"Primeiro, eu preciso demonstrar meu sentimento: Mera Coincidência (Wag the Dog, 1997) é, de longe, uma das melhores comédias políticas que eu já assisti na vida. Depois, trato dos fatos: Mera Coincidência é, facilmente, um dos melhores filmes sobre política já realizados. Tudo nele funciona bem – isto é, estando o expectador disposto a aceitar as circunstâncias que decorrem de sua premissa. [...] Justamente por ser um dos melhores filmes do tema é que é tão curioso o fato desse filme permanecer passando tão despercebidamente, ainda mais nos dias de hoje. [...] Mera Coincidência é também, e talvez no mesmo nível de seu principal intento, um filme sobre o fazer cinematográfico – mentiras bem produzidas."
Para ler o texto completo basta acessar o link: www.wp.me/p6kEdJ-3ct
"Imerso em tensão, o filme conta com uma interessante visão sobre o que de mais iminente decorre das absurdas motivações jihadistas e, ainda mais importante, sobre a força do espírito humano em conflito com os horrores possibilitados por este mesmo espírito. [...] E há algo de muito instigante nesse processo, tanto pela segurança no manejo de câmera, que nos insere de maneira vertiginosa na apatia terrorista, quanto por seu tratamento gráfico, que termina por dar coerência a sua faceta naturalista.
[H]á um componente dramático muito bem alocado no filme, que consegue transmitir todo o clima inicial de impotência frente ao atentado e que evolui naturalmente a um senso de preservação e coletividade."
Texto completo no link a seguir: www.wp.me/p6kEdJ-3d6
"Trabalhado no ácido (e da mais alta qualidade) – como dizem os que ficaram com cara de “oi?” durante o clímax do filme –, este criativo e tenso trabalho de Alex Garland conta com um turbilhão de aspectos muito interessantes que se somam num resultado cuja experiência de maneira alguma passará indiferente ao tato do expectador – mesmo aquele pra quem só restou a bad trip ao fim de tudo. São conceitos que se dinamizam sempre em prol da trama, que conta com um senso poderoso de imagem e uma profundidade dramática (em grande parte encabeçada por uma excelente interpretação de Natalie Portman) que eleva ainda mais a produção. [...] Perspicaz, provocativo e, em larga medida, inquietante, este último trabalho de Alex Garland já saiu do forno como um clássico – e não teve maracutaia de produtora que impedisse isso de acontecer, if you know what I mean."
A análise completa você confere no link a seguir: www.wp.me/p6kEdJ-3bk
Praticamente tudo aqui está correto e, embora apele a caricaturas sociogeográficas (desde o "meso-oriental terrorista" até a "mazela acachapante da América Latina", condensada naquele fim de mundo costa-riquenho), a franqueza não deixa escapar: há verdade ali. Há comentários por trás da trama d'O Comboio do Medo que simplesmente não se invalidaram nesses 41 anos de existência. Aquilo era parte expressiva do retrato da nossa América Latina e suas Repúblicas das Bananas, sempre pelejando sob as botas de regimes autoritários, da mesma forma que o terrorismo não se faz presente de hoje no Oriente Médio.
Há em Friedkin uma crueza devastadora. É como se isso fosse uma cláusula pétrea de seu cinema (ou, pelo menos, do memorável). Ela não está presente somente em "Operação França", nem somente em "O Exorcista", e tampouco parou por aqui – lá estava em 85 o seu "Viver e Morrer em Los Angeles", que não me deixa mentir.
Uma das melhores construções de tensão que já tive o prazer de experimentar (e atestar). São sequências incríveis. É impossível manter-se apático a torrente de angústia metodicamente tramada aqui.
O filme termina como que um enorme letreiro neon, de onde se lê: "AOS PECADORES, O INFERNO, E DELE NÃO SE ESCAPA". Grande filme; brincando, uma das melhores obras do diretor.
"[P]rodução original da Netflix que deve agradar quem está a procura de um bom Thriller de Ação, ou seja, de um filme mais focado em Suspense do que em tiro, porrada e bomba (ainda que eventualmente possua momentos assim). Simples em todos os seus aspectos, o filme consegue ser igualmente eficiente em praticamente todas as funções que toma para si, mesmo optando por uma abordagem bastante inusual para os filmes do tema. [...] O filme sofre com um vácuo inexplicável causado por uma boa intenção da direção, que se revela num provável obtuso erro de continuidade, e que não se salvou nem através da mais enérgica tentativa de resposta. Este problema, se objetivo, certamente não merece descrédito, mas também não suplanta ou desfaz os méritos obtidos pelo filme até ali."
Para acessar o texto completo, basta acessar: www.wp.me/p6kEdJ-34w
"De tanto ver Extermínio ser sofregamente maculado e mal compreendido pelo público, resolvi, nesta primeira parte, analisar o Horror realizado por Danny Boyle em 2002, em busca de entender o que leva um filme de importância tão ímpar para a Cultura Pop ser, ainda hoje, olhado de esguelha. No texto, traço um brevíssimo histórico do cinema zumbi, falo sobre como se desencadeou o surgimento do filme e as modificações conceituais inseridas por ele, além, é claro, de explicar porque o filme é bom pra cara&#$ e merecedor de muito, mas muito mais respeito. Tem interesse sobre o assunto? Então você encontrou o texto certo."
