dos filmes baseados em alguma obra do Stephen King, este é um dos mais fracos dentre todos os que eu vi. Mesmo sendo curto, achei cansativo e enfadonho. O protagonista é inexpressivo ao extremo e o resto do elenco também não colabora. Stephen Macht consegue se destacar como vilão, mas o personagem foi mal desenvolvido no roteiro capenga.
O mito Brad Dourif, loucão, aparece pouco e morre rápido!
O que dizer de um deslize desses?! Pior é que tinha tudo pra dar certo: King como roteirista, roedores sanguinários, um monstrengo prático e sem os perigos do CGI, nostalgia, cidade pequena, ambientação claustrofóbica e escura na medida... Aliás, a tal criatura ficou malfeita e isso deixou a lambança ainda maior. O longa deu uma melhorada no final, mas aí já era tarde demais.
Noites de Cabíria
4.5 379 Assista AgoraBelo e atemporal, daqueles que nem o passar das décadas e nem o preto e branco são capazes de envelhecer. E o espectador só precisa de alguns minutos pra se encantar por Cabíria, torcer pra que seu coração seja preenchido, pra que cada homem que vai surgindo em seu caminho seja aquele que lhe trará felicidade, afeto e salvação. Giulietta Masina esplêndida! Saí pesquisando sobre prêmios e indicações que a atriz recebeu na época de tão tocante que foi sua interpretação (até achei que tinha concorrido ao Oscar, pois me parece uma daquelas atuações arrebatadoras que transpõem a barreira do idioma e cativam os votantes). Me enganei, mas pelo menos ganhou um merecido prêmio em Cannes. Enfim, a personagem é a perfeita representação da baixinha invocada e sem papas na língua! Acima de tudo, Cabíria é a mulher sofrida, forte, sonhadora, esperançosa, paradoxalmente imensa e intensa. Já preciso ver Masina em A Estrada da Vida, também dirigido por Fellini.
Às Vezes Eles Voltam
3.1 101 Assista AgoraTendo em vista que os thrillers e filmes de terror tavam em baixa no início da década de 90 e sendo esta uma adaptação feita para a TV, até que ficou boa. Possui todos aqueles elementos já levados às telas através de outras obras baseadas em Stephen King, ainda que sem o mesmo brilho: o drama familiar está lá, além das reminiscências de infância, traumas, luto, rebeldia, carrões, espíritos malignos, etc. No geral, a trama tem ritmo e é bem amarrada, mas concordo que o desfecho descamba pra pieguice e acaba destoando de todo o resto. A maquiagem é eficiente, mesmo que se faça pouco presente devido à economia no quesito gore. Lembro que uma das continuações passava direto nas madrugadas da Band, mas dava pra sentir a picaretagem de longe e nunca me interessei em conferir. Este primeiro é legal, não mais do que isso...
Bancando o Águia
4.5 135 Assista AgoraUma sucessão de sequências espetaculares, ainda mais levando-se em conta que foram filmadas há quase um século. Buster Keaton era, de fato, tão extraordinário quanto Chaplin apesar de não ter conquistado o mesmo reconhecimento. Sherlock Jr. é engraçado, metalinguístico, à frente de seu tempo, terno, eterno e tão impressionante que, mesmo se tivesse uma duração maior, inevitavelmente deixaria esse gostinho de quero mais. Não lembro de uma única cena que eu não tenha adorado, seja do filme, seja do filme dentro do filme, seja do sonho do projecionista inserido no filme. Daquelas obras essenciais que renovam os votos de qualquer cinéfilo perante a Sétima Arte. Quanto ao esquisito título nacional, dá pra relevar pois é da época dos 'birutas' e 'supimpas', rs.
Um Lugar Silencioso
4.0 3,0K Assista AgoraUm Lugar Silencioso é um thriller poderoso que entrega o que promete: doses generosas de aflição como poucos do gênero na atualidade, contando com um Krasinski seguríssimo tanto na direção quanto na interpretação. Como já era esperado, a performance de Emily Blunt tá sensacional e sofremos junto a ela durante a hora e meia de perigo iminente. Outro acerto foi a inclusão de Millicent Simmonds no papel de Regan, ela mesma deficiente auditiva na vida real. Como o silêncio foi meticulosamente trabalhado, a tensão concentra-se nos detalhes e acaba potencializando cada um dos sustos capazes de fazerem o espectador encolher-se na poltrona.
Não encaro a gravidez de Evelyn como um furo ou forçação de barra no roteiro. Vejo mais como uma crítica e alusão ao controle de natalidade, já que gente engravidando sem condições é o que mais se vê por aí, não é mesmo?!
E, no longa, este é um dos fatores que nos fazem sofrer por antecedência tamanha empatia que adquirimos pela família Abbott. O desfecho abrupto de sequência engatilhada não faz muito o meu estilo, mas estão valendo as quatro estrelas e minha total admiração pela produção.
