Dentro de nós existe um combustível que, a depender da fagulha, pode gerar um incêndio devastador. Prestes a encerrar o expediente, um restaurante de classe média é invadido por dois assaltantes que rendem os presentes, no entanto, um evento inesperado transforma a situação, que já era difícil, em um verdadeiro horror. O longa de estreia da diretora Gabriela Almeida (responsável pelo maravilhoso curta “A mão que afaga”) demonstra que ela tem muito conhecimento técnico sobre o terror/horror. O filme já começa com um clima tenso, mesmo não tendo acontecido o evento de ruptura. Desenvolvido em apenas uma locação, o longa cria um ambiente extremamente claustrofóbico e quente. A fotografia e as cores também contribuem para a atmosfera de terror. A trilha sonora é sufocante e, em alguns momentos, causa certo incômodo. O elenco está muito bem, com destaque para Irandhir Santos e Luciana Paes. A atriz é uma verdadeira força da natureza! Sua personagem é extremamente complexa e ela consegue transmitir com maestria todas as suas sinuosidades. O filme aborda muitos assuntos relevantes de forma sutil, podendo passar despercebidos por olhares menos atentos. Todos nós somos animais cordiais, cheios de máscaras e apegos sociais, no entanto, em situações limites, a cordialidade pode dar espaço ao animal que habita em nós, instaurando-se o caos. Minha única crítica é em relação a uma resolução do filme, que ocorre de forma seca e inexplicável, devendo o espectador ligar totalmente a suspensão da descrença para embarcar na proposta. No mais, é um filme muito bom, e demonstra que foi feito por alguém que realmente entende do assunto. Filme brasileiro de gênero dirigido por uma mulher, já é para ser aplaudido; e por obter um resultado satisfatório, merece ser aplaudido de pé!
PS: Assista ao filme com legenda, pois serve como apoio para momentos em que o áudio está mais baixo.
Durante a quarentena, um grupo de amigos decide fazer uma sessão espírita pelo aplicativo Zoom. Os participantes não seguem as orientações dadas pela médium e coisas estranhas acontecem. Para quem gosta de terror, vale a pena assistir! É um filme curto, direto, tenso, criativo (apesar do baixo orçamento e de ter sido filmado na quarentena), efetivo naquilo que se propõe e está disponível na Netflix. Minha única decepção foi em relação a uma decisão do roteiro. Eu estava imersa na atmosfera criada pelo filme, toda arrepiada, super tensa, quando, de repente,
Acabou a minha imersão, os pelinhos voltaram para o lugar e a tensão foi interrompida. Em alguns filmes de terror, o impacto do que não é mostrado pode ser mais eficaz do que aquilo que é escancarado em tela. Mas, ainda assim, é um bom filme! E a lição que fica é: não brinque com aquilo que você não conhece.
O que você seria capaz de fazer por amor? Red e Mandy vivem em uma casa isolada na mata, mas, com a chegada de integrantes de uma seita religiosa, a vida do casal é completamente alterada, levando Red a uma busca incansável por vingança. Acho que nem todo mundo gostará do filme, pois ele foge do convencional. No início, é contemplativo e lento, no entanto, do meio para o fim, ganha um ritmo alucinante, que só é quebrado por alguns alívios cômicos e pela inserção pontual de animações. O diretor faz diversas homenagens aos filmes de terror dos anos 70 e 80: o plano aéreo de "O Iluminado"; as cores vibrantes de "Suspiria"; a roupa de um dos motoqueiros que lembra o visual do Pinhead de "Hellraiser"; o Crystal Lake de "Sexta-Feira 13" e o duelo de motosserras de "O massacre da serra elétrica". Acredito que haja outras referências, mas foram essas que eu consegui identificar. Para quem é fã de filmes de terror, é muito interessante notar esses elementos. A trilha sonora oitentista, repleta de sintetizadores, remete à época em que o longa é ambientado. Para mascarar o baixo orçamento, o diretor usa as luzes e a escuridão a seu favor.
A cena em que há a mistura do rosto da Mandy e do Jeremiah é muito bem feita. Eu estava tão imersa naquela atmosfera que fiquei me questionando se essa sobreposição estava mesmo ocorrendo ou se era a minha miopia me traindo.
Vingança, azul, vermelho, roxo, rock, seita religiosa extremista, sintetizadores e muito gore são alguns dos elementos que compõem essa psicodélica viagem cinematográfica. Eu não sei dizer o que eu seria capaz de fazer por amor, mas Red foi ao inferno e voltou. Se, na vida real, “a vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena”, em filmes ela é bastante satisfatória!