Para ler a primeira parte da análise completa, basta acessar: www.wp.me/p6kEdJ-260
"Muschietti, ao ceticismo de quem não viu grandes coisas em seu longa-metragem debutante, Mama (2013), dá um triplo mortal carpado, de lá até aqui, e acerta em cheio na realização de It: A Coisa [...] É uma produção de Horror que, sem medo de ser aquele tipo de Terror que todo mundo gosta, se usa exatamente de suas convenções para construir uma obra que talvez seja seminal ao gênero nos dias de hoje. Há quem comemore o feito, mas não sem razão. De maneira alguma, sem razão."
Para acessar o texto completo, basta acessar: www.wp.me/p6kEdJ-26W
"'A Morte te dá Parabéns', de Christopher Landon (Como Sobreviver a um Ataque Zumbi, 2015), não satisfeito em captar a medula das produções sobre loop temporal, vai até outra fonte igualmente importante: o Horror cinematográfico, e incorpora em si, ou tenta, pelo menos, toda a essência dos Slasher Films – ou, mais especificamente, daqueles Slashers com antagonistas mascarados, como Halloween (1978) e Pânico (1996) – entregando um resultado que, embora obviamente não grandioso, rende tanto um Terrir eficiente quanto uma interessante homenagem."
Para acessar o texto completo, basta clicar logo ali no link das "Notícias" ou acessar: www.wp.me/p6kEdJ-2SE
"De esmero artístico invejável e texto exemplar, Blade Runner 2049 pode, e com orgulho, andar ao lado da obra de Scott, tendo consciência de seu posto como uma das mais importantes obras da Ficção Especulativa de seu tempo, tal qual fora a obra-prima oitentista. [...] Consciente de sua condição como derivado, Blade Runner 2049 suplanta as dúvidas usuais sobre sua necessidade, entregando uma trama forte, encantadora, aperfeiçoada e, não menos importante, inspiradora."
Para acessar o texto completo, basta acessar: www.wp.me/p6kEdJ-2sz
"A direção de McG faz o melhor que pode com o roteiro direto e enxuto de Brian Duffield, e "A Babá", apesar de propositalmente livre de qualquer profundidade, não deixa de agradar também em outros aspectos. Em linhas gerais, "A Babá" deve(ria, pelo menos) agradar igualmente a fãs de Terror e Comédia. E talvez vá, sobretudo, à quem DEFINITIVAMENTE não está procurando por algo sério e só quer aproveitar algum tempo livre no Mês das Bruxas pra rir e sentir-se tenso e enojado – tudo ao mesmo tempo."
Para acessar o texto completo, basta clicar logo ali no link das "Notícias" ou acessar: wp.me/p6kEdJ-2Po
Mesmo sendo um BAITA exercício gráfico – indiscutivelmente, um dos melhores até hoje! –, é inescapável a sensação de que Hellraiser II se perdeu em algum lugar entre o pretendido aprofundamento da mística do inferno cenobita (pelo enredo mal engendrado) e um roteiro pobre, cheio de diálogos ruins. É uma continuação pouco digna do primeiro filme, mesmo que o splatter aqui seja mais aperfeiçoado. De bom mesmo, só a incrível astúcia imaginativa da produção, que até desenha um bom universo... Mas não bom o suficiente pra segurar todo o filme – seria impossível.
Se esforçando para depreender algo desse filme, pode ser que encontremos aqui uma tentativa (bem mambembe) de versar sobre crises existenciais vampirescas (como o recém transformado vampiro imerso num conflito entre a necessidade e a recusa de machucar humanos), mesmo falhando miseravelmente em sua execução. Pode até ser melhor do que "Os Garotos Perdidos" no que diz respeito a dinâmica, no ato de empregar mais elementos de Terror (o que é até discutível), mas, além de ter um texto pouco apurado, tem um enredo fraco, repleto de escolhas ruins, de cabo à rabo.
Mas que baita filmão, hein?! E, de longe, um dos longas mais injustiçados que eu já tive notícia. Um conto frio, frágil e, principalmente, triste – como deixa transparecer o título – sobre uma vingança. Quase uma comédia de erros de humor bem rarefeito e com uma fotografia linda, "Ruína Azul" é um filme que retrata muito bem, e com um gosto maravilhoso pelo bom "pé no chão", como são as vinganças dos homens comuns: definitivamente sem piruetas e repleta de incertezas e tolices, rumando em direção a intermináveis e vertiginosas espirais de violência.
Embora seja uma produção menor, não deixa nem um pouco a desejar se colocado ao lado dos bons thrillers dramáticos lançados nos últimos 10 anos. Merece mais respeito.
Pra quem tá atrás de Thrillers Políticos, "Suburra" é mais do que indicado; deveria constar em todas as listinhas do gênero e temática. Porra, é um BAITA de um filme bom, mermão!
À começo de conversa, a gente tem a condução cadenciada e com uma noção de timing perfeita do Sollima; ele sabe a hora de entregar os segmentos da trama sem fazer com que o texto – inteligente, que vai encaixando suas situações e enlaçando os personagens com muita perícia – soar um poço de exposição, visto que nós temos aqui uma trama truncada. Graças ao desenvolvimento acurado, o filme consegue não fazer transparecer tal complexidade. É um filme muito bem narrado, a propósito. A foto de Paolo Carnera é outra coisa linda de se ver, cara. Muito boa.
