Alicia Vikander. O que ela é? De onde veio? Do que se alimenta?
A criatura surgiu assim do nada, com duas atuações monstruosas, numa delas eclipsando o ganhador do Oscar de 2015? Não me recordo de ter ficado encantado por um atriz assim tão rapidamente (Herm..., digo, Emma Watson levou mais de 2 anos pra isso) e confesso que só vi esse filme por ela. E não me arrependi, pois (além dela) é um bom filme. Pablo Vilaça desmerece a atuação de Eddie Redmayne, dizendo que é caricatural. Concordei com isso até a metade do filme, e eu passei um tempo desagradável imaginando o Stephen Hawkin vestido de mulher (porque era só o que eu via, quando ele fazia caras e bocas), e isso me tirou completamente do filme no início, até que eu me acostumei e me veio um pensamento: esta é a história de um homem não-afeminado que tem de aprender do zero todo o maneirismo e suavidade femininos, e o filme deixa isso bem claro. É ÓBVIO que a imitação (e a cena da cabine deixa isso mais claro ainda) vai ser tosca, exagerada (e eu senti que até mesmo o personagem sente isso e sofre) e confusa. Tanto isso é verdade que, mais próximo do final, a atuação é perfeitamente natural. Mais uma vez o ator está de parabéns, , mas calhou dele contracenar com a gigante Vikander, que tem nesse papel um "range emocional" que é perfeito pro Oscar, e se ela não ganhar (ela concorre por melhor atriz secundária, o que me faz pensar: quem é a atriz principal desse filme? Lili?) vai ser uma das maiores injustiças da Academia (uma entre várias, aliás, basta ver o Di Caprio). Fotografia lindíssima, encantadora, com vários ambientes, vários estilos, e cores pastel maravilhosas, e a Lili está iluminada (e colorida) de forma a se parecer com seus quadros. Pena que sequer está concorrendo ao Oscar (Mas não ia ganhar mesmo, porque o Lubezki vai levar).
Nunca entrei nem entendi o hype que fizeram na época com esse documentário. Nem sei porque. Acontece que esqueci tudo o que tinha lido ou ouvido a respeito, e só peguei pra ver porque o arquivo com o filme estava à mão. Foi a melhor coisa que podia ter acontecido, pois fui envolvido na trama que o diretor criou, descobrindo os acontecimentos na ordem em que ele quis, e fiquei completamente enredado e alucinado com essa história surreal, que mais parece uma fábula, um conto de fadas em estilo noir, algo que provavelmente nunca mais vai acontecer neste mundo (bem, talvez ainda possa ocorrer na Coréia do Norte, não sei).
Enfim, o hype era merecido, esse é um estilo de filme/documentário que merece ser assistido e premiado. E não leia mais a respeito se você ainda não o fez.
Este é o melhor filme de ação dos últimos 15 anos. Está quase empatado com Gravidade e Avatar como uma das mais fantásticas experiências que um IMAX pode proporcionar. George Miller, 66 anos, não fez um filme pra telas pequenas. Ele é grandioso, maior e mais bizarro que a vida, maior que seus icônicos personagens e, talvez por isso mesmo, tenha desagradado alguns que queriam ver um show do Mad Max. Pra esses eu posso dizer que o diretor/escritor não os enganou: desde o segundo filme da trilogia original Mad Max se estabeleceu como um personagem secundário, um fio condutor para os acontecimentos e personagens desfilarem, e no fim ele saía da aventura da mesma forma que entrou, nem maior nem menor.
A verdadeira estrela do filme é Imperator Furiosa, interpretada por Charlize Theron. Uma mulher forjada da mesma fibra de uma Sarah Connor ou da tenente Ripley. O encontro de Furiosa com Max é como o confronto de duas cobras, onde ambos se estudam durante muito tempo antes de dar um bote. E nisso a atuação de Tom Hardy é perfeita, pois ele é um ator que fala muito com os olhos e com o rosto. Charlize é também boa o suficiente pra equiparar-se nos silêncios e atuação corporal, mas brilha ainda mais nos (poucos) diálogos que tem no meio do filme.
Muito se falou da polêmica de feminismo no filme, com a associação de homens héteros (?) "Men’s Rights Activists" querendo boicotar o filme porque Max é submisso à Furiosa. Grande besteira, mas o filme é assumidamente feminista, confirmado pelo diretor. Mas e daí? Avatar e Aliens também o são e não vimos reclamação alguma sobre issso (ao contrário, não conseguimos sequer imaginar os filmes sem elas). Mercenários 2 é um filme assumidamente de macho e é uma porcaria, e não por causa disso (o primeiro também exala testosterona e é muito melhor).
George Miller dá uma aula de como fazer um filme de ação, humilhando a meninada de Hollywood e mesmo gente da sua geração. Seria preciso uns 3 Spielbergs na direção só pra fazer aquelas cenas finais! A quantidade de cenas é impressionante, cobrindo toda a ação, mas nada disso iria funcionar se não existisse uma edição no mesmo nível de genialidade. E a quem o diretor confiou esse trabalho desgraçadamente épico? À sua própria esposa. E quem pensa que ele usou a figura da esposa pra poder editar ele mesmo está muito enganado. Ela trabalhou dia e noite enquanto ele filmava no deserto da África do Sul. George filmou 480 horas e deu tudo isso pra ela editar. E quando ela perguntou: "por que eu?" ele respondeu "porque se eu der isso a um cara ele vai fazer um filme de ação qualquer".
Isso nos leva à próxima crítica feita ao filme: Alguns pensam que ele não tem história, que é só ação, mas o diretor George Miller é um perito em contar uma história através da ação, e isso é o domínio perfeito da linguagem cinematográfica, não menos. Ele confessa que foi muito influenciado pelo cinema mudo, daí sua técnica apurada. O diretor é genial em passar as mensagens através do visual, sem uma linha sequer de diálogo.
Em Fury Road ele está não só mostrando e aprofundando o mundo que vimos em Mad Max 2 (e uma elaborada crítica a nossa própria sociedade), como está pela primeira vez nos inserindo nele, tamanha a insanidade da direção/edição/som, que nos coloca não como testemunhas confortáveis, mas como participantes da ação. E como participantes não precisamos de explicações, apenas vemos o que está ao nosso redor com a naturalidade que DEVE ser exigida por quem está inserido em um mundo onde a loucura é a regra.
