Lua de Papel é um filme interessante sobre um período muito difícil dos EUA que foi a Grande Depressão. As pessoas (pelo menos muitas delas) não tinham de onde tirar o seu sustento, passavam dificuldades e tinham que se adaptar ao estilo de vida predatório daqueles tempos sombrios, muitas vezes recorrendo ao crime. Apesar de ser um drama em sua essência, a obra evita a todo custo cair no sentimentalismo e até insere umas boas pitadas de humor. Os dois protagonistas (um homem extremamente vigarista e uma menina que é quase tão vigarista quanto, mas com uma certa ingenuidade característica da infância) são bem carismáticos e o filme deixa claro que são pessoas bem humanizadas, com suas virtudes e seus defeitos. Apesar de serem trapaceiros de marca maior e ludibriarem muitos inocentes, o carisma de ambos vence e você acaba torcendo por eles. Os truques que eles usam são bem engenhosos e o telespectador fica na expectativa em relação a qual será o novo golpe.
Gostei da forma como o filme não confirma explicitamente se o homem é realmente o pai da menina, mas deixa no ar de maneira sutil em pequenos detalhes que ele é realmente o pai dela.
Enfim, é o meu primeiro contato com o cinema do Peter Bogdanovich e foi um belo cartão de visita.
Piquenique na Montanha Misteriosa é um dos filmes mais enigmáticos e intrigantes que já vi. Sabe trabalhar muito bem com o poder da sugestão e pouco é mostrado, mas é uma abordagem proposital para que o telespectador crie as suas próprias teorias e fique apreensivo em relação ao que pode ter acontecido às garotas. É algo que torna o suspense muito efetivo. O drama também tem muito destaque e o tom é muitas vezes contemplativo e filosófico. A direção tem uma qualidade artística muito refinada. A fotografia é belíssima e a trilha sonora é atmosférica e inquietante. Tenha em mente que a resolução do mistério não é o foco e sim o impacto que o desaparecimento daquelas pessoas causa no mundo ao redor. A estranheza faz parte da obra e me agradou muito. Grande filme. Até o momento vi pouco da filmografia do Peter Weir, mas amei tudo o que vi.
Chungking Express é um filme fantástico. Sou apenas um principiante no cinema do Wong Kar-Wai, mas o que eu vi aqui foi um filme de romance complexo, com uma edição dinâmica e pulsante, uma linguagem moderna e uma estrutura narrativa muito interessante. Me agradou muito a forma como a trama alterna entre os protagonistas. A ambientação é digna de aplausos e a beleza atmosférica da noite em cenários urbanos e melancólicos foi muito bem representada. O romance aqui é retratado de forma anticonvencional, buscando não ser piegas, mas ao mesmo tempo sem deixar totalmente o sentimentalismo de lado. A trilha sonora também é um grande destaque, com músicas que expressam perfeitamente bem os sentimentos mais ocultos dos personagens. Por falar em personagens, todos eles tentam conviver com a solidão, em busca de algo sem nem saber o que exatamente é. Mesmo em um dos países mais populosos do mundo, você ainda é capaz de se sentir só. É um tema que me agrada muito. Chungking Express representa tudo o que há de mais marcante no cinema mais alternativo e experimental dos anos 90. Um grande filme.
Bom, eu amo filmes de samurais. Já assisti clássicos do Akira Kurosawa, do Masaki Kobayashi e outros e sempre admirei muito a atmosfera, a estética e a temática como um todo dos filmes do gênero. Tirania tem uma ambientação muito bem feita e uma temática interessante. É sobre um samurai que questiona o valor de ser um samurai e que carrega consigo muito remorso por não ter evitado o massacre de uma vila de pescadores. É um único homem se rebelando contra a injustiça de todo um sistema que sacrifica os mais fracos em prol de um objetivo mais ambicioso. Aborda temas que são comuns em filmes do gênero como honra e lealdade. Mas eu senti que ficou faltando algo. É tudo simplista e padronizado demais. E o ritmo não me agradou. Também não gosto da edição com cortes abruptos. O grande destaque fica na atuação do Tatsuya Nakadai, um ator lendário que consegue passar várias nuances e sutilezas apenas com o seu olhar e a sua linguagem corporal. Enfim, até posso rever e mudar de opinião, mas no momento eu não gostei como um todo.
Um filme esplendoroso em termos de fotografia, figurino e coreografia de lutas (apesar de serem extremamente fantasiosas, mas eu entendo que faz parte da cultura chinesa), porém com uma trama simplória, enrolada e repetitiva que parece que não vai a lugar nenhum. A falta de personagens cativantes também é um problema. Seria muito melhor se tivesse focado em um acerto de contas mais direto entre o guerreiro sem nome e o imperador. Jet Li é um excelente ator, mas foi subaproveitado no filme. Dou 3 e estrelas e meia puramente pela parte técnica que é inegavelmente muito caprichada, mas não gostei do todo e nem veria novamente.
Passa longe de ser um dos melhores do Craven, mas é divertido, tem uma essência trash e todo o charme dos anos 80, é engraçado em alguns momentos e os personagens são carismáticos. Adrienne Barbeau é muito atraente e a trilha sonora do Harry Manfredini é um diferencial. 3 estrelas está de bom tamanho.
Terror bem genérico e repleto de situações forçadas por pura conveniência do roteiro. As atuações também deixam bastante a desejar. Não é ruim, mas não me empolguei em nenhum momento.
