Enio Rodriguez

Puta que pariu que nervoso

Filme lindo, de uma delicadeza que beira a poesia visual em alguns momentos. Com um enredo simples e poucos personagens, o filme, através da história de um garoto- ou de uma mão- tentando se encontrar, se encaixar, em meio as dificuldades da vida, trata questões como o luto, a crueldade da vida, o inesperado, a falta de sentido do mundo, sonhos e amadurecimento; isso tudo permeado por uma reflexão sobre o destino.

Irretocável. Yorgos Lanthimos é um diretor incrível, a estranheza vinda do leste europeu é um tapa na cara dos clichês reciclados do cinema maistream. Esse filme cria uma tensão digna de Kubrick, explora a culpa e o sentimento de justiça da maneira mais cruel e angustiante possível. A trilha sonora atonal faz um contraste com as músicas clássicas que torna a atmosfera do filme extremamente desconfortável. O roteiro, que levanta um dilema moral insolucionável, te deixa claustrofobicamente preso ao filme; junto a isso, as atuações contidas e frias ajudam a criar a estranheza da trama- o que provoca aquela sensação de que algo muito errado está acontecendo. Filmaço! Ainda será referência para futuros filmes de suspense e terror.