Suburra se esforça – e obtém sucesso nisso – para mostrar como o poder se perpetua através das instituições, sejam elas "legítimas" (política) ou não (máfia), e como estas estão conluiadas, como elas se retroalimentam à exaustão.¹
O filme, apesar do ótimo desenvolvimento, tem alguns problemas em sua conclusão. Primeiramente, a falta excruciante de um arremate mais elaborado para a subtrama do papado e do envolvimento do cardeal na tramoia (ponto que, não sei se por descuido de quem adicionou o perfil do filme aqui, me frustrou, já que é mencionado como ponto chave do plot, na sinopse, e não há quase nada disso no filme). Em relação ao papado, eu ainda estou tentando depreender dali algum significado simbólico, porque prático eu ainda não vi nenhum relevante; não até agora. Em segundo lugar, vide nota.²
Não existe uma perspectivazinha sequer em que o saldo do filme seja "ruim" pro espectador, muito embora o filme encare problemas nada descreditáveis em sua conclusão. Num resumo avexado: Suburra vale muito a pena. ____________________________ 1:
Breve exemplo dessa relação de poder se encontra no fato do Samurai, em algumas de suas conversas com outros personagens, sempre ouvir algo que fazia referência a grande quantidade de tempo que eles não se viam, não conversavam, etc, e ainda assim, mesmo tendo-se passado longos períodos, continuar a ter seu caráter de autoridade quase intacto sobre aqueles que já conheciam a sua figura.
O fato de o filme apostar numa conclusão passiva demais, de viés não completamente "otimista", mas que cai na velha pachorra de "fracos vencendo fortes" – o que anda longe de ser uma novidade ilustre. Digo, é um final bom, mas não inteiramente corajoso. É intuitivo; grosso modo, era o que a gente, enquanto cidadão que zela pela "boa política" e pela queda vertiginosa de pessoas pau no cu, queria: o Malgradi se ferrando, o Anacleti levando o dele e o Samurai indo pra vala. Decerto, o fato de um filme deixar essas conclusões abertas à dedução de quem assiste é um ponto a se somar – é legal que se tenha optado por deixar tudo com esse ar de "depois ali, ainda vai ter mais merda", que felizmente não escorre para a realização de outras produções –, mas ainda acho que o melhor caminho não era essa direção indo de encontro à agradabilidade do público.
"Não há solidão maior que a de um samurai, exceto talvez a de um tigre na selva", é a frase que pinta logo na introdução do filme. Bonita, significativa, principalmente se você para pra pensar na figura de Jeff Costello: indivíduo silencioso, calculista, frio, objetivo, mas, acima de tudo, solitário. Entrelinhas, Jeff é de seu pássaro monossilábico um reflexo humano: preso em entre as grades de seus hábitos, e destinado a fazer a mesma coisa... Até perecer.
Noir puro e simples, mas inesquecível. Filme magnífico.
Vida, morte, liberdade, redenção, natureza, cachorros, enfim... "A Incrível Aventura de Rick Baker" é, também, uma incrível jornada de descoberta. De um lado, a descoberta de que há vida, e beleza, além dos muros da falta de perspectiva e compaixão, e, do outro, de que restou muita coisa valiosa além das desgraçantes amarguras que uma história de vida consegue comportar. A Incrível Aventura de Rick Baker é, sobretudo, uma lindíssima obra – desde as mais singelas composições imagéticas até as mensagens reconfortantes – sobre a Liberdade enquanto matéria-prima fundamental na vida, e tudo isso, pavimentado com esse humor peculiaríssimo e massa pra caralho do Waititi.
De modo geral, é um escracho de filme – o que não é um problema automático. Ele até tenta, se arrisca, mas não consegue ser mais do que um Trash bem disposto – e o orçamento de pouco mais de 100.000 doletas não ajuda muito. O diretor até que conduz o filme decentemente (a contragosto do roteiro meio meh), sobretudo, por trabalhar de modo interessante com a câmera, tendo noções bem bacanas de perspectiva, algo que, à época, não era tão comum no gênero; e o final do filme, de viés pessimista, a propósito, até que dá um gás, mas já era tarde demais.
No mais, uma coisa: eu já tinha ouvido falar de todo tipo de surra, desde "surra de bambu" até "surra de bunda", mas nunca de "surra de cabeça alheia". Eu ri que engasguei naquela cena em que o Bill chega dando porrada no Craig com a cabeça do Danny, mano. Parabéns à produção pela introdução, no longínquo fim dos anos 80, deste novo conceito de surra.
Dado o fim, nota-se que Aja tinha as melhores das intensões para esse filme, mas acontece que o saldo final, bagunçado, não o deixa chegar perto dessas pretensões.
Ele funciona perfeitamente bem por um lado, já que, sendo um Terror componente do (velho) ~Novo Extremismo Francês~, é dotado de tudo aquilo que o movimento requer: protagonismo feminino, pouca encheção de linguiça, dinamicidade e, claro, um splatter bem apurado. E é até interessante notar como o Aja se esforça pra se comunicar com o espectador, lançando luz sobre o final, ainda no decorrer do filme.
Como exemplo, observemos a sequência em que Marie está seguindo o carro do assassino: nela, um dos planos escolhidos por Aja pra compor aquela situação é justamente um close-up frontal em Marie dentro do carro, onde se pode observar que metade do rosto dela está iluminado, enquanto a outra metade está coberta por sombras, enegrecida. Luz e Escuridão, Bem e Mal, deu pra entender? Pois é. Essa foi uma das formas que o filme encontrou para fazer alusão, já à caminho do final, ao fato de Marie possuir o afamado transtorno dissociativo de identidade, que acaba por se revelar no fim do filme.
Bem bacana, não? Eu achei. Só que aí vem o outro lado da coisa – tão, ou mais, importante do que o restante: o texto do filme (substancialmente composto de descrição de situações, dado o número reduzido de falas – o que não é um problema automático, é claro) deixa tantas coisas em aberto, mal explicadas, que a conclusão acaba ficando desamparada, sabe? E isso faz a esperada profundidade psicológica dele soar mais do que forçada. Daí, a dificuldade de muita gente em digerir o final; é de se entender.
