Não é possível que ele vai bater nas mesmas teclas, o primeiro episódio é basicamente uma continuação da "saída de armário" forçada dele, e que ele tenta vender como qualquer outra coisa, mas os conflitos são os mesmos: os machos e a mãe! É muita dor adolescente para uma pessoa com quase 40 anos que claramente não entendeu ainda como superar a co-dependência, e que acha que
Gostei do primeiro episódio, mas a série vai se tornando muito protocolar e devagar ao ponto de você preferir sair da experiência para pesquisar sobre o ocorrido ou mesmo refletir, afinal, qual o sentido de contar esse fato histórico desse jeito? Não consegui evitar a sensação de que essa história está sendo contada por pessoas que não sabem contá-la ou que ficaram meio perdidas.
De início, tem um pouco do humor de A Favorita, que eu particularmente adoro (apesar de não amar quase nada do Yorgos Lanthimos) e que é bem sutil, também deve reverberar em quem gosta e se identifica com personagens femininos (ou de mães) determinadas e até narcisistas e com perfil de filho(a) queer.
Apesar de não funcionar 100%, eu gosto muito da Kristen Wiig e a Laura Dern está perfeita, e obviamente a Allison Janney sempre traz muita dignidade a qualquer série ou filme que participa.
A partir do episódio 2, a Mira fica intragável, a série julga o comportamento dela de uma forma que fica praticamente impossível não se incomodar. De toda forma, é verossímil e o desespero da personagem é nítido, a gente tem filmes recentes em que as protagonistas são babacas ao extremo e a galera bate palma (A Pior Pessoa do Mundo / Vidas Passadas), e os autores quiseram seguir essa cartilha à risca (não dá nem para chamá-la de feminista ou woke, essas obras apenas expõem uma simples subversão dos papéis de gênero). Apesar de ter perdido um pouco a graça nesse "binarismo", querendo ou não, é justificável, porque ilustra bem a monogamia compulsória, nesse contexto, precisamos desses dois perfis delirantes pouco importando o pólo em que o homem ou a mulher está, a competitividade de "ansioso e evitativa", "vítima e abusiva/abusadora" etc. precisa existir para firmar essa conexão como qualquer coisa esquisita menos amor, como ligação traumática. Há também os "problemas maternos" do Jonathan, algo que fica claro no último episódio, que nos faz pensar na aptidão dele para lidar com suas crias ou "paixão por ser pai", e a disposição dele à monogamia serial aliada à falta de limites com a Mira (e com os casinhos dele) já mostrava que ele não queria uma saída para a monogamia e a infidelidade faz parte.
como uma empresa que aplica sanções tão duras com certas coisas podia permitir tantos furos de segurança? Como permitiria um levante orquestrado de funcionários? Por que o cartão de um funcionário que morreu continuaria funcionando?
Tudo parece pouco substancial para criticar, ou dá para se pensar em respostas rapidamente. A única crítica que dá para se fazer com mais certeza é que a série podia entregar mais em bem menos tempo, mas deixa tudo para a season finale (naquele estilo Lost, em que se revela 10 coisas e surgem 1000 perguntas ao redor do que é revelado), o que seria encher linguiça em outras séries, aqui é uma expansão bem-vinda do universo e atmosfera, e aí talvez esteja o pior defeito, será que a série tem algum sustento sem essas revelações? Ficções científicas não costumam se aprofundar em certas questões iguais os dramas, talvez por isso eu não consegui pegar a profundidade ou me conectar profundamente com nenhum personagem, um protagonista viúvo que participa de um projeto para lidar com o luto, mas o que mais? E no caso da Helly, gostamos mais de como ela responde à realidade e gostamos do desenho dela no presente, mas o que mais ela é? Parece que as páginas do roteiro da série são tão brancas quanto o cenário dessa série, pelo menos nessa primeira temporada... Tirando o futurismo e ficção científica, existem séries mais incisivas de revolta socialista, como "Enlightened", da HBO.
