Um documentário não-documental. O inclassificável. O filme de monstro, sem monstros - o tal Leviatã, oculto - ou na verdade, presente em diversas formas simbólicas. Novamente, o inclassificável. Não temos juízo de valor; como erroneamente pode ser percebido. Temos um filme de terror, dos mais assustadores - de águas que causam arrepios. Do paradoxo das imagens mais belas de uma natureza morta, mas viva como nunca registrada - e que em nossas condições humanas, jamais seremos capazes de capturá-las. Este exercício de voyeurismo da imensidão não é fácil, não é digerível; constantemente te incomoda, mas através da hipnose, evocam um cinema tão novo na mesma intensidade que flerta com o que temos de mais arcaico, criativo e intenso.
Para um diretor chamar "seu filme" (na verdade, dos produtores, é claro) de "catastrófico", coisa boa não é. A notória obrigação de carregar Nicole Kidman para premiações (vide o excesso de closes que soam tão ridículos que parecem plano detalhe), onde subtrai talentos como Frank Langella (que está sempre fora de campo para que Nicole esteja sempre no plano - um sacrifício sofrível e nada recompensador), somente joga contra o filme. Não tenho problema com "filme recorte", pelo contrário, possuem um valor infindável - porém um filme de recorte tão genérico como esse, é desperdiçar demais um nome como Grace Kelly. Ao recortar pedaço da vida de Grace em uma catarse para a submissão, ela é somente uma peça de xadrez em um jogo intrincado de política contado em formato de conto de fadas; algo que a trilha sonora quer sublinhar a todo momento. Fácil de assistir (Olivier Dahan é tecnicamente muito competente), mas substancialmente catastrófico - como bem Dahan disse.
O mais difícil de uma comédia é acertar o tom. Acertando o tom - mesmo um trapo de trama e piadas não tão felizes - a comédia tende a funcionar. O desafio é entender como “Tudo por um Furo” acerta no tom, mas não funciona plenamente. A esperteza por trás das piadas mais esdrúxulas são capazes de causar risos isolados (exemplo quando ele vai conhecer a família negra da produtora), mas o excesso de gordura, talvez, não suporta o quanto o filme consegue nos contar – ainda que o roteiro, absolutamente disperso, consiga unificar os fragmentos ao final (através do tubarão). O nonsense do terceiro ato, ao melhor estilo Mel Brooks, é uma grande ideia – mas que perde feio na realização, se comparado a inspiração.
Acredita unicamente na importância e relevância do que esta contando, não passando de um enlatado e careta filme na medida para premiações. Matthew McConaughey merece(ia) um Oscar por muitos personagens que deu vida (Killer Joe, Mud), mas não por isso daqui. Jared Leto é uma caricatura
Irresistível. Duro é assisti-lo e não voltar para casa com uma necessidade quase vital de rever "Caminhos Perigosos", "Os Bons Companheiros" e "Cassino" em sequencia. "Wolf" é praticamente uma quarta parte dessa epopeia cinematográfica.
Green retoma suas influencias malickianas que marcaram o início de sua carreira, mas sem a mesma qualidade de outrora. Existem boas soluções visuais (como, por exemplo, imagens de diferentes estradas enquanto rola um resolutivo diálogo entre um Rudd e sua namorada), mas é um filme refém do roteiro. E o problema, é o roteiro ser fraco.
Um episódio de “os três patetas” versão testosterona, superestendido, em formato de esquetes que só faltaram os efeitos sonoros. Michael Bay já foi mais ambicioso.
Stephen Chow, o Chaplin Chinês, escorregou novamente. Depois de despontar com dois filmes irrepreensíveis – “Shaolin Soccer” e “Kung Fu Hustle” – ele perdeu a mão na condução do raso “CJ7” e agora nessa visão edificante e fantasiosa de uma fábula chinesa, “Journey to the West”. O filme ganhou notoriedade ao arrecadar quase 200 milhões de dólares em solo chinês, desbancando as grandes produções americanas. O filme começa muito bem com um primeiro ato impecável: apresentação dos personagens em uma sequência de ação/aventura que relembra os melhores momentos de “Kung Fu Hustle”. O problema do filme começa depois, onde a dificuldade entre criar uma fluência narrativa fica evidente, e tudo acaba em blocos (extensos demais) episódicos e pouco atrativos. Chega a ser torturante, independente das boas ideias que surgem na tela, principalmente na conceituação moral e lapidação/amadurecimento do protagonista.
A matemática emocional fica distante daquela matemática exata. Aqui a soma de suas vidas assoladas a todo o momento parece formatar um resultado, se não de solução, mas de esperança. E aqui a esperança parece o último sinal vital a percorrer a veia corrompida pela amargura. É um filme de dor crônica. Aquele da última consequência, explosivo. Curioso é ver um filme arrebatador desse e ao final ainda ter uma sensação positiva percorrendo a mente e o coração. Aquelas aulas que você aprende da forma mais dura possível.
