O filme é mais longo que o necessário, e Roland Emmerich não consegue extrair do elenco boas atuações. Tudo está no piloto automático. E as grandiosas batalhas acabam cansando.
Não há nada mais pesado que a vida real. "Adu" é assim. No final, fiquei pensando: há outras histórias similares mais tristes acontecendo neste exato momento.
Espetáculo cheio daquilo que tem faltado ao cinema americano mainstream: coração. Frenético, febril, colorido, exagerado, esfuziante, exuberante, todos esses adjetivos definem em parte o que é "RRR". Embarque e viaje.
Quando, ao final do filme, alguns personagens se reúnem para explicar tudo o que aconteceu antes, você pode perceber o quão pavoroso é o roteiro dessa bomba. Filme ruim demais.
Às vezes, a gente tem de sair um pouco do mundo e rir. Esse filme espanhol é meio que "os Trapalhões no mosteiro maluco". Diverte enquanto dura. Estranhamente, bate na hierarquia católica e exalta as ações sociais do Catolicismo. O padre Munilla tem uma humanidade comovente, e gostei mais dele que do progressista padre Salvador.
Sou de um tempo em que cinema francês era sinônimo de algo pretensioso e lento. "Bala perdida" é divertido enquanto dura. Tem boas cenas de ação. E é curto. Gostei.
Não existe final feliz para a guerra. Nem para o lado vencedor. Fotografia excepcional. Excelentes atuações. Especialmente de Felix Kammerer, cujo personagem vai definhando no decorrer do filme. Trilha sonora fantástica. Cenas de batalha espetaculares. E o contraste entre os soldados na trincheira e os generais em suas salas de jantar é um soco na cara. A guerra inutiliza a humanidade.
O filme, centrado na relação de amizade entre Charlie e Amy, não tem a preocupação de explicar a razão de determinadas atitudes. Talvez isso incomode determinada parte do público que quer tudo mastigado, explicado, dissecado. Eddie Redmayne é um grande ator. E Jessica Chastain nos conduz pela mão para dentro de um pesadelo.
Há algum tempo, li um crítico que chamou "O estranho sem nome" de faroeste metafísico. Tendo a concordar, uma vez que o filme não parece querer explicar a situação. Pelo contrário. Seria aquela cidade uma prefiguração do purgatório? Seria o estranho uma espécie de anjo que traz a vingança? As vítimas são apenas vítimas, ou carregam a culpa da covardia? Clint Eastwood não vem trazer justiça: ele quer é castigar, conduzir os maus à danação. Um western sem heróis. Por isso, incomoda muita gente.
Diferentemente daquele filme de zumbis do Zack Snyder, lançado na Netflix, esse esquadrão do James Gunn é muito divertido. Boas cenas de ação. Personagens marcantes (Doninha e Pacificador, meus prediletos). Ritmo alucinado. Só falha em dar poderes extraordinários a Arlequina...
Existem filmes ruins. E existe "Os renegados". Triste declínio de Renny Harlin, que dirigiu "Risco total", "Duro de matar 2", "Despertar de um pesadelo", "Do fundo do mar", filmes, no mínimo, divertidos...
