"Elis & Tom, Só Tinha de Ser com Você" (2022/ Roberto de Oliveira), chegou em bom momento aos cinemas brasileiros! Eu sou suspeito pra falar de Elis Regina. Sou fã de carteirinha, corpo e alma!! Emocionante, o filme é uma descoberta até para os fãs mais ardorosos! Elis & Tom é um novelo de muitas histórias que não sabíamos e outras tantas que jamais saberemos. Acredito que também seja uma oportunidade para as gerações de hoje conhecerem e ouvirem Elis & Tom. Um encontro único de deuses da música brasileira duelando com talento, voz, música e inspiração! Depoimentos vindos de vozes importantes ao redor do mundo só reforçam a singularidade da dupla. Se existe sentido e significado na expressão "uma conspiração do universo" , acredito que a criação do álbum Elis & Tom foi um desses casos de conspiração ou melhor dizendo : uma epifania musical para o mundo. Com uma edição e roteiro maravilhosos, ver o documentário é como se emocionar ouvindo o próprio icônico album de 1974. Tem uma frase atribuida ao produtor musical Nelson Motta que diz mais ou menos assim: " a cada nova cantora que surge no cenário musical brasileiro, Elis Regina continua cantando cada vez melhor!" É um pouco sobre isso e muito mais esse belo filme. Na minha opinião, de longe, o melhor documentário do ano!!
Wes Anderson trilhando por uma estrada já bem conhecida com seus personagens idiossincráticos, humor sofisticado mas, dessa vez, bastante hermético. Talvez seu filme mais espontaneamente apático. Deixei a sala do cinema com a estranha sensação de ter sonhado de olhos abertos e logo ter esquecido o enredo do sonho como sempre nos acontece. Direção de arte impecável, figurinos escandalosamente lindos e um luz estonteante, mas a sensação de sede e torpor em meio ao deserto foi o que ficou para mim como espectador. Só faltou o coiote perseguindo o papa-léguas para dar uma dose de emoção no deserto de Wes Anderson. "beep-beep!!"
Babilônia (2022), filme de Damien Chazelle pretende ser uma homenagem à sétima arte, mas parece mostrar o contrário. Chazelle cospe (e escatologia é o que não falta em Babilônia!), no prato que comeu ao pintar a gênese de Hollywood como um antro de gente insana atrás de fama e dinheiro! Por meio de uma edição frenética e nervosa ( por vários momentos achei que fosse um filme de Baz Luhrmann!), Chazelle mistura drama, melodrama, comédia, musical, suspense, noir, terror, romance com vários personagens que se perdem na história. O ingrediente que faltou no filme foi poesia e lirismo. Chazelle tenta dar esse retoque no final mas cai no pieguismo barato. Coincidência ou não, o filme começa com um motif (o elefante) presente no filme "Bom dia, Babilônia" (1987), dos irmãos Taviani e que também contava sobre os primórdios da meca Hollywoodiana, mas com loucura e poesia. Talvez o título "Sodoma e Gomorra" coubesse melhor no novo filme do Chazelle! 🎬⭐⭐
" Licorice Pizza" é um registro precioso de um tempo que todos (ou quase todos) gostariam ou queriam ter vivido: a cultura pop dos anos 70 com sua música e seus ícones, o cinema, a moda, o consumo, as estrelas do show bizz e as relações inocentes e românticas - e nem por isso conflituosas - dos amores juvenis. Paul Thomas Anderson mais uma vez nos captura para o seu olhar particular na atmosfera dos "seventies" em uma imersão quase lisérgica e mais prazerosa para o publico cinquentão (como eu). Filme belo e despretensioso com um "je ne sais quoi" de Nouvelle Vague . "Licorice Pizza" de Paul Thomas Anderson já pode ser considerado um cinema de autor. Bravo, bravíssimo!!
"Benedetta" é uma obra que denuncia a manipulação da fé, por meio do misticismo de um cristianismo religioso e institucional . Há uma simetria direta com os tempos atuais. A fé de um cristianismo pautado no medo, na culpa e nos interditos. A corrupção das instituições e das lideranças, a perseguição às minorias e a explosão de uma peste virulenta. Só acho que Paul Vernhoven perde a mão e o freio nos 30 minutos finais do filme, quando tenta dar solução pra tudo em pouco tempo. Fica atropelado e desinteressante. De qualquer forma, Vernhoven fez seu "O Nome da Rosa" lesbiano com requinte e sensualidade.
