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Rivais
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Transformação e perdição.
Crime e família. Ascensão e queda.
No primeiro episódio da série, o professor de química Walter White fala apaixonadamente como a química para ele, acima de tudo, é o estudo da transformação. Walter faz um paralelo com a vida, porém jamais poderia imaginar no tamanho da sua própria e completa transformação.
A primeira cena desta quinta temporada mostra um pedaço do futuro próximo(algo que "Breaking Bad" e "Better Call Saul" dão aula de como se fazer), com Walter sozinho no dia no seu aniversário, num ambiente frio, se preparando para lidar com a violência do mundo que escolheu; Já na última cena do primeiro episódio, vemos o protagonista abraçando sua esposa numa cena com ares de terror. Ambos os momentos resumem bem a jornada do protagonista e o que ele se tornará para sua família na temporada.
Walter manipula Jesse. Walter aterroriza Skyler, deixando-a sem saída. Mas não é algo simples, pois ambos sabem como atingi-lo de volta - e fazem isso(em maior ou menor grau).
Os embates são íntimos e familiares(de diversos tipos), e também criminosos. A série se vira muitíssimo bem ao colocar personagens subindo de posto como antagonistas e apresentando novas figuras interessantes que também se destacam nesse sentido. Mike, por exemplo, teve terreno para brilhar(por isso ganhou merecidamente tanto espaço em "Better Call Saul") e Todd fez o suficiente para se tornar, em pouco tempo, um dos vilões mais interessantes do universo "Breaking Bad".A primeira parte deste ano é de muita investigação por parte de Hank e de consolidação de força, status e fortuna do homem que descobriu que queria construir um império no seu 'ramo'. O brilhante "Gliding Over All" fecha de forma espetacular a temporada. O episódio não só consolida o personagem principal como o poderoso chefão do crime como também faz com que o mesmo alcance seu objetivo lá do passado, de conseguir dinheiro e tranquilidade o suficiente para dar paz para sua família.
O desfecho memorável que desconcerta Hank obviamente desfaz isso, e a temporada caminha para sua conclusão poderosa.Muito mais do que a violência, a ação e o lado criminal, a melhor coisa da segunda parte é o trágico desmanche familiar. É a queda. São as consequências. A punição. É o fim doloroso da imagem de amor que um dia existiu em relação a um homem. É o fim da imagem de uma família.
O incrível "Granite State"(um dos meus 3 episódios favoritos da temporada) mostra de forma melancólica as ruínas, o resultado de tudo. E temos, claro, o absurdo "Ozymandias". "Ozymandias" é o melhor episódio da série, com sobras. Não só isso, facilmente briga para ser um dos melhores da história da TV. Trata-se de um episódio extremamente duro, direto, violento(emocionalmente e fisicamente), devastador e doloroso. Como citei acima, marca o fim de uma família. Decreta a mudança definitiva de imagens antes intocáveis e afetos que um dia também foram.Tenho algumas ressalvas em relação a "Felina", que encerra a série, acho um pouco calculado demais. Basicamente tudo sai exatamente como Walter deseja. Ainda assim, entendo a escolha da série em reforçar o mito do quase imparável e invencível Heisenberg. Definitivamente, no universo do crime ninguém nunca foi capaz de batê-lo.
A última cena de Jesse e também a derradeira de Walter são tão perfeitas que não há como não adorar o episódio. Ambas são maiores que o mesmo. Mais do que isso: elas são o episódio.
Ao término, acho que a grande maioria dos espectadores se sentem satisfeitos com a conclusão da história de transformação de Walter e aliviados por Jesse.Foi incrível rever "Breaking Bad" inteira pela primeira vez depois de mais de 10 anos e ter agora uma noção renovada de sua enorme qualidade. Foi o primeiro drama de altíssimo que finalizei, sempre terei um carinho diferente e bastante especial por essa obra.
O que "Friends" fez pelas comédias, "Breaking Bad" fez pelos dramas. As duas séries abriram o caminho para que eu me apaixonasse mesmo por esse mundo fascinante.Bryan Cranston(que entregou uma performance que briga para ser a maior dentre as séries), Aaron Paul e cia marcaram seus nomes com esses papéis.
Espetacular temporada. Uma das grandes obras televisivas de todos os tempos.
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Intimidade e verdade.
Ao se proteger demais, se impede de viver.
Ao não receber o carinho esperado desde cedo e ser machucada é difícil não endurecer.
Eles se aproximam por conta dos problemas. E se afastam quando não há verdade.
As gerações, os ambientes e as vivências são totalmente diferentes, porém quando existe real abertura e vulnerabilidade há conexão.O isolamento, a timidez, traumas e o medo do mundo fecharam e seguem fechando uma pessoa para a vida. Tal questão acrescenta humanidade palpável e torna a aproximação dos dois personagens principais interessante de se ver.
Interessante também é ver o filme mostrar uma nova geração que possui mais amigos virtuais e proximidade de um celular do que de pessoas. Não é tão distante da realidade, convenhamos.Pode não ser tão engraçado(Jennifer Lawrence se entrega totalmente, faz o que pode), uma ou outra cena de constrangimento funciona, mas possui coração e momentos tocantes.
Apesar de não ser memorável, fica a sensação boa de ver uma bonita relação nascendo, sobrevivendo a temores, feridas e adversidades e tornando-se sólida.
Agradável comédia.
Últimos recados
- Nenhum recado para Edson Martins.
Tênis à trois.
Sexo e jogos psicológicos. Eles se afetam, controlam e desconcertam de diversas formas.
A obsessão pela vitória e o desprezo total por fracassos e derrotas.
A admiração existe apenas pela vitória, por deslumbrar que o outro, seu parceiro ou ser desejado, seja vencedor.
O desejo acontece por se reconhecer no outro - inclusive(e principalmente, talvez) nas falhas e sujeira.
O tênis é tudo(as sequências das partidas são muito bem filmadas, não posso deixar de citar).
O trio é tudo. Tão complexos e cheios de desencontros, mas conectados de uma forma que não se pode desfazer.
O tesão está lá, sempre esteve: no passado distante, no mais recente e no presente.
Ao contrário do que eles pensam, eles são os mesmos. O que os move, atrai e os medos não mudaram.
O melhor tênis nasce do estímulo mais profundo de quem melhor te conhece - por mais doentios que esses estímulos e pessoas sejam.
Corpos, suor e olhares. Movimentos, ritmos. Sons, Caetano. Guadagnino sabe filmar com borogodó.
E que trio de atores afiado!
Um dos melhores trabalhos do diretor.