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Em um certo momento, Marianne Renoir diz que a vida poderia ser ordenada como num livro. A vida é sempre arbitrária, sem lógica e ordem, somos reféns e por mais que tentemos controlar, ela mais parece um trem desgovernado: perdemos emprego, amores, as pessoas morrem e quando relembramos, mesmo assim, é difícil estabelecer uma linearidade.
O filme em questão tenta ser arbitrário. Essa é a tentativa. Ele sempre faz questão de mostrar que é um filme, mostrando cenas pastelãs e cenas de ação. Mas nela não há linearidade. O fato nem é possível saber se tudo aquilo é real ou apenas lapsos de sonhos e pensamentos.
No inicio do filme, nas festa dos sogros do protagonista, as pessoas tem conversas vazias, supérfluas e sem coloração. Como na maioria dos filmes convencionais de massa, como, também, na vida de modo geral. No caso do filme convencional, as conversas são fúteis e a história é ordenada.
Godard subverte tudo ao colocar uma história cheia de arbitrariedades, sem ordem lógica, carregada de cenas de ação, com carros em movimentos, roubos, assaltos e assassinatos, intercalados com conversas profundas, existenciais. Em Pierrot, le fou a loucura está na inversão de dimensões. Não é possível saber o que é real, imaginado ou cinema.
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“Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.
Não sei se sinto de mais ou de menos, não sei
(...)
Seja o que for, era melhor não ter nascido,
Porque, de tão interessante que é a todos os momentos,
A vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,
A dar vontade de dar gritos, de dar pulos, de ficar no chão, de sair
Para fora de todas as casas, de todas as lógicas e de todas as sacadas,
E ir ser selvagem para a morte entre árvores e esquecimentos” (Fernando Pessoa)Sentir-se vivendo em absurdo. Saber que não há outra escapatória e perceber que com o fim dos estudos a carreira, o dinheiro, o automóvel lhe aguardam para aprisionar.
Ter a consciência de que isso não irá trazer a felicidade e tampouco explicará o sentido da vida. Então, a decisão mais coerente é correr em direção contrária a isso tudo. Escapar das obrigações, dos laços familiares, dos papéis sociais, das máscaras, em suma, de todas as correntes invisíveis e visíveis que nos envolvem. É um filme sobre um ambicioso e de tão ambicioso que a vida em sociedade não é suficiente. É também sobre a constante fuga porque a cada parada novos laços afetivos e novas despedidas dolorosas. Deixar tudo para trás é um exercício que se renova e requer muita coragem. É a história de alguém que saiu para fora de todas as casas e de todas as lógicas. Que foi ser selvagem entre árvores. Mas que não conseguiu o esquecimento. Tornou-se um mito, um herói, um mártir em que no fundo todos sonham em ser como Alex Supertramp.
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Filmow
O Oscar 2017 está logo aí e teremos o nosso tradicional BOLÃO DO OSCAR FILMOW!
Serão 3 vencedores no Bolão com prêmios da loja Chico Rei para os três participantes que mais acertarem nas categorias da premiação. (O 1º lugar vai ganhar um kit da Chico Rei com 01 camiseta + 01 caneca + 01 almofada; o 2º lugar 01 camiseta da Chico Rei; e o 3º lugar 01 almofada da Chico Rei.)
Vem participar da brincadeira com a gente, acesse https://filmow.com/bolao-do-oscar/ para votar.
Boa sorte! :)* Lembrando que faremos uma transmissão ao vivo via Facebook e Youtube da Casa Filmow na noite da cerimônia, dia 26 de fevereiro. Confirme presença no evento https://www.facebook.com/events/250416102068445/
Madame Rosa, deitada em sua cama, proclama a máxima central do filme para Momo: “É quando se perde a esperança que coisas boas acontecem”.
O filme é sobre a total desesperança no mundo. Em meio a tanta violência e miséria, o olhar contemplativo de Rosa ultrapassa o período histórico e nos convida pensar que nada mudou desde quando ela era uma menininha no campo de concentração. Os imigrantes ilegais de hoje são tratados de uma forma brutal que se naturaliza no olhar de Momo. A sua explosão violenta não passa de um mecanismo de defesa em um mundo que ele sabe que não é bem-vindo.
Madame Rosa apresenta a Momo sua ideia de felicidade: uma fotografia velha de uma casa ao meio de árvores floridas. Pela imagem nem sabemos se de fato aquilo existiu um dia. E quando Momo tenta presentear Rosa com essa ideia de felicidade, ele encontra apenas um ramo falso de plástico. O presente de plástico, a ajuda nos últimos dias, o afeto, a amizade construída naquele ambiente são as coisas boas acontecendo em um mundo onde ninguém tem mais esperança.