Como o filme é explicado através do visual, ele carrega em si uma grande dose de simbolismo. A tribo dos War Boys, por exemplo, segue fanaticamente o líder Immortan Joe de forma religiosa. Essa religião é como um retorno às religiões primordiais: patriarcal, e como os antigos romanos ou vikings venera aquilo que lhe cerca ou ajuda a sobreviver (no caso, os carros); como é uma sociedade guerreira, crê em um paraíso para os melhores guerreiros (Valhalla) e reencarnação ("eu vivo, eu morro, eu vivo novamente"). As frases são repetidas mecanicamente, indicando o grau de lavagem cerebral daqueles garotos. O líder supremo controla um recurso natural precioso (água) e reparte um mínimo com o povo, através de um duto que derrama um pouco de água em cima das pedras (uma bela e sutil cena que mostra o desperdício, a esterilidade do lugar e a falta de uma vontade de doar realmente) e que ainda pode ser interpretado como uma ejaculação fora (Bukake anyone?). Essa última interpretação, embora pareça forçada, dentro DESTE filme faz sentido, pois ele faz esse paralelo de sociedade patriarcal versus matriarcado muito claramente. O leite materno, por exemplo, é negado aos bebês para benefício da elite do lugar, que usa as mulheres como vacas leiteiras ou parideiras.
Nesta sociedade uma mulher se destacou: Imperator Furiosa, que é imensamente respeitada por todos. O filme não conta sua história (a não ser que ela foi raptada quando criança pelo Immortan Joe), o que é interessante, pois ficamos curiosos a respeito da personagem e podemos assim imaginar qualquer coisa pra perda do braço, pra suas motivações, etc. Ao vermos essa mulher ter um lugar de destaque nessa sociedade imediatamente imaginamos que ela deva ser "badass", e assim o filme segue maravilhosamente sem explicações desnecessárias e sem subestimar a inteligência da platéia.
Mad Max também aparece como badass ao matar e comer o lagarto. Mas numa virada inesperada de eventos ele vira uma presa fácil para os War Boys. E assim se inicia uma perseguição de 20 minutos de tirar o fôlego, como se o diretor quisesse dizer "bom dia, bem-vindos ao meu mundo, isso foi só um aquecimento, agora vamos começar de fato". Só vi isso duas vezes no cinema: Soldado Ryan e Gravidade, e ambos foram experiências inesquecíveis, então façam um favor a vocês mesmo(a)s e assistam Mad Max Fury Road na maior tela que puderem.
Depois temos a cena onde somos apresentados às mulheres de Immortan Joe se banhando: parece um comercial de Victoria Secret ou mesmo um soft porn. Não por acaso: essa é a forma como aquelas personagens eram usadas, e a forma como aquele mundo as via, idealizadas e sexualizadas. Max provavelmente as vê assim por alguns minutos, mas ele é um sobrevivente antes de tudo, tem moral pra não tirar proveito das pessoas e mais na frente vemos que ele sabe dos perigos e armadilhas de se deixar levar pela sexualidade irrefreada neste mundo. Imediatamente ele identifica o perigo em Furiosa e a desarma como pode. Num curto espaço de tempo vemos que ela é equivalente a Mad Max em força, agilidade, inteligência, perigo e - novamente sem muitos diálogos - eles percebem que é mais interessante se aliarem contra o inimigo em comum.
O personagem do War Boy "Kami crazy" (referência óbvia aos kamikazes) é quase um alívio cômico, mas sem ser idiota. Nas cenas de ação do começo testemunhamos o sacrifício de um guerreiro de sua tribo e vemos que o nível de tolerância para com o fracasso é baixíssimo entre eles. Isso vai definir e embasar as ações desse personagem por todo o filme. É com ele que constatamos uma outra forma de poder do feminino: o poder do acolhimento, da transformação do homem. Através do carinho a ruiva consegue tornar o inimigo em aliado. Interessante notar também como o caminhão das mulheres é um caminhão de leite: esse grupo está não só negando o alimento aos homens como é quase um oásis móvel de leite, combustível e água no meio do deserto. Ainda assim elas não sabem pra onde ir. Perseguem um sonho, uma esperança. Quando a realidade as alcança (através primeiro do contato com uma "súcubus", que usa a sexualidade como arma pra conseguir sua presa, e depois com a sabedoria das mais velhas) elas se desesperam ao ponto de seguirem para a morte no meio do nada. Aí que entra pela primeira vez a verdadeira força do Mad Max na trama, um aspecto "masculino" (que não deixa de estar nas mulheres, mas é tradicionalmente associado ao homem; Yang, ativo) que em vez de acolher ou contornar o problema diz "vamos voltar, vamos enfrentar o problema de frente ou morrer tentando" que, não por acaso, tem um quê da filosofia dos War Boys de ir pro tudo-ou-nada.
Não canso de frisar o quanto os personagens são memoráveis: as velhinhas motoqueiras, o cara com balas nos dentes, o anão com um fortão (uma referência ao - ou mesmo os próprios - Master Blaster do Mad Max 2), e uma senhora com sementes (mais uma referência ao feminino, que carrega a vida com ela, além da mais óbvia, que é a mulher grávida carregando um filho saudável) que parece uma versão live-action da pirata do filme Laputa, de Hayao Miyazaki. Destaque para o desenho de produção, onde cada roupa e máquina reflete um estilo e uma necessidade de vida: temos a tribo dos carros porco-espinho, os os motoqueiros vivendo nas montanhas, os carros dos War Boys com âncoras pra fazer outros carros pararem e pêndulos para invadi-los.
A fotografia fugiu da tendência de retratar um mundo pós-apocalíptico com cores desbotadas e resolveu fazer exatamente o contrário, com cores fora da realidade. Mas só isso não faz uma boa fotografia, e o testemunho de que ela é boa mesmo é que o diretor quer lançar uma versão do filme em blu-ray em preto e branco, apenas com a trilha sonora. Os enquadramentos realmente brilham em P&B, um testemunho da maestria do diretor e da técnica do fotógrafo John Seale (70 anos!).
Mad Max Fury Road é filme pra se ver e rever e ser comentado por muito tempo. Longa vida ao diretor George Miller e que ele possa nos brindar com mais filmes da série antes dele ir todo cromado e brilhante para o Valhalla.
Cinema argentino de parabéns! Bela direção, técnica, atuação, e especialmente o roteiro, que é inventivo, corajoso e interessante. Várias pequenas histórias de pessoas levadas a extremos, com situações inusitadas e desfechos de ouro.
Com um professor como Remo Lupin, Hawking só poderia se tornar um gênio! Agora, é um testamento da capacidade do ator que por alguns momentos eu esqueci que estava ali um ator e enxerguei o verdadeiro Hawking.
Ethan Hawke é a porra de um vampiro? Porque em Boyhood todo o elenco envelhece e ele continua com a mesma cara! Ele deixa o bigode crescer pra tentar disfarçar, mas quem ele quer enganar?