Capitão Fantástico
4.4 2,7K Assista AgoraIndependente do espectador identificar-se com as ideologias expostas na tela, é um belíssimo filme. E independente de certas atitudes pouco ortodoxas (algumas beiram a hipocrisia), Ben é um ótimo pai e transparece um amor mais do que palpável por seus filhos. Ponto para Viggo Mortensen como protagonista que, com muito talento e inteligência, deu vida a um personagem memorável em toda a sua complexidade. O elenco infantojuvenil atua com naturalidade e surpreende bastante, em especial o promissor George MacKay. Capitão Fantástico oferece ao público uma jornada reflexiva, emocional e envolvente, daquelas que nem deixam você perceber o tempo passar... E também me fez lembrar das obras de Wes Anderson num bom sentido, já que não curto muito o estilo peculiar do cineasta: estética semelhante, porém com maior profundidade de conteúdo e menos simetria, rs. O desfecho foi com chave de ouro, tamanha sensibilidade e equilíbrio.
La Bamba
3.6 294 Assista AgoraLa Bamba passava direto na TV aberta dos anos 90 e sabe-se lá o porquê de eu nunca ter assistido. Aproveitei a oportunidade dessa vez e conferi a trágica história de Ritchie Valens no canal Max Up. Como cinebiografia, é bem convencional e sustenta-se através da atuação do carismático Lou Diamond Phillips no papel do astro da música, bem como de suas energéticas apresentações com hits que marcaram o rock. Ou seja, garantia de uma trilha sonora de qualidade e, logicamente, um desfecho triste e já conhecido há décadas. Intitulado como 'o dia em que a música morreu', gostaria de ter visto um pouco mais de Buddy Holly e The Big Bopper no filme, apesar de compreender que a produção era sobre o intérprete de La Bamba, seus conflitos familiares, namorada, sucesso e desaparecimento. Pretendo ver A História de Buddy Holly (1978) em breve.
Bingo - O Rei das Manhãs
4.1 1,1K Assista AgoraFilmaço nacional e, devo dizer, um dos melhores que eu já vi. Cinebiografia cativante, engraçada, ousada e muito bem produzida, do tipo que surpreende positivamente (e muito)! Vladimir Brichta tá excelente no papel do palhaço e, de fato, faz parte da diversão identificar os personagens na vida real, as emissoras e etc. Como um longa que traz Emanuelle Araújo dando as caras (não só as caras, rs) como a Rainha do Rebolado poderia ser menos que ótimo?! Como um filme estrelado por atores globais cujo roteiro retrata algumas fragilidades da toda poderosa rede de televisão poderia ser menos que brilhante?! Destaque também para as sempre competentes Leandra Leal e Ana Lúcia Torre, além da participação singela do saudoso Domingos Montagner. Achei o Cauã Martins idêntico à Tainá Müller e, assim como na história, o garoto parece filho dela. Bingo, o filme, é rico em referências aos bastidores da TV e emblemático ao retratar a louca década de 80, com uma deliciosa e nostálgica trilha sonora.
Me Chame Pelo Seu Nome
4.1 2,6K Assista AgoraQue obra bonita! Me Chame Pelo Seu Nome é o filme com temática LGBT mais arrebatador desde Brokeback Mountain e, tal qual o já clássico dirigido por Ang Lee, merece ser visto por pais e filhos, independentemente da orientação sexual. Raro caso onde a lentidão está a serviço da história e não prejudicando o seu ritmo: tinha mesmo de ser assim, sutil e sem pressa, o encontro entre Elio e Oliver no ensolarado verão italiano. Impossível não ficar encantado com aquelas paisagens maravilhosas e com a trilha sonora. Mystery of Love é o tipo de balada melancólica que gruda na mente e insiste em não me abandonar por semanas. Em um mundo justo, teria levado o Oscar de canção original. Sobre Timothée Chalamet, eu só posso dizer que sua performance é impressionante em se tratando de um ator tão jovem e que, com muita maturidade, foi capaz de expressar o turbilhão de sentimentos com os quais Elio depara-se durante as mais de duas horas desse deleite cinematográfico. Armie Hammer e Michael Stuhlbarg também estão muito bem, sendo deste último o monólogo mais arrasador em anos.
Perlman viveu (ou abrir mão de viver quando jovem) algo semelhante ao que o filho experimentou ou apenas referia-se ao amor de forma geral?! Aberto a interpretações...
Troll 2
2.7 69 Assista AgoraAdoro essas listas de piores filmes de todos os tempos, pois você acaba se deparando com pérolas como The Room, Plan 9 e este Troll 2. E também constata que já viu coisa muito, muito pior. Confesso que me diverti horrores com duas das mais medonhas atuações femininas da história do cinema, com a trama absurda e gosmenta sobre trolls que na verdade são goblins, além dos efeitos práticos e da maquiagem tosca desse trash movie noventista. Um filme que mostra o lado perverso do vegetarianismo merece ser visto tamanha ousadia e coerência, hahaha. Sem contar que foi o responsável por gerar um meme eterno, daqueles que você fica imitando sem parar. Deu vontade de assistir ao documentário Best Worst Movie e ao Troll de 1986, mas esses são mais difíceis de garimpar...