E se, de repente, no ano de 2016, no Brasil, um político que, antes era tido como inofensivo, e, por isso, não era levado a sério, despertasse em Brasília e começasse a instigar a população proferindo discursos autoritários, repletos de ódio, chegando ao absurdo de homenagear um coronel que foi considerado um torturador da ditadura militar brasileira? Ele seria rechaçado ou tratado como um “mito”? Ainda bem que não temos que nos preocupar com isso, pois se trata apenas de um exercício mental, afinal, nós já passamos pelas dores da ditadura militar e aprendemos a rejeitar esse discurso autoritário e de ódio! Com certeza o Brasil não seria solo fértil para alguém assim! Após esse exercício de pensamento, que nada se assemelha à realidade, vamos ao que interessa. A falta de expectativa é uma bênção! Vi esse filme sem esperar nada e tive uma grata surpresa! A premissa é até simples: como seria se Hitler despertasse no ano de 2014 no mesmo lugar em que estava localizado o seu bunker? Será que ele teria seguidores? Como seria a vida dele neste mundo "completamente diferente"? Partindo desses pontos, o filme vai se desenvolvendo, alternando momentos sérios e momentos cômicos (mas é um humor que te incomoda, um humor que te faz rir de nervoso diante de situações tão bizarras). O ator que interpretou Hitler atuou de forma primorosa! Ele parecia realmente a reencarnação de Hitler! A aparência, os gestos, os trejeitos e o jeito de falar, tudo ficou muito parecido (afinal, temos registros históricos que podem comprovar isso). Tenho a impressão de que foi a melhor interpretação de Hitler já feita. Acho que todos, principalmente aqueles que defendem políticos com discursos autoritários, deveriam assistir a esse filme! Eu me surpreendi muito, especialmente com o final... QUE FINAL! Aquele diálogo em que os personagens estão na parte superior do prédio é um verdadeiro tapa na cara da sociedade. O que também me chamou a atenção foi mostrar que, mesmo se Hitler voltasse em outra época, ele conseguiria, mais uma vez, encontrar “inimigos” que devem ser combatidos, o que demonstra como a História é um ciclo que se repete de tempos em tempos. Tem uma frase muito boa de Nietzsche que diz mais ou menos assim: "Quem combate monstruosidades deve cuidar para que não se torne um monstro. E, se você olhar longamente para um abismo, o abismo também olha para dentro de você”. Quando ficamos insatisfeitos com nossos governantes (o que é legítimo) devemos tomar cuidado para não eleger aqueles que estão dentro do abismo, apenas esperando que nós olhemos para eles. Se nós votamos em monstros, nós também somos monstros... não adianta depois colocar a culpa apenas naquele que levantou a espada, afinal, se ele a levantou, foi com a nossa autorização. Temos que pensar nisso urgentemente, pois ele já está de volta e muitos nem se deram conta disso...
A primeira ressalva que eu faço àqueles que pretendem assistir a esse filme é que não esperem um terror no formato hollywoodiano. O terror presente no filme é mais psicológico. Eu quero abordar algumas dúvidas que li nos comentários. Friso que esta é a minha interpretação, até por ser um filme aberto em alguns pontos, portanto, o que vou dizer não são verdades absolutas, mas o que eu enxerguei a respeito do filme. Pode conter spoilers nos tópicos, portanto, sugiro que leiam apenas depois de ter assistido ao filme.
- Da obviedade do “mistério” inicial: Acho que não era a intenção dos diretores esconder de nós a morte de Lukas. Pelo contrário, desde a primeira interação dos filhos com a mãe já é possível perceber que só um filho está realmente ali (ela usa os verbos no singular). - Da morte de Lukas: Confesso que, não tinha reparado bem na cena do lago. Desde a primeira cena com a mãe eu percebi que era só um filho, mas eu fiquei muito curiosa para saber como o outro filho havia morrido. Eu criei diversas teorias que, no final, não se concretizaram, mas isso não deixou o filme ruim. Quando li que Lukas tinha morrido afogado, revi a cena do lago e percebi que tinha passado batido pela causa da morte. - É ou não a mãe: Para mim sim, aquela é a mãe deles. Ela passou por muitos traumas recentes, o que fez com que sua personalidade tivesse certa mudança (o que é totalmente compreensível). O fato de ela não se lembrar da música favorita do filho é algo muito pequeno para embasar a teoria de quem defende que não era a mãe. A cena da floresta não passa de um sonho, ou melhor, pesadelo de Elias. - O gato: Vi muita gente questionando a respeito do gato, o motivo que levou a mãe a matá-lo. Entretanto, hora nenhuma fica claro que foi a mãe que o matou. Para mim, o gato já não estava muito saudável quando ele foi levado para casa, o que é reforçado por ele estar muito quietinho quando os meninos o encontram em meio àquela ossada. Ele pode muito bem ter piorado e morrido ou, até mesmo, indo mais longe no sadismo de Elias, ele mesmo ter matado o bichinho para ter um motivo para se voltar, definitivamente, contra a mãe. - Por que a mãe finge estar dormindo: Em determinado momento, me parece que ela não quer tanto contato com Elias. Acho até que ela demora a tirar as faixas do rosto de propósito, justamente para ter uma desculpa para o seu afastamento (tem uma cena em que ela está sem as faixas, mas, ao perceber a aproximação de Elias, ela as coloca de forma apressada). Talvez ela tenha medo do filho, afinal, ela sabe que ele ainda tem interações com o irmão morto, o que demonstra algum transtorno