A ideia central é ótima e quando o filme se dispõe a desenvolvê-la, o faz com desenvoltura e de forma muito bem articulada – utilizando aspectos interessantes da comunicação, como um debate que é gerado na televisão durante o “expurgo”, além das trocas de diálogos entre os personagens e os, neste caso, imprescindíveis letterings para colocar os pingos nos is. As questões levantadas realmente conseguem trazer reflexões reais sobre a violência do mundo. Afinal, se a violência deixasse de ser algo punível por alguns momentos, houvesse uma lacuna temporal onde todos os males poderiam ser colocados para fora, sem recriminação, como agiríamos? Como nos defenderíamos? O que nos tornaria diferente um dos outros? Haveria necessidade de motivos para atos bárbaros? O filme rascunha uma discussão, da qual, rapidamente, ele mesmo parece estar pouco interessado – apesar de, ainda que simplório, em meio a corre pra lá e pra lá no escuro da casa, indaga com pertinência. O problema principal do filme é ele se amarrar demais em querer ser um filme de suspense crônico e abandonar várias possibilidades por conta disso, além de ser um filme muito curto e com tantas questões para colocar na mesa. Nesse caso, um volume dois torna-se até necessário e bem vindo.
A teatralidade circense é subterfúgio para tentar esconder as limitações técnicas do filme e dar um tom erudito, que causa constrangimento com as videoclípticas aparições da banda. A obra nada mais é do que uma ingênua história de libertação e redenção, que promove a catarse em personagens unilaterais. Tem coisa mais preguiçosa e fácil que isso?
É tanto preocupação com filtro e tanta firula estética, que a causa quase desaparece perante os percalços que a narrativa preterida passa. Seu capitulamento é quase auto-destrutivo.
O problema do filme é ser narrado pela pessoa mais apática e desinteressante do choque entre as duas famílias. Isso desvigora todos os conflitos e deixa sua estrutura narrativa capenga e incoerente.
Até agora o mais agradável filme do Sang-soo que vi. O filme flui com naturalidade sem se perder em planos excessivamente longos e prosas sem direção. Assistiria um filme inteiro só com o estilo do epílogo deste.
O roteiro luta para ser cinematográfico apesar de sua raiz pura e estruturalmente teatral, por sua origem dos palcos. Caberia um desastre cinematográfico se não fosse o requinte empregado por Arthur Penn ao filme. Além de cenas memoráveis – o ápice da obra – Penn constrói o filme com impecável domínio de ritmo, apesar da clareza com que vemos a quebra de atos na narrativa (as personagens se conhecimento, o conflito de repudio e o nascimento do amor e compreensão mútua). Ainda pelo texto oriundo dos palcos – o filme sustenta suas maiores virtudes em ambientes fechados, câmera próxima do rosto dos personagens (o que valoriza o impecável trabalho das atrizes, que agem de uma forma orgânica/orquestral), além de movimento frenéticos de câmera (e uma mise-en-scène invejável) que sublinham a intensidade do relacionamento entre tutora e aprendiz. O filme poderá chocar adeptos ao ortodoxo pelos métodos adotados pela professora, mas o filme revela-se não somente uma obra de um humanismo irretocável, como também uma maravilhosa lição sobre pedagogia – independente das características peculiares de cada individuo. Obra-prima.
Sniper Americano
3.6 1,9K Assista AgoraOnde começa o inferno, é matar ou morrer.
Howard Hawks e Fred Zinnemann se orgulhariam desse filme.
Leviathan
3.7 9 Assista AgoraUm documentário não-documental. O inclassificável. O filme de monstro, sem monstros - o tal Leviatã, oculto - ou na verdade, presente em diversas formas simbólicas. Novamente, o inclassificável. Não temos juízo de valor; como erroneamente pode ser percebido. Temos um filme de terror, dos mais assustadores - de águas que causam arrepios. Do paradoxo das imagens mais belas de uma natureza morta, mas viva como nunca registrada - e que em nossas condições humanas, jamais seremos capazes de capturá-las. Este exercício de voyeurismo da imensidão não é fácil, não é digerível; constantemente te incomoda, mas através da hipnose, evocam um cinema tão novo na mesma intensidade que flerta com o que temos de mais arcaico, criativo e intenso.
