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O Farol
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Tom Ford só faz filmaço e inclusive deveria fazer mais!
amei muito Direito de Amar pela beleza e sensibilidade, se tornando logo um dos meus favoritos aqui no Filmow, e com Animais Noturnos não foi diferente.
o filme é imageticamente deslumbrante, as cores vibrantes te enebriam e o destaque pro vermelho chama atenção. fato que ressalta demais o olhar da Amy Adams no filme, que pra além da sua atuação incrível, fixa o telespectador no seu azul marejado, triste, mas também forte e intenso, que em composição com seu semblante sempre altivo e seu cabelo ruivo, deixam sua aparição incrível em todas as cenas.eu senti que a gente vê a história pelos olhos dela, não só pelo fato do Edward de "agora" não aparecer no filme, mas também pela rememoração que acompanha a narrativa que ela lê. alguém comentou aqui embaixo sobre a simbologia no gesto de Susan sangrar ao abrir o livro, e acho que pra além disso, outros elementos nos fazem vislumbrar que essa história tá cheia de ações e gestos simbólicos e tácitos em todas as suas cenas.
destaco as leituras noturnas de Susan, meio que uma afirmação de seu estado de "animal noturno", o quadro com a palavra "revenge" e a própria não aparição de Edward após sua "morte ficcional" enquanto personagem protagonista do livro (já que Susan associa diretamente a imagem dele, representada nessa dupla atuação do Jake).
o livro me parece sua redenção; ele precisava morrer daquela forma e levar Susan a essa leitura pra superar qualquer coisa que ainda existia ali. parece que algo tanto na história ficcional de Edward como na narrativa do filme sobre o casal, deixa claro uma sucessão de erros, de decisões ao acaso, um tanto de "e se" que angustia, e é isso que eu vejo em grande parte no olhar de Susan: o peso de decidir e aceitar as consequências, esse fardo que é amadurecer.
o filme me tocou muito pessoalmente, mas não foi só isso que me fez ficar deslumbrada com ele. deixo esse crédito às atuações impecáveis, montagem e direção, sem contar sua sonoridade incrível.
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achei que ficaria entediada por conta da duração, mas cara, que filme lindo!
ele exerce a metaficção a todo tempo de uma forma muito perspicaz e bonita, nos induz realmente à sensação.de viver três vezes mais por conta do cinema, sem perder a proximidade com a vida
os personagens são tão simples e ao mesmo tempo muito complexos, sentimos os dramas de suas decisões e indecisões, suas angústias diante das dificuldades da vida, suas experiências, suas perdas.
parece que o filme, de algum modo, segue a proposição de yang yang, de tentar nos fazer ver o que muitas vezes não vemos, coisas simples, mas que escapam aos olhos.cenas como o foco na mão da vovó depois que ela volta do hospital, yang yang ao observar a menina com o vídeo sobre como se forma o raio ao fundo e ting ting vendo sua planta florescer são de uma sutileza capaz de encher os olhos d'água.
sem falar do discurso final da criança após a morte da vó: sua perspectiva diante da perda e suas reflexões tão presentes em sua última fala, quando diz se achar velho diante do priminho que acaba de nascer.
enfim, não pensei que valeria tanto a pena assistir esse filme.
eu gostei bastante do filme e em diversos momentos nas interações entre Pattinson e Dafoe eu ficava pensando: "caralho, isso ficaria incrível de se ver ao vivo, numa peça!", então acho que o destaque fica, sem dúvida, pras atuações.
a história também instiga, é claro. na minha perspectiva acho que a narrativa do filme joga com as atmosferas mítica e psicológica, ou pelo menos foi assim que eu fui absorvendo ao longo das cenas, tentando desvendar as imagens muito bem trabalhadas e colocadas, quase todas bastante simbólicas, na expressão e entrega dos personagens naquele ambiente insólito, e naquela espécie de loucura inerente que nos consome nesses momentos sombrios e de solidão.
não sou de criar uma interpretação fechada pra filmes assim, por isso não escolho uma linha específica de leitura, mas uma das coisas que me fez ficar refletindo depois, sobretudo por esse pensamento de ver uma encenação bastante de peça nas atuações (e entendo pouco de teatro, então não sei se foi viagem), é pra escolha do preto e branco.
talvez o jogo com a luz no ao vivo, que ao meu ver é o ponto que brinca com a dubiedade, o que tanto os atrai no Farol ("the light"), não seria tão eficaz.