Em primeira análise, o filme pode parecer simplório. Fruto de simples devaneios de um cineasta marginal, filmando numa terra marginalizada,com recursos exageradamente escassos, etc. Contudo, engana-se quem acredita que está obra se trata tão somente disso. Atrás da modesta sinopse, do homem sertanejo que por falta de dinheiro vê-se obrigado a comer culhões de um bode para não morrer de fome. Ora, já aí podemos ver umas intricada percepção marxista, onde o pobre proletário -não pedirei desculpas pelo pleonasmo- alienado pela ideologia boêmia burguesa gasta todo seu pequeno salário (o qual também já tivera sua mais-valia roubada) com meretrizes de qualidade duvidosa. Há críticas religiosas em vários momentos, até na personagem central do filme: um bode. Sim, um bode. A própria representação do mal. Um bode. A iconoclastia personificada. Um bode. Até uma análise durkheiminiana do suicídio poderia ser feita, no caso do homem que tenta abreviar sua existência no meio da caatinga. A capitação da natureza, a exploração da fotografia paisagística é sagaz. Soma-se a isso alguns raros -todavia, não inexistentes, mas muito bem explorados, diga-se de passagem- elementos de fundamentação dúbia do tempo-espaço. Clara influência de Tarkovski. Diálogos que Bergman com certeza assinaria embaixo. De fato, o diretor além de um artista nato, é um grande erudito. Sublime, o único adjetivo que pode chegar perto de descrever essa obra de arte!
Em primeira análise, o filme pode parecer simplório. Fruto de simples devaneios de um cineasta marginal, filmando numa terra marginalizada,com recursos exageradamente escassos, etc. Contudo, engana-se quem acredita que está obra se trata tão somente disso. Atrás da modesta sinopse, do homem sertanejo que por falta de dinheiro vê-se obrigado a comer culhões de um bode para não morrer de fome.
Ora, já aí podemos ver umas intricada percepção marxista, onde o pobre proletário -não pedirei desculpas pelo pleonasmo- alienado pela ideologia boêmia burguesa gasta todo seu pequeno salário (o qual também já tivera sua mais-valia roubada) com meretrizes de qualidade duvidosa.
Há críticas religiosas em vários momentos, até na personagem central do filme: um bode. Sim, um bode. A própria representação do mal. Um bode. A iconoclastia personificada. Um bode.
Até uma análise durkheiminiana do suicídio poderia ser feita, no caso do homem que tenta abreviar sua existência no meio da caatinga.
A capitação da natureza, a exploração da fotografia paisagística é sagaz. Soma-se a isso alguns raros -todavia, não inexistentes, mas muito bem explorados, diga-se de passagem- elementos de fundamentação dúbia do tempo-espaço. Clara influência de Tarkovski.
Diálogos que Bergman com certeza assinaria embaixo.
De fato, o diretor além de um artista nato, é um grande erudito.
Sublime, o único adjetivo que pode chegar perto de descrever essa obra de arte!