Depois de muitos anos resolvi rever Terror nas Trevas. O filme de Fulci é um terror cósmico essencial em que a atmosfera apocalíptica e sombria, a tensão constante e a sanguinolência padrão dos filmes do diretor estão em perfeito equilíbrio. O tom pessimista que permeia a obra é muito impactante. Desde do começo nós sentimos uma força sinistra guiando o destino de todos sem que nada e nem ninguém possa impedir o terrível destino dos personagens. Terror nas Trevas é um baita filme de terror que recomendo a todos.
Meu primeiro contato com Costa-Gravas não foi muito animador. O Corte é um filme que carece de intensidade dramática ao meu ver. Os personagens são muito artificiais e frios. Parece que todo o elenco resolveu atuar no "piloto automático". Mesmo o teor irônico com doses de humor negro é muito blasé. As cenas envolvendo a caçada aos concorrentes proporcionadas pelo protagonista raramente possuem a tensão necessária. Até que existe uma crítica interessante e o roteiro é bem trabalhado, mas sem paixão o cinema não é nada. Uma palavra que resume o filme para mim é "indiferença". Apesar de estar desapontado, eu verei outros filmes do diretor. Sempre ouço dizer que Z é um grande filme.
O Que Terá Acontecido a Baby Jane? é um filme muito intenso e sufocante sobre uma relação complexa e doentia entre duas irmãs que foram artistas de sucesso em um passado distante. Baby Jane (magistralmente interpretada por Bette Davis) é uma pessoa totalmente psicótica, que aparenta ter mais de uma personalidade. É dócil na frente de estranhos, mas pode se tornar um demônio na frente de sua irmã ou quando há assuntos envolvendo a sua irmã. Por outro lado, Blanche é uma senhora que se encontra em uma condição frágil (já que é cadeirante e depende quase que totalmente da irmã para viver), mas que parece ter uma personalidade mais submissa e até certo ponto releva os caprichos da irmã. O problema é que os tais "caprichos" ficam cada vez mais agressivos e doentios. Adoro a ambientação decadente e gótica e o clima de tensão constante que permeia a obra, porém o grande destaque do filme com certeza vai para as atuações poderosíssimas de Bette Davis e Joan Crawford. O que me impede de dar nota máxima é que certas atitudes pouco inteligentes de determinados personagens (por pura conveniência de roteiro) me incomodaram bastante. Robert Aldrich foi um excelente diretor. Muito corajoso para a época.
Em Busca do Ouro traz o que o mestre Charles Chaplin tem de melhor: A fusão entre comédia, drama e romance de forma extremamente encantadora e melancólica. É impossível deixar de se sensibilizar pelo carisma e pela inocência do protagonista em busca da própria sobrevivência e de Georgia, um amor que lhe parece muito distante. A ambientação do filme é incrível. Todo o clima gélido do Alasca se faz totalmente presente do começo ao final e você sente toda a dificuldade dos personagens tentando ganhar a vida em um lugar tão inóspito. O cinema mudo possui algo que se perdeu ao longo do tempo, mas eu não sei dizer bem o que. Talvez a magia... Em Busca do Ouro é um daqueles filmes que te fazem pensar que no cinema tudo é possível. Foi uma experiência muitíssimo agradável. 5 estrelas e favoritado.
Late Night With the Devil é um excelente e criativo filme de terror. Consegue realizar uma recriação impecável em relação ao que é um talk show e também em relação aos anos 70. É imersivo e às vezes você até se esquece que é um filme e pensa estar assistindo a um programa de televisão do naipe de um Johnny Carson ou de um David Letterman. O terror vem do sobrenatural, mas também há espaço para o terror psicológico. O final é bem interpretativo.
Na minha interpretação, Jack fez um pacto com o diabo para ser o apresentador número 1 da televisão e teve a sua esposa utilizada como sacrifício (não sei se deliberadamente ou não). A entidade demoníaca que era canalizada pelo corpo da menina também estava presente no ritual, mas ela se soltou da menina na primeira demonstração de possessão. Aí a tal entidade possuiu o Jack e fez com que ele delirasse e dentro de seu delírio matasse a todos ao seu redor. Foi o preço final a se pagar para ele finalmente se tornar o apresentador mais famoso da televisão, mesmo que a sua fama tenha vindo do massacre que ele fez.
Além de tudo há uma certa crítica ao sensacionalismo da televisão em busca da audiência. Enfim, é um grande filme e me surpreendeu.
Homem Morto é fantástico. Um faroeste experimental e atmosférico com um teor existencialista e uma ambientação gótica. É apenas o segundo filme de Jim Jamursch que assisto, mas já consegui notar que ele é um cineasta que possui uma forma bem original e peculiar de fazer cinema. A jornada do protagonista William Blake não possui um rumo definido, o que resulta em encontros aleatórios com figuras totalmente excêntricas em uma ambientação sombria que sempre destaca a morte. A morte (seja ela literal ou metafórica) é o mote da obra. A evolução do protagonista é muito bem desenvolvida. Ele começa como alguém frágil e inseguro e se torna forte, confiante e resiliente. Apesar de ser um filme sombrio, com cenas gráficas de violência, vale ressaltar que possui um humor negro bem interessante e muito bem encaixado que não tira o peso dos acontecimentos. Vale também destacar o elenco recheado de grandes atores e a trilha sonora que é perfeita. Virou um dos meus favoritos.
As Duas Vidas de Audrey Rose é um drama poderoso com uma boa dose de suspense e elementos sobrenaturais. Não considero terror, já que o foco aqui é o drama familiar e o sentimento de insegurança e de perda, mas não nego que tenha momentos arrepiantes. O grande destaque vai para as atuações, principalmente para a atriz que interpreta a protagonista. A atmosfera é bem enigmática e inquietante e o tema em si de reencarnação me agrada muito. Só não entendi muito bem qual era o propósito do personagem do Anthony Hopkins. Ele mais atrapalhou do que ajudou. Mas é um bom filme.