Podaria, sim, ter sido melhor (inclusive, se minha namorada não tivesse me spoileado o grand finale), mas, como entretenimento, a franqueza cabe aqui: até que "Alta Tensão" funciona bem.
Aqui, um filme que, definitivamente, não merece a nota parca e insossa que tem. É bem realizado demais pra ter só isso. É conduzido com um jeitinho todo comedido, mas ainda assim incisivo. Não à toa, a tensão rasteira da trama, junto daquele tom lúgubre, gruda na gente e não dá alívio nem quando deve – a gente quase não percebe e, quando se dá conta, PLAU!, ta lá, cheio de suspeitas e quase tão desconfiado quanto o Will.
A tensão é construída com muito cuidado nesse filme, sendo mais apegada a detalhes do que a situações, e esse é o lado bom dos slow-burn em detrimento de suspenses de estrutura mais genérica: por não serem expressos como a maioria destes, o cuidado com como o suspense vai se desenvolver, ou com como a dinâmica "expectativa x evento" vai sendo aliciada em quem assiste, é muito maior, sem muitas afobações. E eu achei isso muito bem feito aqui. Daí, o gostar já varia de João pra João, nem todo mundo tem paciência. O único problema mesmo é a conclusão do filme, que acaba esbarrando num ponto não tão crível quanto deveria, mas esse aspecto anda (bem) longe de prejudicar o filme.
Enfim, ótimo Thriller. E espero, já ansioso, pelo próximo trabalho da Karyn – com os dedos cruzados pra que ela siga nessa vibe e esqueça suas máculas passadas, de coisas como "Aeon Flux" e "Garota Infernal".
Filme um pouco (mas não tão) injustiçado. Não é o suprassumo do Terror contemporâneo e anda bem, mas bem longe disso. Entretanto, preciso ser franco e confessar que o filme conseguiu me fazer estreitar os olhos em alguns pontuais momentos de tensão, naquela velha e safada expectativa por jumpscares. É preciso salientar, também, os acertos da produção, que são poucos, mas bastante agregadores (dada a conjuntura do filme): enredo desenvolvido sem muita encheção de saco, alguns jumpscares legais (outros, nem tanto) e um trabalho de arte bem feito (em sua maioria). O filme peca em dois pontos, principalmente: em suas atuações e no roteiro, que apresenta sérias inconsistências – e que chega pertinho de se redimir com seu final até interessante.
O esmero técnico de Hitchcock (condução e estética, principalmente), a priori, é o que mais chama atenção em Vertigo. Particularmente, eu mudaria algumas poucas coisas, teria talvez um apuro maior com certos pontos do roteiro (como a funcionalidade de alguns personagens, p.e.) e, também, um refinamento ainda maior com as vias de conclusão do filme, que me soaram desnecessariamente apressadas e até redundantes. No mais, certamente não deixa de ser uma obra muito bem realizada, principalmente se realocada à seu tempo.
É muito interessante, por outro lado, ver como Hitchcock tem na Psicologia uma forte aliada em seus trabalhos. Além de outros pontos espalhados no desenvolvimento dos primeiros atos, o terceiro é, naturalmente, o mais categórico, o que deixa mais claro sobre o que o filme versa.
Por fim, de um lado, temos aqui a cegueira doentia de uma obsessão calcada em idealizações, e, do outro, o auto-engano, a inconsequência e a submissão.
O mundo é mesmo cheio de podres. Todo mundo tem o seu. E, se não tem, uma hora vai ter. "L.A. Confidential" é um noir moderno em sua essência. Pessimismo e cinismo a torto e a direito. Não tive como não tirar o chapéu!
Certamente, um dos melhores e mais dinâmicos Thriller Policiais já realizados. Um time de peso no elenco e um roteiro muito bem escrito, intricado, com camadas muito interessantes. E a condução de Curtis Hanson foi ímpar em todos os aspectos; dinamizou tudo muito bem e o resultado ficou do caralho! Não tinha mesmo como esse trabalho dar errado.
A estrutura desse longa é um recorte imensamente abusivo de apelos e clichês (estes últimos, por vezes, pouquíssimo substanciais ao gênero), além de seguir desnecessariamente o modismo dos FFs (Found Footages). O longa até que contextualiza o uso da técnica, mas, por vezes, foge das pretensões dessa técnica por ser apressado demais, imediatista sem razão alguma – fosse ele realizado de maneira formal, o filme poderia não ser melhor, mas, pelo menos, não incorreria a tais erros.
Enfim, eu não posso (e nem deveria ter poder de) controlar aonde vocês investem seus dinheiros, mas, se serve de conselho, não deem os seus para assistir a esse filme.
Mera Coincidência
3.8 132 Assista Agora"Primeiro, eu preciso demonstrar meu sentimento: Mera Coincidência (Wag the Dog, 1997) é, de longe, uma das melhores comédias políticas que eu já assisti na vida. Depois, trato dos fatos: Mera Coincidência é, facilmente, um dos melhores filmes sobre política já realizados. Tudo nele funciona bem – isto é, estando o expectador disposto a aceitar as circunstâncias que decorrem de sua premissa. [...] Justamente por ser um dos melhores filmes do tema é que é tão curioso o fato desse filme permanecer passando tão despercebidamente, ainda mais nos dias de hoje. [...] Mera Coincidência é também, e talvez no mesmo nível de seu principal intento, um filme sobre o fazer cinematográfico – mentiras bem produzidas."
