Rafael

Assisti em novembro de 2019 e sigo estupefato com tamanha obra de arte. Por vezes me pego refletindo sobre o seu roteiro, enquanto lavo louças.

Me senti acompanhando meu irmão jogando videogame no PS4 dele.
Dou 3 estrelas pela fotografia e pela direção incríveis.
Filme de roteiro vazio de atuações abaixo da média dos demais concorrentes p/ Oscar de melhor filme.
Vai acabar ganhando o prêmio porque a Academia ainda não tem culhões para dar o Oscar para o que realmente merece: Parasita.

Fotografia - 1,5/1,5
Roteiro - 0,25/1,5
Direção - 0,25/1
Atuações - 1/1
Total: 3,0/5,0 estrelas

Esse tipo de filme não funciona para mim e não me venham com "coitado, não entendeu" ou "não sabe nada de cinema", porque não é disso que se trata.
O fato é que a camada mais superficial desse filme não funciona por si própria. A narrativa capturou minha atenção até a metade do filme, quando enfim a situação de conflito está toda posta. Dali para frente não acontece nada. Apenas uma repetição de atos do mesmo conflito rasteiro que já compreendemos em sua totalidade, de modo que assistir ao filme se torna uma experiência cansativa. Uma tortura.

E aí que mora o problema para mim: quando essa camada mais superficial não funciona, é como se o filme não estivesse nem aí para me convidar a descobrir o que se encontra em suas entranhas. Apesar de identificar os símbolos e as referências à mitologia grega, não fiquei com vontade de abrir nenhum texto na internet para pesquisar mais sobre esses significados, porque no fim o filme se resume a isso: metáforas e símbolos jogados na sua cara. É como comer um pastel de vento, pois, se você retira o simbolismo, não sobra nada. O filme acabou e ficou um vazio completo, fora a exaustão por acompanhar um conflito simplório, mas com pretensões de parecer complexo.

"A Bruxa" segue sendo meu favorito, com folgas, entre os dois, pois, se você retira os seus inúmeros símbolos, você ainda tem um ótimo filme de mistério, de suspense, com pitadas de terror. O fato de "A Bruxa" funcionar super bem nessa camada mais simples e externa faz com que haja interesse de eu me debruçar mais sobre o filme e descobrir suas camadas mais internas.
No "O Farol", isso não existe.

A sorte é que a exposição se dá com uma fotografia deslumbrante, digna de muitas premiações, e com atuações incríveis. A razão do enquadramento não está lá apenas por estar. Ela contribui com a narrativa. A trilha sonora idem.