O Espírito da Colmeia é um filme bem interessante. A atmosfera é bem hipnótica e enigmática e a obra em si é bem contemplativa e filosófica. Não posso dizer que compreendi totalmente as metáforas, mas o que eu captei foi que se trata de um filme sobre a ótica das crianças em relação ao caos causado pela guerra. A fantasia se torna uma válvula de escape e ajuda a manter a pureza característica da infância. Toda a analogia sobre vida e morte em relação ao clássico Frankenstein é genial. A criatura é um ser inocente, vítima das circunstâncias, que vive no limiar entre a vida e a morte assim como as duas irmãs. Em certos aspectos me lembrou Brinquedo Proibido, obra-prima francesa de 1952. É muito bem feito em todos os quesitos técnicos, principalmente em termos de fotografia e trilha sonora. As duas atrizes mirins são fenomenais, principalmente a que interpreta a Ana. Poucas vezes vi olhos tão expressivos quanto os dela. É um filme fantástico e virou um dos meus favoritos.
É difícil analisar um filme como Limite. Com certeza é uma obra muito importante, extremamente experimental e inovadora em termos de montagem e estrutura narrativa, mas que possui uma trama muito difícil de ser compreendida. O que eu entendi foi que:
As três pessoas no barco tiveram passados traumatizantes e turbulentos e queriam escapar de suas próprias realidades. Se cruzam pelo acaso e resolvem encarar uma aventura. Passam dificuldades durante a jornada e ao refletirem sobre suas vidas relembram de acontecimentos do passado.
O filme é ousado em inserir vários flashbacks em uma narrativa não-linear, mas eu senti que na restauração tentaram montar um quebra-cabeça com algumas peças faltando.
Limite é, em sua essência, um filme existencialista sobre a falta de esperança e a busca por um norteamento na vida. Antes de qualquer coisa, os protagonistas não estão apenas perdidos em um barco à deriva, estão perdidos em suas próprias vidas. É uma metáfora.
É extremamente bem filmado, bem atuado, com uma fotografia lindíssima e uma trilha sonora imponente.
É cansativo? Muito. É confuso? Sim. Mas vale a pena como experiência cinematográfica sem a menor sombra de dúvidas.
O Pagador de Promessas é um filme fantástico. Eu já tinha assistido, mas há muito tempo e não me lembrava de muita coisa. É um filme sobre um homem simples do campo sem muita instrução, porém verdadeiro, que deseja pagar uma promessa para a Santa Bárbara. Ele só queria agradecer a Santa por ter salvo o seu burro. Um ato de dignidade e devoção. Porém, o que deveria ser fácil de se conseguir se torna extremamente difícil e caótico pelo caráter falho do ser humano. Zé do Burro e Rosa são personagens puros e ingênuos no meio de uma sociedade repleta de pessoas interesseiras e manipuladoras. As críticas são bem amplas e bem diversificadas e o que eu identifiquei foi que o filme toca em temas como politicagem, panfletarismo, jornalismo tendencioso empenhado em distorcer os fatos, choque de culturas repleto de hostilidade e incompreensão, etc. O filme em si não critica a fé verdadeira, muito pelo contrário, a enaltece. Zé do Burro é um devoto convicto e que deseja cumprir os seus objetivos sem segundos interesses. O que acontece é que ele é usado por muitos grupos de pessoas maliciosas ao seu redor de forma arriscada (como um peão em um tabuleiro de xadrez) e muitas vezes sem nem perceber que está sendo usado. Algo que é muito presente no Brasil até os dias de hoje (eu diria até que é o retrato do brasileiro médio), independentemente do viés político. Obviamente se trata de um filme de baixo orçamento, mas é muito bem feito em termos técnicos. É bem dirigido, tem uma ótima estrutura narrativa, sabe desenvolver os seus personagens, tem uma linda fotografia e uma ótima trilha sonora. Vale muito a pena assistir. Conheço pouco do cinema nacional e pretendo corrigir esta falha. Tem disponível no YouTube.
O Importante é Amar é o quinto filme do Andrzej Zulawski que eu assisto e notei que é um trabalho mais sutil e menos histérico (apesar de ter os seus excessos) do que os outros. Não diria que é um filme padrão de romance e sim sobre a aflição que o ato de amar pode causar a uma ou mais pessoas, seja diretamente ou indiretamente. O triângulo amoroso e todos os seus dilemas morais que os cercam funcionam muito bem. Os personagens transbordam sensibilidade e são bem complexos. O elenco todo está de parabéns, principalmente a Romy Schneider. O que rebaixa um pouco a obra na minha opinião são certas cenas gratuitas de obscenidade e depravação. Algumas ficaram tão avulsas que só me pareceu que o diretor quis causar algum rebuliço. Sim, eu sei que a decadência moral faz parte deste universo e é necessária para que a mensagem seja efetiva, mas o diretor poderia filmar as cenas de uma forma menos explícita. O Importante é Amar no fundo é um filme sobre sacrifícios. Sobre o quanto você está disposto a ir por uma determinada pessoa. Nos aspectos técnicos o filme é muito bem feito, contando com uma excelente direção, excelentes atuações e uma trilha sonora extremamente melancólica. O final é arrebatador. É impossível deixar de pensar no quanto que O Importante é Amar e outros trabalhos do Zulawski devem ter influenciado a carreira do Gaspar Noé.