Para ler o texto completo basta acessar o link: www.wp.me/p6kEdJ-3ct
Atentado ao Hotel Taj Mahal
4.0 249 Assista Agora"Imerso em tensão, o filme conta com uma interessante visão sobre o que de mais iminente decorre das absurdas motivações jihadistas e, ainda mais importante, sobre a força do espírito humano em conflito com os horrores possibilitados por este mesmo espírito. [...] E há algo de muito instigante nesse processo, tanto pela segurança no manejo de câmera, que nos insere de maneira vertiginosa na apatia terrorista, quanto por seu tratamento gráfico, que termina por dar coerência a sua faceta naturalista.
[H]á um componente dramático muito bem alocado no filme, que consegue transmitir todo o clima inicial de impotência frente ao atentado e que evolui naturalmente a um senso de preservação e coletividade."
Texto completo no link a seguir: www.wp.me/p6kEdJ-3d6
Aniquilação
3.4 1,6K Assista Agora"Trabalhado no ácido (e da mais alta qualidade) – como dizem os que ficaram com cara de “oi?” durante o clímax do filme –, este criativo e tenso trabalho de Alex Garland conta com um turbilhão de aspectos muito interessantes que se somam num resultado cuja experiência de maneira alguma passará indiferente ao tato do expectador – mesmo aquele pra quem só restou a bad trip ao fim de tudo. São conceitos que se dinamizam sempre em prol da trama, que conta com um senso poderoso de imagem e uma profundidade dramática (em grande parte encabeçada por uma excelente interpretação de Natalie Portman) que eleva ainda mais a produção. [...] Perspicaz, provocativo e, em larga medida, inquietante, este último trabalho de Alex Garland já saiu do forno como um clássico – e não teve maracutaia de produtora que impedisse isso de acontecer, if you know what I mean."
A análise completa você confere no link a seguir: www.wp.me/p6kEdJ-3bk
O Comboio do Medo
4.1 134Praticamente tudo aqui está correto e, embora apele a caricaturas sociogeográficas (desde o "meso-oriental terrorista" até a "mazela acachapante da América Latina", condensada naquele fim de mundo costa-riquenho), a franqueza não deixa escapar: há verdade ali. Há comentários por trás da trama d'O Comboio do Medo que simplesmente não se invalidaram nesses 41 anos de existência. Aquilo era parte expressiva do retrato da nossa América Latina e suas Repúblicas das Bananas, sempre pelejando sob as botas de regimes autoritários, da mesma forma que o terrorismo não se faz presente de hoje no Oriente Médio.
Há em Friedkin uma crueza devastadora. É como se isso fosse uma cláusula pétrea de seu cinema (ou, pelo menos, do memorável). Ela não está presente somente em "Operação França", nem somente em "O Exorcista", e tampouco parou por aqui – lá estava em 85 o seu "Viver e Morrer em Los Angeles", que não me deixa mentir.
Uma das melhores construções de tensão que já tive o prazer de experimentar (e atestar). São sequências incríveis. É impossível manter-se apático a torrente de angústia metodicamente tramada aqui.
O filme termina como que um enorme letreiro neon, de onde se lê: "AOS PECADORES, O INFERNO, E DELE NÃO SE ESCAPA". Grande filme; brincando, uma das melhores obras do diretor.
Wheelman: Motorista de Fuga
3.1 94 Assista Agora"[P]rodução original da Netflix que deve agradar quem está a procura de um bom Thriller de Ação, ou seja, de um filme mais focado em Suspense do que em tiro, porrada e bomba (ainda que eventualmente possua momentos assim). Simples em todos os seus aspectos, o filme consegue ser igualmente eficiente em praticamente todas as funções que toma para si, mesmo optando por uma abordagem bastante inusual para os filmes do tema. [...] O filme sofre com um vácuo inexplicável causado por uma boa intenção da direção, que se revela num provável obtuso erro de continuidade, e que não se salvou nem através da mais enérgica tentativa de resposta. Este problema, se objetivo, certamente não merece descrédito, mas também não suplanta ou desfaz os méritos obtidos pelo filme até ali."
Para acessar o texto completo, basta acessar: www.wp.me/p6kEdJ-34w
Extermínio
3.7 945"De tanto ver Extermínio ser sofregamente maculado e mal compreendido pelo público, resolvi, nesta primeira parte, analisar o Horror realizado por Danny Boyle em 2002, em busca de entender o que leva um filme de importância tão ímpar para a Cultura Pop ser, ainda hoje, olhado de esguelha. No texto, traço um brevíssimo histórico do cinema zumbi, falo sobre como se desencadeou o surgimento do filme e as modificações conceituais inseridas por ele, além, é claro, de explicar porque o filme é bom pra cara&#$ e merecedor de muito, mas muito mais respeito. Tem interesse sobre o assunto? Então você encontrou o texto certo."
Para ler a primeira parte da análise completa, basta acessar: www.wp.me/p6kEdJ-260
It: A Coisa
3.9 3,0K Assista Agora"Muschietti, ao ceticismo de quem não viu grandes coisas em seu longa-metragem debutante, Mama (2013), dá um triplo mortal carpado, de lá até aqui, e acerta em cheio na realização de It: A Coisa [...] É uma produção de Horror que, sem medo de ser aquele tipo de Terror que todo mundo gosta, se usa exatamente de suas convenções para construir uma obra que talvez seja seminal ao gênero nos dias de hoje. Há quem comemore o feito, mas não sem razão. De maneira alguma, sem razão."
