Chorei de rir (literalmente) com o episódio do incêndio e terminei a temporada chorando de emoção! Final mais amorzinho!
"Não achei o momento perfeito. Porque acho que hoje o importante foi aproveitar o dia. E acho que somos um daqueles casais com muita história pra contar quando perguntarem como nos encontramos. Eu a verei frequentemente, e... Talvez ela esteja com alguém em um ano e no próximo, eu esteja com alguém e talvez demore muito. Vai ser perfeito. Não tenho pressa".
A boa ficção científica é aquela que parece querer retratar os problemas do futuro, mas, na verdade, quer tratar dos problemas contemporâneos. “Black Mirror” faz isso de maneira magistral, pois, apesar da roupagem futurista, quer abordar problemas e dilemas filosóficos que nós já enfrentamos. É justamente por essa proximidade que a série nos deixa emocionalmente abalados ao final de cada episódio. Eu poderia falar sobre cada um dos seis episódios da terceira temporada, mas meu comentário ficaria muito superficial, portanto, vou me ater ao episódio 03 (“Shut Up and Dance”), que foi o que me deixou mais abalada. O terceiro episódio gira em torno de Kenny, um adolescente de mais ou menos 18 anos, que leva uma vida normal e pacata, até que, por um descuido da irmã, seu notebook é contaminado por um vírus que grava suas ações. Ele é filmado se masturbando e recebe um e-mail de alguém que ameaça divulgar o vídeo para os seus contatos caso Kenny não siga todas as suas instruções. A partir daqui, leia apenas se já tiver assistido ao episódio, pois conterá MUITOS spoilers.
O roteirista deste episódio foi muito esperto, afinal, se o personagem principal fosse um jovem arrogante ou antipático, nós jamais deixaríamos passar as inúmeras evidências que foram colocadas ao longo da trama e não sentiríamos um banque tão grande com a revelação final. O protagonista é apresentado como um rapaz tímido, que não interage muito com as outras pessoas e que sofre bullying dos colegas de trabalho. Desde o início você se simpatiza com ele, sente pena e torce para que, ao final, ele consiga cumprir todas as tarefas determinadas para não ter o seu vídeo divulgado. Entretanto, nossa empatia pelo personagem nos torna cegos, a ponto de não percebermos, apesar das pistas, que aquele doce garoto está preocupado em proteger o seu segredo não por ser extremamente tímido, mas sim porque ele é um pedófilo e está com medo de ser descoberto. Quando o episódio acabou, eu percebi o quanto eu fiz papel de trouxa. Confesso que me senti péssima e com o coração partido. Listo abaixo as pistas lançadas ao longo do episódio, mas que só fui me dar conta ao final:
(1) No início do episódio, Ken entrega um brinquedo para uma garotinha e interage com ela de forma extremamente afetuosa e fica admirando a menina indo embora (parecia ser uma gentileza, mas, ao final, percebemos que não era só isso); (2) Em determinada parte do episódio, Kenny está limpando uma mesa e fica olhando fixamente para um desenho que foi colorido por uma criança, ele está perdido em seus próprios pensamentos quando é interrompido por uma colega de trabalho que pergunta se ele havia feito aqueles desenhos; (3) A porta do quarto dele tinha uma tranca (adolescentes querem privacidade, mas uma tranca me parece um exagero); (4) Ele fica muito desinquieto quando percebe que a irmã pegou seu laptop (mais uma vez, jovens gostam de privacidade, mas, provavelmente, o nervosismo se deve ao fato de que a irmã poderia encontrar algo que ele esconde); (5) Quando ele acaba de se masturbar, ele lava as suas mãos e as cheira para constatar se não há qualquer resquício daquele ato e que possa ser percebido por outras pessoas; (6) Quando Ken está dentro do carro conversando com Hector, este comenta que está desesperado, pois o pessoal por trás dos e-mails “sugaram” todo o seu HD. Neste momento, Ken começa a chorar copiosamente, pois percebe que, não só a sua imagem havia sido gravada, mas também todos os seus dados foram capturados (provavelmente, em seu HD, havia mais imagens comprometedoras e, por isso, ele ficou tão desesperado); (7) Quando Ken encontra o homem da caixa, contra quem ele terá que lutar, o homem pergunta o que ele havia feito para ter sido pego. Ken diz que apenas viu umas fotos e o homem da caixa pergunta, de forma irônica, qual seria a idade das pessoas das fotos que Ken viu. Ken fica muito desesperado e negando com a cabeça. Eu estava tão cega que, mesmo após esse comentário, eu não percebi que ele também havia visto fotos de crianças, eu pensei que fosse o caso apenas do homem da caixa.