Quem ouve Gentle Giant e gosta, com certeza, deve ter passado pela experiência de, ao ouvir a banda pela primeira vez, ter estranhado o seu som. Do Gentle Giant, não é comum se gostar logo de cara. Um de seus álbuns se chama justamente "Acquiring the taste", que tem na capa a imagem de uma língua. Suas músicas trazem uma certa complexidade, com muitas variações de andamento e uma incomum riqueza instrumental. E é um som facilmente identificável, mas é preciso ter alguma bagagem para entender e apreciar o que a banda faz. Por que falo disso ao comentar sobre o filme "Pig"? É preciso ter alguma bagagem de vida para entender as nuances desse filme. Há pouco, vi no youtube um certo casal comentando a obra. Para eles, o filme é parado, sem propósito, ruim. E eles tacharam o filme como uma obra para agradar críticos. Na boa. Ou eles estavam em um mau dia, ou não entenderam nada. Ou esperavam outro "filme do Nicolas Cage". "Pig" não é um filme de Nicolas Cage: é O filme do ator Nicolas Cage. Muitos esquecem que o sobrinho de Francis Ford Coppola é um excelente ator, premiado com o Oscar e com vários sucessos de bilheteria no currículo. Numa sociedade fascinada por memes, o ator se tornou aquele das caretas e do exagero. Mas não é isso. Nicolas Cage ama a sua arte e, em "Pig", entrega uma das suas melhores interpretações. Sem exagero. Com o seu aspecto sujo, seu gestual, modo de se mover, o Rob de Cage comunica os seus sentimentos ao mundo sobretudo pelo olhar. E quem é Rob? Essa é a grande pergunta do filme. Não vou me ater aos detalhes do filme. Aqui no Filmow muita gente já falou parte do que penso. Só queria acrescentar o seguinte: o filme fala sobre diversos níveis de luto, de tristeza e de insatisfação com a vida. Isolado de tudo, Rob é, acredito, um suicida que não teve coragem de se matar. Uma determinada circunstância, porém, o tirou da "zona de conforto" de sua cabana e ele teve de encarar a sua vida anterior. O casal youtuber que citei acima não entendeu o fato de que, sujo e ferido, Rob ia a todos os lugares e, mesmo em um restaurante fino, as pessoas aparentemente não notavam o seu aspecto. Numa época em que se fala tanto em combate ao suicídio, é pertinente constatar que tal fato é uma metáfora: há muitos outros Robs, sujos e feridos na alma, que passam por nós e não nos damos conta. Em tempo: todos nós temos dores na alma em maior ou menor escala. A maneira como lidamos com elas é que faz a diferença.
O filme de Peter Berg é uma bobagem. Mas como é divertida essa bobagem! O trio de protagonistas, Johnson, Scott e Walken, parece se divertir bastante. Apesar do Brasil fake, não canso de ver as desventuras de Beck no meio da floresta...
Longe de ser uma obra-prima, "Superação - o milagre da fé" se enquadra naquele rol de filmes com um propósito. Apesar de ser voltado para o público cristão, o filme busca dialogar com aqueles que não professam a fé em Deus, ao lançar a corajosa questão: se Deus é capaz de salvar da morte certa um menino, por que não salva a todos os que se veem ameaçados de morte? Sem tentar dar explicações teológicas e/ou filosóficas, o filme aponta para uma outra direção: as consequências de um fato desses, tão extraordinário, pode trazer na vida de outras pessoas, inclusive nas que não creem no transcendente.
O ápice do filme, creio eu, não está na volta do menino à vida normal, mas no momento em que o pastor apresenta todas as pessoas que participaram da ação. O filme trabalha o tempo inteiro com a ideia de que, mesmo diante de algo impossível de acontecer, as pessoas podem se unir ao redor de um sinal de esperança. O amor de uma mãe repercute naquela comunidade e faz com que outros também abram o coração.
A mensagem do filme? Quer abraçar a Deus, abrace o seu próximo. Bom filme. Só isso.
Acho que o bom cinema é aquele que deixa imagens gravadas na memória do espectador. "O tambor", no meu entender, é grande cinema, daqueles que não subestima a inteligência de quem o vê. Carregado de alegorias, surrealismo e violência, a história do pequeno Oskar exige muito do espectador: não se trata apenas da história de uma criança que se recusa a crescer, mas também é um retrato da decadência moral de uma sociedade, que abraçou alegremente o nazismo e depois teve de pagar um alto preço por sua escolha. É um filme perturbador? É. É genial? Em muitos momentos. Todos irão gostar? Com toda a certeza, não.
"Brightburn" sofre de um mal recorrente nas produções americanas contemporâneas: a necessidade de se criar uma franquia nova. Por isso, de vez em quando, surgem filmes como esse "Brightburn", que tentam emplacar uma mitologia, deixando pontas soltas para os próximos filmes alinhavarem
(quem ou o que é Brandon de fato? A missão dele é só destruir a Terra? Que seres são aqueles citados pelo personagem do Michael Rooker no final?)