Para acessar o texto completo, basta acessar: www.wp.me/p6kEdJ-26W
A Morte Te Dá Parabéns
3.3 1,5K Assista Agora"'A Morte te dá Parabéns', de Christopher Landon (Como Sobreviver a um Ataque Zumbi, 2015), não satisfeito em captar a medula das produções sobre loop temporal, vai até outra fonte igualmente importante: o Horror cinematográfico, e incorpora em si, ou tenta, pelo menos, toda a essência dos Slasher Films – ou, mais especificamente, daqueles Slashers com antagonistas mascarados, como Halloween (1978) e Pânico (1996) – entregando um resultado que, embora obviamente não grandioso, rende tanto um Terrir eficiente quanto uma interessante homenagem."
Para acessar o texto completo, basta clicar logo ali no link das "Notícias" ou acessar: www.wp.me/p6kEdJ-2SE
Blade Runner 2049
4.0 1,7K Assista Agora"De esmero artístico invejável e texto exemplar, Blade Runner 2049 pode, e com orgulho, andar ao lado da obra de Scott, tendo consciência de seu posto como uma das mais importantes obras da Ficção Especulativa de seu tempo, tal qual fora a obra-prima oitentista. [...] Consciente de sua condição como derivado, Blade Runner 2049 suplanta as dúvidas usuais sobre sua necessidade, entregando uma trama forte, encantadora, aperfeiçoada e, não menos importante, inspiradora."
Para acessar o texto completo, basta acessar: www.wp.me/p6kEdJ-2sz
A Babá
3.1 960 Assista Agora"A direção de McG faz o melhor que pode com o roteiro direto e enxuto de Brian Duffield, e "A Babá", apesar de propositalmente livre de qualquer profundidade, não deixa de agradar também em outros aspectos. Em linhas gerais, "A Babá" deve(ria, pelo menos) agradar igualmente a fãs de Terror e Comédia. E talvez vá, sobretudo, à quem DEFINITIVAMENTE não está procurando por algo sério e só quer aproveitar algum tempo livre no Mês das Bruxas pra rir e sentir-se tenso e enojado – tudo ao mesmo tempo."
Para acessar o texto completo, basta clicar logo ali no link das "Notícias" ou acessar: wp.me/p6kEdJ-2Po
Hellraiser II: Renascido das Trevas
3.4 304 Assista AgoraMesmo sendo um BAITA exercício gráfico – indiscutivelmente, um dos melhores até hoje! –, é inescapável a sensação de que Hellraiser II se perdeu em algum lugar entre o pretendido aprofundamento da mística do inferno cenobita (pelo enredo mal engendrado) e um roteiro pobre, cheio de diálogos ruins. É uma continuação pouco digna do primeiro filme, mesmo que o splatter aqui seja mais aperfeiçoado. De bom mesmo, só a incrível astúcia imaginativa da produção, que até desenha um bom universo... Mas não bom o suficiente pra segurar todo o filme – seria impossível.
Quando Chega A Escuridão
3.3 133Se esforçando para depreender algo desse filme, pode ser que encontremos aqui uma tentativa (bem mambembe) de versar sobre crises existenciais vampirescas (como o recém transformado vampiro imerso num conflito entre a necessidade e a recusa de machucar humanos), mesmo falhando miseravelmente em sua execução. Pode até ser melhor do que "Os Garotos Perdidos" no que diz respeito a dinâmica, no ato de empregar mais elementos de Terror (o que é até discutível), mas, além de ter um texto pouco apurado, tem um enredo fraco, repleto de escolhas ruins, de cabo à rabo.
Ruína Azul
3.5 131Mas que baita filmão, hein?! E, de longe, um dos longas mais injustiçados que eu já tive notícia. Um conto frio, frágil e, principalmente, triste – como deixa transparecer o título – sobre uma vingança. Quase uma comédia de erros de humor bem rarefeito e com uma fotografia linda, "Ruína Azul" é um filme que retrata muito bem, e com um gosto maravilhoso pelo bom "pé no chão", como são as vinganças dos homens comuns: definitivamente sem piruetas e repleta de incertezas e tolices, rumando em direção a intermináveis e vertiginosas espirais de violência.
Embora seja uma produção menor, não deixa nem um pouco a desejar se colocado ao lado dos bons thrillers dramáticos lançados nos últimos 10 anos. Merece mais respeito.
Suburra
3.7 53 Assista AgoraPra quem tá atrás de Thrillers Políticos, "Suburra" é mais do que indicado; deveria constar em todas as listinhas do gênero e temática. Porra, é um BAITA de um filme bom, mermão!
À começo de conversa, a gente tem a condução cadenciada e com uma noção de timing perfeita do Sollima; ele sabe a hora de entregar os segmentos da trama sem fazer com que o texto – inteligente, que vai encaixando suas situações e enlaçando os personagens com muita perícia – soar um poço de exposição, visto que nós temos aqui uma trama truncada. Graças ao desenvolvimento acurado, o filme consegue não fazer transparecer tal complexidade. É um filme muito bem narrado, a propósito. A foto de Paolo Carnera é outra coisa linda de se ver, cara. Muito boa.
