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"Books, records, films - these things matter. Call me shallow but it's the fuckin' truth"

Últimas opiniões enviadas

  • Júlio

    Em tempos de binge watching e instantaneidade de tudo, é bacana ver uma franquia bem planejada e bem trabalhada ao longo de 8 anos. Os três filmes até aqui lançados de "Cloverfield" são um bom caminho para o cinema de entretenimento cada vez mais industrializado de como serializar a produção de seus produtos e direcioná-los para um público amplo e diverso: cada um tem uma cara, cada um tem um estilo e todos são interessantes para desvendar esse universo ficcional. Mas o mais importante em termos de construção de Universo é esse aqui mesmo.

    "Cloverfield: Paradox" coloca uma espécie de "ponto inicial" na história da frranquia, explicando a origem dos monstros que vimos em "Monster" e "Lane" e o que os teria trazido. E entrega bem enquanto filme de ação-aventura sci-fi com lição de moral bem definida em seu embate entre certo e errado, individual e coletivo, coletividade familiar e coletividade estrangeira... o problema é a forma absurdamente didática e clichê com que isso é feita. Além disso, em certos momentos, o filme abre mão completamente de fazer sentido (quem assistiu não vai precisar de uma MÃOZINHA pra entender).

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    Além disso, o filme parece abrir mão de parte de sua qualidade na tentativa de explicar melhor o que é aquele universo. E isso é, em si, meio negativo. Porque o tom explicativo já argumenta contra o mistério construído pelos dois filmes e trabalhado de forma "indiciária" em um ou outro elemento e até no ARG feito pela produção, incentivando os fãs a descobrirem o que de fato se passava, e isso soa incoerente. Isso pior quando as explicações são insuficientes. Porque, vamos lá: "Paradox" se passa no futuro, em 2028, e envolve duas coisas caindo em direação ao mar: na dimensão 1 tem o pod com Hamilton e Schmidt (que o final nos leva a crer que pode ter sido engolido pelo monstro) e na dimensão 2 tem a estação espacial. E, no primeiro filme, temos uma cena final em que se vê um objeto caindo no mar. Isso seria uma ótima forma de amarrar os filmes, certo? Seria... se as coisas não fossem tão desconexas. Por quê?
    1) Quando a tripulação tem acesso à comunicação com a Terra da dimensão 2, eles recebem notícias apenas de guerras, não de monstros, então tudo nos leva a crer que os monstros são originários, na verdade, de uma dimensão 3 e que tiveram acesso à dimensão 1 quando o Shepard abriu um buraco interdimensional
    2) Na cena final de "Monster", vemos o objeto caindo no mar e, no final, um grito de monstro, confirmando que se trataria da dimensão 1 e o objeto caindo tenderia a ser o pod de "Paradox"
    3) Mas ao longo de "Paradox" recebemos indícios de que o planeta esta destruído, sendo atacado por monstros em todos os lugares, e a cena final de "Monster" mostra uma praia pacífica, com pessoas curtindo o mar, o que não se encaixa em nada com o cenário apocalíptico que vemos. Ou seja: tentou explicar, não explicou.

    Ou seja: "Paradox" entretém e continua bem a proposta de entregar histórias diferentes em vários sentidos, todas unidas pelo universo da invasão misteriosa de monstros da franquia "Cloverfield", mas a incoerência e insuficiência de seu didatismo fazem com que o filme não chegue nem perto de ser o que pretendia ser. É uma boa diversão pra quem curte a franquia e gosta de sci-fi.

    [visto em 06/02/18]

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  • Júlio

    "Logan" é um filme legal, ponto. Não somente um filme de super-heróis muito bom, não somente um encerramento ótimo para uma saga de mais de uma década, não somente um final à altura de um personagem que nós conhecemos paulatinamente ao longo de 6 filmes - é uma obra sobre envelhecimento, sobre responsabilidades, sobre o embate entre a aceitação da realidade em nome da sobrevivência e o ímpeto de mudança dessa realidade em nome do idealismo.

    De quebra, o filme soube representar muito bem a HQ que adapta.

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    A amargura de um Logan que viu os X-Men morrerem, que viu a deterioriação de seu mentor ser a responsável pela morte de seus amigos, que viu os Mutantes deixarem de ser a esperança de um mundo melhor para passarem a ser os cadáveres deixados pra trás por um mundo cada vez pior, "Old Man Logan" foi representado à altura. E a violência de verdade, com osso estourado e sangue pulando, que ganhou carta branca pra aparecer na tela depois do sucesso de "Deadpool", é muito bem empregada aqui - Wolverine é um animal em combate, sempre foi, e sua clone mirim não podia ser diferente (e a cinematografia e a direção das cenas de ação fazem jus à essa abordagem).