Eu posso estar num momento de extremo cinismo e isso pode ter afetado meu julgamento, mas eu não suportei esse filme. E eu gosto de Linklater. Waking Life é fantástico, a trilogia "Antes do..." é muito boa, Escola do Rock e Scanne Drarkly têm uma edição e ritmos primorosos, mas Boyhood cai no estilo de filme dele que é como Dazed and Confused e Slacker: monótono. Ambos eu não consegui assistir mais que 10 minutos. Com Boyhood eu tive vontade de desistir também, mas queria ver os atores envelhecendo, e foi só isso que me sustentou até o final. Comecei ontem, após o que parecia 3 horas eu fiz uma pausa pra continuar no dia seguinte, fui olhar e ainda não tinha chegado na metade!!! Terminei hoje e a impressão que tive foi de ter visto uma maratona versão extendida do Senhor dos Anéis! O fato de eu não gostar de dramas familiares também pesou na crítica, mas eu gosto de Anos Incríveis! Amei "As Vantagens de Ser Invisível", "Sociedade dos Poetas Mortos", esses dois últimos pesadíssimos, com temas complicados, mas brilhantemente executados. Coisa que não vi em Boyhood. Afinal, o cara teve 12 anos pra pensar num roteiro, numa montagem, numa direção! É um luxo que poucos (ou quase nenhum) realizador tem! E o filme trata dos temas mais banais, de uma forma banal, com uma direção banal e uma montagem que, pqp, parece o George Lucas no Senado em Episódio I. Há cenas que devem estar ali só pelo valor sentimental de quem participou do projeto. O que é que Harry Potter tem a ver com a história pra ter tanto destaque? E cenas inteiras que não avançam em nada o personagem, ou a narrativa?
Enfim, no meu mundo cinza o Boyhood não estaria indicado a nada no Oscar, e pensar que um filme como Nightcrawler ficou de fora de melhor filme e montagem pra dar lugar a Boyhood??
Waking Life comeria Boyhood no café da manhã em qualquer cena que você escolhesse aleatoriamente.
Jake Gyllenhal assustador nesse papel, que poderia ser uma continuação espiritual de "Driver". Um roteiro corajoso em expor o pior da natureza humana, que explora outros humanos em busca de sucesso nos negócios. E vemos isso em vários níveis ao longo do filme (pena que não conseguiram extender isso até a polícia, ou seria uma espécie de "Tropa de Elite" do ponto de vista da mídia). Jake encarna o "self-made man", orgulho dos estados-unidos, alguém que começa de baixo, ambicioso, e com uma boa oratória (apesar do tom monocórdio e sem sentimentos). Muito interessante o linguajar de homem de negócios que ele utiliza, sempre em tom positivo, até pra fazer ameaças, o que representa uma metalinguagem para como as empresas corrompem, manipulam e chantageiam seus funcionários com um sorriso falso no rosto. A fotografia do filme é brilhante, teria grandes chances de ganhar o Oscar, se não fosse Birdman (e se Nightcrawler não fosse completamente esnobado pela academia a ponto de não levar indicação pra melhor ator, fotografia e mesmo melhor filme!).
Aqui David Fincher parece tão obcecado em contar a história o mais detalhista possível (versão do diretor) ao longo de quase 3 horas quanto o personagem principal em descobrir o assassino. Sacrifica-se ritmo, edição, linguagem cinematográfica, mas o que fica no final é a sensação de ter acompanhado uma ÓTIMA história. Me senti como tendo lido um livro, com meu cérebro digerindo tudo o que vi por pelo menos 1 hora. A fotografia desse filme é de um preciosismo tão grande que em várias ocasiões percebe-se (com olhos treinados) o uso de computação gráfica pra poder obter aquele tipo de exposição impossível no mundo real (a abertura, com as casas passando e os fogos estourando no céu, a entrada no avião, o policial na rua com a vítima do táxi, etc). A cena em que a câmera faz uma curva de 90 graus acompanhando um taxi é genial!
"Dr. Fantástico ou Como Aprendi a Parar de Me Preocupar e Amar" é um dos filmes mais estranhos desse diretor estranho que é Kubrick. Mas não menos genial. Peter Sellers faz aqui uma das suas melhores cenas de comédia de sua vida. O filme é uma crítica mordaz à guerra fria e a insensatez do militarismo. Isso antes mesmo de estourar a guerra do Vietnam e virar modinha criticar a escalada militar. Tem um fato curiosíssimo que gostaria de partilhar que mostra o quão importante é Kubrick pro cinema: é um telefonema de Kubrick pra Spielberg (os dois conversaram bastante enquanto trabalhavam nas idéias de AI: Inteligência Artificial) e ele o parabenizava por Soldado Ryan. Aí Spielberg fala pra Kubrick: mas eu me inspirei em você pra fazer aquela abertura. E Kubrick diz "como assim?". E Spielberg fala: "lembra das cenas de batalha pela janela em Dr. Fantástico, que são filmadas com câmera na mão? Pois é, tirei todo o estilo de lá" (pra quem estiver curioso, por volta dos 50 minutos de filme. Juro que eu não lembrava dessas cenas).
Ou seja, Kubick, o perfeccionista das cenas estáticas ou milimetricamente estabilizadas, foi a referência e inspiração de uma das maiores revoluções estéticas do cinema (câmera na mão, aspecto sujo, documental), definindo o look de filmes de guerra (e séries, e policial) pra sempre.
mocinhos sozinhos dizimam metade de um batalhão alemão que, por algum motivo, não tinha um panzerschreck sequer (equipamento barato que até as crianças tinham, em 1945).
Bryan Singer fez pra mim duas cenas que entraram imediatamente após assisti-las na história do cinema de ação: uma a introdução de X-Men 2 com o Noturno na Casa Branca, e agora a cena do Quicksilver na cozinha do Pentágono. Todas duas um balé lindamente coreografado, apenas com música no fundo. O filme é perfeito em ritmo, fotografia, ação, humor. Apenas uma coisa me incomodou no roteiro que foi
o Magneto tentar matar Mistica ainda naquele lugar, cercado de guardas. Ora, se foi ao estudar Mística que o governo criou os sentinelas, por que raios ele pensou em atirar, sei lá, na cabeça dela, espalhando sangue e miolos dela pela sala????
Em uma palavra esse filme pode ser facimente definido como TENSO. Não se enganem com trailer. Não é um filme de ação e aventura na máfia, nem nada Tarantinesco. É um thriller psicológico. E dos bons. Tom Hardy dá um show, como sempre, Noomi Rapace perfeita num papel que exige um equilíbrio entre distanciamento e tentativa de aproximação com a platéia/protagonista. E Gandolfini sendo ele mesmo. Fica interessantíssimo o monólogo final ao imaginar que este foi o último papel do Gandolfini, em que
Aplaudindo de pé aqui. Ouvia a galera dizendo, mas não levava a sério, mas agora faço coro a eles: Melhor filme da Marvel! Não me sentia tão bem assim vendo um filme tão leve, bem montado, divertido e GOSTOSO DE SE VER desde o Retorno de Jedi, acho. E por último, mas não menos importante: WE ARE GROOT!