. Porém, como início de franquia, o filme fracassa, pois é simplesmente desinteressante. Apesar do esforço do elenco, fica-se com a sensação de que eles estão ali simplesmente para que Brandon demonstre seu poder e sua fúria. Aliás, o vilão é apenas e tão somente mau, e o filme não se preocupa em dar um motivo para isso. Enquanto ideia, o filme é atraente. Mas o modo como foi feito é que incomoda. Talvez funcionasse como minissérie, pois, como filme, parece corrido em excesso.
Excelente documentário. Apesar da ausência do "Rei", faz um retrato bastante abrangente da cena da Jovem Guarda. Melhores momentos: a história do encontro dos Jordans com os Beatles e o papel de Ronnie Von naquele momento.
O documentário, em alguns momentos, parece um pedido de desculpas pelo fato de Mussum ter sido quem foi: um humorista negro que fazia piadas sobre a sua cor. Criança que fui naquele tempo, sempre enxerguei os quatro não pelo prisma do que eles representavam, mas pelo humor que eles transmitiam. Eles eram genuinamente engraçados.
Jordan Peele é, de fato, um diretor diferenciado. Sabe o que extrair do elenco, como usar a câmera, como injetar incômodo em situações as mais prosaicas. Seu "Corra!" é muito bom, mas o mesmo não posso dizer de "Nós". Um filme em que o roteiro deixa furos enormes, com alguns personagens que beiram a caricatura, com humor deslocado às vezes, não pode ser considerado muito bom. O filme tem méritos, sim, mas sua indecisão em abraçar um gênero não traz bons resultados no que tange à verossimilhança. Ora o filme flerta com o slasher movie, ora com a ficção científica, ora com a alegoria política: ou seja, Peele atira em vários alvos, acerta alguns, mas não deixa o filme ser memorável. Na verdade, o filme é pretensioso ao tentar ser maior e mais relevante do que realmente é. A começar pelo título original ("Us" - Nós - United States), que remete à ideia de que o filme é um retrato metafórico do país na era Trump e a condição daqueles que vivem à margem da prosperidade social, negros ou não. É possível fazer várias leituras da mensagem do filme, mas falta ao roteiro uma qualidade que grandes filmes têm: sutileza. O diretor joga várias pistas e diz ao espectador: decifra-me! Citações bíblicas, elementos deslocados (coelhos) em cena, cores que se destacam, gestos: tudo parece pedir por uma interpretação. Decifra-me. Decifra-me. Decifra-me. E, na busca de um sentido, o espectador acaba devorado. Jordan Peele é um diretor diferenciado. Mas falta-lhe a ousadia de um Ari Aster e seus silêncios e cenas em que aparentemente nada acontece. Jordan Peele nos conduz a uma montanha-russa de sensações. Mas, às vezes, ele parece subestimar a inteligência de seu público.
Bom filme. A fotografia é excelente; o elenco, em especial Shailene Woodley, é bastante competente. A certa altura do filme, me incomodei com os constantes flashbacks, que pareciam ser apenas para encher linguiça com a justificativa de apresentar melhor os protagonistas. No entanto, a certa altura, tudo passa a fazer sentido. Os flashbacks se encerram em uma sequência bem orquestrada... Há muitos filmes com o tema "sofrimento em alto-mar". Esse consegue ter um algum diferencial.
Midway: Batalha em Alto Mar
3.3 187 Assista AgoraO filme é mais longo que o necessário, e Roland Emmerich não consegue extrair do elenco boas atuações. Tudo está no piloto automático. E as grandiosas batalhas acabam cansando.
Intrusion
2.5 196Longe de ser ruim, mas bastante previsível.
Gosto do Logan Marshall-Green desde a série "Quarry".
Adú
3.7 80Não há nada mais pesado que a vida real. "Adu" é assim. No final, fiquei pensando: há outras histórias similares mais tristes acontecendo neste exato momento.
RRR: Revolta, Rebelião, Revolução
4.1 324 Assista AgoraEspetáculo cheio daquilo que tem faltado ao cinema americano mainstream: coração. Frenético, febril, colorido, exagerado, esfuziante, exuberante, todos esses adjetivos definem em parte o que é "RRR". Embarque e viaje.
