Leticia

A premissa do filme é boa, no entanto, a trama é desperdiçada devido ao enredo um tanto quanto preguiçoso que entrega o ouro nos pequenos detalhes, fazendo com que o espectador que apesar de preso para solucionar o caso, acaba perdendo um pouco do interesse. Ele é bom pelo suspense e aborda assuntos um tanto quanto interessantes como a histeria coletiva, a regressão em si, e o poder que a nossa própria mente tem em fazer nós mesmos nos confundirmos com o que é real de fato, e o que não é. Terminei triste por ter achado o filme com um grande potencial desperdiçado.

A trama é maravilhosa, me senti presa na cadeira os 107 minutos do filme, tentando prever o final, desvendar o que iria acontecer com aqueles personagens tão misteriosos e cheio de possibilidades, o bom é que tornou-se imprevisível e estimulante, por outro lado deixou muitas pontas soltas e não trouxe esclarecimento para a pergunta central: quem matou o xerife no final das contas? por que o fizeram? Ward tinha envolvimento no caso? Quanto ao Hillary, se ele não foi o próprio assassino haveria então um motivo para a cidade culpa-lo? Não sei se a intenção do devido autor era deixar as respectivas questões pairando na imaginação do telespectador, ou se o mesmo não conseguiu fechar com chave de ouro a película. O que sabemos é que o filme desperta inúmeras sensações, incomoda, e surpreende assim como a atuação do Zac Efron que merece total atenção ao lado da magnifica Nicole Kidman!

A "Miss Violência" está literalmente presente em todos os segundos do filme, e é jogada no ventilador de todas as formas possíveis. Desde o controle psicológico do "Avô/Pai" com cada um dos personagens à agressão e abuso sexual que ele submete as meninas e vai sendo mostrado aos poucos brutalmente ao longo do filme. Começamos o filme de um jeito e terminamos com ódio, repulsa, angustia e com sensação de tristeza imensa por pensar quão podre a humanidade pode se tornar. O filme denúncia isso: os lares são perfeitos atrás de muitas portas, mas nem todo lar é realmente um lar. Mas sim uma prisão, onde convivemos com monstros com atos de violência extrema, física e psicológica, e infelizmente muitas vezes por medo, ignorância, controle, e pelo silêncio alimentamos esse ciclo vicioso. Fiquei feliz pelo final, mas não deixo de pensar que talvez a Avó após uma vida de sofrimento passe a ser a figura do marido, e agora ocupe o lugar do mesmo.

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