Suburra se esforça – e obtém sucesso nisso – para mostrar como o poder se perpetua através das instituições, sejam elas "legítimas" (política) ou não (máfia), e como estas estão conluiadas, como elas se retroalimentam à exaustão.¹
O filme, apesar do ótimo desenvolvimento, tem alguns problemas em sua conclusão. Primeiramente, a falta excruciante de um arremate mais elaborado para a subtrama do papado e do envolvimento do cardeal na tramoia (ponto que, não sei se por descuido de quem adicionou o perfil do filme aqui, me frustrou, já que é mencionado como ponto chave do plot, na sinopse, e não há quase nada disso no filme). Em relação ao papado, eu ainda estou tentando depreender dali algum significado simbólico, porque prático eu ainda não vi nenhum relevante; não até agora. Em segundo lugar, vide nota.²
Não existe uma perspectivazinha sequer em que o saldo do filme seja "ruim" pro espectador, muito embora o filme encare problemas nada descreditáveis em sua conclusão. Num resumo avexado: Suburra vale muito a pena.
____________________________
1:
Breve exemplo dessa relação de poder se encontra no fato do Samurai, em algumas de suas conversas com outros personagens, sempre ouvir algo que fazia referência a grande quantidade de tempo que eles não se viam, não conversavam, etc, e ainda assim, mesmo tendo-se passado longos períodos, continuar a ter seu caráter de autoridade quase intacto sobre aqueles que já conheciam a sua figura.
2:
O fato de o filme apostar numa conclusão passiva demais, de viés não completamente "otimista", mas que cai na velha pachorra de "fracos vencendo fortes" – o que anda longe de ser uma novidade ilustre. Digo, é um final bom, mas não inteiramente corajoso. É intuitivo; grosso modo, era o que a gente, enquanto cidadão que zela pela "boa política" e pela queda vertiginosa de pessoas pau no cu, queria: o Malgradi se ferrando, o Anacleti levando o dele e o Samurai indo pra vala. Decerto, o fato de um filme deixar essas conclusões abertas à dedução de quem assiste é um ponto a se somar – é legal que se tenha optado por deixar tudo com esse ar de "depois ali, ainda vai ter mais merda", que felizmente não escorre para a realização de outras produções –, mas ainda acho que o melhor caminho não era essa direção indo de encontro à agradabilidade do público.
O Samurai
4.2 145"Não há solidão maior que a de um samurai, exceto talvez a de um tigre na selva", é a frase que pinta logo na introdução do filme. Bonita, significativa, principalmente se você para pra pensar na figura de Jeff Costello: indivíduo silencioso, calculista, frio, objetivo, mas, acima de tudo, solitário. Entrelinhas, Jeff é de seu pássaro monossilábico um reflexo humano: preso em entre as grades de seus hábitos, e destinado a fazer a mesma coisa... Até perecer.
Noir puro e simples, mas inesquecível. Filme magnífico.
Fuga Para a Liberdade
4.0 232Vida, morte, liberdade, redenção, natureza, cachorros, enfim... "A Incrível Aventura de Rick Baker" é, também, uma incrível jornada de descoberta. De um lado, a descoberta de que há vida, e beleza, além dos muros da falta de perspectiva e compaixão, e, do outro, de que restou muita coisa valiosa além das desgraçantes amarguras que uma história de vida consegue comportar. A Incrível Aventura de Rick Baker é, sobretudo, uma lindíssima obra – desde as mais singelas composições imagéticas até as mensagens reconfortantes – sobre a Liberdade enquanto matéria-prima fundamental na vida, e tudo isso, pavimentado com esse humor peculiaríssimo e massa pra caralho do Waititi.
Taika, parabéns, e muito obrigado!
Violência e Terror
3.1 90De modo geral, é um escracho de filme – o que não é um problema automático. Ele até tenta, se arrisca, mas não consegue ser mais do que um Trash bem disposto – e o orçamento de pouco mais de 100.000 doletas não ajuda muito. O diretor até que conduz o filme decentemente (a contragosto do roteiro meio meh), sobretudo, por trabalhar de modo interessante com a câmera, tendo noções bem bacanas de perspectiva, algo que, à época, não era tão comum no gênero; e o final do filme, de viés pessimista, a propósito, até que dá um gás, mas já era tarde demais.
No mais, uma coisa: eu já tinha ouvido falar de todo tipo de surra, desde "surra de bambu" até "surra de bunda", mas nunca de "surra de cabeça alheia". Eu ri que engasguei naquela cena em que o Bill chega dando porrada no Craig com a cabeça do Danny, mano. Parabéns à produção pela introdução, no longínquo fim dos anos 80, deste novo conceito de surra.
Alta Tensão
3.5 569Dado o fim, nota-se que Aja tinha as melhores das intensões para esse filme, mas acontece que o saldo final, bagunçado, não o deixa chegar perto dessas pretensões.
Ele funciona perfeitamente bem por um lado, já que, sendo um Terror componente do (velho) ~Novo Extremismo Francês~, é dotado de tudo aquilo que o movimento requer: protagonismo feminino, pouca encheção de linguiça, dinamicidade e, claro, um splatter bem apurado. E é até interessante notar como o Aja se esforça pra se comunicar com o espectador, lançando luz sobre o final, ainda no decorrer do filme.
Como exemplo, observemos a sequência em que Marie está seguindo o carro do assassino: nela, um dos planos escolhidos por Aja pra compor aquela situação é justamente um close-up frontal em Marie dentro do carro, onde se pode observar que metade do rosto dela está iluminado, enquanto a outra metade está coberta por sombras, enegrecida. Luz e Escuridão, Bem e Mal, deu pra entender? Pois é. Essa foi uma das formas que o filme encontrou para fazer alusão, já à caminho do final, ao fato de Marie possuir o afamado transtorno dissociativo de identidade, que acaba por se revelar no fim do filme.
