Marina

Parece um fan service feminista. Eu fico satisfeita de ver um filme alfinetando a hipocrisia masculina depois de todos os filmes misóginos dos anos 2000, mas parece que o roteiro desse aqui foi todo escrito com base nas discussões da internet sobre representação feminina na mídia. Logo acabei achando extremamente caricato.

filme de crente

Assisti a análise no canal do brasil que deu certo e fiquei convencida que eu tenho um gosto horrível pra filmes. Mas vamos lá.
Não achei que a escalada dos eventos forçada, pra mim aconteceu de forma bem gradual e a motivação dos crimes foi sim mostrada: na versão da Suzane era a ganância do namorado e na versão dele, a psicopatia de uma privilegiada que convive com a impunidade.
Várias cenas mostram de forma bem naturais situações que são típicas de relacionamentos abusivos - tanto da socialização masculina quanto feminina - , além das dinâmicas nas diferenças de classe que eu achei extremamente verossímeis à realidade brasileira, e isso com certeza é digno de mérito. Eu nunca vi algo do tipo numa novela, por exemplo. Não achei os pais exatamente vilões, eles só se comportam que nem gente de classe média alta rs.
O lance da maconha foi bobinho, mas se considerar a opinião pública na época, acho que faz todo sentido. Era quando tinha novela mostrando gente fumando pra assaltar ônibus. Drogas eram vistas como coisa de gente perigosa e o filme inteiro, afinal, é a narrativa de um réu tentando se isentar da culpa, como que quem fala "olha só como que o outro que era um degenerado".
E sobre se basear somente nos relatos de cada um, pra mim, foi válido. Foi o recorte que escolheram pra contar a história e acho que filme não precisa necessariamente ter compromisso com a verdade. A proposta dele foi outra. Gostei de como um denuncia a inconsistência do outro e como as mesmas falas podem ter conotações diferentes. Acho que é um convite pra refletir sobre o que é verdade no meio disso tudo.