O filme Noé, de Darren Aronofsky, é uma releitura gnóstica onde o diretor aproveitou pra incluir um interessante dilema moral, e especialmente a "queda" de Adão e Eva de um ponto de vista muito mais sutil e compreensível para quem gosta de esoterismo: e se Adão e Eva não estivessem "nús" no "paraíso", e sim
Os adoradores de filmes como "Waking Life", "Ponto de Mutação" e a trilogia "Antes do Amanhecer" sentirão falta de maior substância, mas também não é um filme raso: ele apenas não se põe de pé com as próprias pernas. Me lembra "Tron: o legado" e "Oblivion", em que ele começa instigante, parece que vai explodir sua cabeça como em "Matrix", mas aí ele se perde num final pouco inspirado. Mas não se enganem: não é um filme ruim, ao contrário.
Mais aqui http://www.saindodamatrix.com.br/archives/2014/10/o_doador_de_mem.html
Belíssimo, delicado, com um ritmo lento mas necessário, com cortes precisos, esmero técnico e sensibilidade imensa para com a história. Traz a relação pai/filho e mãe/filho de maneira que sempre sobra algo para a platéia completar, interpretar, colocar seu próprio sentimento. O segredo está nos silêncios, nos olhares, nas frases não completadas... O ator que faz Ryota merecia um Oscar.
Caramba, e a cena do metrô, onde a mãe pensa em abandonar o marido pra ficar com o filho? O jogo de luzes, o timming, o olhar da criança, da mãe... cara, foi uma das melhores cenas que vi esse ano! Talvez de vários anos!
Uma das mais belas fotografias do cinema. Nem tanto em termos de composição, mas de cores e iluminação. Não há um frame sequer que não esteja impecável. Pena que o roteiro e diálogos não estejam no mesmo nível. Apenas os 10 minutos finais se salvam.
Prepotente. Um filme que começa magistral, com um Luc Besson digno de seus melhores filmes (O 5º elemento e O profissional), com diálogos interessantes, personagens que trafegam entre o caricato e o badass com um certo humor. Aí nossa personagem ganha poderes, e por um momento o filme até permanece interessante. Onde isso vai dar? O que ela pode fazer? Como pará-la? Mas eis que
ela atinge 30% da capacidade cerebral e o filme se torna um saco. A mulher fica indestrutível, Deus EX Maquina adoidado
, e o filme se torna apenas uma vitrine pra Luc Besson externar suas mais loucas fantasias visuais (porque de narrativa não há originalidade - ou loucura - alguma). Esse é um problema que poderia ter sido facilmente evitado. O filme Matrix foi um grande sucesso porque estávamos acompanhando um personagem que estava APRENDENDO seus poderes, conhecendo seus limites. E só no finalzinho ele fica "invencível". Matrix 2 e 3 foram uma lição de que não tem a menor graça acompanhar um personagem que já não tem mais pra onde crescer, que é praticamente invencível! O Superman só funciona porque tem a Lois Lane, ou a Kriptonita. Em Lucy não tem nada disso!
O grande erro do filme foi ela ter se tornado SuperGirl na metade do filme. Durante toda a cena dos carros a platéia SABE que ela não vai errar! Que nada vai acontecer. Aí,provavelmente sem saber como terminar o filme com um clímax, ele resolve filosofar, fazer uma coisa meio "2001: Uma odisséia no espaço", com a transmissão de conhecimento à Lucy "original".
Fraco, promete demais e entrega pouco. Mas era um filme deveras promissor.
Um dos melhores filmes da Marvel, a meu ver. Soube pegar a mitologia do Capitão, da HIDRA e adaptá-la ao séc 21 com maestria. O que era uber-nazi se tornou supra-governamental, e os paralelos entre o governo norte-americano e o nazismo ficaram evidentes, numa crítica PERFEITA e que ainda evoca o fantasma do 11 de setembro, sem mencionar nem mostrar nada (mostra um atirador escondido, numa provável alusão a Kennedy), como um trabalho interno. Brilhante. O capitão representa uma América em busca de sua pureza, numa época em que ela não existe mais. Temos esse excelente roteiro com doses de ação, aventura, espionagem, viúva negra mitando, efeitos especiais convincentes (o Hellcarrier da SHIELD acabou sendo o maior e mais detalhado modelo CGI jamais feito pela Industrial Light and Magic), frases marcantes e algum humor.
Miyazaki é sem dúvida um mestre da animação e da arte de contar histórias. Meu filme preferido, que considero sua obra-prima, é Laputa: Castle in the Sky. É um "show of" do que cortou Miyazaki grandioso, tudo ali respira movimento, movimentação de câmera arrojada, técnica de animação primorosa, personagens cativantes e delicados, natureza exuberante, perseguições, tudo! Em Vidas ao Vento vemos um Miyazaki amadurecido, utilizando com a moderação que só o peso da idade pode proporcionar para equilibrar todos esses elementos à serviço de uma história tão intimista que poderia ser uma autobiografia. O vento - um protagonista que está em todos os filmes dele - aqui é o personagem principal. E os personagem aparecem e se vão na companhia dele. A sensibilidade de Miyazaki atinge aqui o ápice, e não precisa - mas ajuda - pensar como um japonês para sentir toda a carga dramática dos menores movimentos entre o casal. Aqui, pela primeira vez numa animação, pude sentir o calor de um abraço de saudade, níveis de emoção no olhar de um Anime, ou a chuva fria batendo no guarda-chuva. E tristeza. Muita tristeza. A lição que o último filme do Mestre Miyazaki deixa é que mais vale gastar 30 segundos mostrando uma esposa cobrindo seu marido do que 10 minutos de exposição e diálogos.
Espero que as próximas gerações, tanto no oriente quanto no ocidente, possam aprender com você.
A Garota Dinamarquesa
4.0 2,2K Assista AgoraAlicia Vikander. O que ela é? De onde veio? Do que se alimenta?
A criatura surgiu assim do nada, com duas atuações monstruosas, numa delas eclipsando o ganhador do Oscar de 2015? Não me recordo de ter ficado encantado por um atriz assim tão rapidamente (Herm..., digo, Emma Watson levou mais de 2 anos pra isso) e confesso que só vi esse filme por ela. E não me arrependi, pois (além dela) é um bom filme. Pablo Vilaça desmerece a atuação de Eddie Redmayne, dizendo que é caricatural. Concordei com isso até a metade do filme, e eu passei um tempo desagradável imaginando o Stephen Hawkin vestido de mulher (porque era só o que eu via, quando ele fazia caras e bocas), e isso me tirou completamente do filme no início, até que eu me acostumei e me veio um pensamento: esta é a história de um homem não-afeminado que tem de aprender do zero todo o maneirismo e suavidade femininos, e o filme deixa isso bem claro. É ÓBVIO que a imitação (e a cena da cabine deixa isso mais claro ainda) vai ser tosca, exagerada (e eu senti que até mesmo o personagem sente isso e sofre) e confusa. Tanto isso é verdade que, mais próximo do final, a atuação é perfeitamente natural. Mais uma vez o ator está de parabéns, , mas calhou dele contracenar com a gigante Vikander, que tem nesse papel um "range emocional" que é perfeito pro Oscar, e se ela não ganhar (ela concorre por melhor atriz secundária, o que me faz pensar: quem é a atriz principal desse filme? Lili?) vai ser uma das maiores injustiças da Academia (uma entre várias, aliás, basta ver o Di Caprio).