O Mal Está Lá Fora
1.4 19 Assista AgoraQuando, ao final do filme, alguns personagens se reúnem para explicar tudo o que aconteceu antes, você pode perceber o quão pavoroso é o roteiro dessa bomba. Filme ruim demais.
Santo Time
3.2 32 Assista AgoraÀs vezes, a gente tem de sair um pouco do mundo e rir. Esse filme espanhol é meio que "os Trapalhões no mosteiro maluco". Diverte enquanto dura. Estranhamente, bate na hierarquia católica e exalta as ações sociais do Catolicismo. O padre Munilla tem uma humanidade comovente, e gostei mais dele que do progressista padre Salvador.
Onde é que eu encontro as cuecas Kelvin Klin?
Seu Filho
2.9 152 Assista AgoraBom filme.
Ninguém conhece ninguém.
Aliás, ninguém conhece nem a si mesmo.
Bala Perdida
3.2 114 Assista AgoraSou de um tempo em que cinema francês era sinônimo de algo pretensioso e lento. "Bala perdida" é divertido enquanto dura. Tem boas cenas de ação. E é curto.
Gostei.
Nada de Novo no Front
4.0 613 Assista AgoraNão existe final feliz para a guerra. Nem para o lado vencedor.
Fotografia excepcional. Excelentes atuações. Especialmente de Felix Kammerer, cujo personagem vai definhando no decorrer do filme.
Trilha sonora fantástica.
Cenas de batalha espetaculares.
E o contraste entre os soldados na trincheira e os generais em suas salas de jantar é um soco na cara.
A guerra inutiliza a humanidade.
O Enfermeiro da Noite
3.4 401 Assista AgoraO filme, centrado na relação de amizade entre Charlie e Amy, não tem a preocupação de explicar a razão de determinadas atitudes. Talvez isso incomode determinada parte do público que quer tudo mastigado, explicado, dissecado. Eddie Redmayne é um grande ator. E Jessica Chastain nos conduz pela mão para dentro de um pesadelo.
O Estranho Sem Nome
3.8 255 Assista AgoraHá algum tempo, li um crítico que chamou "O estranho sem nome" de faroeste metafísico. Tendo a concordar, uma vez que o filme não parece querer explicar a situação. Pelo contrário. Seria aquela cidade uma prefiguração do purgatório? Seria o estranho uma espécie de anjo que traz a vingança? As vítimas são apenas vítimas, ou carregam a culpa da covardia? Clint Eastwood não vem trazer justiça: ele quer é castigar, conduzir os maus à danação. Um western sem heróis. Por isso, incomoda muita gente.
O Bombardeio
3.8 157 Assista AgoraGostei da elegância do diretor em narrar uma história muito trágica com sutileza e respeito. Por mais justa que seja, nenhuma guerra tem beleza.
O Esquadrão Suicida
3.6 1,3K Assista AgoraDiferentemente daquele filme de zumbis do Zack Snyder, lançado na Netflix, esse esquadrão do James Gunn é muito divertido. Boas cenas de ação. Personagens marcantes (Doninha e Pacificador, meus prediletos). Ritmo alucinado. Só falha em dar poderes extraordinários a Arlequina...
Os Renegados
2.0 21 Assista AgoraExistem filmes ruins. E existe "Os renegados".
Triste declínio de Renny Harlin, que dirigiu "Risco total", "Duro de matar 2", "Despertar de um pesadelo", "Do fundo do mar", filmes, no mínimo, divertidos...
