Gabriela

Portanto no começo do filme, com todas as coincidências que acontecem, estava esperando a revelação de que aquilo tudo tinha sido planejado e de alguma forma manipulado por ele, e quando conheceu Nola também esperava que uma hora eles confessassem um ao outro que estavam manipulando seus parceiros por dinheiro. Mas realmente eu estava bem equivocada e esse não era o sentido da trama, o que depois percebi que era ainda melhor, porque as sutileza e as nuances das relações são muito mais complexas.
O personagem principal é um completo sociopata e o espectador consegue ver a escalada da sociopatia dele ao longo do filme, o que gera uma sensação de desconforto. Vi algumas críticas a atuação do Jhonatan Rhys-Meyers, mas quero acreditar que o que incomoda na atuação na verdade faz parte dela, a frieza e o vazio do personagem, que é o tempo todo meio off. Acho que se ele tivesse sido interpretado de forma mais carismática o espectador entenderia melhor como ele era tão querido por todos, mas dessa forma é como se enquanto ele mantém uma fachada para todos, nós conseguimos ver quem ele realmente é.
Quanto a relação dele com Nola, pra mim foi outra quebra de paradigma. No momento que eles transam pela primeira vez a cena que tem tudo de cliche de romance se torna um retrato de pura luxúria, Chris passando sua mão por Nola como um adolescente desesperado, e não com a paixão que normalmente se vê em cenas assim. E é a partir daí que ele vai espiralando cada vez mais em sua obsessão por ela e vamos percebendo do que ele é capaz.
O filme poderia ser mais curto na minha opinião, mas vale a pena mesmo assim, porque é daqueles filmes que te tira da zona de conforto e te faz pensar nele muito depois de ja ter terminado.