"Nomadland" não é um filme facilmente palatável. É amargo, frio, duro, seco e cortante mas paradoxalmente humanista, singelo e poético. É compensador acompanhar a jornada intimista e existencial de Fern em sua busca por respostas ao imenso vazio emocional . O documentário é a gênese do cinema e Chloé Zhao acerta de maneira magistral a mescla do registro real com o ficcional. O filme soa um tanto profético e assustador quando mostra um movimento anti-stablishment no mundo ocidental e de economia sistematicamente em colapso, e pode reverberar mais em tempos de (pós) pandemia. Não existiria outra atriz para interpretar a personagem. Frances McDormand nasceu pra esse papel! Oscar merecido! Fern é uma chama que aquece e traz esperança e voz aos nômades de hoje. Excelente!!!
"Sertânia" é uma obra-prima. Revela um pouco da mitologia do sertão nordestino, de um Brasil quase desconhecido, mas afortunado de poesia, música, gentes, dramas, histórias, vida e morte. Tão atual em suas representações que parece mostrar a síntese do Brasil de hoje. Com um rigor formal que me fez lembrar o cinema de Sergei Einsenstein, e a câmera na mão de Glauber Rocha, cada frame de "Sertânia" é uma profusão de poesia fílmica. Encantamento e maravilhamento definem o filme de Geraldo Sarno. Parabéns!!!
Que filme ruim! Roteiro ruim. Narrativa ruim. Elenco ruim. Argumento ruim! Não consigo entender como um projeto medíocre desses consegue apoio da Globo Filmes, Ancine e do Fundo do audiovisual. Como?? Sorte é que o título não traz a máxima inteira "Olho por olho, dente por dente" senão estaríamos perdidos!!! Não percam tempo!
Gosto do roteiro: um dia num studio de gravação nos anos 30 com Ma e uma Jazz Band, o espaço/ tempo do filme são bem delimitados, talvez para ser fiel à peça nos palcos; a personalidade forte e bruta de uma cantora negra num país racista como os EUA, e ela colocando os brancos debaixo dos seus pés com a sua bela e swingada voz. Gostei da estrutura quase operistica do filme, que poderia ter três atos, e o desfecho com a tragédia impulsionada pelo racismo entre os próprios negros. A marcação das falas é muito de ópera na minha opinião: aqueles diálogos com falas longas e pausas entre os atores. O monólogo do personagem Levee (Chadwik) é pungente. É muito arriscado fazer um filme inteiro num espaço tão delimitado, mas assim mesmo o filme decola alto mostrando que os conflitos e reflexões dos personagens são muito importantes pra hoje, nesses tempos cruéis em que ainda precisamos gritar : " Vidas negras importam!". Gostei da atuação da Viola Davis encarnando a extravagante cantora de blues. Será que a Ma verdadeira não era aquilo mesmo, beirando a caricatura? Não sei. Mas fiquei convencido com a interpretação da Viola que Má Rainey era uma mulher empoderada - usando a linguagem atual. É importante também notar o trágico personagem do Chadwik num dilema que é consequência e gatilho da tragédia do racismo. A metáfora da porta que não abre foi muito bem empregada. A direção de arte elegante, e um registro quase documental de como eram gravados os discos naquela época são adereços preciosos na produção. Enfim, o filme me pegou pela luta das vozes negras daquele período. Gostei realmente do filme. É um drama na verdade. Não chega a ser musical , né? Mas ainda assim, o pouco da música que a gente escuta é ótima! Muito bom!! E tenha ao lado uma Coca-Cola bem gelada quando assistir!
Finalmente consegui assistir a esse grande filme do genial Carlos Reichenbach! Um cinema social e humanista em essência! E não parece nem um pouco datado. Os conflitos e dilemas das professoras e comunidades permanecem , mas a única diferença é que estamos na era tecnológica. Betty Faria visceral nesse papel! Clarice Abujamra e Irene Stefania encarnaram verdadeiras professoras . A pausa para um respiro com o "week-end" teve a leveza de um Jacques Tati e um toque de Godard! Linda homenagem ao Luiz Sergio Person ( outro grande cineasta brasileiro) no final do filme ! Salve, Reichenbach!!!!