Me pareceu que as vozes do Kieran Culkin, da Aubrey Plaza e da Anna Kendrick (e da Mae Whitman, embora esteja um pouco diferente da Roxie do filme) são as que têm mais personalidade, dos outros atores parece que se a voz não está atrelada a imagem deles não faz diferença alguma. A trilha-sonora é absurda, consegue ser melhor que a do filme. Não sou fã de animação, então toda a parte sonora está incrível, me ajudou na imersão.
Boa reta final, o Rob Letterman e o Nicholas Stoller se recusam a entregar uma série adolescente comum, talvez por isso desagrade tanto uma parte do público.
Me intriga esse narcisismo de achar que está fazendo um serviço de ensinar a "história gay" sem nenhuma narrativa profunda que vá além do que eu posso achar no Wikipedia, mas eu queria mesmo era saber o que esses realizadores gays ganham mostrando só homens padrões e sexo violento e fetichizado.
Uma série bem coerente, uma vez que, sendo produzida pelo Grindr, entrega exatamente o que ele é, uma válvula de escape para as pessoas ficarem elaborando formas narcisistas de se "relacionar" num mundo narcisista (se esquecendo que não há "relação" com narcisismo, só enredamento). Sendo assim, é uma comédia divertida que trabalha com autocrítica e clichês, em que muitas verdades são ditas, mas o efeito benfazejo de ouvi-las é sequestrado pelas resoluções esperadas. Jimmy Fowlie é engraçado e o personagem bem construído, mas o usuário médio do Grindr definitivamente não o receberá bem. Numa passada rápida por comentários, a maior parte da preocupação é sobre ele não "respeitar" a sagrada escolha da amiga (ou ser "talarico"), logo se vê, como mostrado nos créditos, que o espírito de servidão que muitos gays ainda carregam, de ajudar héteros e a monogamia a continuarem aí ainda está em alta, e deve continuar assim por um tempo enquanto acharem que "relação aberta" ou "solteirice" são alternativas saudáveis aos que não se enquadram na heteronormatividade compulsória.
Toda a ansiedade e expectativa que esses adolescentes experimentam são muito nocivas para a formação deles mesmos, não dá para passar por nenhuma etapa da vida sem sofrer e ter problemas, mas o amor romântico cria e multiplica problemas que nem deveriam existir. Para não passar por algo totalmente insalubre, a série come pelas beiradas querendo dizer que amizades são as relações mais importantes, mas o plano da monogamia é exatamente esse que mostra o pôster, todo mundo se fechando em casais, trisais, diagnósticos etc., sofrendo nessas privacidades preconcebidas achando que isso salva alguém dos problemas da sociedade, ela traz basicamente uma lista de coisas que o neoliberalismo quer que a gente vá riscando e pechinchando para quem sabe garantir uma felicidade fabricada (postar algo em rede social, encontros, sair do armário, "se descobrir", ter contato com os familiares do seu namorado, dizer "eu te amo" etc.), se diz algo do futuro dos LGBTQIAPN+ é que em breve podemos estar bem mais ajustados a essa realidade doente. A assimetria da relação dos protagonistas é desconcertante, mas mais ainda é a adesão popular à co-dependência. De toda forma, a série vem acertando desde a primeira temporada não se entregando inteiramente a esse delírio, talvez com a desculpa de justificar ou aprofundar as motivações, ela acaba deixando nítido que na base de tudo está o individualismo e a idealização da dor e ressentimento (quando expõe aquele ar de mistério que entrega que há algo mais por trás dessa verdadeira obsessão do Charlie pelo Nick).