Pig: A Vingança
3.5 305Quem ouve Gentle Giant e gosta, com certeza, deve ter passado pela experiência de, ao ouvir a banda pela primeira vez, ter estranhado o seu som. Do Gentle Giant, não é comum se gostar logo de cara. Um de seus álbuns se chama justamente "Acquiring the taste", que tem na capa a imagem de uma língua. Suas músicas trazem uma certa complexidade, com muitas variações de andamento e uma incomum riqueza instrumental. E é um som facilmente identificável, mas é preciso ter alguma bagagem para entender e apreciar o que a banda faz. Por que falo disso ao comentar sobre o filme "Pig"? É preciso ter alguma bagagem de vida para entender as nuances desse filme. Há pouco, vi no youtube um certo casal comentando a obra. Para eles, o filme é parado, sem propósito, ruim. E eles tacharam o filme como uma obra para agradar críticos. Na boa. Ou eles estavam em um mau dia, ou não entenderam nada. Ou esperavam outro "filme do Nicolas Cage". "Pig" não é um filme de Nicolas Cage: é O filme do ator Nicolas Cage. Muitos esquecem que o sobrinho de Francis Ford Coppola é um excelente ator, premiado com o Oscar e com vários sucessos de bilheteria no currículo. Numa sociedade fascinada por memes, o ator se tornou aquele das caretas e do exagero. Mas não é isso. Nicolas Cage ama a sua arte e, em "Pig", entrega uma das suas melhores interpretações. Sem exagero. Com o seu aspecto sujo, seu gestual, modo de se mover, o Rob de Cage comunica os seus sentimentos ao mundo sobretudo pelo olhar. E quem é Rob? Essa é a grande pergunta do filme. Não vou me ater aos detalhes do filme. Aqui no Filmow muita gente já falou parte do que penso. Só queria acrescentar o seguinte: o filme fala sobre diversos níveis de luto, de tristeza e de insatisfação com a vida. Isolado de tudo, Rob é, acredito, um suicida que não teve coragem de se matar. Uma determinada circunstância, porém, o tirou da "zona de conforto" de sua cabana e ele teve de encarar a sua vida anterior. O casal youtuber que citei acima não entendeu o fato de que, sujo e ferido, Rob ia a todos os lugares e, mesmo em um restaurante fino, as pessoas aparentemente não notavam o seu aspecto. Numa época em que se fala tanto em combate ao suicídio, é pertinente constatar que tal fato é uma metáfora: há muitos outros Robs, sujos e feridos na alma, que passam por nós e não nos damos conta. Em tempo: todos nós temos dores na alma em maior ou menor escala. A maneira como lidamos com elas é que faz a diferença.
A minha cena favorita: a conversa de Rob com um de seus antigos empregados no restaurante
Army of the Dead: Invasão em Las Vegas
2.8 957Frenesi sem pé nem cabeça. Parece um filme dirigido por um Michael Bay com labirintite.
Bem-Vindo à Selva
2.9 266 Assista AgoraO filme de Peter Berg é uma bobagem. Mas como é divertida essa bobagem! O trio de protagonistas, Johnson, Scott e Walken, parece se divertir bastante. Apesar do Brasil fake, não canso de ver as desventuras de Beck no meio da floresta...
Superação - O Milagre da Fé
3.6 237 Assista AgoraLonge de ser uma obra-prima, "Superação - o milagre da fé" se enquadra naquele rol de filmes com um propósito. Apesar de ser voltado para o público cristão, o filme busca dialogar com aqueles que não professam a fé em Deus, ao lançar a corajosa questão: se Deus é capaz de salvar da morte certa um menino, por que não salva a todos os que se veem ameaçados de morte? Sem tentar dar explicações teológicas e/ou filosóficas, o filme aponta para uma outra direção: as consequências de um fato desses, tão extraordinário, pode trazer na vida de outras pessoas, inclusive nas que não creem no transcendente.
O ápice do filme, creio eu, não está na volta do menino à vida normal, mas no momento em que o pastor apresenta todas as pessoas que participaram da ação. O filme trabalha o tempo inteiro com a ideia de que, mesmo diante de algo impossível de acontecer, as pessoas podem se unir ao redor de um sinal de esperança. O amor de uma mãe repercute naquela comunidade e faz com que outros também abram o coração.
A mensagem do filme? Quer abraçar a Deus, abrace o seu próximo.
Bom filme. Só isso.
