Marcelo Rolim

Nunca li Agatha Christie, ainda assim estava com certa expectativa.
O filme deixou a desejar, alguns dos atores não se encaixaram com seus personagens; o roteiro é fraco, em alguns momentos as coisas acontecem apressadamente em outros são arrastadas, em certo ponto o filme, que eu esperava ser apenas sobre mistério e a resolução do crime em um ambiente confinado, se "rendeu" ao fazer uma cena de ação, tal cena destoou do restante do filme.

Assim que acabou descobri que tinha uma versão de 1974, resolvi assistir, e achei bem melhor que essa nova versão.

Não sei o que houve, mas gostei mais agora, reassistindo após muito tempo, do que das primeiras vezes que vi (acho que só tinha visto duas vezes). Talvez por eu ter amadurecido mais ou ter uma outra visão do mundo, estamos sempre aprendendo algo novo; não sei exatamente o porquê, só sei que achei o filme muito mais impactante dessa vez.
James Cameron criou um universo fantástico, com um visual impressionante e uma estoria comovente; passamos tanto tempo com os Na'vi que passamos a nos importar com eles; apesar do tema de preservação do meio-ambiente ser considerado um pouco clichê, traz questões relevantes sobre nossa relação com a natureza.
Estava meio apreensivo sobre as sequencias que estão por vir, mas agora me empolguei e mal posso esperar para ver o que Cameron vem preparando por tanto tempo, tem um potencial imenso.

Sempre pensei que o filme fosse uma adaptação do livro, por esse motivo quis ler o livro antes de ver o filme, só depois descobri que o livro e o filme foram escritos ao mesmo tempo.

O sentimento que o filme traz é bastante diferente do livro, no primeiro sentimos mais apreensão, angústia e medo do desconhecido, já no livro sentimos mais um maravilhamento pelo desconhecido, um fascínio pelo inexplorado e pelo desbravamento.

Sinceramente, não consigo ver como alguém que não leu o livro seja capaz de entender o filme por completo, o plot, as motivações de certos personagens, o que é o monolito e/ou o que realmente aconteceu no final (bastante reduzido se comparado ao livro).

O filme é muito bem dirigido, Kubrick "mostra" porque é considerado um do maiores diretores. A trilha sonora é sensacional, aliás, tudo relacionado ao audio é incrível, destaque para a coragem de cortar o som quando no espaço e

A cinematografia nem se fala, é de te deixar sem palavras. Mas não é por ser um filme tecnicamente impecável que ele é perfeito, tem umas partes que são bem arrastadas, contemplativas demais, as transições entre as "etapas" da estoria são feitas abruptamente e sem muita explicação.

Terminei o filme meio angustiado e apreensivo do infinito e do desconhecido. Acho que esse era um dos objetivos do filme, te trazer esses sentimentos.

Spoilers do livro abaixo: