Ciclo Baiano de Cinema (1959 - 1964)

O "Ciclo Baiano de Cinema" consiste em obras audiovisuais que foram produzidas entre o final da década de 50 e o início da década de 60, trazendo locais da Bahia como parte de suas estórias (seja cidades grandes como Salvador e Feira de Santana ou no interior como Milagres e Monte Santo), e sendo resultado direto da "época de efervescência cultural" que acontecia na região durante a década de 50.

Nota-se que a maioria dos filmes propõe reflexões sociais sobre seus personagens em relação ao cenário, seja por questão de classe ou religiosa, algo que é mais visualizado em grande parte dos exemplares do "Cinema Novo". Não por acaso Glauber Rocha, de Vitória da Conquista, veio se tornar a figura mais notória, e o mesmo fez parte tanto do Ciclo Baiano quanto da "Escola Baiana de Cinema".

Aqui vale fazer uma diferenciação entre as produções de ficção dessa lista: nem todas as produções feita na Bahia foram feita por baianos com produções baianas; filmes como "O Pagador de Promessas" ou "Os Fuzis" tem produções e até relações estéticas diferentes das produções de "Sol sobre a Lama" ou "O Caipora" por exemplo. Mesmo "Deus e o Diabo na Terra do Sol", do próprio Glauber, tem uma produção vinda do Rio de Janeiro, se não me engano; ou seja, não se encontra no fluxo de produções feitas por Rex Schindler ou até outros cineastas independentes da Bahia.

Fora Glauber, dos cineastas baianos pode-se destacar Roberto Pires, provavelmente a figura mais proeminente, ainda mais por conta de ter produzido o primeiro longa de ficção na Bahia, ao lado de Oscar Santana: "Redenção", produzido durante três anos e lançado em 1959 (assim como muitas das obras aqui presentes; nenhuma novidade no nosso Cinema).

Outros nomes de destaque seriam o próprio Oscar Santana, Rex Schindler, Waldemar Lima e os atores Antônio Pitanga e Geraldo Del Rey, e as atrizes Luiza Maranhão e Helena Ignez; por sinal, este quarteto estrelou "A Grande Feira", um sucesso de bilheteria na Bahia de acordo com o produtor no documentário “O Cinema foi à Feira” (disponível no YouTube).

Uma das fontes utilizadas para essa lista foi a coletânea de textos feita por André Setaro para o "Panorama do Cinema Baiano", e os registros de cada obra dessa lista no portal "cinemateca brasileira" (por vezes algumas informações entre ambas fontes não combinavam).

Não constam nessa lista pela falta de terem sido catalogados ou até mesmo por terem poucas informações a respeito:
- "A Montanha dos Sete Ecos" (1963)
- "O Tropeiro" (1964)
- "Senhor dos Navegantes" (1964)
- "O Caipora" (1964)

Alguns dos exemplares do Ciclo, assim como a maioria da filmografia do Roberto Pires (restaurada e remasterizada) estão disponíveis no YouTube; fiz uma playlist lá, só procurar pelo mesmo título dessa lista.