Fotografia lindíssima, encantadora, com vários ambientes, vários estilos, e cores pastel maravilhosas, e a Lili está iluminada (e colorida) de forma a se parecer com seus quadros. Pena que sequer está concorrendo ao Oscar (Mas não ia ganhar mesmo, porque o Lubezki vai levar).
À Procura de Sugar Man
4.5 180 Assista AgoraNunca entrei nem entendi o hype que fizeram na época com esse documentário. Nem sei porque.
Acontece que esqueci tudo o que tinha lido ou ouvido a respeito, e só peguei pra ver porque o arquivo com o filme estava à mão. Foi a melhor coisa que podia ter acontecido, pois fui envolvido na trama que o diretor criou, descobrindo os acontecimentos na ordem em que ele quis, e fiquei completamente enredado e alucinado com essa história surreal, que mais parece uma fábula, um conto de fadas em estilo noir, algo que provavelmente nunca mais vai acontecer neste mundo (bem, talvez ainda possa ocorrer na Coréia do Norte, não sei).
Enfim, o hype era merecido, esse é um estilo de filme/documentário que merece ser assistido e premiado. E não leia mais a respeito se você ainda não o fez.
Mad Max: Estrada da Fúria
4.2 4,7K Assista AgoraEste é o melhor filme de ação dos últimos 15 anos. Está quase empatado com Gravidade e Avatar como uma das mais fantásticas experiências que um IMAX pode proporcionar. George Miller, 66 anos, não fez um filme pra telas pequenas. Ele é grandioso, maior e mais bizarro que a vida, maior que seus icônicos personagens e, talvez por isso mesmo, tenha desagradado alguns que queriam ver um show do Mad Max. Pra esses eu posso dizer que o diretor/escritor não os enganou: desde o segundo filme da trilogia original Mad Max se estabeleceu como um personagem secundário, um fio condutor para os acontecimentos e personagens desfilarem, e no fim ele saía da aventura da mesma forma que entrou, nem maior nem menor.
A verdadeira estrela do filme é Imperator Furiosa, interpretada por Charlize Theron. Uma mulher forjada da mesma fibra de uma Sarah Connor ou da tenente Ripley. O encontro de Furiosa com Max é como o confronto de duas cobras, onde ambos se estudam durante muito tempo antes de dar um bote. E nisso a atuação de Tom Hardy é perfeita, pois ele é um ator que fala muito com os olhos e com o rosto. Charlize é também boa o suficiente pra equiparar-se nos silêncios e atuação corporal, mas brilha ainda mais nos (poucos) diálogos que tem no meio do filme.
Muito se falou da polêmica de feminismo no filme, com a associação de homens héteros (?) "Men’s Rights Activists" querendo boicotar o filme porque Max é submisso à Furiosa. Grande besteira, mas o filme é assumidamente feminista, confirmado pelo diretor. Mas e daí? Avatar e Aliens também o são e não vimos reclamação alguma sobre issso (ao contrário, não conseguimos sequer imaginar os filmes sem elas). Mercenários 2 é um filme assumidamente de macho e é uma porcaria, e não por causa disso (o primeiro também exala testosterona e é muito melhor).
George Miller dá uma aula de como fazer um filme de ação, humilhando a meninada de Hollywood e mesmo gente da sua geração. Seria preciso uns 3 Spielbergs na direção só pra fazer aquelas cenas finais! A quantidade de cenas é impressionante, cobrindo toda a ação, mas nada disso iria funcionar se não existisse uma edição no mesmo nível de genialidade. E a quem o diretor confiou esse trabalho desgraçadamente épico? À sua própria esposa. E quem pensa que ele usou a figura da esposa pra poder editar ele mesmo está muito enganado. Ela trabalhou dia e noite enquanto ele filmava no deserto da África do Sul. George filmou 480 horas e deu tudo isso pra ela editar. E quando ela perguntou: "por que eu?" ele respondeu "porque se eu der isso a um cara ele vai fazer um filme de ação qualquer".
Isso nos leva à próxima crítica feita ao filme: Alguns pensam que ele não tem história, que é só ação, mas o diretor George Miller é um perito em contar uma história através da ação, e isso é o domínio perfeito da linguagem cinematográfica, não menos. Ele confessa que foi muito influenciado pelo cinema mudo, daí sua técnica apurada. O diretor é genial em passar as mensagens através do visual, sem uma linha sequer de diálogo.
Em Fury Road ele está não só mostrando e aprofundando o mundo que vimos em Mad Max 2 (e uma elaborada crítica a nossa própria sociedade), como está pela primeira vez nos inserindo nele, tamanha a insanidade da direção/edição/som, que nos coloca não como testemunhas confortáveis, mas como participantes da ação. E como participantes não precisamos de explicações, apenas vemos o que está ao nosso redor com a naturalidade que DEVE ser exigida por quem está inserido em um mundo onde a loucura é a regra.
Como o filme é explicado através do visual, ele carrega em si uma grande dose de simbolismo. A tribo dos War Boys, por exemplo, segue fanaticamente o líder Immortan Joe de forma religiosa. Essa religião é como um retorno às religiões primordiais: patriarcal, e como os antigos romanos ou vikings venera aquilo que lhe cerca ou ajuda a sobreviver (no caso, os carros); como é uma sociedade guerreira, crê em um paraíso para os melhores guerreiros (Valhalla) e reencarnação ("eu vivo, eu morro, eu vivo novamente"). As frases são repetidas mecanicamente, indicando o grau de lavagem cerebral daqueles garotos. O líder supremo controla um recurso natural precioso (água) e reparte um mínimo com o povo, através de um duto que derrama um pouco de água em cima das pedras (uma bela e sutil cena que mostra o desperdício, a esterilidade do lugar e a falta de uma vontade de doar realmente) e que ainda pode ser interpretado como uma ejaculação fora (Bukake anyone?). Essa última interpretação, embora pareça forçada, dentro DESTE filme faz sentido, pois ele faz esse paralelo de sociedade patriarcal versus matriarcado muito claramente. O leite materno, por exemplo, é negado aos bebês para benefício da elite do lugar, que usa as mulheres como vacas leiteiras ou parideiras.
