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Últimas opiniões enviadas

  • Rômulo Gomes (Escapismo)

    A FOTOGRAFIA DE UMA GANANCIOSA TRAGÉDIA ÉTNICA

    Um longo, profundo e tocante retrato realista do silenciamento e extermínio de uma minoria étnica em nome da ganância desmedida de um povo explorador contando com a complacência da negligência governamental.

    KOTFM expõe a intriga e dissenso interno ocorrido nos EUA no início do século XX - que, por meio omissão e favorecimento aos exploradores brancos, em detrimento do culturalmente rico povo indígena OSAGE, permitiu um verdadeiro genocídio étnico indígena.

    Scorsese não poupa a culpabilização americana pelo descaso e aniquilamento, construindo o enredo a partir da contradição daqueles que, de forma nitidamente hipócrita, fingiam cuidar mas exploravam a riqueza dos Osage - o ouro negro -, ao mesmo tempo.

    Explorando um elenco rico e competente ao nível máximo da palavra, e desenvolvendo microhistórias de relacionamentos supostamente amistosos e amorosos e entre os Osage e americanos, desambiguando, posteriormente no aspecto investigativo do extermínio nada silencioso dos Osage, a narrativa é densa e carregada de violência - seja ela física com os assassinatos, embora não tão explícita, mas sobretudo emocional pelo violação étnica sofrida pelo povo indígena.

    Para dar conta e ritmo das quase 3h30 de duração do longa, Scorsese apostou na apresentação dos 1º e 2º atos de forma mais dinâmica, empregando uma montagem com cenas mais ágeis - sobretudo as com ação envolvida - e diálogos não tão morosos - ritmo ao qual se soma e embala a presença da vívida trilha sonora com traços tribais e nada tímida.

    No entanto, a aposta no 3º ato mais cadenciado, no qual se encaminhou o desfecho das frágeis consequências judiciais aos americanos, destoou da boa escolha de ritmo inicial e tornou e se mostrou morosa- embora sensivelmente tocante.

    A retratação psicológica tanto do componente emocional do doloroso sofrimento dos Osage como dos dilemas psicológicos dos americanos, onde se questionou fortemente se aqueles que gostavam e cuidavam dos Osage que se relacionavam afetivamente somente o faziam por interesse financeiro, guiou o enredo e prendeu a atenção competentemente do início ao fim.

    O peso dramático da narrativa ainda se viu fortalecido peso compromisso com a construção dos personagens e suas singularidades sem a criação de espantalhos de vilões e mocinhos contribuiu para o bem empregado realismo narrativo - brilhantemente espelhado em uma fotografia que destacava as belas paisagens campesinas do sul dos EUA e a deleitosa iluminação rústica do século XX nas vilas e fazendas americanas do velho oeste.

    De um modo geral, embora explore as contradições dos indivíduos, o filme estava muito mais interessado em apontar que o cerne do extermínio Osage se deu mais pela batalha étnica travada, denunciando a omissão governamental e os privilégios e que os americanos obtiveram para explorar e destruir um povo culturalmente rico e legitimamente defensor de suas terras sem a devida investigação policial - que, embora tardiamente tenha se dado, não fora compensatória aos danos gerados aos Osage.

    Para mais críticas como essa, conheça nosso Instagram: @escapismooficial. Também estamos no Youtube com o Canal Escapismo.

    Por Rômulo Gomes, crítico de cinema Accirn.

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  • Rômulo Gomes (Escapismo)

    Beau Is Afraid - Beau tem Medo - é um longo, original e excêntrico abraço ao absurdo, mas inconstante em suas virtudes.

    Trata-se de uma verdadeira odisseia paranoica retratando um homem solitário, cheio de inseguranças e ansiedades, numa mera visita à casa de sua mãe, que é milionária e excessivamente controladora.

    Aster adota um tom cômico desde o início e, nos lança, sobre aquela realidade pitoresca, através de uma narrativa que explora uma montagem caótica e com ênfase na sátira dos singulares e excêntricos pensamentos de Beau - além das sensações paranoicas sobre o insano mundo urbano ao seu redor do personagem- interpretado dedicadamente por Joaquin Phoenix em atuação sutilmente passiva.

