Últimas opiniões enviadas
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Elefante
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Em meio aos péssimos filmes de terror que vêm sendo produzidos ao longo dos últimos anos, este se mostrou uma grata surpresa. O longa conta com uma premissa interessante, ótimas atuações (com destaque para a incrível performance de Emily Blunt) e um desenvolvimento digno.
Todavia, como nem tudo são flores, algumas decisões dos personagens foram difíceis de engolir e acredito que o roteiro tenha deixado algumas pontinhas soltas.
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Eles REALMENTE pensaram que ter um filho em meio ao contexto caótico retratado pelo filme seria uma boa ideia? Eles manteriam o bebê trancado em uma caixa toda vez que a criança ameaçasse chorar? Não me parece algo muito viável.
[spoiler]Tirando alguns detalhes, considero este um ótimo representante do gênero. Assisti-lo no cinema (tentando não fazer barulho) foi uma experiência única.
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Esse filme não é apenas um excelente estudo de personagem: é um excelente retrato da vida de alguém que precisa lidar com graves distúrbios emocionais, tais como bipolaridade e depressão severa. Rebecca Hall não apenas convence no papel da protagonista, mas também faz com que o público sinta dolorosamente na pele o peso de seus anseios, frustrações e escolhas.
De início, acompanhamos a história de uma jornalista visionária e esforçada que luta diariamente para ser reconhecida em seu ambiente de trabalho. Preocupada com política e demandas sociais, Christine não é capaz de tolerar ou compactuar com o sensacionalismo regrado que permeia as pautas da emissora em que trabalha. De todo modo, percebemos nuances de sua extrema competência em algumas das matérias apresentadas durante o filme: seja falando sobre um festival de morangos ou sobre a problemática do zoneamento ambiental, ela se doa ao que faz e não se contenta com resultados medíocres.
Christine pode ser deveras rígida e autocrítica, mas tudo isso é resultado imediato de sua insegurança. Mesmo quando repele seus colegas ou sua mãe, percebemos traços de gentileza, humanidade e - sobretudo - o desespero de alguém que precisa de ajuda (e infelizmente é ignorada). As mudanças drásticas de humor e os ímpetos de agressividade aos quais a protagonista sucumbe diariamente podem causar estranheza àqueles que não possuem muita empatia ou familiaridade com o assunto, mas são apenas sintomas comuns a uma mulher que constantemente é desvalorizada e menosprezada em todos os âmbitos de sua vida. O andar curvado e o olhar melancólico representam muito bem a tristeza e a dor de uma pessoa que não conseguiu se realizar amorosa, sexual, familiar e profissionalmente.
É um erro tentar atribuir a alguém a culpa pelo que aconteceu com Christine. De igual forma, é um erro tentar culpá-la. A sua decisão final pode ser interpretada como insensível e mesquinha, mas não acho que seja possível mensurar o sofrimento que a acometia. Como espectador, não me sinto no direito de julgar a decisão de uma mulher emocionalmente destruída, desiludida, desajustada e incompreendida. Em diversos momentos, precisei conter as lágrimas enquanto constatava que - aos poucos - aquela mulher forte e determinada estava desistindo de si. É possível perceber em seu olhar que ela simplesmente jogou a toalha, abdicou de seus sonhos e desistiu de viver.
Eu ainda estou digerindo o filme. É denso (não pelo tempo de duração, mas pelos temas abordados) e triste, porém necessário. As pessoas precisam parar de romantizar o suicídio ou de banalizar a depressão. Não é para ser "bonitinho" ou "divertido". É para ser real.
O longa cumpre o seu papel ao eternizar Christine Chubbuck não apenas pela forma como esta optou morrer diante das câmeras em protesto à política sensacionalista da TV 30, mas também pela sua vida e pela pessoa que ela foi. Uma jovem dedicada, sonhadora, intensa, preocupada com a comunidade em que vivia e muito à frente de seu tempo.
Últimos recados
- Nenhum recado para Eduardo Barão.
Esse filme parte de uma premissa muito interessante. No lugar de abordar o drama existencial dos dois protagonistas ou esmiuçar os motivos que os levaram a tomar uma decisão tão radical (para não dizer desumana), o diretor preferiu focar no cotidiano enfadonho dos estudantes e nos eventos triviais que antecederam o episódio trágico que deu origem ao filme.
De todo modo, a execução deixou a desejar em muitos aspectos. Não considero o filme horrível por conta de suas boas intenções, mas o resultado beira à mediocridade. Mediano, maçante e muito aquém de seu potencial.
Os motivos pelos quais o filme não engrena, ao meu ver, são bem pontuais: não há profundidade e as atuações são péssimas. O elenco desconhecido não impressiona e as reações dos personagens chegam a ser risíveis de tão rasas. Eu entendo que a intenção do diretor seja abordar tudo da forma mais natural e espontânea possível, mas os atores não convencem.
O maior exemplo disso são as cenas envolvendo o tiroteio: absolutamente NINGUÉM parece dar a mínima para o que está acontecendo. Não há qualquer sinal de medo, desespero ou senso de urgência. A cena em que o moleque está passeando pelos corredores como se estivesse dando um rolê antes de ser alvejado (!!!!!) quase me fez pausar o filme de tão tosca. Quando o diretor finalmente consegue criar um clima de tensão interessante, o filme simplesmente acaba.
Meu maior problema com Elefante, portanto, não é o método empregado pelo diretor para conduzir o filme e tampouco a duração arrastada. O problema está na impossibilidade do diretor em fazer com que o público crie empatia pelos personagens. Alguns aparecem no filme simplesmente para morrer, mas você não consegue se importar com eles.
Não assistiria de novo, infelizmente.