psicológico por parte do menino. Por ela não querer entrar no “jogo” dele, talvez ela tenha medo de algum tipo de represália. - Sobre um possível primeiro incêndio: Li em alguns comentários sobre um possível primeiro incêndio. Confesso que, não vi qualquer indício a respeito deste fato. Vi também algumas pessoas comentando que ela fez plástica por conta desse primeiro incêndio. Eu não sou médica, mas tenho a impressão de que a cirurgia plástica reparadora difere da cirurgia plástica estética. Acho que os diretores são muito detalhistas e não deixariam este fato passar em branco. Fora que, ela iria queimar somente o rosto no incêndio? Geralmente, colocamos o braço para nos proteger de situações de perigo, portanto, acho que ela teria queimado também o braço. Acho que a teoria de uma cirurgia meramente estética é mais plausível, visto que se trata de uma apresentadora de TV. - As pizzas: Quem encomendou tanta pizza? Este é o ponto que mais tive dúvida. Pensei em duas possibilidades: (1) Elias, pois talvez seu plano inicial, era manter a mãe em uma espécie de cativeiro até que ela aceitasse a ideia de interagir com o irmão morto. Como ele não sabia por quanto tempo essa situação iria perdurar, achou melhor se prevenir, até porque, seria o sonho de qualquer criança comer pizza todos os dias (o que me intriga é como ele teria dinheiro para tanta pizza); (2) a mãe, pois, querendo ou não, eles vivem em um lugar isolado e, é sempre bom ter um freezer cheio (o que me afasta um pouco dessa possibilidade é que a mãe me parece uma mulher vaidosa e preocupada com a aparência, portanto, acho que ela não iria querer se alimentar de pizza por tanto tempo). - Da falta de impacto no final: Nossa, se uma criança com tamanho sadismo contra a mãe não é impactante, então, não sei o que pode ser! Para mim, teve muito impacto ver essa real personalidade de Elias, afinal, até então, você vê o filme sob o ponto vista dele e acha que a mãe é a vilã da história. Mas, a partir dali, você começa a ver a história sob o ponto de vista da mãe, e percebe o quanto Elias ficou perturbado com a morte do irmão. Como a mãe não entra no seu “jogo”, ele se volta contra ela. - Da cena final: Na cena final, no canto esquerdo, percebe-se uma mulher passando pelos bombeiros sem ser notada. Depois, vemos os meninos andando no milharal. Após, mãe e filhos aparecem abraçados, como uma família feliz. A cena é bem irônica e incômoda, pois, depois de uma tragédia, aparece uma cena feliz, como se nada tivesse acontecido e a música reforça ainda mais o desconforto sobre tudo o que estamos vendo. Acho que é a parte mais aberta a interpretações. Vi algumas pessoas interpretando de uma forma mais sobrenatural, de que todos morreram e aqueles eram os seus espíritos. No entanto, eu não interpretei assim. Não fica claro que Elias morreu no incêndio. Para mim, ele não morreu e, aquela reunião feliz, não passa de mais um devaneio da sua cabeça (se repararmos bem, percebemos que um dos meninos estampa um sorriso muito largo, enquanto a mãe e o outro irmão sorriem de maneira mais discreta). Mais uma vez, ele se nega a encarar a realidade. Como não havia qualquer elemento sobrenatural antes, acredito que os diretores não iriam optar por esse recurso no final.
Bem, esses são os pontos que eu queria destacar. No mais, o filme tem uma fotografia impecável e o ritmo mais lento, por mais que desagrade muitos, é condizente com a história e serve para nos fazer entrar naquela atmosfera e ter a sensação de que, a qualquer momento, alguma tragédia acontecerá. Além disso, nos faz pensar em questões importantes, dentre elas, a maternidade. Ele não é tão simplista como muitos disseram em seus comentários. Muito bom ver que estamos diante de uma nova leva de filmes criativos de suspense e terror.
Este filme cai como uma luva para o atual momento que vivemos, afinal, quando ele lista os elementos necessários para o surgimento de uma autocracia, percebe-se que eles estão presentes no Brasil.
Acredito que os governos autoritários passem por, no mínimo, quatro fases: (1) Em um primeiro momento, tudo parece maravilhoso. Aquele líder carismático e demagogo representa a solução de todos os problemas. Todas as esperanças são depositadas nele, sendo que, ele é visto como um salvador. A situação da população tem uma melhoria momentânea, as pessoas ficam mais felizes, disciplinadas, ativas, e, com o tempo, sem se dar conta, estão fazendo tudo o que o seu líder determina. (2) Em um segundo momento, surgem alguns conflitos. Algumas pessoas ficam insatisfeitas e tentam mostrar que aquele modelo de governo não é tão bom assim, pois retira a individualidade de cada um, transformando-os em uma massa única, com os mesmos desejos e anseios. Temos aqui os primeiros atos de violência para conter os insatisfeitos. (3) Em um terceiro momento, tudo degringola de vez. Os atos de violência contra os insatisfeitos se intensificam. Quem pensa diferente é visto como inimigo e deve ser aniquilado para o bem da manutenção do governo. Junto com o aumento da violência, temos também a ineficácia deste modelo. Aquilo que ele veio combater (inflação, corrupção, desemprego, insatisfação com os políticos, violência) acaba se intensificando. (4) Em um quarto e último momento, temos a queda. A situação se torna insustentável e, geralmente, surge alguém de fora para exterminar este governo autoritário. Algumas pessoas se sentem aliviadas com o fim do autoritarismo, enquanto outras, não aguentam ver o seu fim.