Jerrod Carmichael Reality Show
1Não é possível que ele vai bater nas mesmas teclas, o primeiro episódio é basicamente uma continuação da "saída de armário" forçada dele, e que ele tenta vender como qualquer outra coisa, mas os conflitos são os mesmos: os machos e a mãe! É muita dor adolescente para uma pessoa com quase 40 anos que claramente não entendeu ainda como superar a co-dependência, e que acha que
chupar um dedão
Último Ato (1ª Temporada)
3.8 3 Assista AgoraGostei do primeiro episódio, mas a série vai se tornando muito protocolar e devagar ao ponto de você preferir sair da experiência para pesquisar sobre o ocorrido ou mesmo refletir, afinal, qual o sentido de contar esse fato histórico desse jeito? Não consegui evitar a sensação de que essa história está sendo contada por pessoas que não sabem contá-la ou que ficaram meio perdidas.
Mary & George
3.7 8De início, tem um pouco do humor de A Favorita, que eu particularmente adoro (apesar de não amar quase nada do Yorgos Lanthimos) e que é bem sutil, também deve reverberar em quem gosta e se identifica com personagens femininos (ou de mães) determinadas e até narcisistas e com perfil de filho(a) queer.
Bebê Rena
4.1 409 Assista AgoraPoucas vezes vi algo tão autêntico e relevante com o selo "original Netflix", perfeita dentro do humanamente possível.
Palm Royale (1ª Temporada)
3.7 9 Assista AgoraApesar de não funcionar 100%, eu gosto muito da Kristen Wiig e a Laura Dern está perfeita, e obviamente a Allison Janney sempre traz muita dignidade a qualquer série ou filme que participa.
Cenas de um Casamento
4.3 198 Assista AgoraA partir do episódio 2, a Mira fica intragável, a série julga o comportamento dela de uma forma que fica praticamente impossível não se incomodar. De toda forma, é verossímil e o desespero da personagem é nítido, a gente tem filmes recentes em que as protagonistas são babacas ao extremo e a galera bate palma (A Pior Pessoa do Mundo / Vidas Passadas), e os autores quiseram seguir essa cartilha à risca (não dá nem para chamá-la de feminista ou woke, essas obras apenas expõem uma simples subversão dos papéis de gênero). Apesar de ter perdido um pouco a graça nesse "binarismo", querendo ou não, é justificável, porque ilustra bem a monogamia compulsória, nesse contexto, precisamos desses dois perfis delirantes pouco importando o pólo em que o homem ou a mulher está, a competitividade de "ansioso e evitativa", "vítima e abusiva/abusadora" etc. precisa existir para firmar essa conexão como qualquer coisa esquisita menos amor, como ligação traumática. Há também os "problemas maternos" do Jonathan, algo que fica claro no último episódio, que nos faz pensar na aptidão dele para lidar com suas crias ou "paixão por ser pai", e a disposição dele à monogamia serial aliada à falta de limites com a Mira (e com os casinhos dele) já mostrava que ele não queria uma saída para a monogamia e a infidelidade faz parte.
Ruptura (1ª Temporada)
4.5 747 Assista AgoraRuptura não é nem de longe uma série ruim, ainda que possa se criticar a plausibilidade, por exemplo,
como uma empresa que aplica sanções tão duras com certas coisas podia permitir tantos furos de segurança? Como permitiria um levante orquestrado de funcionários? Por que o cartão de um funcionário que morreu continuaria funcionando?
Coisa de Menino
3.9 7Qual o sentido dos dois ovos no brinquedinho da capa? haha
Love Has Won: O Culto da Mãe Deusa
3.9 24 Assista AgoraNo fim tiveram que aceitar a realidade 3D :(
Scott Pilgrim: A Série
4.0 58Me pareceu que as vozes do Kieran Culkin, da Aubrey Plaza e da Anna Kendrick (e da Mae Whitman, embora esteja um pouco diferente da Roxie do filme) são as que têm mais personalidade, dos outros atores parece que se a voz não está atrelada a imagem deles não faz diferença alguma. A trilha-sonora é absurda, consegue ser melhor que a do filme. Não sou fã de animação, então toda a parte sonora está incrível, me ajudou na imersão.