Nesta sociedade uma mulher se destacou: Imperator Furiosa, que é imensamente respeitada por todos. O filme não conta sua história (a não ser que ela foi raptada quando criança pelo Immortan Joe), o que é interessante, pois ficamos curiosos a respeito da personagem e podemos assim imaginar qualquer coisa pra perda do braço, pra suas motivações, etc. Ao vermos essa mulher ter um lugar de destaque nessa sociedade imediatamente imaginamos que ela deva ser "badass", e assim o filme segue maravilhosamente sem explicações desnecessárias e sem subestimar a inteligência da platéia.
Mad Max também aparece como badass ao matar e comer o lagarto. Mas numa virada inesperada de eventos ele vira uma presa fácil para os War Boys. E assim se inicia uma perseguição de 20 minutos de tirar o fôlego, como se o diretor quisesse dizer "bom dia, bem-vindos ao meu mundo, isso foi só um aquecimento, agora vamos começar de fato". Só vi isso duas vezes no cinema: Soldado Ryan e Gravidade, e ambos foram experiências inesquecíveis, então façam um favor a vocês mesmo(a)s e assistam Mad Max Fury Road na maior tela que puderem.
Depois temos a cena onde somos apresentados às mulheres de Immortan Joe se banhando: parece um comercial de Victoria Secret ou mesmo um soft porn. Não por acaso: essa é a forma como aquelas personagens eram usadas, e a forma como aquele mundo as via, idealizadas e sexualizadas. Max provavelmente as vê assim por alguns minutos, mas ele é um sobrevivente antes de tudo, tem moral pra não tirar proveito das pessoas e mais na frente vemos que ele sabe dos perigos e armadilhas de se deixar levar pela sexualidade irrefreada neste mundo. Imediatamente ele identifica o perigo em Furiosa e a desarma como pode. Num curto espaço de tempo vemos que ela é equivalente a Mad Max em força, agilidade, inteligência, perigo e - novamente sem muitos diálogos - eles percebem que é mais interessante se aliarem contra o inimigo em comum.
O personagem do War Boy "Kami crazy" (referência óbvia aos kamikazes) é quase um alívio cômico, mas sem ser idiota. Nas cenas de ação do começo testemunhamos o sacrifício de um guerreiro de sua tribo e vemos que o nível de tolerância para com o fracasso é baixíssimo entre eles. Isso vai definir e embasar as ações desse personagem por todo o filme.
É com ele que constatamos uma outra forma de poder do feminino: o poder do acolhimento, da transformação do homem. Através do carinho a ruiva consegue tornar o inimigo em aliado. Interessante notar também como o caminhão das mulheres é um caminhão de leite: esse grupo está não só negando o alimento aos homens como é quase um oásis móvel de leite, combustível e água no meio do deserto.
Ainda assim elas não sabem pra onde ir. Perseguem um sonho, uma esperança. Quando a realidade as alcança (através primeiro do contato com uma "súcubus", que usa a sexualidade como arma pra conseguir sua presa, e depois com a sabedoria das mais velhas) elas se desesperam ao ponto de seguirem para a morte no meio do nada. Aí que entra pela primeira vez a verdadeira força do Mad Max na trama, um aspecto "masculino" (que não deixa de estar nas mulheres, mas é tradicionalmente associado ao homem; Yang, ativo) que em vez de acolher ou contornar o problema diz "vamos voltar, vamos enfrentar o problema de frente ou morrer tentando" que, não por acaso, tem um quê da filosofia dos War Boys de ir pro tudo-ou-nada.
Não canso de frisar o quanto os personagens são memoráveis: as velhinhas motoqueiras, o cara com balas nos dentes, o anão com um fortão (uma referência ao - ou mesmo os próprios - Master Blaster do Mad Max 2), e uma senhora com sementes (mais uma referência ao feminino, que carrega a vida com ela, além da mais óbvia, que é a mulher grávida carregando um filho saudável) que parece uma versão live-action da pirata do filme Laputa, de Hayao Miyazaki.
Destaque para o desenho de produção, onde cada roupa e máquina reflete um estilo e uma necessidade de vida: temos a tribo dos carros porco-espinho, os os motoqueiros vivendo nas montanhas, os carros dos War Boys com âncoras pra fazer outros carros pararem e pêndulos para invadi-los.
A fotografia fugiu da tendência de retratar um mundo pós-apocalíptico com cores desbotadas e resolveu fazer exatamente o contrário, com cores fora da realidade. Mas só isso não faz uma boa fotografia, e o testemunho de que ela é boa mesmo é que o diretor quer lançar uma versão do filme em blu-ray em preto e branco, apenas com a trilha sonora. Os enquadramentos realmente brilham em P&B, um testemunho da maestria do diretor e da técnica do fotógrafo John Seale (70 anos!).
Mad Max Fury Road é filme pra se ver e rever e ser comentado por muito tempo. Longa vida ao diretor George Miller e que ele possa nos brindar com mais filmes da série antes dele ir todo cromado e brilhante para o Valhalla.
Relatos Selvagens
4.4 2,9K Assista AgoraCinema argentino de parabéns! Bela direção, técnica, atuação, e especialmente o roteiro, que é inventivo, corajoso e interessante.
Várias pequenas histórias de pessoas levadas a extremos, com situações inusitadas e desfechos de ouro.
A Teoria de Tudo
4.1 3,4K Assista AgoraCom um professor como Remo Lupin, Hawking só poderia se tornar um gênio!
Agora, é um testamento da capacidade do ator que por alguns momentos eu esqueci que estava ali um ator e enxerguei o verdadeiro Hawking.
Boyhood: Da Infância à Juventude
4.0 3,7K Assista AgoraEthan Hawke é a porra de um vampiro? Porque em Boyhood todo o elenco envelhece e ele continua com a mesma cara! Ele deixa o bigode crescer pra tentar disfarçar, mas quem ele quer enganar?
Eu posso estar num momento de extremo cinismo e isso pode ter afetado meu julgamento, mas eu não suportei esse filme. E eu gosto de Linklater. Waking Life é fantástico, a trilogia "Antes do..." é muito boa, Escola do Rock e Scanne Drarkly têm uma edição e ritmos primorosos, mas Boyhood cai no estilo de filme dele que é como Dazed and Confused e Slacker: monótono. Ambos eu não consegui assistir mais que 10 minutos. Com Boyhood eu tive vontade de desistir também, mas queria ver os atores envelhecendo, e foi só isso que me sustentou até o final. Comecei ontem, após o que parecia 3 horas eu fiz uma pausa pra continuar no dia seguinte, fui olhar e ainda não tinha chegado na metade!!!
Terminei hoje e a impressão que tive foi de ter visto uma maratona versão extendida do Senhor dos Anéis!
O fato de eu não gostar de dramas familiares também pesou na crítica, mas eu gosto de Anos Incríveis! Amei "As Vantagens de Ser Invisível", "Sociedade dos Poetas Mortos", esses dois últimos pesadíssimos, com temas complicados, mas brilhantemente executados. Coisa que não vi em Boyhood. Afinal, o cara teve 12 anos pra pensar num roteiro, numa montagem, numa direção! É um luxo que poucos (ou quase nenhum) realizador tem!