Nós temos todas essas fases no filme, lógico, em proporções menores, afinal, o universo em que ele se passa é um sala de aula. Este filme serve de alerta, afinal, de tempos em tempos, surgem líderes com propósitos autoritários. Nós, com equilíbrio, devemos nos posicionar contra esse tipo de governo. Não adianta acreditar que virá um "salvador". Não adianta achar que o mal se concentra em apenas uma pessoa ou partido político. Não adianta crer que o bem se concentra em apenas um político ou juiz. Solução mágica não existe. Um bom governo é construído com o tempo. O que podemos fazer, é não aceitar discursos autoritários, extremistas, excludentes, inconstitucionais e preconceituosos. Acho que este é um bom começo.
Quando eu estava no ensino fundamental, os professores tinham o hábito de exibir filmes e documentários durante a aula de história. Ao longo dos anos, vários temas foram abordados, dentre eles, a ditadura militar. Eu me sentia imensamente triste quando os filmes retratavam o período da ditadura. Ontem, assistindo a esse documentário, senti a mesma tristeza, com a diferença de que, na época do ensino fundamental, eu tinha a impressão de que a ditadura militar fazia parte do passado e que ela jamais voltaria, atualmente, eu já não tenho mais essa certeza...
Após aquela dúvida cruel que surge todas as vezes que vamos escolher um filme para assistir na Netflix, acabei optando por “Uma noite de crime”. Ele estava na minha lista, era um filme curto e tinha uma sinopse interessante, portanto, decidi assisti-lo. Confesso que não me arrependi! Erros estão presentes em todos os filmes, afinal, é muito difícil (quase impossível) fazer um filme perfeito, portanto, os possíveis erros que este filme apresenta hora nenhuma prejudicou a tensão e imersão que ele me trouxe. No decorrer do filme eu estava, assim como os personagens, torcendo para que aquela noite horrível acabasse. As pessoas costumam ser muito rigorosas em suas críticas a filmes de terror/suspense. Para mim, este filme cumpriu o seu papel como filme de suspense, além de ter feito uma crítica social maravilhosa. Eu prefiro um filme que me faça ficar tensa a um filme que me passe alguns sustos. Vi muitas pessoas dizendo que o Charlie é um idiota, entretanto, esta opinião diz mais sobre nós do que sobre o personagem. Ele foi extremamente humano naquele momento e sentiu compaixão por alguém que estava em estado de necessidade. Quantas vezes nós vemos alguém em perigo e, simplesmente, ignoramos? Charlie não ignorou e isso não o transforma em um idiota, mas sim, em alguém melhor do que nós. Eu sei que ele é uma criança e, por isso, ainda apresenta tanta empatia e humanidade, algo que, com o tempo, muitos de nós perdemos. Mas, mesmo assim, acho muito complicado criticar a atitude dele ou mesmo a atitude da mãe dele (quando percebe que estão agindo de forma errada). Achei que o final foi bem emblemático, mostrando que, mesmo que você passe por situações ruins, não necessariamente você se tornará uma pessoa ruim. Por fim, o mais triste disso tudo é constatar que nós vivemos 365 dias de crime, ao contrário dos personagens, que só vivem uma noite de crime por ano.
Não acredito que demorei quase 20 anos para encontrar esse filme maravilhoso! Conforme ressaltado nos comentários anteriores, as atuações são ótimas, principalmente a do Edward Norton! Mesmo tendo mais de duas horas de duração, não se torna cansativo, pois, você fica ansioso para saber o que vai acontecer no final. Para quem atua na área do Direito, o filme traz ainda mais identificação, afinal, a todo momento você tem que lidar com incertezas, já que reconstituir um crime depende de quem está envolvido nele, sendo impossível atingir a verdade real (aquilo que realmente aconteceu), mas sim a verdade que surge do processo, e o filme mostra muito bem isso. O filme ainda é marcado por boas frases, mas, uma que me chamou a atenção é falada pelo Martin (Richard Gere). Não guardei a frase de forma literal, mas a ideia é que, mesmo as pessoas boas podem praticar atos muito ruins. Por mais que nós tenhamos a tendência em acreditar na bondade do ser humano, essa frase (infelizmente) é muito real... e isso dá medo.
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Cordeiro
3.3 553 Assista Agora"White Phillip, White Phillip..."
O Animal Cordial
3.4 616 Assista AgoraDentro de nós existe um combustível que, a depender da fagulha, pode gerar um incêndio devastador.
Prestes a encerrar o expediente, um restaurante de classe média é invadido por dois assaltantes que rendem os presentes, no entanto, um evento inesperado transforma a situação, que já era difícil, em um verdadeiro horror.