Juventude Desenfreada é antes de tudo o retrato de uma época e um filme bem corajoso e relevante do Nagisa Oshima, porém com uma narrativa inconsistente e que tinha potencial para ser melhor. Oshima mostra um Japão pós-guerra decadente e passando por uma "crise de identidade" que gera um processo de transição brusco entre o tradicionalismo e o excesso de liberdade, o que afeta muitas pessoas, principalmente os jovens. Os jovens possuem mais liberdade do que nunca e a liberdade em si é fundamental para qualquer sociedade, mas o que jovens estão fazendo com a liberdade é racional ou saudável? É uma das questões que o filme traz à tona. O casal de protagonistas pensa que a vida é apenas uma aventura em busca de prazer e se esquecem que determinados atos irresponsáveis geram consequências muito devastadoras. Como eu disse antes, a temática em si é muito relevante e continua atual até os dias de hoje, mas eu senti uma certa inexperiência do diretor em conduzir a trama, o que a torna enfadonha em alguns momentos. Eu pesquisei e vi que se trata apenas do segundo filme da carreira do diretor. Talvez seja a explicação. Enfim, é um grande filme? Não, mas é uma obra que toca em temas delicados em pleno ano de 1960 e mostra que o Oshima sempre buscou realizar filmes autorais e honestos que incomodam e fazem pensar. Vale a pena assistir. Para quem se interessar, existe um outro filme do Oshima chamado O Garoto Toshio que tem bastante em comum com Juventude Desenfreada, mas que na minha opinião é muito superior.
O Jardim dos Prazeres. A estréia de Alfred Hitchcock como diretor de cinema. Que momento. Olha, eu gostei deste filme muito mais do que eu esperava. É uma trama demasiadamente simples e previsível, mas muito bem executada. Apesar de ter uma curta duração, o ritmo é muito bom, há várias coisas acontecendo ao mesmo tempo e os personagens até que são bem desenvolvidos. Acredito que as duas moças são muito parecidas por um motivo: Hitchcock quis mostrar como o ser humano pode ser tão igual, mas tão distinto ao mesmo tempo. Enquanto Patsy é uma moça ingênua com um coração de ouro, Jill é uma alpinista social sem o menor escrúpulo. Os personagens masculinos Hugh e Lavett também possuem características em comum, mas são totalmente diferentes em termos de caráter. É um filme sobre os extremos do ser humano. O drama e romance são bem encaixados. Apesar de ter momentos tensos, é um filme encantador. Os filmes mudos possuem uma magia que os falados não têm. Ainda mais com um cachorro tão carismático. 4 estrelas está de bom tamanho.
Péssimo filme. Simplesmente reúne praticamente tudo o que eu menos aprecio em filmes de ação e de terror: Fotografia escura, câmera tremida, cenas chocantes sem muito fundamento, gritaria excessiva, etc. (A) Fronteira é uma bagunça total que atira para todos os lados.
Começa com a França vivendo um momento político conturbado por ter um "governo totalitário de extrema direita" e depois parte para uma família de neonazistas canibais adeptos da eugenia, criaturas rastejantes estranhas que não tem como saber se são humanas ou não e um monte de porcos que grunhem o tempo todo.
E nada disso é aprofundado, é tudo jogado. Não tem um contexto. E os personagens são todos burros e sem um pingo de carisma. Odiei. Um amigo me indicou, mas não é um filme para mim.
O pior do Hitchcock que eu vi até agora. Artificial e sem alma. A trama em si sobre espionagem e conspirações na Guerra Fria é interessante e tem potencial, mas o problema está na direção (nunca pensei que falaria algo assim sobre o Hitchcock) e no casal de protagonistas. O roteiro é muito bom, mas a execução é péssima. Hitchcock não consegue envolver o telespectador e a tensão é mínima. Poucas vezes eu vi um ator tão desinteressado em atuar como o Paul Newman neste filme. Ele simplesmente entregou a atuação mais burocrática que eu já vi. Fora o fato dele não ter nenhuma química com a Julie Andrews. Para não dizer que eu detestei tudo, eu digo que gostei muito da trilha sonora, que foi pouco aproveitada, e de uma cena em específico em que o
A Mulher do Século foi-me recomendado por uma amiga e mesmo não sendo um tipo de filme que eu costumo ver, dei uma chance e não me arrependi. É um ótimo filme que sabe ser hilariante em seus momentos espontâneos de comédia, mas que também conta com momentos dramáticos muito tocantes. Mame Dennis é uma personagem extremamente extrovertida e extravagante que em determinados momentos até passa dos limites do bom senso, mas que nitidamente vive em um mundo de falsas aparências (algo que a incomoda profundamente) e ela resolve ser ela mesma em 100% do tempo. Por mais que ela tenha uma forma diferente de encarar a vida, fica claro que ela tem um coração de ouro e tenta ajudar a todos que ela estima. A ligação dela com o sobrinho é muito bonita. O filme tem uma estrutura bem interessante. São pequenos capítulos que se interligam uns aos outros e sinceramente eu afirmo que gostei, já que proporcionou uma narrativa bem dinâmica à obra. E não é só a Mame que é uma personagem cheia de peculiaridades. Todos os seus amigos são personagens bem incomuns e engraçados. O humor aqui é pautado no contraste entre uma suposta normalidade e a excentricidade de certos personagens. Olha, eu adorei. Foi uma grata surpresa.
