Últimas opiniões enviadas
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Linda, sensível, extraordinária descrição do processo de luto; a experimentação daquilo que resta quando parece que não há nada mais para ir embora, enquanto que parece ser necessário desfazer-se dos laços restantes por perceber a finitude e o azul das memórias antes boas, mas que agora beiram o insuportável. Por trás disso tudo, o medo.
No fim, um presente de paz conseguido pela coragem de aceitar o passado.
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Uma descrição cirúrgica das mazelas materiais que assolam a existência feminina. A protagonista tenta resistir às imposições ao gênero, mas sucumbir é parte fundamental do projeto de sobrevivência. Não parece haver escape, se não pelas vias próprias de opressão, que é o casamento (as estruturas não nos darão as ferramentas necessárias para destruí-las).
De qualquer forma: enquanto existirem Cabírias, nenhuma de nós será livre.
Últimos recados
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Uma abordagem atípica do luto: aqui, acompanhamos a vivência dele por parte de quem morreu.
É estranho, mas é como se mostrasse que é mais difícil passar por ele quando se torna espectador da vida, ou do que ela costumava ser, enquanto que uma experimentação mais equilibrada exige um momento de aceitação da perda daquilo mesmo que se perdeu. O movimento dela é, então, imposto; o tempo do luto para aqueles que se tornam espectadores é o tempo do outro, o tempo dos que não pararam (infelizmente ou não) e a sentença daqueles que se aprisionam a estruturas tão frágeis -quanto uma casa de madeira- é um caminho opressivo de escolhas tomadas por terceiros.