O longa de estreia da diretora Gabriela Almeida (responsável pelo maravilhoso curta “A mão que afaga”) demonstra que ela tem muito conhecimento técnico sobre o terror/horror.
O filme já começa com um clima tenso, mesmo não tendo acontecido o evento de ruptura.
Desenvolvido em apenas uma locação, o longa cria um ambiente extremamente claustrofóbico e quente.
A fotografia e as cores também contribuem para a atmosfera de terror.
A trilha sonora é sufocante e, em alguns momentos, causa certo incômodo.
O elenco está muito bem, com destaque para Irandhir Santos e Luciana Paes. A atriz é uma verdadeira força da natureza! Sua personagem é extremamente complexa e ela consegue transmitir com maestria todas as suas sinuosidades.
O filme aborda muitos assuntos relevantes de forma sutil, podendo passar despercebidos por olhares menos atentos. Todos nós somos animais cordiais, cheios de máscaras e apegos sociais, no entanto, em situações limites, a cordialidade pode dar espaço ao animal que habita em nós, instaurando-se o caos.
Minha única crítica é em relação a uma resolução do filme, que ocorre de forma seca e inexplicável, devendo o espectador ligar totalmente a suspensão da descrença para embarcar na proposta.
No mais, é um filme muito bom, e demonstra que foi feito por alguém que realmente entende do assunto.
Filme brasileiro de gênero dirigido por uma mulher, já é para ser aplaudido; e por obter um resultado satisfatório, merece ser aplaudido de pé!
PS: Assista ao filme com legenda, pois serve como apoio para momentos em que o áudio está mais baixo.
Cuidado Com Quem Chama
3.4 630Durante a quarentena, um grupo de amigos decide fazer uma sessão espírita pelo aplicativo Zoom. Os participantes não seguem as orientações dadas pela médium e coisas estranhas acontecem.
Para quem gosta de terror, vale a pena assistir! É um filme curto, direto, tenso, criativo (apesar do baixo orçamento e de ter sido filmado na quarentena), efetivo naquilo que se propõe e está disponível na Netflix. Minha única decepção foi em relação a uma decisão do roteiro. Eu estava imersa na atmosfera criada pelo filme, toda arrepiada, super tensa, quando, de repente,
aparece o "espírito".
Acabou a minha imersão, os pelinhos voltaram para o lugar e a tensão foi interrompida. Em alguns filmes de terror, o impacto do que não é mostrado pode ser mais eficaz do que aquilo que é escancarado em tela. Mas, ainda assim, é um bom filme!
E a lição que fica é: não brinque com aquilo que você não conhece.
Mandy: Sede de Vingança
3.3 536 Assista AgoraO que você seria capaz de fazer por amor?
Red e Mandy vivem em uma casa isolada na mata, mas, com a chegada de integrantes de uma seita religiosa, a vida do casal é completamente alterada, levando Red a uma busca incansável por vingança.
Acho que nem todo mundo gostará do filme, pois ele foge do convencional. No início, é contemplativo e lento, no entanto, do meio para o fim, ganha um ritmo alucinante, que só é quebrado por alguns alívios cômicos e pela inserção pontual de animações.
O diretor faz diversas homenagens aos filmes de terror dos anos 70 e 80: o plano aéreo de "O Iluminado"; as cores vibrantes de "Suspiria"; a roupa de um dos motoqueiros que lembra o visual do Pinhead de "Hellraiser"; o Crystal Lake de "Sexta-Feira 13" e o duelo de motosserras de "O massacre da serra elétrica". Acredito que haja outras referências, mas foram essas que eu consegui identificar. Para quem é fã de filmes de terror, é muito interessante notar esses elementos.
A trilha sonora oitentista, repleta de sintetizadores, remete à época em que o longa é ambientado.
Para mascarar o baixo orçamento, o diretor usa as luzes e a escuridão a seu favor.
A cena em que há a mistura do rosto da Mandy e do Jeremiah é muito bem feita. Eu estava tão imersa naquela atmosfera que fiquei me questionando se essa sobreposição estava mesmo ocorrendo ou se era a minha miopia me traindo.
Vingança, azul, vermelho, roxo, rock, seita religiosa extremista, sintetizadores e muito gore são alguns dos elementos que compõem essa psicodélica viagem cinematográfica.
Eu não sei dizer o que eu seria capaz de fazer por amor, mas Red foi ao inferno e voltou.
Se, na vida real, “a vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena”, em filmes ela é bastante satisfatória!
Ele Está de Volta
3.8 680E se, de repente, no ano de 2016, no Brasil, um político que, antes era tido como inofensivo, e, por isso, não era levado a sério, despertasse em Brasília e começasse a instigar a população proferindo discursos autoritários, repletos de ódio, chegando ao absurdo de homenagear um coronel que foi considerado um torturador da ditadura militar brasileira? Ele seria rechaçado ou tratado como um “mito”? Ainda bem que não temos que nos preocupar com isso, pois se trata apenas de um exercício mental, afinal, nós já passamos pelas dores da ditadura militar e aprendemos a rejeitar esse discurso autoritário e de ódio! Com certeza o Brasil não seria solo fértil para alguém assim!
