Mary Victor

Esse filme está excepcional. Fotografia, roteiro e atuação de Carey!
É um bom drama e traz um assunto mais que urgente: assédio, cultura do estupro, a "broderagem"... como os homens amam os homens e usam as mulheres.
Acredito que, assim como eu, essa obra irá impactar com mais intensidade, o sexo feminino. Pois, que atire a primeira pedra aquela que nunca sentiu medo, pavor, angústia de estar só e ser abordada por um desconhecido do sexo oposto?!
Fomos criadas já temendo O Homem.
Se vamos a uma festa ou qualquer lugar público só, já nos olham torto, estranho, "tá pedindo, tá querendo"... Toda a nossa existência se resume a "Tenha cuidado"!
É isto, meninas! Infelizmente! Não pela ideia de "mulher, sexo frágil, presa fácil", mas pelo fato do "predador" ser um covarde, por ter sua natureza ruim mesmo, imprestável! Pois, fica mais que explícito, ganhar vantagens com os "brothers" assediando uma incapaz, não passa de pura perversão.

Meninas, assistam. É um filme de urgência, educativo, sobre confiança, sobre como lidar nessa selva, sobre o comportamento clichê "respeito, pow, tenho mãe, irmã, até esposa..."
Que tenhamos força e coragem para lutar contra essa cultura falocêntrica enraizada na nossa sociedade.

Com roteiro e direção de Charlie Kaufman é, bem óbvio, uma viagem na maioneegs/ uns neurônios fervendo/ umas reviravoltas na cabeça!
O cara é mestre no surrealismo, onírico e experimental!
Eu sou suspeita de falar, pois acho seu trabalho magnífico e dificilmente me decepciona.
Seus trabalhos são difíceis, por vezes incomodam com tanta complexidade. Mas Kaufman faz a gente pensar. Não entrega nada fácil! Dá caminhos alternativos de interpretações. A gente busca láááá no fundo alguma interpretação para a p@rra toda que acontece na tela!
Eu já fui sabendo que não seria fácil, mas Estou pensando em acabar com tudo é mais enigmático ainda.
Fotografia, atuações, sonoplastia impecáveis!
Que bom que a Netflix pode produzir essa obra e marcar a volta do Kaufman. Entretanto, não é um filme comercial e muitos (espero morder a língua), mas muitos não vão gostar. Vão achar arrastado, cansativo, confuso e aguardar que seja mais um suspense/terror medíocre.

Esse filme é um verdadeiro soco no estômago.E bate a vontade de entrar na tela puxar Lilya e abraçar! Dar um conforto a essa menina que mesmo nos piores momentos se mantém resiliente e com uma fé medonha! Mas tal hora, gente... Tal hora, cansa, viu?! Esse mundo habitado pelo ser humano é um lugar cruel. Esse filme toca bem no fundo da sua alma, beeeem lá no fundo! Acredito que, assim como eu, muitas mulheres se sensibilizaram mais que os espectadores do gênero masculino. Pois é impossível não sentir na pele a trajetória desgraçada de Lilya, uma garota que tem seus sonhos rasgados, tornando-se objeto sexual, acima de tudo, contra sua vontade, ou seja, vivendo com sucessivos estupros. Isso não é vida! Chorei. Mas é preciso sair da minha bolha, do meu conforto na cama e com uma TV grande, para ver um filme que imita, não a arte, mas a vida em seu retrato cru e grotesco representado por uma menina vítima de abuso de todos os lados. Pesa. O fardo de ser mulher pesa! Viver em um mundo em que se acorda com medo e vai dormir com medo é desesperador, é desesperançoso, mas que tenhamos força! Meus sentimentos e força para tantas outras Lilyas desse mundo!