Tyn Paes

Um filme imersivo e artístico que nos convida à nunca deixar de lembrar a história e nunca deixar de olhar a arte. Sim é um filme longo. São 3 horas de arte, história, poesia e filosofia, mas são 3 horas de um roteiro encaixado e de uma fotografia que demonstra arte a todo momento. É impossível deixar de vivenciar o filme, assim como seria impossível a criação do mesmo sem olhar para a história onde o filme foi inserido, a Alemanha nazista, o pós guerra, o socialismo e o capitalismo. É um filme para reflexões da primeira cena até a última, é um filme de lembretes e lembranças que não são nossas, mas que vivenciamos como se fossem. É um filme para muito mais do que assistir, é um filme para sentir.

O roteiro do longa é envolvente e sentimental. As atuações são profundas e trazem diversos sentimentos ao filme, trazendo o sofrimento como uma fase necessária. A fotografia oscila entre planos distantes e próximos em uma mesma cena, o que torna a história do filme acessível ao espectador. A montagem do filme e a trilha sonora, são extremamente relavantes na criação do ambiente, dos personagens e dos sentimentos que nos são demonstrados.
No filme existe um debate importante em segundo plano, que é apresentado pela personagem da Scarlet Johansson onde a mesma encara a separação como um sofrimento necessário, no qual ela escolhe sentir para posteriormente se sentir ela mesma. A personagem mostra no filme a adaptação, o sentimento e a vontade de pertencimento próprio, tema extremente relavante para a saúde mental.

Como já foi dito em vários outros comentários o filme não trás nada de novo em questão de roteiro, mas ainda sim conseguiu me prender todos os instantes pela fotografia. Apesar de ser um filme de ação a fotografia é feroz e poética, e isso me surpreendeu muito. Os cortes, as luzes, os posicionamentos de câmera só agregam. Ouso inclusive dizer que o filme é contado mais pela fotografia do que pelas ligações e diálogos rápidos que também montam o clima de tensão, mas quando a câmera é colocada no banco de trás do carro é como se eu tivesse sigo transportada para dentro dele e estivesse tensa junto do Motorista só pelo visual. Além disso o som do carro e das ligações de telefone são tão realistas e talvez até um pouco incomodas que acaba se misturando com a fotografia.