E o filme trata dos temas mais banais, de uma forma banal, com uma direção banal e uma montagem que, pqp, parece o George Lucas no Senado em Episódio I. Há cenas que devem estar ali só pelo valor sentimental de quem participou do projeto. O que é que Harry Potter tem a ver com a história pra ter tanto destaque? E cenas inteiras que não avançam em nada o personagem, ou a narrativa?
Enfim, no meu mundo cinza o Boyhood não estaria indicado a nada no Oscar, e pensar que um filme como Nightcrawler ficou de fora de melhor filme e montagem pra dar lugar a Boyhood??
Waking Life comeria Boyhood no café da manhã em qualquer cena que você escolhesse aleatoriamente.
O Abutre
4.0 2,5K Assista AgoraJake Gyllenhal assustador nesse papel, que poderia ser uma continuação espiritual de "Driver". Um roteiro corajoso em expor o pior da natureza humana, que explora outros humanos em busca de sucesso nos negócios. E vemos isso em vários níveis ao longo do filme (pena que não conseguiram extender isso até a polícia, ou seria uma espécie de "Tropa de Elite" do ponto de vista da mídia).
Jake encarna o "self-made man", orgulho dos estados-unidos, alguém que começa de baixo, ambicioso, e com uma boa oratória (apesar do tom monocórdio e sem sentimentos). Muito interessante o linguajar de homem de negócios que ele utiliza, sempre em tom positivo, até pra fazer ameaças, o que representa uma metalinguagem para como as empresas corrompem, manipulam e chantageiam seus funcionários com um sorriso falso no rosto.
A fotografia do filme é brilhante, teria grandes chances de ganhar o Oscar, se não fosse Birdman (e se Nightcrawler não fosse completamente esnobado pela academia a ponto de não levar indicação pra melhor ator, fotografia e mesmo melhor filme!).
Garota Exemplar
4.2 5,0K Assista AgoraParem tudo o que vcs estão fazendo e assistam esse filme! Se eu tivesse assistido ano passado acho que teria sido o filme do ano!
Não procurem saber NADA sobre esse filme. NADA. Só assistam.
Fincher é o novo Messias.
Zodíaco
3.7 1,3K Assista AgoraAqui David Fincher parece tão obcecado em contar a história o mais detalhista possível (versão do diretor) ao longo de quase 3 horas quanto o personagem principal em descobrir o assassino. Sacrifica-se ritmo, edição, linguagem cinematográfica, mas o que fica no final é a sensação de ter acompanhado uma ÓTIMA história. Me senti como tendo lido um livro, com meu cérebro digerindo tudo o que vi por pelo menos 1 hora.
A fotografia desse filme é de um preciosismo tão grande que em várias ocasiões percebe-se (com olhos treinados) o uso de computação gráfica pra poder obter aquele tipo de exposição impossível no mundo real (a abertura, com as casas passando e os fogos estourando no céu, a entrada no avião, o policial na rua com a vítima do táxi, etc). A cena em que a câmera faz uma curva de 90 graus acompanhando um taxi é genial!
Dr. Fantástico
4.2 665 Assista Agora"Dr. Fantástico ou Como Aprendi a Parar de Me Preocupar e Amar" é um dos filmes mais estranhos desse diretor estranho que é Kubrick. Mas não menos genial. Peter Sellers faz aqui uma das suas melhores cenas de comédia de sua vida. O filme é uma crítica mordaz à guerra fria e a insensatez do militarismo. Isso antes mesmo de estourar a guerra do Vietnam e virar modinha criticar a escalada militar.
Tem um fato curiosíssimo que gostaria de partilhar que mostra o quão importante é Kubrick pro cinema: é um telefonema de Kubrick pra Spielberg (os dois conversaram bastante enquanto trabalhavam nas idéias de AI: Inteligência Artificial) e ele o parabenizava por Soldado Ryan. Aí Spielberg fala pra Kubrick: mas eu me inspirei em você pra fazer aquela abertura. E Kubrick diz "como assim?". E Spielberg fala: "lembra das cenas de batalha pela janela em Dr. Fantástico, que são filmadas com câmera na mão? Pois é, tirei todo o estilo de lá" (pra quem estiver curioso, por volta dos 50 minutos de filme. Juro que eu não lembrava dessas cenas).
Ou seja, Kubick, o perfeccionista das cenas estáticas ou milimetricamente estabilizadas, foi a referência e inspiração de uma das maiores revoluções estéticas do cinema (câmera na mão, aspecto sujo, documental), definindo o look de filmes de guerra (e séries, e policial) pra sempre.
Corações de Ferro
3.9 1,4K Assista AgoraComeça bem, parece um bom Soldado Ryan, sobrevive até o ponto em que vira um filme de guerra pastelão dos anos 50, onde os
mocinhos sozinhos dizimam metade de um batalhão alemão que, por algum motivo, não tinha um panzerschreck sequer (equipamento barato que até as crianças tinham, em 1945).
X-Men: Dias de um Futuro Esquecido
4.0 3,7K Assista AgoraBryan Singer fez pra mim duas cenas que entraram imediatamente após assisti-las na história do cinema de ação: uma a introdução de X-Men 2 com o Noturno na Casa Branca, e agora a cena do Quicksilver na cozinha do Pentágono. Todas duas um balé lindamente coreografado, apenas com música no fundo.
O filme é perfeito em ritmo, fotografia, ação, humor. Apenas uma coisa me incomodou no roteiro que foi
o Magneto tentar matar Mistica ainda naquele lugar, cercado de guardas. Ora, se foi ao estudar Mística que o governo criou os sentinelas, por que raios ele pensou em atirar, sei lá, na cabeça dela, espalhando sangue e miolos dela pela sala????
A Entrega
3.4 227 Assista AgoraEm uma palavra esse filme pode ser facimente definido como TENSO. Não se enganem com trailer. Não é um filme de ação e aventura na máfia, nem nada Tarantinesco. É um thriller psicológico. E dos bons. Tom Hardy dá um show, como sempre, Noomi Rapace perfeita num papel que exige um equilíbrio entre distanciamento e tentativa de aproximação com a platéia/protagonista. E Gandolfini sendo ele mesmo.
Fica interessantíssimo o monólogo final ao imaginar que este foi o último papel do Gandolfini, em que
ele se queixa de como ele era temido, respeitado, e agora era só um barman da nova máfia Tcheca.
O único ponto fraco do filme é a atuação da polícia e
como raios eles ficam sabendo das coisas que acontecem com os protagonistas
Guardiões da Galáxia
4.1 3,8K Assista AgoraAplaudindo de pé aqui.
Ouvia a galera dizendo, mas não levava a sério, mas agora faço coro a eles: Melhor filme da Marvel!