Lua de Papel
4.3 157 Assista AgoraLua de Papel é um filme interessante sobre um período muito difícil dos EUA que foi a Grande Depressão. As pessoas (pelo menos muitas delas) não tinham de onde tirar o seu sustento, passavam dificuldades e tinham que se adaptar ao estilo de vida predatório daqueles tempos sombrios, muitas vezes recorrendo ao crime. Apesar de ser um drama em sua essência, a obra evita a todo custo cair no sentimentalismo e até insere umas boas pitadas de humor. Os dois protagonistas (um homem extremamente vigarista e uma menina que é quase tão vigarista quanto, mas com uma certa ingenuidade característica da infância) são bem carismáticos e o filme deixa claro que são pessoas bem humanizadas, com suas virtudes e seus defeitos. Apesar de serem trapaceiros de marca maior e ludibriarem muitos inocentes, o carisma de ambos vence e você acaba torcendo por eles. Os truques que eles usam são bem engenhosos e o telespectador fica na expectativa em relação a qual será o novo golpe.
Gostei da forma como o filme não confirma explicitamente se o homem é realmente o pai da menina, mas deixa no ar de maneira sutil em pequenos detalhes que ele é realmente o pai dela.
Picnic na Montanha Misteriosa
3.8 177 Assista AgoraPiquenique na Montanha Misteriosa é um dos filmes mais enigmáticos e intrigantes que já vi. Sabe trabalhar muito bem com o poder da sugestão e pouco é mostrado, mas é uma abordagem proposital para que o telespectador crie as suas próprias teorias e fique apreensivo em relação ao que pode ter acontecido às garotas. É algo que torna o suspense muito efetivo. O drama também tem muito destaque e o tom é muitas vezes contemplativo e filosófico. A direção tem uma qualidade artística muito refinada. A fotografia é belíssima e a trilha sonora é atmosférica e inquietante. Tenha em mente que a resolução do mistério não é o foco e sim o impacto que o desaparecimento daquelas pessoas causa no mundo ao redor. A estranheza faz parte da obra e me agradou muito. Grande filme. Até o momento vi pouco da filmografia do Peter Weir, mas amei tudo o que vi.
Amores Expressos
4.2 357 Assista AgoraChungking Express é um filme fantástico. Sou apenas um principiante no cinema do Wong Kar-Wai, mas o que eu vi aqui foi um filme de romance complexo, com uma edição dinâmica e pulsante, uma linguagem moderna e uma estrutura narrativa muito interessante. Me agradou muito a forma como a trama alterna entre os protagonistas. A ambientação é digna de aplausos e a beleza atmosférica da noite em cenários urbanos e melancólicos foi muito bem representada. O romance aqui é retratado de forma anticonvencional, buscando não ser piegas, mas ao mesmo tempo sem deixar totalmente o sentimentalismo de lado. A trilha sonora também é um grande destaque, com músicas que expressam perfeitamente bem os sentimentos mais ocultos dos personagens. Por falar em personagens, todos eles tentam conviver com a solidão, em busca de algo sem nem saber o que exatamente é. Mesmo em um dos países mais populosos do mundo, você ainda é capaz de se sentir só. É um tema que me agrada muito. Chungking Express representa tudo o que há de mais marcante no cinema mais alternativo e experimental dos anos 90. Um grande filme.
Tirania
4.2 8Bom, eu amo filmes de samurais. Já assisti clássicos do Akira Kurosawa, do Masaki Kobayashi e outros e sempre admirei muito a atmosfera, a estética e a temática como um todo dos filmes do gênero. Tirania tem uma ambientação muito bem feita e uma temática interessante. É sobre um samurai que questiona o valor de ser um samurai e que carrega consigo muito remorso por não ter evitado o massacre de uma vila de pescadores. É um único homem se rebelando contra a injustiça de todo um sistema que sacrifica os mais fracos em prol de um objetivo mais ambicioso. Aborda temas que são comuns em filmes do gênero como honra e lealdade. Mas eu senti que ficou faltando algo. É tudo simplista e padronizado demais. E o ritmo não me agradou. Também não gosto da edição com cortes abruptos. O grande destaque fica na atuação do Tatsuya Nakadai, um ator lendário que consegue passar várias nuances e sutilezas apenas com o seu olhar e a sua linguagem corporal. Enfim, até posso rever e mudar de opinião, mas no momento eu não gostei como um todo.
Herói
3.9 335 Assista AgoraUm filme esplendoroso em termos de fotografia, figurino e coreografia de lutas (apesar de serem extremamente fantasiosas, mas eu entendo que faz parte da cultura chinesa), porém com uma trama simplória, enrolada e repetitiva que parece que não vai a lugar nenhum. A falta de personagens cativantes também é um problema. Seria muito melhor se tivesse focado em um acerto de contas mais direto entre o guerreiro sem nome e o imperador. Jet Li é um excelente ator, mas foi subaproveitado no filme. Dou 3 e estrelas e meia puramente pela parte técnica que é inegavelmente muito caprichada, mas não gostei do todo e nem veria novamente.
O Monstro do Pântano
2.5 61 Assista AgoraPassa longe de ser um dos melhores do Craven, mas é divertido, tem uma essência trash e todo o charme dos anos 80, é engraçado em alguns momentos e os personagens são carismáticos. Adrienne Barbeau é muito atraente e a trilha sonora do Harry Manfredini é um diferencial. 3 estrelas está de bom tamanho.
Os Escravos de Satanás
2.7 99 Assista AgoraTerror bem genérico e repleto de situações forçadas por pura conveniência do roteiro. As atuações também deixam bastante a desejar. Não é ruim, mas não me empolguei em nenhum momento.
Terror nas Trevas
3.6 133Depois de muitos anos resolvi rever Terror nas Trevas. O filme de Fulci é um terror cósmico essencial em que a atmosfera apocalíptica e sombria, a tensão constante e a sanguinolência padrão dos filmes do diretor estão em perfeito equilíbrio. O tom pessimista que permeia a obra é muito impactante. Desde do começo nós sentimos uma força sinistra guiando o destino de todos sem que nada e nem ninguém possa impedir o terrível destino dos personagens. Terror nas Trevas é um baita filme de terror que recomendo a todos.
