G.

O filme é angustiante, tem um ritmo lento e não há cenas explícitas ou gráficas, e na minha opinião, a decisão de inserir os detalhes sórdidos sutilmente dentro da rotina de um casal nazista que mora ao lado de Auschwitz foi acertada demais. O ponto crucial aqui não era humanizá-los, longe disso, e sim silenciosamente mostrar o contraste de uma rotina aparentemente comum enquanto ao lado deles acontecia um dos maiores genocídios da história, comandado por um integrante dessa família, e se isso não é um filme de terror pra você, então eu sinceramente não sei se assistimos ao mesmo filme.

A trilha sonora é genial e desconcertante, principalmente nos minutos iniciais e finais, com a tela preta, quase que um convite para absorver melhor os detalhes prestes a entrarem em cena e logo depois que acabam. A parte de Rudolf "vomitando" foi outro acerto em cheio, inesperado.

Definitivamente merecedor dos prêmios no Oscar de melhor som e melhor filme estrangeiro. Acho que vale a pena ver mais de uma vez pra captar os detalhes do horror nas entrelinhas que talvez passem batido de primeira. Os trens ao fundo, os sons abafados e disfarçados pelas cenas em família, tudo.

Me surpreendi ao saber que a história foi inspirada em um caso real. O filme é mais lento do que eu esperava, apresenta uma história contínua, sem muitos destaques, chega até a ser desconfortável pela calmaria excessiva (proposital pra história). Mas a trilha sonora deixa a ambientação com vibe bem característica dos anos 90, tendo mais relevância em momentos bem específicos, aumentando a tensão nas cenas entre Gracie e Elizabeth, por exemplo, enquanto ela tenta absorver (com sucesso e brilhantemente) toda a história dentro daquele ponto de vista, quase virando a própria Gracie (e Natalie Portman sabe o que faz, não a toa foi incrível em Cisne Negro), ainda que ela veja tudo de fora sabendo do que realmente aconteceu e fique indignada com como Gracie não carrega culpa alguma pelo que fez com Joe.

No mais, é um filme mais monótono, não recomendaria pra qualquer pessoa, por exemplo, mas não é um filme ruim, as atuações são muito boas inclusive.

Achei o visual impecável para uma história absurdamente frustrante. Não vou me alongar na questão da polêmica enfatizada pela questão de tudo aquilo acontecer enquanto

Boa parte do filme se torna maçante pelo foco nessa liberdade e igualdade imaginária que impuseram à ela, mesmo que a tentativa tenha sido de realizar uma crítica. Não tinha como deixar mais óbvio que esse filme foi dirigido e roteirizado por homens, tendo em vista que, para eles, isso é feminismo.

Foi tão frustrante que nem sei que nota atribuir, já que a estética, figurino e as atuações não conseguiram salvar a história pra mim.