O Tambor
3.9 92 Assista AgoraAcho que o bom cinema é aquele que deixa imagens gravadas na memória do espectador. "O tambor", no meu entender, é grande cinema, daqueles que não subestima a inteligência de quem o vê. Carregado de alegorias, surrealismo e violência, a história do pequeno Oskar exige muito do espectador: não se trata apenas da história de uma criança que se recusa a crescer, mas também é um retrato da decadência moral de uma sociedade, que abraçou alegremente o nazismo e depois teve de pagar um alto preço por sua escolha. É um filme perturbador? É. É genial? Em muitos momentos. Todos irão gostar? Com toda a certeza, não.
Brightburn: Filho das Trevas
2.7 607 Assista Agora"Brightburn" sofre de um mal recorrente nas produções americanas contemporâneas: a necessidade de se criar uma franquia nova. Por isso, de vez em quando, surgem filmes como esse "Brightburn", que tentam emplacar uma mitologia, deixando pontas soltas para os próximos filmes alinhavarem
(quem ou o que é Brandon de fato? A missão dele é só destruir a Terra? Que seres são aqueles citados pelo personagem do Michael Rooker no final?)
Jovem aos 50 - A História de Meio Século da …
4.0 10Excelente documentário. Apesar da ausência do "Rei", faz um retrato bastante abrangente da cena da Jovem Guarda. Melhores momentos: a história do encontro dos Jordans com os Beatles e o papel de Ronnie Von naquele momento.
Mussum, Um Filme do Cacildis
3.6 78 Assista AgoraO documentário, em alguns momentos, parece um pedido de desculpas pelo fato de Mussum ter sido quem foi: um humorista negro que fazia piadas sobre a sua cor. Criança que fui naquele tempo, sempre enxerguei os quatro não pelo prisma do que eles representavam, mas pelo humor que eles transmitiam. Eles eram genuinamente engraçados.
Nós
3.8 2,3K Assista AgoraJordan Peele é, de fato, um diretor diferenciado. Sabe o que extrair do elenco, como usar a câmera, como injetar incômodo em situações as mais prosaicas. Seu "Corra!" é muito bom, mas o mesmo não posso dizer de "Nós". Um filme em que o roteiro deixa furos enormes, com alguns personagens que beiram a caricatura, com humor deslocado às vezes, não pode ser considerado muito bom. O filme tem méritos, sim, mas sua indecisão em abraçar um gênero não traz bons resultados no que tange à verossimilhança. Ora o filme flerta com o slasher movie, ora com a ficção científica, ora com a alegoria política: ou seja, Peele atira em vários alvos, acerta alguns, mas não deixa o filme ser memorável. Na verdade, o filme é pretensioso ao tentar ser maior e mais relevante do que realmente é. A começar pelo título original ("Us" - Nós - United States), que remete à ideia de que o filme é um retrato metafórico do país na era Trump e a condição daqueles que vivem à margem da prosperidade social, negros ou não. É possível fazer várias leituras da mensagem do filme, mas falta ao roteiro uma qualidade que grandes filmes têm: sutileza. O diretor joga várias pistas e diz ao espectador: decifra-me! Citações bíblicas, elementos deslocados (coelhos) em cena, cores que se destacam, gestos: tudo parece pedir por uma interpretação. Decifra-me. Decifra-me. Decifra-me. E, na busca de um sentido, o espectador acaba devorado. Jordan Peele é um diretor diferenciado. Mas falta-lhe a ousadia de um Ari Aster e seus silêncios e cenas em que aparentemente nada acontece. Jordan Peele nos conduz a uma montanha-russa de sensações. Mas, às vezes, ele parece subestimar a inteligência de seu público.
Vidas à Deriva
3.5 280 Assista AgoraBom filme. A fotografia é excelente; o elenco, em especial Shailene Woodley, é bastante competente. A certa altura do filme, me incomodei com os constantes flashbacks, que pareciam ser apenas para encher linguiça com a justificativa de apresentar melhor os protagonistas. No entanto, a certa altura, tudo passa a fazer sentido.
Os flashbacks se encerram em uma sequência bem orquestrada...
Há muitos filmes com o tema "sofrimento em alto-mar". Esse consegue ter um algum diferencial.