Quando a mãe do protagonista fala em alto e bom som que eram crianças nas fotos, foi como se eu tivesse levado um soco no estômago. A culpa tomou conta de mim, afinal, sem saber eu estava torcendo por alguém que fez algo tão horrível. Doeu muito perceber o quanto estamos suscetíveis a tais enganos. Às vezes convivemos com pessoas que estão acima de quaisquer suspeitas e, por isso, ficamos cegos, ignorando inúmeras evidências de que ela possa estar fazendo algo errado. Não sejamos cegos, olhemos mais para o mundo ao nosso redor.
Pronto, tirei de dentro de mim toda a angústia e tristeza que esse episódio causou. Só queria fazer mais duas observações leves para dar uma amenizada na depressão pós-black mirror: (1) Eu achei a atriz que faz a personagem Yorkie (4º episódio) a cara da Katy Perry; (2) É a terceira vez que uma personagem de “Black Mirror” canta a música “Anyone Who Knows What Love Is”. A música é linda e sempre me dá aquela dorzinha no coração, por conta do episódio “Fifteen Million Merits”. É isso! Assistam a “Black Mirror” e lembrem-se: todo ódio que você espalha na internet pode voltar para você.
The Office (5ª Temporada)
4.6 372Chorei de rir (literalmente) com o episódio do incêndio e terminei a temporada chorando de emoção! Final mais amorzinho!
"Não achei o momento perfeito. Porque acho que hoje o importante foi aproveitar o dia. E acho que somos um daqueles casais com muita história pra contar quando perguntarem como nos encontramos. Eu a verei frequentemente, e... Talvez ela esteja com alguém em um ano e no próximo, eu esteja com alguém e talvez demore muito. Vai ser perfeito. Não tenho pressa".
É de partir o coração essa fala do Michael sobre a Holly... :(
Black Mirror (3ª Temporada)
4.5 1,3K Assista AgoraA boa ficção científica é aquela que parece querer retratar os problemas do futuro, mas, na verdade, quer tratar dos problemas contemporâneos. “Black Mirror” faz isso de maneira magistral, pois, apesar da roupagem futurista, quer abordar problemas e dilemas filosóficos que nós já enfrentamos. É justamente por essa proximidade que a série nos deixa emocionalmente abalados ao final de cada episódio.
Eu poderia falar sobre cada um dos seis episódios da terceira temporada, mas meu comentário ficaria muito superficial, portanto, vou me ater ao episódio 03 (“Shut Up and Dance”), que foi o que me deixou mais abalada.
O terceiro episódio gira em torno de Kenny, um adolescente de mais ou menos 18 anos, que leva uma vida normal e pacata, até que, por um descuido da irmã, seu notebook é contaminado por um vírus que grava suas ações. Ele é filmado se masturbando e recebe um e-mail de alguém que ameaça divulgar o vídeo para os seus contatos caso Kenny não siga todas as suas instruções.
A partir daqui, leia apenas se já tiver assistido ao episódio, pois conterá MUITOS spoilers.
O roteirista deste episódio foi muito esperto, afinal, se o personagem principal fosse um jovem arrogante ou antipático, nós jamais deixaríamos passar as inúmeras evidências que foram colocadas ao longo da trama e não sentiríamos um banque tão grande com a revelação final.