"1917" é um épico. Tem toda a roupagem de ganhador de Oscar, pela história, pela grande produção, o rigor técnico em todos os aspectos. Tem um não sei o quê de cinema de guerra russo pela crueza das imagens de trincheira. Sem querer fazer alusão mas já fazendo: "Vá e Veja" 1917 e "A História de um Soldado" belamente interpretado pelo ator George MacKay. Sam Mendes já tem sua "Arca Russa" no currículo!
"Dois Papas", de Fernando Meireles, é um filme revelador e emocionante! Desconstrói no melhor sentido a aura da santidade e reafirma que o mandamento maior é o Amor! Imperdível! ⭐⭐⭐⭐⭐
"AD ASTRA" tem como méritos um roteiro e uma direção inteligentes. A atuação de Brad Pitt é irretocável. Os planos que exploram a profundidade de campo e as cores remetem à imagética e estética visual de Kubrick na sua obra prima definitiva , mas isso não é demérito, apenas referencial de qualidade de cinema. Filosófico, existencial e talvez profético, James Gray provoca uma reflexão sobre o destino incerto e autodestrutivo do homem. Os closes constantes em Brad Pitt e os monólogos reforçam a ideia de que estamos sozinhos no universo. A narrativa e o ritmo como se estivéssemos em " gravidade zero" é um recurso desafiador para o espectador. Vale a pena ir até o final.
Um filme correto, humano, poético, honesto e com certa ousadia formal. Andre Ristum realizou um "Magnólia" à Paulista, sem direito a chuva de sapos , mas com uma bela lua de sangue! Quem nunca se viu naquelas Augustas esquinas e vivências alguma vez na vida?
Excelente! Almodóvar foi um tiro certeiro de amor, dor, arte, beleza, alegria, tristeza e tudo o mais , junto e misturado num cocktail maravilhoso como aquelas cores diluídas nas primeiras cenas do crédito! Nós bebemos aquelas cores que ele serviu lindamente! Viva, Pedro Almodóvar!!
Difícil não remeter e/ou fazer comparações com o ótimo"Louca Obsessão" (Misery) , de Rob Reiner, realizado em 1992. Polanski se arriscou em fazer uso de alguns elementos de "Misery" e não explorou bem nenhum deles. O thriller de Polanski não tem muito fôlego, logo também não tira o do espectador. Talvez se tivesse explorado mais a ambiguidade erótica das personagens femininas a trama teria uma pimenta pra dar sabor. Final previsível mesmo com a sempre ótima atuação de Emmanuelle Seigner e o erotismo elegante meio dominatrix de Eva Green. Polanski ainda nos deve um próximo grande filme! Aguardemos!
Um ótimo filme! Sensível, bem humorado e acima de tudo humano. Percebi uma pegada de Jim Jarmusch com seus personagens idiossincráticos e situações insólitas. O ator mirim é talentoso e tem uma performance marcante! Uma cena me lembrou "Les 400 coups", do Truffaut.
A onda das cinebiografias sobre as estrelas do showbiz é a nova aposta da indústria. Até aí tudo bem, mas o Rocketman deixou de mostrar alguns pontos importantes na carreira do biografado: O Oscar pela canção no "Rei Leão", da Disney, a atuação icônica no filme musical "Tommy", do Ken Russell e , principalmente, a canção "Skyline Pigeon" que é um hino! O final do filme foi tão tímido, inesperado, sem uma apoteose musical - o que combinaria mais com o "enfant terríble" e hoje, Sir Elton John. Eu esperava mais. Tive a impressão que o filme foi feito às pressas pra ser entregue logo pra consumo. Vida longa a Elton John!
Fassbinder assina um roteiro sensacional e envolvente. O argumento e as premissas filosóficas exiatencialistas deste sci-fi de Fassbinder é basicamente toda a ideia que o realizador Wachowski desenvolveu em seu "Matrix" (1999), só que este último vem com todas os efeitos visuais que eram permitidos na época e as coreografias em slowmotion dos atores. As referências são praticamente idênticas! Matrix deveria colocar nos créditos finais um agradecimento especial ao Fassbinder! Só acho!