Após esse exercício de pensamento, que nada se assemelha à realidade, vamos ao que interessa.
A falta de expectativa é uma bênção! Vi esse filme sem esperar nada e tive uma grata surpresa!
A premissa é até simples: como seria se Hitler despertasse no ano de 2014 no mesmo lugar em que estava localizado o seu bunker? Será que ele teria seguidores? Como seria a vida dele neste mundo "completamente diferente"?
Partindo desses pontos, o filme vai se desenvolvendo, alternando momentos sérios e momentos cômicos (mas é um humor que te incomoda, um humor que te faz rir de nervoso diante de situações tão bizarras).
O ator que interpretou Hitler atuou de forma primorosa! Ele parecia realmente a reencarnação de Hitler! A aparência, os gestos, os trejeitos e o jeito de falar, tudo ficou muito parecido (afinal, temos registros históricos que podem comprovar isso). Tenho a impressão de que foi a melhor interpretação de Hitler já feita.
Acho que todos, principalmente aqueles que defendem políticos com discursos autoritários, deveriam assistir a esse filme! Eu me surpreendi muito, especialmente com o final... QUE FINAL! Aquele diálogo em que os personagens estão na parte superior do prédio é um verdadeiro tapa na cara da sociedade.
O que também me chamou a atenção foi mostrar que, mesmo se Hitler voltasse em outra época, ele conseguiria, mais uma vez, encontrar “inimigos” que devem ser combatidos, o que demonstra como a História é um ciclo que se repete de tempos em tempos.
Tem uma frase muito boa de Nietzsche que diz mais ou menos assim: "Quem combate monstruosidades deve cuidar para que não se torne um monstro. E, se você olhar longamente para um abismo, o abismo também olha para dentro de você”. Quando ficamos insatisfeitos com nossos governantes (o que é legítimo) devemos tomar cuidado para não eleger aqueles que estão dentro do abismo, apenas esperando que nós olhemos para eles. Se nós votamos em monstros, nós também somos monstros... não adianta depois colocar a culpa apenas naquele que levantou a espada, afinal, se ele a levantou, foi com a nossa autorização.
Temos que pensar nisso urgentemente, pois ele já está de volta e muitos nem se deram conta disso...
Boa Noite, Mamãe
3.5 1,5K Assista AgoraA primeira ressalva que eu faço àqueles que pretendem assistir a esse filme é que não esperem um terror no formato hollywoodiano. O terror presente no filme é mais psicológico. Eu quero abordar algumas dúvidas que li nos comentários. Friso que esta é a minha interpretação, até por ser um filme aberto em alguns pontos, portanto, o que vou dizer não são verdades absolutas, mas o que eu enxerguei a respeito do filme. Pode conter spoilers nos tópicos, portanto, sugiro que leiam apenas depois de ter assistido ao filme.
- Da obviedade do “mistério” inicial: Acho que não era a intenção dos diretores esconder de nós a morte de Lukas. Pelo contrário, desde a primeira interação dos filhos com a mãe já é possível perceber que só um filho está realmente ali (ela usa os verbos no singular).
- Da morte de Lukas: Confesso que, não tinha reparado bem na cena do lago. Desde a primeira cena com a mãe eu percebi que era só um filho, mas eu fiquei muito curiosa para saber como o outro filho havia morrido. Eu criei diversas teorias que, no final, não se concretizaram, mas isso não deixou o filme ruim. Quando li que Lukas tinha morrido afogado, revi a cena do lago e percebi que tinha passado batido pela causa da morte.
- É ou não a mãe: Para mim sim, aquela é a mãe deles. Ela passou por muitos traumas recentes, o que fez com que sua personalidade tivesse certa mudança (o que é totalmente compreensível). O fato de ela não se lembrar da música favorita do filho é algo muito pequeno para embasar a teoria de quem defende que não era a mãe. A cena da floresta não passa de um sonho, ou melhor, pesadelo de Elias.
- O gato: Vi muita gente questionando a respeito do gato, o motivo que levou a mãe a matá-lo. Entretanto, hora nenhuma fica claro que foi a mãe que o matou. Para mim, o gato já não estava muito saudável quando ele foi levado para casa, o que é reforçado por ele estar muito quietinho quando os meninos o encontram em meio àquela ossada. Ele pode muito bem ter piorado e morrido ou, até mesmo, indo mais longe no sadismo de Elias, ele mesmo ter matado o bichinho para ter um motivo para se voltar, definitivamente, contra a mãe.
- Por que a mãe finge estar dormindo: Em determinado momento, me parece que ela não quer tanto contato com Elias. Acho até que ela demora a tirar as faixas do rosto de propósito, justamente para ter uma desculpa para o seu afastamento (tem uma cena em que ela está sem as faixas, mas, ao perceber a aproximação de Elias, ela as coloca de forma apressada). Talvez ela tenha medo do filho, afinal, ela sabe que ele ainda tem interações com o irmão morto, o que demonstra algum transtorno psicológico por parte do menino. Por ela não querer entrar no “jogo” dele, talvez ela tenha medo de algum tipo de represália.