    Foi foda ver Xavier na condição em que está aqui. Mas quer história mais verossímil que essa, a do filho quebrado que tem que dar seus corres pra tomar conta do pai? É essa a cara que envelhecer guarda pra maior parte das famílias do mundo. E é possível que digam que Logan não é "filho" de Xavier por não compartilhar dos genes dele, mas até aí a gente pode dizer também que Laura não pode ser filha de Logan justamente por somente compartilhar os genes dele e nada mais. No final das contas, se tem algo que X-Men ensina direitinho e esse filme lembra com maestria é que família não é uma questão de sangue, mas de amor - o amor que Xavier lembrou que existia ao cruzar com aquela família na estrada,um amor que Logan só sentiu plenamente no seu último suspiro infelizmente (mas que já o coloca na frente do monte de gente quem vive e morre sem conhecer esse sentimento).

    Aliás, essa sequência envolvendo a família Mulson me causou estranheza à primeira vista, porque simplesmente não é a cara de Xavier colocar em risco pessoas inocentes. Mas é preciso lembrar do quão estranha é aquela situação toda, pois Charles está degenerando, pode morrer a qualquer momento e já não é mais a mesma pessoa.

    Os vilões, apesar de não terem nada de super (o que é ótimo, reforça a realidade da história e aproxima aquele envelhecimento em busca de alguma esperança do nosso envelhecimento também), trazem personas clássicas dos quadrinhos: o mercenário irônico de Boyd Holbrook e o cientista eugenista de Richard E. Grant. Essa é uma manutenção boa de algo típico do gênero "filme de super-herói", mas tem outras ruins também. Tipo: o fato do esqueleto de Laura ser de adamantium não faz muito sentido, uma vez que o esqueleto metálico foi COLOCADO em Logan, logo é algo que ele não teria como passar à frente geneticamente, por exemplo. Aliás, Laura é ótima, Dafne Keen arrasa, só escorrega nos momentos dramáticos que parecem pouco reais (o que é compreensível, tanto pela sua pouca experiência de vida mesmo - afinal, qual sofrimento aquela menina ia evocar na atuação dela, o dia em que ela abriu o pote de sorvete e tinha feijão dentro - quanto pela consequente falta de relação que ela tem com o o personagem de Logan - pô, ela tem menos tempo de vida do que nós temos conhecendo o Wolverine, rs). E por mais que se sustente sozinho enquanto obra cinematográfica, não deixa de ser filme de super-herói, então insiste em limitar suas tentativas de aprofundamento em questões humanas universais (elas tão ali, mas são abordadas sutilmente, um segundo plano da história).

    A mim agradou muito a aproximação com outro gênero fílmico que tem tudo a ver com a história contada, que são os westerns. Tá tudo ali, o cara tentando somente sobreviver e sendo puxado pra briga, prezando antes de tudo pela única família que ainda tem e sendo obrigado a se envolver na defesa de uma esperança na qual a priori ele nem acredita, que tem na sua arma sua principal culpa (e que o mata por dentro, assim como a culpa, levando a metáfora dos poderes mutantes a um nível individual bem poderoso) e que encontra seu propósito no deserto empoeirado. Isso foi legal e bem apropriado, especialmente a inserção do clássico "Os Brutos Também Amam". E agora que Logan foi embora, realmente, não existem mais armas no vale. Pelo menos não nessa linha do tempo.

    [visto em 04/03/17]

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  • Júlio

    Antes de qualquer coisa, preciso dizer que o que mais me faz atrai nos bons filmes de terror, em especial do subgênero "ataque zumbi", é essa parada de criar uma história que tanto prende pelo desfecho dela mesma quanto pela metáfora que ela representa a respeito de certas dinâmicas pessoais e sociais. E num contexto em que o pop não poupou nem os zumbis e enfiou guela abaixo filme romântico de zumbi fofinho enquanto fazia terra arrasada pra transformar o gênero numa repetição de histórias de sobrivência ad eternum, "Contracted" quebra esse lugar comum como uma pedra na vidraça.

    Se você viu o filme e achou uma merda, ou ficou bem incomodado com a falta de explicação sobe a doença, preciso te dizer: cê tava olhando pro lugar errado. O foco aqui não é a doença, nem mesmo o cara que passa ela à frente - o foco é o vazio e a impessoalidade.

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    A cena inicial do filme, em que vemos quem depois nós vamos saber ser BJ abusando sexualmente de um cadáver, desperta um nojo. E esse nojo com o decorrer da história se torna generalizado; aquela cena não está ali somente pra nos apresentar BJ, mas pra dar o primeiro dos vários exemplos que teremos de como as pessoas nessa história não se importam de verdade com as outras pessoas ou com qualquer noção de certo errado, e isso fica nítido a medida que a doença vai se agravando em Sam. Do médico que ignora aquele conjunto absurdo de sintomas pra não ter muito trabalho à "melhor amiga" que usa a descoberta do estupro de Sam pra criar uma situação em que possa ficar com ela, passando pela mãe que não quer escutar o que está acontecendo com a filha porque sua cabeça já lhe forneceu as respostas apropriadas, pelo chefe que só considera válido faltar o trabalho por razões médicas caso a pessoa esteja literalmente morrendo, pelo cara bonzinho que "se preocupa" com a menina mas não percebe o quão mal ela está quando se encontra sozinho com ela no mesmo cômodo. O lance da doença ser sexualmente transmissível, aliás, é uma boa sacada, afinal sexo é uma parada absurdamente íntima que esse processo de impessoalização da vida tem tratado de desintimizar - aqui a velha estratégia de "aumentar absurdamente um ponto para provar sua revelância", tão famosa na ficção científica, funciona melhor do que eu imaginei que seria capaz.