Algumas considerações sobre As Boas Maneiras... Certamente é fácil apontar falhas e defeitos em um filme até porque a gente se sente meio injusto ao fazer isso dado ao fato de ter muito trabalho por trás da produção e finalização de um filme. Tudo bem que entendi e ficou claro uma (ou talvez a principal ) das mensagens do filme: a aceitação e tolerância com o diferente. Mas o grande problema do filme é o como contar essa mensagem de clamor pela luta em prol da diversidade. A lenda do lobisomem é uma alegoria contada em forma de fábula mas a direção abusa presunçosamente de várias linguagens ou gêneros para narrar . Essa forma híbrida narrativa causa estranhamento e não ajuda no andamento do filme. Começa como uma fábula, vai pelo drama pessoal, passa pelo erótico soft, adentra no fantástico, passeia na animação, adentra no musical (Cida Moreira, maravilhosa!!), descamba no terror visceral escatológico, e termina no melodrama. Vale ressaltar que o filme apresenta duas histórias e a sensação de que o roteiro perdeu o controle ladeira abaixo e dá a sensação de que o diretor não sabe como terminar o filme. O filme ficou difuso, com ideias e temas pulverizados e pouco abordados. Se a obra pretendia falar sobre racismo, sexualidade, diversidade, opressão entre classes ou terror ou tudo isso junto falhou na proposta. Um filme com (a)pêlos demais. Desculpem o trocadilho! Aaaaaaaaauuuuuuu...! 🐺🌕
"Unicórnio", de Eduardo Nunes nos traz a mais que merecida visibilidade da obra de Hilda Hilst. É um cinema filosófico e poético. Percebi vários elementos e lugares comuns com o filme "O Cavalo de Turim", do Béla Tarr. O poço, o isolamento, o pai e a filha, a casa, o mundo através da janela, a atmosfera de um ciclo interminável. Será apenas uma coincidência imagética? Um bom filme e tecnicamente bem realizado!
Este é um belíssimo trabalho do Selton Mello que, aliás, acho ele melhor como diretor do que como ator, mas é só uma opinião que não compromete meu olhar sobre o filme. Elenco ótimo, direção de arte impecável, fotografia deslumbrante e uma trilha sonora mais que perfeita só engrandecem o filme. "O Filme da Minha Vida" exala poesia em cada fotograma e lhe confere o status de um bom cinema brasileiro!
"Duas Garotas Românticas" (Les Demoiselles de Rochefort) é um dos mais belos musicais já feitos para o cinema. Jacques Demy tem um estilo muito próprio e parece ter reinventado o musical . Ele consegue imprimir lirismo por meio de uma alegria melancólica e quase triste - como fez também em "Os Guarda-chuvas do Amor". Sua incrível habilidade e talento em sustentar uma história de amor romântico entre tantos encontros e desencontros é uma façanha para poucos. Com números musicais memoráveis (embalados pela trilha sonora assinada por Michel Legrand) e coreografias belíssimas, Demy mais uma vez encanta o público com muita cor, luz, leveza, bom humor e "joie de vivre" com as carismáticas atuações de Catherine Deneuve e Françoise Dorleác, e a surpreendente participação especial de Gene Kelly. Lançado em 1967, a obra não envelheceu e , certamente, inspirou a recente produção norte-americana "La La Land". Um musical para ser visto e revisto!
Elis & Tom, Só Tinha de Ser com Você
3.9 28 Assista Agora"Elis & Tom, Só Tinha de Ser com Você" (2022/ Roberto de Oliveira), chegou em bom momento aos cinemas brasileiros!
Eu sou suspeito pra falar de Elis Regina. Sou fã de carteirinha, corpo e alma!!
Emocionante, o filme é uma descoberta até para os fãs mais ardorosos! Elis & Tom é um novelo de muitas histórias que não sabíamos e outras tantas que jamais saberemos. Acredito que também seja uma oportunidade para as gerações de hoje conhecerem e ouvirem Elis & Tom.