- Sobre um possível primeiro incêndio: Li em alguns comentários sobre um possível primeiro incêndio. Confesso que, não vi qualquer indício a respeito deste fato. Vi também algumas pessoas comentando que ela fez plástica por conta desse primeiro incêndio. Eu não sou médica, mas tenho a impressão de que a cirurgia plástica reparadora difere da cirurgia plástica estética. Acho que os diretores são muito detalhistas e não deixariam este fato passar em branco. Fora que, ela iria queimar somente o rosto no incêndio? Geralmente, colocamos o braço para nos proteger de situações de perigo, portanto, acho que ela teria queimado também o braço. Acho que a teoria de uma cirurgia meramente estética é mais plausível, visto que se trata de uma apresentadora de TV.
- As pizzas: Quem encomendou tanta pizza? Este é o ponto que mais tive dúvida. Pensei em duas possibilidades: (1) Elias, pois talvez seu plano inicial, era manter a mãe em uma espécie de cativeiro até que ela aceitasse a ideia de interagir com o irmão morto. Como ele não sabia por quanto tempo essa situação iria perdurar, achou melhor se prevenir, até porque, seria o sonho de qualquer criança comer pizza todos os dias (o que me intriga é como ele teria dinheiro para tanta pizza); (2) a mãe, pois, querendo ou não, eles vivem em um lugar isolado e, é sempre bom ter um freezer cheio (o que me afasta um pouco dessa possibilidade é que a mãe me parece uma mulher vaidosa e preocupada com a aparência, portanto, acho que ela não iria querer se alimentar de pizza por tanto tempo).
- Da falta de impacto no final: Nossa, se uma criança com tamanho sadismo contra a mãe não é impactante, então, não sei o que pode ser! Para mim, teve muito impacto ver essa real personalidade de Elias, afinal, até então, você vê o filme sob o ponto vista dele e acha que a mãe é a vilã da história. Mas, a partir dali, você começa a ver a história sob o ponto de vista da mãe, e percebe o quanto Elias ficou perturbado com a morte do irmão. Como a mãe não entra no seu “jogo”, ele se volta contra ela.
- Da cena final: Na cena final, no canto esquerdo, percebe-se uma mulher passando pelos bombeiros sem ser notada. Depois, vemos os meninos andando no milharal. Após, mãe e filhos aparecem abraçados, como uma família feliz. A cena é bem irônica e incômoda, pois, depois de uma tragédia, aparece uma cena feliz, como se nada tivesse acontecido e a música reforça ainda mais o desconforto sobre tudo o que estamos vendo. Acho que é a parte mais aberta a interpretações. Vi algumas pessoas interpretando de uma forma mais sobrenatural, de que todos morreram e aqueles eram os seus espíritos. No entanto, eu não interpretei assim. Não fica claro que Elias morreu no incêndio. Para mim, ele não morreu e, aquela reunião feliz, não passa de mais um devaneio da sua cabeça (se repararmos bem, percebemos que um dos meninos estampa um sorriso muito largo, enquanto a mãe e o outro irmão sorriem de maneira mais discreta). Mais uma vez, ele se nega a encarar a realidade. Como não havia qualquer elemento sobrenatural antes, acredito que os diretores não iriam optar por esse recurso no final.
Bem, esses são os pontos que eu queria destacar. No mais, o filme tem uma fotografia impecável e o ritmo mais lento, por mais que desagrade muitos, é condizente com a história e serve para nos fazer entrar naquela atmosfera e ter a sensação de que, a qualquer momento, alguma tragédia acontecerá. Além disso, nos faz pensar em questões importantes, dentre elas, a maternidade. Ele não é tão simplista como muitos disseram em seus comentários. Muito bom ver que estamos diante de uma nova leva de filmes criativos de suspense e terror.
A Onda
4.2 1,9KEste filme cai como uma luva para o atual momento que vivemos, afinal, quando ele lista os elementos necessários para o surgimento de uma autocracia, percebe-se que eles estão presentes no Brasil.
Acredito que os governos autoritários passem por, no mínimo, quatro fases:
(1) Em um primeiro momento, tudo parece maravilhoso. Aquele líder carismático e demagogo representa a solução de todos os problemas. Todas as esperanças são depositadas nele, sendo que, ele é visto como um salvador. A situação da população tem uma melhoria momentânea, as pessoas ficam mais felizes, disciplinadas, ativas, e, com o tempo, sem se dar conta, estão fazendo tudo o que o seu líder determina.
(2) Em um segundo momento, surgem alguns conflitos. Algumas pessoas ficam insatisfeitas e tentam mostrar que aquele modelo de governo não é tão bom assim, pois retira a individualidade de cada um, transformando-os em uma massa única, com os mesmos desejos e anseios. Temos aqui os primeiros atos de violência para conter os insatisfeitos.
