Raissa

Reviver uma franquia de sucesso dando uma novo rosto ao protagonista sempre gera um sentimento de apreensão entre os fãs. Ainda mais quando se trata de um personagem tão icônico e popular. Mas neste caso, a escolha do elenco foi tão feliz que excedeu as minhas expectativas, o filme em um panorama geral trouxe de volta aquele ar de filmes dos anos 80, onde as coisas explodem de verdade, o cenário é real e as tomadas te permitem acompanhar as cenas de ação, fugindo do excesso de CGI e picotes, que francamente, exige um certo esforço dos espectadores para entender as cenas. Embora não tenha mais uma pegada tão steampunk como nos anteriores tem toda uma gama de personagens freak que não podiam faltar em uma história pós-apocalíptica. Vale salientar a criatividade sem limites e os detalhes no que diz respeito a veículos, cenários, organização social, armas e características de personagens.

Se você está procurando uma história extremamente elaborada, Mad Max não é pra você. Embora explosivo, o filme é de uma sutileza tamanha com suas referências a trilogia original e também com relação a apresentação do novo Max, contraposto mais uma vez a um personagem feminino poderoso (saudades Tina Diva do deserto ne), ou melhor dizendo, ampliaremos para o plural, porque a Imperatriz Furiosa não é a única representação de girl power do longa, embora temos que enfatizar a atuação maravilhosa da Charlize. Eu também senti uma pontada de feminismo na medida certa, no discurso contra a objetificação da mulher e na representação da mulher forte, guerreira sem masculinizá-la.

Já sobre os vilões, quem não adora um falso deus megalomaníaco com sede de sangue?! E os seus pupilos, os fantásticos War Boys, achei um retrato fiel da clássica juventude perdida sem perspectiva, ansiando por ser liderados por qualquer um que lhes conceda a oportunidade de provar seu valor. Existe uma loucura medonha nesses garotos, mas também existe humanidade e redenção, ambos prontos a explodir com a menor fagulha de incentivo.

Há muita coisa para explanar e destacar, mas não gostaria de me estender muito mais que isso, é um filme excelente, foi uma experiência incrível, deu saudade do Mel Gibson, deu. Mas foi um prazer imenso conhecer você de novo, Max.

É demorado para desenrolar, não te prende - você pode ir na cozinha pegar um copo de água e voltar, que não vai perder nada porque o filme não tem ritmo. É uma historia fraca, travestida de crítica filosófica, falta consistência no roteiro e não é engraçado. Salvo a trilha sonora na base da bateria, que achei bem marcante, dando um ar bem teatral e as tomadas sem corte, que quase conseguem dar uma leve expectativa durante o filme. Talvez a inesperada virtude da ignorância, seja a de não assistir o filme e mais uma vez apenas concordar com o que todo mundo julga ser bom, rsrs.

Gostei bastante da abordagem sobre liberdade no filme e da crítica ás instituições e pessoas que lidam com os chamados "doentes mentais", pois a necessidade das pessoas "normais" de ordenar e padronizar o que não compreendem, se sobrepõe a real preocupação com a saúde dos "loucos".