O Último Sonho é o mais novo trabalho de Alberto Alvares (de "A origem da alma") e cumpre uma das funções primordiais do cinema de autoria indígena, a de guardar com a imagem a memória coletiva de uma cultura específica. Se antes essa memória era transmitida pela oralidade, agora os povos indígenas se beneficiam do audiovisual para fortalecer seus modos de ser e de se organizar no presente e para o futuro.
Neste documentário, Alvares segue, como em seus outros filmes, apresentando como personagens centrais os sábios das aldeias guarani. O filme é uma homenagem a Wera Mirim, grande líder da aldeia Sapukai, na região de Angra dos Reis (RJ). Essa homenagem vai alcançar camadas mais profundas do que um simples memorial pois, além de trabalhar com imagens de arquivo do xeramoin (avô, um dos mais velhos da aldeia, na língua guarani) o cineasta mostra essas imagens aos parentes que o conheceram, dando-nos a dimensão do vasto conhecimento que o personagem detinha, mas também registrando a comoção dos espectadores guarani à forma como sua presença alargava e incentivava o sentido da vida em comunidade.
Produzido pela Aldeia Sapukai, foi premiado no DocLisboa em 2019, exibido em várias mostras e festivais mundo afora.