(3) Em um terceiro momento, tudo degringola de vez. Os atos de violência contra os insatisfeitos se intensificam. Quem pensa diferente é visto como inimigo e deve ser aniquilado para o bem da manutenção do governo. Junto com o aumento da violência, temos também a ineficácia deste modelo. Aquilo que ele veio combater (inflação, corrupção, desemprego, insatisfação com os políticos, violência) acaba se intensificando.
(4) Em um quarto e último momento, temos a queda. A situação se torna insustentável e, geralmente, surge alguém de fora para exterminar este governo autoritário. Algumas pessoas se sentem aliviadas com o fim do autoritarismo, enquanto outras, não aguentam ver o seu fim.
Nós temos todas essas fases no filme, lógico, em proporções menores, afinal, o universo em que ele se passa é um sala de aula.
Este filme serve de alerta, afinal, de tempos em tempos, surgem líderes com propósitos autoritários. Nós, com equilíbrio, devemos nos posicionar contra esse tipo de governo. Não adianta acreditar que virá um "salvador". Não adianta achar que o mal se concentra em apenas uma pessoa ou partido político. Não adianta crer que o bem se concentra em apenas um político ou juiz.
Solução mágica não existe. Um bom governo é construído com o tempo. O que podemos fazer, é não aceitar discursos autoritários, extremistas, excludentes, inconstitucionais e preconceituosos. Acho que este é um bom começo.
Em Busca de Iara
4.0 44Quando eu estava no ensino fundamental, os professores tinham o hábito de exibir filmes e documentários durante a aula de história. Ao longo dos anos, vários temas foram abordados, dentre eles, a ditadura militar. Eu me sentia imensamente triste quando os filmes retratavam o período da ditadura. Ontem, assistindo a esse documentário, senti a mesma tristeza, com a diferença de que, na época do ensino fundamental, eu tinha a impressão de que a ditadura militar fazia parte do passado e que ela jamais voltaria, atualmente, eu já não tenho mais essa certeza...
Uma Noite de Crime
3.2 2,2K Assista AgoraApós aquela dúvida cruel que surge todas as vezes que vamos escolher um filme para assistir na Netflix, acabei optando por “Uma noite de crime”. Ele estava na minha lista, era um filme curto e tinha uma sinopse interessante, portanto, decidi assisti-lo. Confesso que não me arrependi!
Erros estão presentes em todos os filmes, afinal, é muito difícil (quase impossível) fazer um filme perfeito, portanto, os possíveis erros que este filme apresenta hora nenhuma prejudicou a tensão e imersão que ele me trouxe.
No decorrer do filme eu estava, assim como os personagens, torcendo para que aquela noite horrível acabasse.
As pessoas costumam ser muito rigorosas em suas críticas a filmes de terror/suspense. Para mim, este filme cumpriu o seu papel como filme de suspense, além de ter feito uma crítica social maravilhosa. Eu prefiro um filme que me faça ficar tensa a um filme que me passe alguns sustos.
Vi muitas pessoas dizendo que o Charlie é um idiota, entretanto, esta opinião diz mais sobre nós do que sobre o personagem. Ele foi extremamente humano naquele momento e sentiu compaixão por alguém que estava em estado de necessidade. Quantas vezes nós vemos alguém em perigo e, simplesmente, ignoramos? Charlie não ignorou e isso não o transforma em um idiota, mas sim, em alguém melhor do que nós. Eu sei que ele é uma criança e, por isso, ainda apresenta tanta empatia e humanidade, algo que, com o tempo, muitos de nós perdemos. Mas, mesmo assim, acho muito complicado criticar a atitude dele ou mesmo a atitude da mãe dele (quando percebe que estão agindo de forma errada).
Achei que o final foi bem emblemático, mostrando que, mesmo que você passe por situações ruins, não necessariamente você se tornará uma pessoa ruim.
Por fim, o mais triste disso tudo é constatar que nós vivemos 365 dias de crime, ao contrário dos personagens, que só vivem uma noite de crime por ano.
As Duas Faces de um Crime
4.1 1,0K Assista AgoraNão acredito que demorei quase 20 anos para encontrar esse filme maravilhoso!
Conforme ressaltado nos comentários anteriores, as atuações são ótimas, principalmente a do Edward Norton!
Mesmo tendo mais de duas horas de duração, não se torna cansativo, pois, você fica ansioso para saber o que vai acontecer no final.
Para quem atua na área do Direito, o filme traz ainda mais identificação, afinal, a todo momento você tem que lidar com incertezas, já que reconstituir um crime depende de quem está envolvido nele, sendo impossível atingir a verdade real (aquilo que realmente aconteceu), mas sim a verdade que surge do processo, e o filme mostra muito bem isso.
O filme ainda é marcado por boas frases, mas, uma que me chamou a atenção é falada pelo Martin (Richard Gere). Não guardei a frase de forma literal, mas a ideia é que, mesmo as pessoas boas podem praticar atos muito ruins. Por mais que nós tenhamos a tendência em acreditar na bondade do ser humano, essa frase (infelizmente) é muito real... e isso dá medo.