O Corte
3.9 130Meu primeiro contato com Costa-Gravas não foi muito animador. O Corte é um filme que carece de intensidade dramática ao meu ver. Os personagens são muito artificiais e frios. Parece que todo o elenco resolveu atuar no "piloto automático". Mesmo o teor irônico com doses de humor negro é muito blasé. As cenas envolvendo a caçada aos concorrentes proporcionadas pelo protagonista raramente possuem a tensão necessária. Até que existe uma crítica interessante e o roteiro é bem trabalhado, mas sem paixão o cinema não é nada. Uma palavra que resume o filme para mim é "indiferença". Apesar de estar desapontado, eu verei outros filmes do diretor. Sempre ouço dizer que Z é um grande filme.
O Que Terá Acontecido a Baby Jane?
4.4 830 Assista AgoraO Que Terá Acontecido a Baby Jane? é um filme muito intenso e sufocante sobre uma relação complexa e doentia entre duas irmãs que foram artistas de sucesso em um passado distante. Baby Jane (magistralmente interpretada por Bette Davis) é uma pessoa totalmente psicótica, que aparenta ter mais de uma personalidade. É dócil na frente de estranhos, mas pode se tornar um demônio na frente de sua irmã ou quando há assuntos envolvendo a sua irmã. Por outro lado, Blanche é uma senhora que se encontra em uma condição frágil (já que é cadeirante e depende quase que totalmente da irmã para viver), mas que parece ter uma personalidade mais submissa e até certo ponto releva os caprichos da irmã. O problema é que os tais "caprichos" ficam cada vez mais agressivos e doentios. Adoro a ambientação decadente e gótica e o clima de tensão constante que permeia a obra, porém o grande destaque do filme com certeza vai para as atuações poderosíssimas de Bette Davis e Joan Crawford. O que me impede de dar nota máxima é que certas atitudes pouco inteligentes de determinados personagens (por pura conveniência de roteiro) me incomodaram bastante. Robert Aldrich foi um excelente diretor. Muito corajoso para a época.
Em Busca do Ouro
4.4 276 Assista AgoraEm Busca do Ouro traz o que o mestre Charles Chaplin tem de melhor: A fusão entre comédia, drama e romance de forma extremamente encantadora e melancólica. É impossível deixar de se sensibilizar pelo carisma e pela inocência do protagonista em busca da própria sobrevivência e de Georgia, um amor que lhe parece muito distante. A ambientação do filme é incrível. Todo o clima gélido do Alasca se faz totalmente presente do começo ao final e você sente toda a dificuldade dos personagens tentando ganhar a vida em um lugar tão inóspito. O cinema mudo possui algo que se perdeu ao longo do tempo, mas eu não sei dizer bem o que. Talvez a magia... Em Busca do Ouro é um daqueles filmes que te fazem pensar que no cinema tudo é possível. Foi uma experiência muitíssimo agradável. 5 estrelas e favoritado.
Entrevista com o Demônio
3.5 336Late Night With the Devil é um excelente e criativo filme de terror. Consegue realizar uma recriação impecável em relação ao que é um talk show e também em relação aos anos 70. É imersivo e às vezes você até se esquece que é um filme e pensa estar assistindo a um programa de televisão do naipe de um Johnny Carson ou de um David Letterman. O terror vem do sobrenatural, mas também há espaço para o terror psicológico. O final é bem interpretativo.
Na minha interpretação, Jack fez um pacto com o diabo para ser o apresentador número 1 da televisão e teve a sua esposa utilizada como sacrifício (não sei se deliberadamente ou não). A entidade demoníaca que era canalizada pelo corpo da menina também estava presente no ritual, mas ela se soltou da menina na primeira demonstração de possessão. Aí a tal entidade possuiu o Jack e fez com que ele delirasse e dentro de seu delírio matasse a todos ao seu redor. Foi o preço final a se pagar para ele finalmente se tornar o apresentador mais famoso da televisão, mesmo que a sua fama tenha vindo do massacre que ele fez.
Homem Morto
3.8 203 Assista AgoraHomem Morto é fantástico. Um faroeste experimental e atmosférico com um teor existencialista e uma ambientação gótica. É apenas o segundo filme de Jim Jamursch que assisto, mas já consegui notar que ele é um cineasta que possui uma forma bem original e peculiar de fazer cinema. A jornada do protagonista William Blake não possui um rumo definido, o que resulta em encontros aleatórios com figuras totalmente excêntricas em uma ambientação sombria que sempre destaca a morte. A morte (seja ela literal ou metafórica) é o mote da obra. A evolução do protagonista é muito bem desenvolvida. Ele começa como alguém frágil e inseguro e se torna forte, confiante e resiliente. Apesar de ser um filme sombrio, com cenas gráficas de violência, vale ressaltar que possui um humor negro bem interessante e muito bem encaixado que não tira o peso dos acontecimentos. Vale também destacar o elenco recheado de grandes atores e a trilha sonora que é perfeita. Virou um dos meus favoritos.
As Duas Vidas de Audrey Rose
3.4 73 Assista AgoraAs Duas Vidas de Audrey Rose é um drama poderoso com uma boa dose de suspense e elementos sobrenaturais. Não considero terror, já que o foco aqui é o drama familiar e o sentimento de insegurança e de perda, mas não nego que tenha momentos arrepiantes. O grande destaque vai para as atuações, principalmente para a atriz que interpreta a protagonista. A atmosfera é bem enigmática e inquietante e o tema em si de reencarnação me agrada muito. Só não entendi muito bem qual era o propósito do personagem do Anthony Hopkins. Ele mais atrapalhou do que ajudou. Mas é um bom filme.
