Gabriela Pagano

É um filme pretensioso.
Mas de uma pretensão tão singela, tão delicada, tão bem-intencionada, que é impossível cultivar qualquer desafeto por suas ambições. De fato, a fotografia é impecável, e os atores foram escolhidos a dedo. Ainda assim, parece que falta alguma coisa à história, ao seu propósito; parece que ficam algumas lacunas em toda sua pretensão. Lacunas que nós mesmos, enquanto espectadores, preenchemos. Vai ver porque o filme fala de nossa própria pretensão. Afinal, "se este for o caso, pode-se descrever o medo da morte como o medo de não sermos capazes de ser quem planejamos ser." Aí, qualquer pretensão fica justificada, qualquer lacuna começa a fazer sentido. Viver é um ato pretensioso... e sobre o qual pouco sabemos.
É um grande filme.

Sei lá, por já termos visto tantas versões dessa história - umas mais fiéis, outras, nem tanto -, esperava que essa versão fosse ser "única". Acho que por se tratar de uma produção francesa, de fora do cinema de Hollywood, esperava que esse filme fosse inovar um pouquinho mais, surpreender em algum momento, deixar a gente com o coração na mão, extasiar. Não fez nada isso, em quase todo o tempo foi tudo bastante óbvio e linear... Os cenários também pareciam quase sempre computação gráfica, o que não dava muito realismo à experiência de assisti-lo. Mas, no geral, o filme encantou, sim! É gracioso, bonitinho. Como um conto de fadas tem que ser :)

O cuidado com a direção, fotografia e figurino é evidente e eficaz. As atuações também são boas! No geral, é um filme muito bem feito. Acho apenas que o roteiro poderia envolver o espectador um pouquinho mais. Em alguns momentos (que não deveriam), as ações dos personagens são bem previsíveis, o que torna o enredo levemente monótono. Mas é, sim, um bom produto do cinema nacional.