    A partir dessa simplória realidade urbana, o longa ganha fortes ares de tragicomédia e segue o protagonista cinquentão e antissocial em uma verdadeira narrativa épica diante dos obstáculos internos e externos oriundos de sua fobia social - com o enredo atravessando, no 2º ato, por uma alegoria de autoconhecimento altamente surrealista e com ares oníricos, através do encontro de Beau com um grupo teatral itinerante na floresta, tecnicamente reforçado audiovisualmente tanto pela fotografia com tons psicodélicos, como pela trilha sonora aconchegante, sendo o único momento de tranquilidade e conforto da jornada tortuosa de Beau.

    Em que pese a força narrativa da jornada épica, o tom melodramático do 3º ato parece ser o ponto fraco da obra, haja vista o espetáculo do julgamento da vida de Beau ser um grande anticlímax moroso e que não dialoga com a experiência sensorial provocada nos atos iniciais. Apenas nesse momento, onde se esperaria a recompensa pela jornada de desenvolvimento do personagem, a teatralidade do absurdo é abandonada em nome de um humor pastelão mais direto e vazio de mensagens complexas - ainda que intencional conforme o objetivo satírico/cômico da direção de Aster.

    De uma maneira geral, é possível traçar paralelos do enredo com o Show de Truman (1999), diante do fato de que Beau estava numa realidade simulada e de ambiente controlado, sendo sua jornada de aflição e disfunções fruto do plano maquiavélico e perverso de sua matriarca desde sua infância. Ao mesmo tempo, a mentalidade dramática do personagem oscila entre pitadas do exagero absurdo kafkiano e de culpa judaica com vestígios da síndrome de Munchausen.

    Por outra vista, o horror do filme reside, justamente, no controle doentio de uma mãe para com o filho, com a obra lançando reflexão sobre essa toxicidade danosa e quando isso influencia, determina e manipula a vivência da criança. Com forte aceno edipiano, Aster debate desde sexualidade, com a visão monstruosa do fálico, como os traumas familiares hereditários adquiridos. A obra é uma verdadeira sessão de psicanálise na telona.

    Ao mesmo tempo, o constante desconforto dos sentimentos dramáticos e de culpa de Beau constituem um horror psicológico infindável, sobretudo pelo desfecho dos acontecimentos não evoluir e libertar o personagem de suas amarras psicológicas.

    Entretanto, o longa não pertence a um gênero específico, pois transita entre drama, comédia e terror de forma singular e excêntrica, situando-se no que poderia se chamar de “comédia de pesadelo”. Não necessariamente apavora, mas incomoda. Assim como não é propositalmente hilário, mas causa risos nervosos.

    Também não é convencional em duração, visto que o filme buscou desenvolver cada situação acessória à narrativa de maneira estendida - o que faz parte do propósito sensorial, onde se induz a ansiedade de quem assiste, bem como traça, de alguma forma, um paralelo com a eterna aflição do protagonista, gerando uma simbiose metalinguística entre a ansiedade da obra e do público.

    Embora o enredo não pretenda apresentar uma jornada de desenvolvimento interno do protagonista, que do início ao fim transita no mesmo estado de culpa constante e não evolui, em termos de autoconhecimento, talvez aí residisse o caminho para uma experiência mais compensatória - o que não afastaria a proposta essencial do enredo e sua tortura psicológica ao ansioso Beau.

    Ainda cumpre mencionar que, não obstante tenha-se empregado um realismo teatralizado que necessitava de sequências mais cruas para concretizar esse objetivo - aí caracterizados os traços autorais de Aster com suas longas e desconfortáveis - ou entediantes - sequências, a obra se arrastou em excesso deixando o filme excessivamente extenso e notadamente pretensioso e, por que não, auto-indulgente.

    No fim das contas, Beau tem Medo calca sua proposta numa originalidade recheada de abraço ao absurdo, visando oferecer, sensorialmente, um constante incômodo visual e temático, amplificando o senso generalizado de ansiedade - onde se mostrou bem sucedido. No entanto, findou inconstante em suas virtudes ao prolongar momentos coadjuvantes, bem como um tanto vazio e/ou excessivamente enigmático/metafórico, denotando uma narrativa pedante e minimamente coesa em se tratando de substância fílmica.

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  • Rômulo Gomes (Escapismo)

    Retratar o simplório e bucólico cotidiano da vida pastoril de uma isolada ilha irlandesa e, ainda assim, ser fabulosamente encantador e estranhamente tocante é o grande mérito narrativo de The Banshees of Inisherin.

    O longa competentemente dirigido e escrito por Martin McDonagh apresenta a simples história de um brusco rompimento de amizade entre dois camponeses da ilha irlandesa de Inisherin, em plena época da guerra civil local no início do século XX que ocorrera no país.