Um encontro único de deuses da música brasileira duelando com talento, voz, música e inspiração! Depoimentos vindos de vozes importantes ao redor do mundo só reforçam a singularidade da dupla. Se existe sentido e significado na expressão "uma conspiração do universo" , acredito que a criação do álbum Elis & Tom foi um desses casos de conspiração ou melhor dizendo : uma epifania musical para o mundo.
Com uma edição e roteiro maravilhosos, ver o documentário é como se emocionar ouvindo o próprio icônico album de 1974.
Tem uma frase atribuida ao produtor musical Nelson Motta que diz mais ou menos assim: " a cada nova cantora que surge no cenário musical brasileiro, Elis Regina continua cantando cada vez melhor!" É um pouco sobre isso e muito mais esse belo filme.
Na minha opinião, de longe, o melhor documentário do ano!!
Asteroid City
3.1 187 Assista AgoraWes Anderson trilhando por uma estrada já bem conhecida com seus personagens idiossincráticos, humor sofisticado mas, dessa vez, bastante hermético. Talvez seu filme mais espontaneamente apático. Deixei a sala do cinema com a estranha sensação de ter sonhado de olhos abertos e logo ter esquecido o enredo do sonho como sempre nos acontece. Direção de arte impecável, figurinos escandalosamente lindos e um luz estonteante, mas a sensação de sede e torpor em meio ao deserto foi o que ficou para mim como espectador. Só faltou o coiote perseguindo o papa-léguas para dar uma dose de emoção no deserto de Wes Anderson. "beep-beep!!"
Babilônia
3.6 332 Assista AgoraBabilônia (2022), filme de Damien Chazelle pretende ser uma homenagem à sétima arte, mas parece mostrar o contrário. Chazelle cospe (e escatologia é o que não falta em Babilônia!), no prato que comeu ao pintar a gênese de Hollywood como um antro de gente insana atrás de fama e dinheiro! Por meio de uma edição frenética e nervosa ( por vários momentos achei que fosse um filme de Baz Luhrmann!), Chazelle mistura drama, melodrama, comédia, musical, suspense, noir, terror, romance com vários personagens que se perdem na história. O ingrediente que faltou no filme foi poesia e lirismo. Chazelle tenta dar esse retoque no final mas cai no pieguismo barato. Coincidência ou não, o filme começa com um motif (o elefante) presente no filme "Bom dia, Babilônia" (1987), dos irmãos Taviani e que também contava sobre os primórdios da meca Hollywoodiana, mas com loucura e poesia.
Talvez o título "Sodoma e Gomorra" coubesse melhor no novo filme do Chazelle!
🎬⭐⭐
Licorice Pizza
3.5 597" Licorice Pizza" é um registro precioso de um tempo que todos (ou quase todos) gostariam ou queriam ter vivido: a cultura pop dos anos 70 com sua música e seus ícones, o cinema, a moda, o consumo, as estrelas do show bizz e as relações inocentes e românticas - e nem por isso conflituosas - dos amores juvenis. Paul Thomas Anderson mais uma vez nos captura para o seu olhar particular na atmosfera dos "seventies" em uma imersão quase lisérgica e mais prazerosa para o publico cinquentão (como eu). Filme belo e despretensioso com um "je ne sais quoi" de Nouvelle Vague . "Licorice Pizza" de Paul Thomas Anderson já pode ser considerado um cinema de autor. Bravo, bravíssimo!!
Benedetta
3.5 197 Assista Agora"Benedetta" é uma obra que denuncia a manipulação da fé, por meio do misticismo de um cristianismo religioso e institucional . Há uma simetria direta com os tempos atuais. A fé de um cristianismo pautado no medo, na culpa e nos interditos. A corrupção das instituições e das lideranças, a perseguição às minorias e a explosão de uma peste virulenta. Só acho que Paul Vernhoven perde a mão e o freio nos 30 minutos finais do filme, quando tenta dar solução pra tudo em pouco tempo. Fica atropelado e desinteressante. De qualquer forma, Vernhoven fez seu "O Nome da Rosa" lesbiano com requinte e sensualidade.
