Bruno Ferreira

Criar uma obra contextualizada no período nazista sem pesar a mão é muito difícil - ainda mais quando arrisca trazer qualquer dose de alívio cômico à tragédia histórica.
Confesso que as expectativas eram altas em razão da enxurrada de críticas positivas e fiquei surpreso que o filme é além de tudo o que falam.
A qualidade técnica é impressionante e a fotografia ganha destaque quando entrega enquadramentos que fazem sentido pra história que está sendo contada.
Bem executado, o roteiro traz a sensibilidade necessária para não banalizar a situação e mantém esse bom tom durante todo o filme.
É uma história com um começo, meio e fim que nos lembra o que não deveria ser esquecido.
Um filme necessário.

Arrisco dizer que é uma das maiores surpresas que tive com um filme.
A tradução brasileira para "A Casa do Medo" entrega uma falsa sensação de 'mais do mesmo', abaixa suas expectativas ao máximo e, provavelmente, você começa esperando algo inspirado na fórmula saturada de James Wan, mas é então que vem a surpresa.
A trama é, no sentido literal da palavra, inacreditável, sem exageros. Porém, é desenvolvida com tamanha profundidade que ao encerrar, o único comentário a ser feito é "sim, é crível!"
Digo isso porque considero o maior prestígio do filme a forma como a mente humana foi explorada e retratada numa das situações mais extremas que podem ser vivenciadas.
Os mecanismos usados pela mente da protagonista são expostos da maneira mais harmônica possível e, portanto ao final, a mensagem é entregue sem muito precisar ser dito.
A sensação de incerteza preenche praticamente todo o filme e o suspense é sustentado com maestria, o que merece ser celebrado, dado os últimos lançamentos do gênero.
Por tudo o que disse ficou claro minha predisposição a rasgar elogios desse filme, mas não poderia deixar de ressaltar a qualidade técnica e saudar a perícia de todo o elenco.
Por fim, caso se interesse pela engenhosidade da mente humana ou apenas esteja a procura de um suspense fora da curva, peço que faça um favor a si próprio, ignore o título, dê uma chance e contemple uma obra que precisa ser objeto de estudo.

Não sei se posso me perdoar por ter demorado tanto pra assistir esse filme... enfim, o que digo não é nenhum comentário inédito, apenas reforço o óbvio: é uma obra prima, sem mais.
Sobre a qualidade técnica, é indiscutível o acerto da produção em praticamente todos os aspectos e já vale a pena a conferida.
Isso sem falar do espetáculo de atuação de J. Phoenix que entrega uma experiência desconfortável ao espectador do começo ao fim e, aliás, que fim!
Quanto ao enredo, há aqueles que defendem que trata-se de um desserviço a maneira como foi contada a história de Arthur, insistindo até numa "glamourização" de seus atos por todos os motivos que já foram explanados aí embaixo e que não cabe aqui repeti-los, porém, destes, discordo.
Tanto Joker como Us (2019), abre uma das maiores feridas da sociedade: falhamos na missão de (re)socialização e como consequente, insistimos em repelir e isolar àqueles que estão às margens da comunidade como solução, porém, nisto, também falhamos.
Como lição, fica a mensagem de que levantar muros ou reforçar cercas está longe de ser uma medida eficaz contra os efeitos de uma sociedade enlouquecida por completo.