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Últimas opiniões enviadas

  • Thaís  Milhorim

    "- Nada morre para sempre. Alguma coisa sempre fica de onde outra nasce.
    Assim a vida começa, sem saber de onde veio ou por que existe.
    - Mas por quê?
    - Porque a vida quer viver."

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  • Thaís  Milhorim

    Um espetáculo de sensibilidade e beleza, Espuma dos Dias se tornou um dos meus filmes preferidos. Tinha assistido uma primeira vez, quando saiu, mas eu não consegui à época me atentar bem pra capacidade expressiva da obra, e achei que o filme era menor do que eu tinha como expectativa. Vi novamente, e acredito que pra se assisti-lo é necessário se deixar levar pelo tom surrealista e insano que ele tem, porque só a partir daí os elementos fazem sentido e se tornam cheios de significados. O tema central da história não é raro: um casal que se apaixona, uma pessoa da dupla que adoece, e a vida a partir de então tanto daquele que se torna doente como do outro que cuida e acompanha esse processo.

    A narrativa da história, no entanto, é rara: Chloé tem em seu peito uma flor de lótus crescendo, essa é sua doença. Dentro do campo que envolve alguém adoecer em determinado contexto, várias vivências significativas são abordadas: a raiva, o desânimo, o desespero, o sentimento de solidão e cansaço.. E de uma maneira que consegue ser completamente sensorial e nos faz imergir junto à essas vivências, a sensação de mundo restrito, encolhido e sem grandes espectros de cores também ficam claras pra nós.

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    É quase uma surpresa perceber que o filme está se tornando preto e branco e que a casa está encolhendo, porque a mudança é muito gradativa e muito consonante com os acontecimentos. E nada seria tão possível nesse filme não fosse justamente seu aspecto lúcido e jocoso: quem não se lembra que o cozinheiro, amigo da família, que envolvido pelo golpe da doença de Chloé envelhece dez anos em oito dias?

    Essa licença e liberdade nos possibilitam, enfim, consentir (e com-sentir, sentindo junto) esse mundo criado. Na cena do casamento de Chloé e Colin, por exemplo, com ambos imersos em água no momento da cerimônia (essa imagem, inclusive, é a capa do filme), é possível não pensar, mas sentir, uma série de coisas. No meu caso, me fez remeter à ideia de imersão do casal, do estarem juntos e flutuando no mesmo sentido dos afetos e sentimentos. Tudo segue a corrente e tudo flui, até a invasão da perda e da ameaça da morte. Por meio de materialidades tipo essa, o filme se torna absurdamente sensorial.

    E apenas porque até o título parece fazer sentido: espuma não é nada mais que a formação de algo opaco, frágil, a partir da movimentação ou contato da água com algum material específico. Algo que cresce, que acumula, que é meio turvo, e que nessa história passa a fazer parte dos dias do casal e de todos aqueles que os rodeiam. E ainda assim, a espuma tem sua beleza, assim como as flores de lótus continuam tendo. E como bem apontou um colega abaixo: "em um contexto maior, somos todos leves e efêmeros, dados a passar e sumir, como a espuma dos dias". É o que te faz ter um nó na garganta na segunda metade do filme e engolir, de uma vez só, o trágico e o poético da vida.

    Sobre outros aspectos, o filme também em hora nenhuma deixa a desejar: tem belíssima fotografia e trilha sonora excelente.

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    Fora as críticas paralelas ao mundo do trabalho: a dificuldade de se arranjar um emprego e os tipos de emprego disponíveis, como dar notícias de desgraças antecipadas para as pessoas. Ou ainda trabalhar como uma espécie de incubadora de fuzis em uma fábrica, porque as armas precisam de calor humano pra serem criadas. E ainda, é claro, o tema dos vícios e das idolatrias intelectuais, que fez a ideia do "Jean Sol Partre" uma sacada genial.

    É, enfim, um espetáculo, mas só pra quem se deixa levar por sua paradoxal leveza e profundidade, que é elemento surreal não do filme, mas da própria existência.

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  • Thaís  Milhorim

    Bela obra pra falar das dores, das perdas e das quebras da vida. Talvez seja por aí que caminha a essência do filme, embora dizer isso possa parecer (ou ser) consideração barata. Na verdade, se trata também de mais um tema que pode soar clichê: o inesperado na vida dos personagens e a maneira como as coisas podem ou não caminhar, quando o horizonte parece fadado, perdido ou sem cor - dependendo da história de cada um. Não esperava um tanto de coisa, e tive que lidar com meus estranhamentos e preconceitos um tanto de vezes. Acho que vou ficar com umas cenas na cabeça, como

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    a dela dando novamente comandos pra baleia depois do acidente no local onde tudo aconteceu.

    Não tem nada mais bonito e assustador que a vida que segue e o (re)encontro com o que já foi (e sempre pode ser) dor. Fiquei feliz de não ter sido um filme sobre amor, como eu a princípio achei que poderia ser, meio clichezado. Fiquei feliz também que os personagens puderam ser complexificados, em seus aspectos falhos e potenciais e, portanto, humanos. E nada paga a cena final, que não dá remédio pra dor nem final feliz, mas que aponta
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    que conviver com as mazelas de maneira ressignificada é possível ("mas, de vez em quando, a dor vai voltar, como uma agulha, como vidro estiçalhado...").

    Isso é sobre a vida em um dos seus espectros mais viscerais, então não tem como não ser bonito.

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