Nomadland
3.9 895 Assista Agora"Nomadland" não é um filme facilmente palatável. É amargo, frio, duro, seco e cortante mas paradoxalmente humanista, singelo e poético. É compensador acompanhar a jornada intimista e existencial de Fern em sua busca por respostas ao imenso vazio emocional . O documentário é a gênese do cinema e Chloé Zhao acerta de maneira magistral a mescla do registro real com o ficcional. O filme soa um tanto profético e assustador quando mostra um movimento anti-stablishment no mundo ocidental e de economia sistematicamente em colapso, e pode reverberar mais em tempos de (pós) pandemia. Não existiria outra atriz para interpretar a personagem. Frances McDormand nasceu pra esse papel! Oscar merecido! Fern é uma chama que aquece e traz esperança e voz aos nômades de hoje. Excelente!!!
O Último Jogo
2.1 4Meu Deeeusss!!! Que filme ruim!!! Um festival de afetações e clichês!!! Uma bola fora num pênalti perdido! O cinema nacional está indo de mal a pior!
Sertânia
3.8 27"Sertânia" é uma obra-prima. Revela um pouco da mitologia do sertão nordestino, de um Brasil quase desconhecido, mas afortunado de poesia, música, gentes, dramas, histórias, vida e morte. Tão atual em suas representações que parece mostrar a síntese do Brasil de hoje. Com um rigor formal que me fez lembrar o cinema de Sergei Einsenstein, e a câmera na mão de Glauber Rocha, cada frame de "Sertânia" é uma profusão de poesia fílmica. Encantamento e maravilhamento definem o filme de Geraldo Sarno. Parabéns!!!
Dente por Dente
2.2 24Que filme ruim! Roteiro ruim. Narrativa ruim. Elenco ruim. Argumento ruim! Não consigo entender como um projeto medíocre desses consegue apoio da Globo Filmes, Ancine e do Fundo do audiovisual. Como?? Sorte é que o título não traz a máxima inteira "Olho por olho, dente por dente" senão estaríamos perdidos!!! Não percam tempo!
A Voz Suprema do Blues
3.5 539 Assista AgoraGosto do roteiro: um dia num studio de gravação nos anos 30 com Ma e uma Jazz Band, o espaço/ tempo do filme são bem delimitados, talvez para ser fiel à peça nos palcos; a personalidade forte e bruta de uma cantora negra num país racista como os EUA, e ela colocando os brancos debaixo dos seus pés com a sua bela e swingada voz. Gostei da estrutura quase operistica do filme, que poderia ter três atos, e o desfecho com a tragédia impulsionada pelo racismo entre os próprios negros. A marcação das falas é muito de ópera na minha opinião: aqueles diálogos com falas longas e pausas entre os atores. O monólogo do personagem Levee (Chadwik) é pungente. É muito arriscado fazer um filme inteiro num espaço tão delimitado, mas assim mesmo o filme decola alto mostrando que os conflitos e reflexões dos personagens são muito importantes pra hoje, nesses tempos cruéis em que ainda precisamos gritar : " Vidas negras importam!". Gostei da atuação da Viola Davis encarnando a extravagante cantora de blues. Será que a Ma verdadeira não era aquilo mesmo, beirando a caricatura? Não sei. Mas fiquei convencido com a interpretação da Viola que Má Rainey era uma mulher empoderada - usando a linguagem atual. É importante também notar o trágico personagem do Chadwik num dilema que é consequência e gatilho da tragédia do racismo. A metáfora da porta que não abre foi muito bem empregada. A direção de arte elegante, e um registro quase documental de como eram gravados os discos naquela época são adereços preciosos na produção. Enfim, o filme me pegou pela luta das vozes negras daquele período. Gostei realmente do filme.
É um drama na verdade. Não chega a ser musical , né?
Mas ainda assim, o pouco da música que a gente escuta é ótima! Muito bom!! E tenha ao lado uma Coca-Cola bem gelada quando assistir!
Anjos do Arrabalde
3.8 34Finalmente consegui assistir a esse grande filme do genial Carlos Reichenbach! Um cinema social e humanista em essência! E não parece nem um pouco datado. Os conflitos e dilemas das professoras e comunidades permanecem , mas a única diferença é que estamos na era tecnológica. Betty Faria visceral nesse papel! Clarice Abujamra e Irene Stefania encarnaram verdadeiras professoras . A pausa para um respiro com o "week-end" teve a leveza de um Jacques Tati e um toque de Godard! Linda homenagem ao Luiz Sergio Person ( outro grande cineasta brasileiro) no final do filme ! Salve, Reichenbach!!!!