Não me sentia tão bem assim vendo um filme tão leve, bem montado, divertido e GOSTOSO DE SE VER desde o Retorno de Jedi, acho.
E por último, mas não menos importante: WE ARE GROOT!
Noé
3.0 2,6K Assista AgoraO filme Noé, de Darren Aronofsky, é uma releitura gnóstica onde o diretor aproveitou pra incluir um interessante dilema moral, e especialmente a "queda" de Adão e Eva de um ponto de vista muito mais sutil e compreensível para quem gosta de esoterismo: e se Adão e Eva não estivessem "nús" no "paraíso", e sim
em um plano mais elevado, sutil, e a "roupa" fosse o corpo denso que usamos até hoje?
http://ocultismopel.wordpress.com/2014/07/06/gnosticismo-no-filme-noe/
Onde Vivem os Monstros
3.8 2,4K Assista AgoraEssa nova versão deveria ter permanecido como um curta.
O Doador de Memórias
3.5 1,4K Assista grátisOs adoradores de filmes como "Waking Life", "Ponto de Mutação" e a trilogia "Antes do Amanhecer" sentirão falta de maior substância, mas também não é um filme raso: ele apenas não se põe de pé com as próprias pernas. Me lembra "Tron: o legado" e "Oblivion", em que ele começa instigante, parece que vai explodir sua cabeça como em "Matrix", mas aí ele se perde num final pouco inspirado. Mas não se enganem: não é um filme ruim, ao contrário.
Mais aqui
http://www.saindodamatrix.com.br/archives/2014/10/o_doador_de_mem.html
Pais e Filhos
4.3 212 Assista AgoraBelíssimo, delicado, com um ritmo lento mas necessário, com cortes precisos, esmero técnico e sensibilidade imensa para com a história.
Traz a relação pai/filho e mãe/filho de maneira que sempre sobra algo para a platéia completar, interpretar, colocar seu próprio sentimento. O segredo está nos silêncios, nos olhares, nas frases não completadas...
O ator que faz Ryota merecia um Oscar.
Caramba, e a cena do metrô, onde a mãe pensa em abandonar o marido pra ficar com o filho? O jogo de luzes, o timming, o olhar da criança, da mãe... cara, foi uma das melhores cenas que vi esse ano! Talvez de vários anos!
Uma Viagem Extraordinária
4.1 611 Assista AgoraUma das mais belas fotografias do cinema. Nem tanto em termos de composição, mas de cores e iluminação. Não há um frame sequer que não esteja impecável.
Pena que o roteiro e diálogos não estejam no mesmo nível. Apenas os 10 minutos finais se salvam.
Palhaços Assassinos do Espaço Sideral
3.3 464 Assista AgoraTão ruim que chega a ser bom
Lucy
3.3 3,3K Assista AgoraPrepotente. Um filme que começa magistral, com um Luc Besson digno de seus melhores filmes (O 5º elemento e O profissional), com diálogos interessantes, personagens que trafegam entre o caricato e o badass com um certo humor.
Aí nossa personagem ganha poderes, e por um momento o filme até permanece interessante. Onde isso vai dar? O que ela pode fazer? Como pará-la?
Mas eis que
ela atinge 30% da capacidade cerebral e o filme se torna um saco. A mulher fica indestrutível, Deus EX Maquina adoidado
Esse é um problema que poderia ter sido facilmente evitado. O filme Matrix foi um grande sucesso porque estávamos acompanhando um personagem que estava APRENDENDO seus poderes, conhecendo seus limites. E só no finalzinho ele fica "invencível". Matrix 2 e 3 foram uma lição de que não tem a menor graça acompanhar um personagem que já não tem mais pra onde crescer, que é praticamente invencível! O Superman só funciona porque tem a Lois Lane, ou a Kriptonita. Em Lucy não tem nada disso!
O grande erro do filme foi ela ter se tornado SuperGirl na metade do filme. Durante toda a cena dos carros a platéia SABE que ela não vai errar! Que nada vai acontecer. Aí,provavelmente sem saber como terminar o filme com um clímax, ele resolve filosofar, fazer uma coisa meio "2001: Uma odisséia no espaço", com a transmissão de conhecimento à Lucy "original".
Fraco, promete demais e entrega pouco. Mas era um filme deveras promissor.
Expresso do Amanhã
3.5 1,3K Assista grátisInteressante ver um filme totalmente inesperado e com bons atores nos papéis coadjuvantes.
Capitão América 2: O Soldado Invernal
4.0 2,6K Assista AgoraUm dos melhores filmes da Marvel, a meu ver. Soube pegar a mitologia do Capitão, da HIDRA e adaptá-la ao séc 21 com maestria. O que era uber-nazi se tornou supra-governamental, e os paralelos entre o governo norte-americano e o nazismo ficaram evidentes, numa crítica PERFEITA e que ainda evoca o fantasma do 11 de setembro, sem mencionar nem mostrar nada (mostra um atirador escondido, numa provável alusão a Kennedy), como um trabalho interno. Brilhante.
O capitão representa uma América em busca de sua pureza, numa época em que ela não existe mais.
Temos esse excelente roteiro com doses de ação, aventura, espionagem, viúva negra mitando, efeitos especiais convincentes (o Hellcarrier da SHIELD acabou sendo o maior e mais detalhado modelo CGI jamais feito pela Industrial Light and Magic), frases marcantes e algum humor.
Vidas ao Vento
4.1 603 Assista AgoraMiyazaki é sem dúvida um mestre da animação e da arte de contar histórias. Meu filme preferido, que considero sua obra-prima, é Laputa: Castle in the Sky. É um "show of" do que cortou Miyazaki grandioso, tudo ali respira movimento, movimentação de câmera arrojada, técnica de animação primorosa, personagens cativantes e delicados, natureza exuberante, perseguições, tudo!
Em Vidas ao Vento vemos um Miyazaki amadurecido, utilizando com a moderação que só o peso da idade pode proporcionar para equilibrar todos esses elementos à serviço de uma história tão intimista que poderia ser uma autobiografia.
O vento - um protagonista que está em todos os filmes dele - aqui é o personagem principal. E os personagem aparecem e se vão na companhia dele. A sensibilidade de Miyazaki atinge aqui o ápice, e não precisa - mas ajuda - pensar como um japonês para sentir toda a carga dramática dos menores movimentos entre o casal. Aqui, pela primeira vez numa animação, pude sentir o calor de um abraço de saudade, níveis de emoção no olhar de um Anime, ou a chuva fria batendo no guarda-chuva. E tristeza. Muita tristeza.
A lição que o último filme do Mestre Miyazaki deixa é que mais vale gastar 30 segundos mostrando uma esposa cobrindo seu marido do que 10 minutos de exposição e diálogos.
Espero que as próximas gerações, tanto no oriente quanto no ocidente, possam aprender com você.