O Espírito da Colméia
4.2 145 Assista AgoraO Espírito da Colmeia é um filme bem interessante. A atmosfera é bem hipnótica e enigmática e a obra em si é bem contemplativa e filosófica. Não posso dizer que compreendi totalmente as metáforas, mas o que eu captei foi que se trata de um filme sobre a ótica das crianças em relação ao caos causado pela guerra. A fantasia se torna uma válvula de escape e ajuda a manter a pureza característica da infância. Toda a analogia sobre vida e morte em relação ao clássico Frankenstein é genial. A criatura é um ser inocente, vítima das circunstâncias, que vive no limiar entre a vida e a morte assim como as duas irmãs. Em certos aspectos me lembrou Brinquedo Proibido, obra-prima francesa de 1952. É muito bem feito em todos os quesitos técnicos, principalmente em termos de fotografia e trilha sonora. As duas atrizes mirins são fenomenais, principalmente a que interpreta a Ana. Poucas vezes vi olhos tão expressivos quanto os dela. É um filme fantástico e virou um dos meus favoritos.
Limite
4.0 168 Assista AgoraÉ difícil analisar um filme como Limite. Com certeza é uma obra muito importante, extremamente experimental e inovadora em termos de montagem e estrutura narrativa, mas que possui uma trama muito difícil de ser compreendida. O que eu entendi foi que:
As três pessoas no barco tiveram passados traumatizantes e turbulentos e queriam escapar de suas próprias realidades. Se cruzam pelo acaso e resolvem encarar uma aventura. Passam dificuldades durante a jornada e ao refletirem sobre suas vidas relembram de acontecimentos do passado.
O filme é ousado em inserir vários flashbacks em uma narrativa não-linear, mas eu senti que na restauração tentaram montar um quebra-cabeça com algumas peças faltando.
Limite é, em sua essência, um filme existencialista sobre a falta de esperança e a busca por um norteamento na vida. Antes de qualquer coisa, os protagonistas não estão apenas perdidos em um barco à deriva, estão perdidos em suas próprias vidas. É uma metáfora.
É extremamente bem filmado, bem atuado, com uma fotografia lindíssima e uma trilha sonora imponente.
É cansativo? Muito. É confuso? Sim. Mas vale a pena como experiência cinematográfica sem a menor sombra de dúvidas.
O Pagador de Promessas
4.3 365 Assista AgoraO Pagador de Promessas é um filme fantástico. Eu já tinha assistido, mas há muito tempo e não me lembrava de muita coisa. É um filme sobre um homem simples do campo sem muita instrução, porém verdadeiro, que deseja pagar uma promessa para a Santa Bárbara. Ele só queria agradecer a Santa por ter salvo o seu burro. Um ato de dignidade e devoção. Porém, o que deveria ser fácil de se conseguir se torna extremamente difícil e caótico pelo caráter falho do ser humano. Zé do Burro e Rosa são personagens puros e ingênuos no meio de uma sociedade repleta de pessoas interesseiras e manipuladoras. As críticas são bem amplas e bem diversificadas e o que eu identifiquei foi que o filme toca em temas como politicagem, panfletarismo, jornalismo tendencioso empenhado em distorcer os fatos, choque de culturas repleto de hostilidade e incompreensão, etc. O filme em si não critica a fé verdadeira, muito pelo contrário, a enaltece. Zé do Burro é um devoto convicto e que deseja cumprir os seus objetivos sem segundos interesses. O que acontece é que ele é usado por muitos grupos de pessoas maliciosas ao seu redor de forma arriscada (como um peão em um tabuleiro de xadrez) e muitas vezes sem nem perceber que está sendo usado. Algo que é muito presente no Brasil até os dias de hoje (eu diria até que é o retrato do brasileiro médio), independentemente do viés político. Obviamente se trata de um filme de baixo orçamento, mas é muito bem feito em termos técnicos. É bem dirigido, tem uma ótima estrutura narrativa, sabe desenvolver os seus personagens, tem uma linda fotografia e uma ótima trilha sonora. Vale muito a pena assistir. Conheço pouco do cinema nacional e pretendo corrigir esta falha. Tem disponível no YouTube.
O Importante é Amar
4.0 34O Importante é Amar é o quinto filme do Andrzej Zulawski que eu assisto e notei que é um trabalho mais sutil e menos histérico (apesar de ter os seus excessos) do que os outros. Não diria que é um filme padrão de romance e sim sobre a aflição que o ato de amar pode causar a uma ou mais pessoas, seja diretamente ou indiretamente. O triângulo amoroso e todos os seus dilemas morais que os cercam funcionam muito bem. Os personagens transbordam sensibilidade e são bem complexos. O elenco todo está de parabéns, principalmente a Romy Schneider. O que rebaixa um pouco a obra na minha opinião são certas cenas gratuitas de obscenidade e depravação. Algumas ficaram tão avulsas que só me pareceu que o diretor quis causar algum rebuliço. Sim, eu sei que a decadência moral faz parte deste universo e é necessária para que a mensagem seja efetiva, mas o diretor poderia filmar as cenas de uma forma menos explícita. O Importante é Amar no fundo é um filme sobre sacrifícios. Sobre o quanto você está disposto a ir por uma determinada pessoa. Nos aspectos técnicos o filme é muito bem feito, contando com uma excelente direção, excelentes atuações e uma trilha sonora extremamente melancólica. O final é arrebatador. É impossível deixar de pensar no quanto que O Importante é Amar e outros trabalhos do Zulawski devem ter influenciado a carreira do Gaspar Noé.