    O ensaio que nos é lançado aos olhos , no entanto, ao contrário da suposta simplicidade da história, cativa e é intrigantemente estranho desde o seu início, seguindo a busca das razões da ruptura da amizade entre os protagonistas - Pádraic (Colin Farrell - destacadamente icônico) e Colm (Brendan Gleeson - sisudamente encantador )

    A mensagem é vasta e permeada por melancolia em texto, áudio e imagens, haja vista as tomadas de cena explorando o vazio das vastas paisagens rurais da ilha irlandesa, além da demonstração do cotidiano repetitivo e trivial característico da vida insular.

    Esse vazio da imensidão territorial da ilha dialoga com o vazio existencial de seus habitantes, tendo em vista a falta de propósito para além da vida cotidiana e banal que ela proporciona.

    O desenvolvimento dos personagens atravessa o conflito interno e externo dos ex-amigos contrastando o sentimento de angústia, ocasionada pela ambição de um propósito para além de uma vida camponesa comum, em face da satisfação com a banalidade e casualidade de uma vida comum.

    Paralelamente ao arco principal se conectam as histórias de familiares e alguns outros habitantes da vila, onde se destaca, em ambas, a sensação de desencaixe e desacerto de suas problemáticas e rudimentares vidas camponesas - destaca-se o quanto os rumos das vidas de Inisherin são compartilhadas e interligadas. Vale a menção para as coadjuvâncias de Siobhan, irmã de Pádraic (Kerry Condon - serenamente racional e deslumbrante) e Dominic, jovem tolo da ilha (incomodantemente cativante por Barry Keoghan).

    O roteiro traça um paralelo entre falta de propósitoe e potencial depressão com a abordagem folclórica sobre os Banshees, espíritos de mulheres que fazem presságios sobre mortes vindouras. A mensagem deixada no ar reflete sobre as demais mortes possíveis além da física, indicando que o fim da existência também ocorre com a falta de senso de pertencimento ou objetivos de vida.

    A trilha sonora melancólica e, estranhamente cômica, indica o rumo da história e seus ares tragicômicos, ao servir como pano de fundo para o avanço da loucura em meio a solidão, impulsionada pela possessividade - traçando, ainda que de forma sutil, um paralelo entre ambos.

    Além do mais, há um certo flerte da narrativa com a fantasia ao explorar, na fotografia, cenários e simbologia sombria, indicando de forma tênua a influência folclórica celta sobre a realidade de Inisherin.

    O desfecho trágico,

    Comentário contando partes do filme. Mostrar.

    que inclui automutilação

    - oriunda de ações externas advindas de atos obsessivos -, indicam como a dependência emocional, aliada a falta de sentido na vida, tendem a, potencialmente, gerar conflitos infindáveis - comentário que, claramente é uma metáfora à guerra civil irlandesa. Além disso, é mostrado como na perspectiva individual, todos perdem com as partidas e despedidas forçadas, exceto aqueles que se encontram em si.

    Há ainda que se destacar o aspecto cômico residente na criação de personagens extremamente caricatos, ainda que abordados em tom de humor ácido, bem como pelo senso de absurdo na proximidade sentimental dos habitantes com os animais da ilha, fortalecendo o tom fabular do enredo.

    Esse potencial reflexivo, ainda ambientado em uma cinematografia que ressalta o vazio e os males do isolamento em uma pequena comunidade e a paradoxal proximidade entre seus habitantes que ela ocasiona, faz do longa uma poesia satiricamente dramática sobre os liames entre solidão e obsessão.

    Agradeço sua leitura desde já! :)
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  • Amanda
    Amanda

    Oi Rômulo! =) Indica algum filmão...

  • Filmow
    Filmow

    O Oscar 2017 está logo aí e teremos o nosso tradicional BOLÃO DO OSCAR FILMOW!

    Serão 3 vencedores no Bolão com prêmios da loja Chico Rei para os três participantes que mais acertarem nas categorias da premiação. (O 1º lugar vai ganhar um kit da Chico Rei com 01 camiseta + 01 caneca + 01 almofada; o 2º lugar 01 camiseta da Chico Rei; e o 3º lugar 01 almofada da Chico Rei.)

    Vem participar da brincadeira com a gente, acesse https://filmow.com/bolao-do-oscar/ para votar.
    Boa sorte! :)

    * Lembrando que faremos uma transmissão ao vivo via Facebook e Youtube da Casa Filmow na noite da cerimônia, dia 26 de fevereiro. Confirme presença no evento https://www.facebook.com/events/250416102068445/

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