Essa temporada, pra mim, transcendeu o âmbito das questões gênero. Se tornou uma constante autorreflexão e análise do que seria certo e o errado, ou o bem e o mal. O que é moralmente aceitável em um ambiente de extremos? E quando a justiça individual falha em prol do coletivo? E quando o bem é um pouco do mal e quando o mal faz um pouco do bem? O injustificável se justifica até que ponto? Me perguntei por que fiquei tão feliz com esse final se há barbárie. Essa série, num geral, tem um efeito de chocar, não por cenas brutas e cruas de violência física somente, mas por um eterno repertório de diálogos que nos incomodam internamente de forma muito sutil nos colocando à prova a todo momento. Se assistimos uma distopia, por que nos deparamos constantemente com resquícios da realidade?
Duas considerações notáveis: 1) A forma como todos tentam, a todo momento lapidar o que June deve sentir. Você não pode sentir raiva pelo o que você passou, você precisa buscar a cura. Depois de violência física, emocional, psicológica, humilhações, exposições e ter a justiça falhando miseravelmente com você, você não pode sentir raiva, porque a cura/perdão é o certo. Mulheres não podem sentir raiva, mulheres precisam aguentar e seguir em frente segurando a carga de seus traumas. Se você surta: você é histérica e louca, se você aguenta: guerreira. 2) Emily passa a temporada inteira sendo silenciada. Após a morte da tia, depois de todas as integrantes da reunião dizendo como Emily se sentia, June toma a iniciativa de perguntá-la. "Como você se sente?" "Incrível". Isso também abre ótimo debate sobre como cada ser humano enfrenta seus sofrimentos de formas distintas, até porque não somos uma receita pronta, nem todos irão se encaixar no mesmo processo de resinificação de seus traumas.
Como ex cheerleader posso dizer que esse documentário é o único que explora a principal face do esporte:a falta de reconhecimento e o esteriótipo obsoleto. Se no país berço da sua criação e em um dos maiores times do mundo dificuldades são encontradas, imagine no Brasil onde o esporte só iniciou, de fato, em 2011. Foi muita luta e dedicação dos atletas brasileiros que hoje disputam mundial e pan-americano. Espero ansiosa para o esporte se tornar também olímpico e ter o devido reconhecimento.
O Conto da Aia (4ª Temporada)
4.3 428 Assista AgoraEssa temporada, pra mim, transcendeu o âmbito das questões gênero. Se tornou uma constante autorreflexão e análise do que seria certo e o errado, ou o bem e o mal. O que é moralmente aceitável em um ambiente de extremos? E quando a justiça individual falha em prol do coletivo? E quando o bem é um pouco do mal e quando o mal faz um pouco do bem? O injustificável se justifica até que ponto? Me perguntei por que fiquei tão feliz com esse final se há barbárie. Essa série, num geral, tem um efeito de chocar, não por cenas brutas e cruas de violência física somente, mas por um eterno repertório de diálogos que nos incomodam internamente de forma muito sutil nos colocando à prova a todo momento. Se assistimos uma distopia, por que nos deparamos constantemente com resquícios da realidade?
Duas considerações notáveis: 1) A forma como todos tentam, a todo momento lapidar o que June deve sentir. Você não pode sentir raiva pelo o que você passou, você precisa buscar a cura. Depois de violência física, emocional, psicológica, humilhações, exposições e ter a justiça falhando miseravelmente com você, você não pode sentir raiva, porque a cura/perdão é o certo. Mulheres não podem sentir raiva, mulheres precisam aguentar e seguir em frente segurando a carga de seus traumas. Se você surta: você é histérica e louca, se você aguenta: guerreira.
2) Emily passa a temporada inteira sendo silenciada. Após a morte da tia, depois de todas as integrantes da reunião dizendo como Emily se sentia, June toma a iniciativa de perguntá-la. "Como você se sente?" "Incrível". Isso também abre ótimo debate sobre como cada ser humano enfrenta seus sofrimentos de formas distintas, até porque não somos uma receita pronta, nem todos irão se encaixar no mesmo processo de resinificação de seus traumas.
Cheer (1ª Temporada)
4.4 16 Assista AgoraComo ex cheerleader posso dizer que esse documentário é o único que explora a principal face do esporte:a falta de reconhecimento e o esteriótipo obsoleto. Se no país berço da sua criação e em um dos maiores times do mundo dificuldades são encontradas, imagine no Brasil onde o esporte só iniciou, de fato, em 2011. Foi muita luta e dedicação dos atletas brasileiros que hoje disputam mundial e pan-americano. Espero ansiosa para o esporte se tornar também olímpico e ter o devido reconhecimento.