O protagonista é apresentado como um rapaz tímido, que não interage muito com as outras pessoas e que sofre bullying dos colegas de trabalho. Desde o início você se simpatiza com ele, sente pena e torce para que, ao final, ele consiga cumprir todas as tarefas determinadas para não ter o seu vídeo divulgado.
Entretanto, nossa empatia pelo personagem nos torna cegos, a ponto de não percebermos, apesar das pistas, que aquele doce garoto está preocupado em proteger o seu segredo não por ser extremamente tímido, mas sim porque ele é um pedófilo e está com medo de ser descoberto.
Quando o episódio acabou, eu percebi o quanto eu fiz papel de trouxa. Confesso que me senti péssima e com o coração partido. Listo abaixo as pistas lançadas ao longo do episódio, mas que só fui me dar conta ao final:
(1) No início do episódio, Ken entrega um brinquedo para uma garotinha e interage com ela de forma extremamente afetuosa e fica admirando a menina indo embora (parecia ser uma gentileza, mas, ao final, percebemos que não era só isso);
(2) Em determinada parte do episódio, Kenny está limpando uma mesa e fica olhando fixamente para um desenho que foi colorido por uma criança, ele está perdido em seus próprios pensamentos quando é interrompido por uma colega de trabalho que pergunta se ele havia feito aqueles desenhos;
(3) A porta do quarto dele tinha uma tranca (adolescentes querem privacidade, mas uma tranca me parece um exagero);
(4) Ele fica muito desinquieto quando percebe que a irmã pegou seu laptop (mais uma vez, jovens gostam de privacidade, mas, provavelmente, o nervosismo se deve ao fato de que a irmã poderia encontrar algo que ele esconde);
(5) Quando ele acaba de se masturbar, ele lava as suas mãos e as cheira para constatar se não há qualquer resquício daquele ato e que possa ser percebido por outras pessoas;
(6) Quando Ken está dentro do carro conversando com Hector, este comenta que está desesperado, pois o pessoal por trás dos e-mails “sugaram” todo o seu HD. Neste momento, Ken começa a chorar copiosamente, pois percebe que, não só a sua imagem havia sido gravada, mas também todos os seus dados foram capturados (provavelmente, em seu HD, havia mais imagens comprometedoras e, por isso, ele ficou tão desesperado);
(7) Quando Ken encontra o homem da caixa, contra quem ele terá que lutar, o homem pergunta o que ele havia feito para ter sido pego. Ken diz que apenas viu umas fotos e o homem da caixa pergunta, de forma irônica, qual seria a idade das pessoas das fotos que Ken viu. Ken fica muito desesperado e negando com a cabeça. Eu estava tão cega que, mesmo após esse comentário, eu não percebi que ele também havia visto fotos de crianças, eu pensei que fosse o caso apenas do homem da caixa.
Quando a mãe do protagonista fala em alto e bom som que eram crianças nas fotos, foi como se eu tivesse levado um soco no estômago. A culpa tomou conta de mim, afinal, sem saber eu estava torcendo por alguém que fez algo tão horrível. Doeu muito perceber o quanto estamos suscetíveis a tais enganos.
Às vezes convivemos com pessoas que estão acima de quaisquer suspeitas e, por isso, ficamos cegos, ignorando inúmeras evidências de que ela possa estar fazendo algo errado. Não sejamos cegos, olhemos mais para o mundo ao nosso redor.
Pronto, tirei de dentro de mim toda a angústia e tristeza que esse episódio causou.
Só queria fazer mais duas observações leves para dar uma amenizada na depressão pós-black mirror: (1) Eu achei a atriz que faz a personagem Yorkie (4º episódio) a cara da Katy Perry; (2) É a terceira vez que uma personagem de “Black Mirror” canta a música “Anyone Who Knows What Love Is”. A música é linda e sempre me dá aquela dorzinha no coração, por conta do episódio “Fifteen Million Merits”.
É isso! Assistam a “Black Mirror” e lembrem-se: todo ódio que você espalha na internet pode voltar para você.