Grace de Mônaco
3.0 240 Assista AgoraPara um diretor chamar "seu filme" (na verdade, dos produtores, é claro) de "catastrófico", coisa boa não é. A notória obrigação de carregar Nicole Kidman para premiações (vide o excesso de closes que soam tão ridículos que parecem plano detalhe), onde subtrai talentos como Frank Langella (que está sempre fora de campo para que Nicole esteja sempre no plano - um sacrifício sofrível e nada recompensador), somente joga contra o filme. Não tenho problema com "filme recorte", pelo contrário, possuem um valor infindável - porém um filme de recorte tão genérico como esse, é desperdiçar demais um nome como Grace Kelly. Ao recortar pedaço da vida de Grace em uma catarse para a submissão, ela é somente uma peça de xadrez em um jogo intrincado de política contado em formato de conto de fadas; algo que a trilha sonora quer sublinhar a todo momento. Fácil de assistir (Olivier Dahan é tecnicamente muito competente), mas substancialmente catastrófico - como bem Dahan disse.
Tudo por um Furo
3.2 340 Assista AgoraO mais difícil de uma comédia é acertar o tom. Acertando o tom - mesmo um trapo de trama e piadas não tão felizes - a comédia tende a funcionar. O desafio é entender como “Tudo por um Furo” acerta no tom, mas não funciona plenamente. A esperteza por trás das piadas mais esdrúxulas são capazes de causar risos isolados (exemplo quando ele vai conhecer a família negra da produtora), mas o excesso de gordura, talvez, não suporta o quanto o filme consegue nos contar – ainda que o roteiro, absolutamente disperso, consiga unificar os fragmentos ao final (através do tubarão). O nonsense do terceiro ato, ao melhor estilo Mel Brooks, é uma grande ideia – mas que perde feio na realização, se comparado a inspiração.
S.O.S. - Mulheres ao Mar
3.2 547Circular. Tem momento que você acha que deu problema e voltou o filme, mas não, ele simplesmente só não avança.
A Oeste de Memphis
4.3 34 Assista AgoraDocumentário montado com uma precisão que sua narrativa é mais consistente que muito de ficção.
Clube de Compras Dallas
4.3 2,8K Assista AgoraAcredita unicamente na importância e relevância do que esta contando, não passando de um enlatado e careta filme na medida para premiações. Matthew McConaughey merece(ia) um Oscar por muitos personagens que deu vida (Killer Joe, Mud), mas não por isso daqui. Jared Leto é uma caricatura
, morre e nem sentimos falta.
O Lobo de Wall Street
4.1 3,4K Assista AgoraIrresistível. Duro é assisti-lo e não voltar para casa com uma necessidade quase vital de rever "Caminhos Perigosos", "Os Bons Companheiros" e "Cassino" em sequencia. "Wolf" é praticamente uma quarta parte dessa epopeia cinematográfica.
Jackass Apresenta: Vovô Sem Vergonha
3.2 727 Assista AgoraO filme é mais sem-vergonha que o vovô e o moleque juntos.
Príncipes da Estrada
3.3 50 Assista AgoraGreen retoma suas influencias malickianas que marcaram o início de sua carreira, mas sem a mesma qualidade de outrora. Existem boas soluções visuais (como, por exemplo, imagens de diferentes estradas enquanto rola um resolutivo diálogo entre um Rudd e sua namorada), mas é um filme refém do roteiro. E o problema, é o roteiro ser fraco.
Jobs
3.1 750 Assista AgoraPor que chamar JOBS ao invés de APPLE? Tão friamente corporativo quanto secamente humano.
Sem Dor, Sem Ganho
3.0 834 Assista AgoraUm episódio de “os três patetas” versão testosterona, superestendido, em formato de esquetes que só faltaram os efeitos sonoros. Michael Bay já foi mais ambicioso.
O Homem das Novidades
4.4 42 Assista AgoraO filme estava ótimo. Até que apareceu o macaquinho, e virou obra-prima suprema da sétima arte.
Journey to the West: Conquering the Demons
3.4 14Stephen Chow, o Chaplin Chinês, escorregou novamente. Depois de despontar com dois filmes irrepreensíveis – “Shaolin Soccer” e “Kung Fu Hustle” – ele perdeu a mão na condução do raso “CJ7” e agora nessa visão edificante e fantasiosa de uma fábula chinesa, “Journey to the West”. O filme ganhou notoriedade ao arrecadar quase 200 milhões de dólares em solo chinês, desbancando as grandes produções americanas. O filme começa muito bem com um primeiro ato impecável: apresentação dos personagens em uma sequência de ação/aventura que relembra os melhores momentos de “Kung Fu Hustle”. O problema do filme começa depois, onde a dificuldade entre criar uma fluência narrativa fica evidente, e tudo acaba em blocos (extensos demais) episódicos e pouco atrativos. Chega a ser torturante, independente das boas ideias que surgem na tela, principalmente na conceituação moral e lapidação/amadurecimento do protagonista.