Goosebumps (1ª Temporada)
2.9 14 Assista AgoraBoa reta final, o Rob Letterman e o Nicholas Stoller se recusam a entregar uma série adolescente comum, talvez por isso desagrade tanto uma parte do público.
Companheiros de Viagem
4.3 29 Assista AgoraMe intriga esse narcisismo de achar que está fazendo um serviço de ensinar a "história gay" sem nenhuma narrativa profunda que vá além do que eu posso achar no Wikipedia, mas eu queria mesmo era saber o que esses realizadores gays ganham mostrando só homens padrões e sexo violento e fetichizado.
The Curse (1ª Temporada)
3.6 25 Assista AgoraNão acredito que o Nathan escreveu um personagem pra ele mesmo pra eu odiar.
Juventude Roubada: Por Dentro da Seita Universitária
4.0 5Uma das coisas mais complexas que eu já assisti na minha vida até hoje.
Goosebumps (1ª Temporada)
2.9 14 Assista Agoraótima série, mas como está deve agradar mais os millennials que a genZ, a representação dos anos 90 tá bem legal!
Bridesman
3.3 1Uma série bem coerente, uma vez que, sendo produzida pelo Grindr, entrega exatamente o que ele é, uma válvula de escape para as pessoas ficarem elaborando formas narcisistas de se "relacionar" num mundo narcisista (se esquecendo que não há "relação" com narcisismo, só enredamento). Sendo assim, é uma comédia divertida que trabalha com autocrítica e clichês, em que muitas verdades são ditas, mas o efeito benfazejo de ouvi-las é sequestrado pelas resoluções esperadas. Jimmy Fowlie é engraçado e o personagem bem construído, mas o usuário médio do Grindr definitivamente não o receberá bem. Numa passada rápida por comentários, a maior parte da preocupação é sobre ele não "respeitar" a sagrada escolha da amiga (ou ser "talarico"), logo se vê, como mostrado nos créditos, que o espírito de servidão que muitos gays ainda carregam, de ajudar héteros e a monogamia a continuarem aí ainda está em alta, e deve continuar assim por um tempo enquanto acharem que "relação aberta" ou "solteirice" são alternativas saudáveis aos que não se enquadram na heteronormatividade compulsória.
Heartstopper (2ª Temporada)
4.2 141 Assista AgoraToda a ansiedade e expectativa que esses adolescentes experimentam são muito nocivas para a formação deles mesmos, não dá para passar por nenhuma etapa da vida sem sofrer e ter problemas, mas o amor romântico cria e multiplica problemas que nem deveriam existir. Para não passar por algo totalmente insalubre, a série come pelas beiradas querendo dizer que amizades são as relações mais importantes, mas o plano da monogamia é exatamente esse que mostra o pôster, todo mundo se fechando em casais, trisais, diagnósticos etc., sofrendo nessas privacidades preconcebidas achando que isso salva alguém dos problemas da sociedade, ela traz basicamente uma lista de coisas que o neoliberalismo quer que a gente vá riscando e pechinchando para quem sabe garantir uma felicidade fabricada (postar algo em rede social, encontros, sair do armário, "se descobrir", ter contato com os familiares do seu namorado, dizer "eu te amo" etc.), se diz algo do futuro dos LGBTQIAPN+ é que em breve podemos estar bem mais ajustados a essa realidade doente. A assimetria da relação dos protagonistas é desconcertante, mas mais ainda é a adesão popular à co-dependência. De toda forma, a série vem acertando desde a primeira temporada não se entregando inteiramente a esse delírio, talvez com a desculpa de justificar ou aprofundar as motivações, ela acaba deixando nítido que na base de tudo está o individualismo e a idealização da dor e ressentimento (quando expõe aquele ar de mistério que entrega que há algo mais por trás dessa verdadeira obsessão do Charlie pelo Nick).