Ricardo Scholles

não se incomoda em nos fornecer uma olhada longa demais para o monstro - visto apenas por meros segundos de cada vez, o Babadook mantém-se assustador e misterioso durante o filme inteiro. Ambíguo, nunca nos diz se o Babadook não passa de mera metáfora, imaginação, ou se é uma entidade real - na verdade, não faz tanta diferença: o filme funciona dos dois modos, e a camada de pesar e depressão que acompanha o filme somente enriquece-o. O uso esparso de jump-scares é bem-vindo em um filme que cria uma atmosfera tensa e assustadora.

No entanto, não é perfeito; sucumbe à algumas familiaridades do gênero: a morte do cão, a criança que vê o monstro e não consegue fazer com que ninguém acredite, e de certa forma a perda de sanidade gradual pela personagem principal (que é basicamente lugar-comum em todos terrores psicológicos, mas enfim). Além disso, a atmosfera de terror se atenua com a transição do Babadook como entidade externa para uma influência direta no comportamento da mãe; durante parte do final, a falta da presença e imagem clara do monstro - mesmo que ele ainda estivesse ali - diminui a estranheza e horror ocasionados. Sendo o filme, de certa forma, sobre os monstros dentro de nós mesmos, está aí um pequeno pedaço delicioso de coincidência com o mundo real.