1917
4.2 1,8K Assista Agora"1917" é um épico. Tem toda a roupagem de ganhador de Oscar, pela história, pela grande produção, o rigor técnico em todos os aspectos.
Tem um não sei o quê de cinema de guerra russo pela crueza das imagens de trincheira. Sem querer fazer alusão mas já fazendo: "Vá e Veja" 1917 e "A História de um Soldado" belamente interpretado pelo ator George MacKay.
Sam Mendes já tem sua "Arca Russa" no currículo!
Dois Papas
4.1 963 Assista Agora"Dois Papas", de Fernando Meireles, é um filme revelador e emocionante!
Desconstrói no melhor sentido a aura da santidade e reafirma que o mandamento maior é o Amor!
Imperdível!
⭐⭐⭐⭐⭐
Ad Astra: Rumo às Estrelas
3.3 849 Assista Agora"AD ASTRA" tem como méritos um roteiro e uma direção inteligentes. A atuação de Brad Pitt é irretocável. Os planos que exploram a profundidade de campo e as cores remetem à imagética e estética visual de Kubrick na sua obra prima definitiva , mas isso não é demérito, apenas referencial de qualidade de cinema. Filosófico, existencial e talvez profético, James Gray provoca uma reflexão sobre o destino incerto e autodestrutivo do homem. Os closes constantes em Brad Pitt e os monólogos reforçam a ideia de que estamos sozinhos no universo. A narrativa e o ritmo como se estivéssemos em " gravidade zero" é um recurso desafiador para o espectador. Vale a pena ir até o final.
A Voz do Silêncio
3.2 26Um filme correto, humano, poético, honesto e com certa ousadia formal. Andre Ristum realizou um "Magnólia" à Paulista, sem direito a chuva de sapos , mas com uma bela lua de sangue! Quem nunca se viu naquelas Augustas esquinas e vivências alguma vez na vida?
Dor e Glória
4.2 619 Assista AgoraExcelente!
Almodóvar foi um tiro certeiro de amor, dor, arte, beleza, alegria, tristeza e tudo o mais , junto e misturado num cocktail maravilhoso como aquelas cores diluídas nas primeiras cenas do crédito!
Nós bebemos aquelas cores que ele serviu lindamente!
Viva, Pedro Almodóvar!!
Baseado em Fatos Reais
3.1 189 Assista AgoraDifícil não remeter e/ou fazer comparações com o ótimo"Louca Obsessão" (Misery) , de Rob Reiner, realizado em 1992. Polanski se arriscou em fazer uso de alguns elementos de "Misery" e não explorou bem nenhum deles. O thriller de Polanski não tem muito fôlego, logo também não tira o do espectador. Talvez se tivesse explorado mais a ambiguidade erótica das personagens femininas a trama teria uma pimenta pra dar sabor. Final previsível mesmo com a sempre ótima atuação de Emmanuelle Seigner e o erotismo elegante meio dominatrix de Eva Green. Polanski ainda nos deve um próximo grande filme! Aguardemos!
Os Dois Filhos de Joseph
3.2 12 Assista AgoraUm ótimo filme! Sensível, bem humorado e acima de tudo humano.
Percebi uma pegada de Jim Jarmusch com seus personagens idiossincráticos e situações insólitas. O ator mirim é talentoso e tem uma performance marcante! Uma cena me lembrou "Les 400 coups", do Truffaut.
Rocketman
4.0 922 Assista AgoraA onda das cinebiografias sobre as estrelas do showbiz é a nova aposta da indústria. Até aí tudo bem, mas o Rocketman deixou de mostrar alguns pontos importantes na carreira do biografado: O Oscar pela canção no "Rei Leão", da Disney, a atuação icônica no filme musical "Tommy", do Ken Russell e , principalmente, a canção "Skyline Pigeon" que é um hino! O final do filme foi tão tímido, inesperado, sem uma apoteose musical - o que combinaria mais com o "enfant terríble" e hoje, Sir Elton John. Eu esperava mais. Tive a impressão que o filme foi feito às pressas pra ser entregue logo pra consumo. Vida longa a Elton John!