    A forma como esse nojo escalona é bem construída também: inicialmente, o problema é BJ; depois, quando vemos Sam com Nikki no restaurante, pensamos que talvez o problema sejam os homens, somente; quando a mãe age de modo escroto com ela, a gente pensa "porra, esses coroas são foda"; daí depois é a vez do médico... e do chefe... e da ex... e aí cê percebe que a morte de Sam é a morte da individualidade, a adequação forçada, a submissão ao "siga-nos ou pereça". Ela também parou de se importar.

    O fato dela ser uma mulher lésbica, inclusive, só torna a metáfora mais poderosa.

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    O estupro, a ida ao médico, o diálogo com a mãe, a postura escrota da ex, tudo ganha contornos ainda mais sofridos à luz da lesbofobia que ela tá lidando o tempo todo, seja a que se apresenta na violência sexual (porque obviamente BJ ouviu as conversas e aquele estupro teve um quê de corretivo), seja a vocalizada pela sua mãe, seja a disfarçada pela "gentileza" de Riley.

    Dessa forma, a mordida em Alice significa um ponto sem volta. Porque até o surto diante de Nikki ainda pode passar como um acesso de fúria, uma insanidade temporária diante de todas aquelas situações estranhas (que sabemos que não é, é uma demonstração de como ela está se encaixando na dinâmica do "ou é do meu jeito ou de jeito nenhum", ligando o foda-se pras outras pessoas envolvidas com ela). Mas a mordida, ainda mais logo depois do beijo, traz uma resposta, né? Se toda a doença representa essa morte da individualide, a mordida da proto-zumbi é um ato antropofágico - "você não me usou? agora eu te uso, como alimento". Daí apesar de só vermos uma zumbi clássica no final do filme e sozinha, dá pra considerar que "Contracted" atualizou perfeitamente a ideia de George Romero sobre o ataque zumbi: se viver é se importar, todo mundo que interage com ela ao longo do filme já tava meio morto-vivo o tempo todo.

    Como ninguém é besta, essa lacuna na parte ficção-científica da coisa serve também como um gancho pra transformação dessa bela história de horror e solidão numa franquia, né? Já tem o segundo filme, aonde imagino que entreguem mais sobre BJ e sua aparente imunidade à doença (porque Sam começa a se transformar bem rápido) OU falem mais de como essa onda surgiu - "ou" mesmo, porque só aí já tem argumento pra dois novos filmes que inevitavelmente serão oferecerão menos camadas de leitura do que esse aqui mas que satisfarão melhor esse hábito que a gente desenvolveu de lidar com histórias esperando uma resposta não apenas mastigada, mas vomitada na nossa garganta mesmo, pra gente não ter nem que fazer tanta força pra engolir. Daí mesmo percebendo que dava pra contar essa mesma história, com essa mesma mensagem,de uma forma muito mais bacana e instigante, eu tenho que tirar meu chapéu. É preciso coragem pra jogar um pedaço pão a gente que se acostumou a só comer sopa e pensar que dentes só existem pra serem exibidos.

    [visto em 28/02/17]

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  • Filmow
    Filmow

    O Oscar 2017 está logo aí e teremos o nosso tradicional BOLÃO DO OSCAR FILMOW!

    Serão 3 vencedores no Bolão com prêmios da loja Chico Rei para os três participantes que mais acertarem nas categorias da premiação. (O 1º lugar vai ganhar um kit da Chico Rei com 01 camiseta + 01 caneca + 01 almofada; o 2º lugar 01 camiseta da Chico Rei; e o 3º lugar 01 almofada da Chico Rei.)

    Vem participar da brincadeira com a gente, acesse https://filmow.com/bolao-do-oscar/ para votar.
    Boa sorte! :)

    * Lembrando que faremos uma transmissão ao vivo via Facebook e Youtube da Casa Filmow na noite da cerimônia, dia 26 de fevereiro. Confirme presença no evento https://www.facebook.com/events/250416102068445/

  • Luana
    Luana

    Valeu, Ju. Sempre vejo esse filme, mas nunca dou muita atenção a ele. Vou parar pra assistir qualquer dia desses. :)

  • Tom
    Tom

    Ah, não tinha visto que havia perguntado por aqui. Mas então.

    Como disse, preciso de redatores, que me ajudem com as matérias. Tenho sites confiáveis de notícias sobre os mesmos assuntos do meu (principalmente americanos), então basicamente a pessoa só precisa ser bom em interpretação de texto e saber um pouco de inglês. Ou usar o google tradutor, haha. Não tem segredo, sabe? A plataforma que uso é bem simples, mas há vários vídeos ensinando como, por exemplo, se faz uma postagem. Também estou disposto a ajudar em qualquer outra coisa que for preciso.

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