Tiranossauro
4.0 236 Assista AgoraA matemática emocional fica distante daquela matemática exata. Aqui a soma de suas vidas assoladas a todo o momento parece formatar um resultado, se não de solução, mas de esperança. E aqui a esperança parece o último sinal vital a percorrer a veia corrompida pela amargura. É um filme de dor crônica. Aquele da última consequência, explosivo. Curioso é ver um filme arrebatador desse e ao final ainda ter uma sensação positiva percorrendo a mente e o coração. Aquelas aulas que você aprende da forma mais dura possível.
Uma Noite de Crime
3.2 2,2K Assista AgoraA ideia central é ótima e quando o filme se dispõe a desenvolvê-la, o faz com desenvoltura e de forma muito bem articulada – utilizando aspectos interessantes da comunicação, como um debate que é gerado na televisão durante o “expurgo”, além das trocas de diálogos entre os personagens e os, neste caso, imprescindíveis letterings para colocar os pingos nos is. As questões levantadas realmente conseguem trazer reflexões reais sobre a violência do mundo. Afinal, se a violência deixasse de ser algo punível por alguns momentos, houvesse uma lacuna temporal onde todos os males poderiam ser colocados para fora, sem recriminação, como agiríamos? Como nos defenderíamos? O que nos tornaria diferente um dos outros? Haveria necessidade de motivos para atos bárbaros? O filme rascunha uma discussão, da qual, rapidamente, ele mesmo parece estar pouco interessado – apesar de, ainda que simplório, em meio a corre pra lá e pra lá no escuro da casa, indaga com pertinência. O problema principal do filme é ele se amarrar demais em querer ser um filme de suspense crônico e abandonar várias possibilidades por conta disso, além de ser um filme muito curto e com tantas questões para colocar na mesa. Nesse caso, um volume dois torna-se até necessário e bem vindo.
Imaginaerum
3.6 234A teatralidade circense é subterfúgio para tentar esconder as limitações técnicas do filme e dar um tom erudito, que causa constrangimento com as videoclípticas aparições da banda. A obra nada mais é do que uma ingênua história de libertação e redenção, que promove a catarse em personagens unilaterais. Tem coisa mais preguiçosa e fácil que isso?
MicMacs - Um Plano Complicado
3.9 161 Assista AgoraÉ tanto preocupação com filtro e tanta firula estética, que a causa quase desaparece perante os percalços que a narrativa preterida passa. Seu capitulamento é quase auto-destrutivo.
Depois de Maio
3.2 83 Assista AgoraNão é por um período. Não é por uma pessoa. É por um razão em existir.
A Filha do Meu Melhor Amigo
2.8 361 Assista AgoraO problema do filme é ser narrado pela pessoa mais apática e desinteressante do choque entre as duas famílias. Isso desvigora todos os conflitos e deixa sua estrutura narrativa capenga e incoerente.
Corrida Contra o Destino
4.0 109Tão vazio quanto divertido. Uma vanguarda videoclíptica.
O Filme de Oki
3.9 10Até agora o mais agradável filme do Sang-soo que vi. O filme flui com naturalidade sem se perder em planos excessivamente longos e prosas sem direção. Assistiria um filme inteiro só com o estilo do epílogo deste.
Apenas Deus Perdoa
3.0 630 Assista AgoraO meio do caminho entre o Refn genial de "Drive" e o Refn tedioso de "Medo X", "Bronson" e "O Guerreiro Silencioso".
O Milagre de Anne Sullivan
4.4 217 Assista AgoraO roteiro luta para ser cinematográfico apesar de sua raiz pura e estruturalmente teatral, por sua origem dos palcos. Caberia um desastre cinematográfico se não fosse o requinte empregado por Arthur Penn ao filme. Além de cenas memoráveis – o ápice da obra – Penn constrói o filme com impecável domínio de ritmo, apesar da clareza com que vemos a quebra de atos na narrativa (as personagens se conhecimento, o conflito de repudio e o nascimento do amor e compreensão mútua). Ainda pelo texto oriundo dos palcos – o filme sustenta suas maiores virtudes em ambientes fechados, câmera próxima do rosto dos personagens (o que valoriza o impecável trabalho das atrizes, que agem de uma forma orgânica/orquestral), além de movimento frenéticos de câmera (e uma mise-en-scène invejável) que sublinham a intensidade do relacionamento entre tutora e aprendiz. O filme poderá chocar adeptos ao ortodoxo pelos métodos adotados pela professora, mas o filme revela-se não somente uma obra de um humanismo irretocável, como também uma maravilhosa lição sobre pedagogia – independente das características peculiares de cada individuo. Obra-prima.