O Mundo Por Um Fio
4.2 35Fassbinder assina um roteiro sensacional e envolvente. O argumento e as premissas filosóficas exiatencialistas deste sci-fi de Fassbinder é basicamente toda a ideia que o realizador Wachowski desenvolveu em seu "Matrix" (1999), só que este último vem com todas os efeitos visuais que eram permitidos na época e as coreografias em slowmotion dos atores. As referências são praticamente idênticas! Matrix deveria colocar nos créditos finais um agradecimento especial ao Fassbinder! Só acho!
As Boas Maneiras
3.5 647 Assista AgoraAlgumas considerações sobre As Boas Maneiras...
Certamente é fácil apontar falhas e defeitos em um filme até porque a gente se sente meio injusto ao fazer isso dado ao fato de ter muito trabalho por trás da produção e finalização de um filme.
Tudo bem que entendi e ficou claro uma (ou talvez a principal ) das mensagens do filme: a aceitação e tolerância com o diferente. Mas o grande problema do filme é o como contar essa mensagem de clamor pela luta em prol da diversidade. A lenda do lobisomem é uma alegoria contada em forma de fábula mas a direção abusa presunçosamente de várias linguagens ou gêneros para narrar . Essa forma híbrida narrativa causa estranhamento e não ajuda no andamento do filme. Começa como uma fábula, vai pelo drama pessoal, passa pelo erótico soft, adentra no fantástico, passeia na animação, adentra no musical (Cida Moreira, maravilhosa!!), descamba no terror visceral escatológico, e termina no melodrama. Vale ressaltar que o filme apresenta duas histórias e a sensação de que o roteiro perdeu o controle ladeira abaixo e dá a sensação de que o diretor não sabe como terminar o filme.
O filme ficou difuso, com ideias e temas pulverizados e pouco abordados. Se a obra pretendia falar sobre racismo, sexualidade, diversidade, opressão entre classes ou terror ou tudo isso junto falhou na proposta. Um filme com (a)pêlos demais. Desculpem o trocadilho!
Aaaaaaaaauuuuuuu...!
🐺🌕
Unicórnio
3.0 50"Unicórnio", de Eduardo Nunes nos traz a mais que merecida visibilidade da obra de Hilda Hilst. É um cinema filosófico e poético. Percebi vários elementos e lugares comuns com o filme "O Cavalo de Turim", do Béla Tarr. O poço, o isolamento, o pai e a filha, a casa, o mundo através da janela, a atmosfera de um ciclo interminável. Será apenas uma coincidência imagética? Um bom filme e tecnicamente bem realizado!
O Filme da Minha Vida
3.6 500 Assista AgoraEste é um belíssimo trabalho do Selton Mello que, aliás, acho ele melhor como diretor do que como ator, mas é só uma opinião que não compromete meu olhar sobre o filme. Elenco ótimo, direção de arte impecável, fotografia deslumbrante e uma trilha sonora mais que perfeita só engrandecem o filme. "O Filme da Minha Vida" exala poesia em cada fotograma e lhe confere o status de um bom cinema brasileiro!
Duas Garotas Românticas
4.1 64 Assista Agora"Duas Garotas Românticas" (Les Demoiselles de Rochefort) é um dos mais belos musicais já feitos para o cinema. Jacques Demy tem um estilo muito próprio e parece ter reinventado o musical . Ele consegue imprimir lirismo por meio de uma alegria melancólica e quase triste - como fez também em "Os Guarda-chuvas do Amor". Sua incrível habilidade e talento em sustentar uma história de amor romântico entre tantos encontros e desencontros é uma façanha para poucos. Com números musicais memoráveis (embalados pela trilha sonora assinada por Michel Legrand) e coreografias belíssimas, Demy mais uma vez encanta o público com muita cor, luz, leveza, bom humor e "joie de vivre" com as carismáticas atuações de Catherine Deneuve e Françoise Dorleác, e a surpreendente participação especial de Gene Kelly. Lançado em 1967, a obra não envelheceu e , certamente, inspirou a recente produção norte-americana "La La Land".
Um musical para ser visto e revisto!