Juventude Desenfreada
3.7 14Juventude Desenfreada é antes de tudo o retrato de uma época e um filme bem corajoso e relevante do Nagisa Oshima, porém com uma narrativa inconsistente e que tinha potencial para ser melhor. Oshima mostra um Japão pós-guerra decadente e passando por uma "crise de identidade" que gera um processo de transição brusco entre o tradicionalismo e o excesso de liberdade, o que afeta muitas pessoas, principalmente os jovens. Os jovens possuem mais liberdade do que nunca e a liberdade em si é fundamental para qualquer sociedade, mas o que jovens estão fazendo com a liberdade é racional ou saudável? É uma das questões que o filme traz à tona. O casal de protagonistas pensa que a vida é apenas uma aventura em busca de prazer e se esquecem que determinados atos irresponsáveis geram consequências muito devastadoras. Como eu disse antes, a temática em si é muito relevante e continua atual até os dias de hoje, mas eu senti uma certa inexperiência do diretor em conduzir a trama, o que a torna enfadonha em alguns momentos. Eu pesquisei e vi que se trata apenas do segundo filme da carreira do diretor. Talvez seja a explicação. Enfim, é um grande filme? Não, mas é uma obra que toca em temas delicados em pleno ano de 1960 e mostra que o Oshima sempre buscou realizar filmes autorais e honestos que incomodam e fazem pensar. Vale a pena assistir. Para quem se interessar, existe um outro filme do Oshima chamado O Garoto Toshio que tem bastante em comum com Juventude Desenfreada, mas que na minha opinião é muito superior.
O Jardim dos Prazeres
3.2 40O Jardim dos Prazeres. A estréia de Alfred Hitchcock como diretor de cinema. Que momento. Olha, eu gostei deste filme muito mais do que eu esperava. É uma trama demasiadamente simples e previsível, mas muito bem executada. Apesar de ter uma curta duração, o ritmo é muito bom, há várias coisas acontecendo ao mesmo tempo e os personagens até que são bem desenvolvidos. Acredito que as duas moças são muito parecidas por um motivo: Hitchcock quis mostrar como o ser humano pode ser tão igual, mas tão distinto ao mesmo tempo. Enquanto Patsy é uma moça ingênua com um coração de ouro, Jill é uma alpinista social sem o menor escrúpulo. Os personagens masculinos Hugh e Lavett também possuem características em comum, mas são totalmente diferentes em termos de caráter. É um filme sobre os extremos do ser humano. O drama e romance são bem encaixados. Apesar de ter momentos tensos, é um filme encantador. Os filmes mudos possuem uma magia que os falados não têm. Ainda mais com um cachorro tão carismático. 4 estrelas está de bom tamanho.
Sr. & Sra. Smith - Um Casal do Barulho
3.3 36...
Com todo respeito ao Hitchcock, mas foi uma das piores porcarias que eu já vi.
(A) Fronteira
3.4 494Péssimo filme. Simplesmente reúne praticamente tudo o que eu menos aprecio em filmes de ação e de terror: Fotografia escura, câmera tremida, cenas chocantes sem muito fundamento, gritaria excessiva, etc. (A) Fronteira é uma bagunça total que atira para todos os lados.
Começa com a França vivendo um momento político conturbado por ter um "governo totalitário de extrema direita" e depois parte para uma família de neonazistas canibais adeptos da eugenia, criaturas rastejantes estranhas que não tem como saber se são humanas ou não e um monte de porcos que grunhem o tempo todo.
Cortina Rasgada
3.4 126 Assista AgoraO pior do Hitchcock que eu vi até agora. Artificial e sem alma. A trama em si sobre espionagem e conspirações na Guerra Fria é interessante e tem potencial, mas o problema está na direção (nunca pensei que falaria algo assim sobre o Hitchcock) e no casal de protagonistas. O roteiro é muito bom, mas a execução é péssima. Hitchcock não consegue envolver o telespectador e a tensão é mínima. Poucas vezes eu vi um ator tão desinteressado em atuar como o Paul Newman neste filme. Ele simplesmente entregou a atuação mais burocrática que eu já vi. Fora o fato dele não ter nenhuma química com a Julie Andrews. Para não dizer que eu detestei tudo, eu digo que gostei muito da trilha sonora, que foi pouco aproveitada, e de uma cena em específico em que o
cientista alemão Lindt passa os seus conhecimentos ao professor Armstrong sem querer.
A Mulher do Século
3.5 21A Mulher do Século foi-me recomendado por uma amiga e mesmo não sendo um tipo de filme que eu costumo ver, dei uma chance e não me arrependi. É um ótimo filme que sabe ser hilariante em seus momentos espontâneos de comédia, mas que também conta com momentos dramáticos muito tocantes. Mame Dennis é uma personagem extremamente extrovertida e extravagante que em determinados momentos até passa dos limites do bom senso, mas que nitidamente vive em um mundo de falsas aparências (algo que a incomoda profundamente) e ela resolve ser ela mesma em 100% do tempo. Por mais que ela tenha uma forma diferente de encarar a vida, fica claro que ela tem um coração de ouro e tenta ajudar a todos que ela estima. A ligação dela com o sobrinho é muito bonita. O filme tem uma estrutura bem interessante. São pequenos capítulos que se interligam uns aos outros e sinceramente eu afirmo que gostei, já que proporcionou uma narrativa bem dinâmica à obra. E não é só a Mame que é uma personagem cheia de peculiaridades. Todos os seus amigos são personagens bem incomuns e engraçados. O humor aqui é pautado no contraste entre uma suposta normalidade e a excentricidade de certos personagens. Olha, eu adorei. Foi uma grata surpresa.