Bem bacana, não? Eu achei. Só que aí vem o outro lado da coisa – tão, ou mais, importante do que o restante: o texto do filme (substancialmente composto de descrição de situações, dado o número reduzido de falas – o que não é um problema automático, é claro) deixa tantas coisas em aberto, mal explicadas, que a conclusão acaba ficando desamparada, sabe? E isso faz a esperada profundidade psicológica dele soar mais do que forçada. Daí, a dificuldade de muita gente em digerir o final; é de se entender.
Podaria, sim, ter sido melhor (inclusive, se minha namorada não tivesse me spoileado o grand finale), mas, como entretenimento, a franqueza cabe aqui: até que "Alta Tensão" funciona bem.
Um Colégio Muito Maluco
2.8 77 Assista AgoraWhat?
O Convite
3.3 1,1KAqui, um filme que, definitivamente, não merece a nota parca e insossa que tem. É bem realizado demais pra ter só isso. É conduzido com um jeitinho todo comedido, mas ainda assim incisivo. Não à toa, a tensão rasteira da trama, junto daquele tom lúgubre, gruda na gente e não dá alívio nem quando deve – a gente quase não percebe e, quando se dá conta, PLAU!, ta lá, cheio de suspeitas e quase tão desconfiado quanto o Will.
A tensão é construída com muito cuidado nesse filme, sendo mais apegada a detalhes do que a situações, e esse é o lado bom dos slow-burn em detrimento de suspenses de estrutura mais genérica: por não serem expressos como a maioria destes, o cuidado com como o suspense vai se desenvolver, ou com como a dinâmica "expectativa x evento" vai sendo aliciada em quem assiste, é muito maior, sem muitas afobações. E eu achei isso muito bem feito aqui. Daí, o gostar já varia de João pra João, nem todo mundo tem paciência. O único problema mesmo é a conclusão do filme, que acaba esbarrando num ponto não tão crível quanto deveria, mas esse aspecto anda (bem) longe de prejudicar o filme.
Enfim, ótimo Thriller. E espero, já ansioso, pelo próximo trabalho da Karyn – com os dedos cruzados pra que ela siga nessa vibe e esqueça suas máculas passadas, de coisas como "Aeon Flux" e "Garota Infernal".
Last Shift
3.0 204Filme um pouco (mas não tão) injustiçado. Não é o suprassumo do Terror contemporâneo e anda bem, mas bem longe disso. Entretanto, preciso ser franco e confessar que o filme conseguiu me fazer estreitar os olhos em alguns pontuais momentos de tensão, naquela velha e safada expectativa por jumpscares. É preciso salientar, também, os acertos da produção, que são poucos, mas bastante agregadores (dada a conjuntura do filme): enredo desenvolvido sem muita encheção de saco, alguns jumpscares legais (outros, nem tanto) e um trabalho de arte bem feito (em sua maioria). O filme peca em dois pontos, principalmente: em suas atuações e no roteiro, que apresenta sérias inconsistências – e que chega pertinho de se redimir com seu final até interessante.
Um Corpo que Cai
4.2 1,3K Assista AgoraO esmero técnico de Hitchcock (condução e estética, principalmente), a priori, é o que mais chama atenção em Vertigo. Particularmente, eu mudaria algumas poucas coisas, teria talvez um apuro maior com certos pontos do roteiro (como a funcionalidade de alguns personagens, p.e.) e, também, um refinamento ainda maior com as vias de conclusão do filme, que me soaram desnecessariamente apressadas e até redundantes. No mais, certamente não deixa de ser uma obra muito bem realizada, principalmente se realocada à seu tempo.
É muito interessante, por outro lado, ver como Hitchcock tem na Psicologia uma forte aliada em seus trabalhos. Além de outros pontos espalhados no desenvolvimento dos primeiros atos, o terceiro é, naturalmente, o mais categórico, o que deixa mais claro sobre o que o filme versa.
Por fim, de um lado, temos aqui a cegueira doentia de uma obsessão calcada em idealizações, e, do outro, o auto-engano, a inconsequência e a submissão.
De fato, um baita filme.
Los Angeles: Cidade Proibida
4.1 527 Assista AgoraO mundo é mesmo cheio de podres. Todo mundo tem o seu. E, se não tem, uma hora vai ter. "L.A. Confidential" é um noir moderno em sua essência. Pessimismo e cinismo a torto e a direito. Não tive como não tirar o chapéu!
Certamente, um dos melhores e mais dinâmicos Thriller Policiais já realizados. Um time de peso no elenco e um roteiro muito bem escrito, intricado, com camadas muito interessantes. E a condução de Curtis Hanson foi ímpar em todos os aspectos; dinamizou tudo muito bem e o resultado ficou do caralho! Não tinha mesmo como esse trabalho dar errado.
Que filme! Com certeza verei outras vezes.
A Possessão do Mal
2.7 242 Assista AgoraA estrutura desse longa é um recorte imensamente abusivo de apelos e clichês (estes últimos, por vezes, pouquíssimo substanciais ao gênero), além de seguir desnecessariamente o modismo dos FFs (Found Footages). O longa até que contextualiza o uso da técnica, mas, por vezes, foge das pretensões dessa técnica por ser apressado demais, imediatista sem razão alguma – fosse ele realizado de maneira formal, o filme poderia não ser melhor, mas, pelo menos, não incorreria a tais erros.
Enfim, eu não posso (e nem deveria ter poder de) controlar aonde vocês investem seus dinheiros, mas, se serve de conselho, não deem os seus para assistir a esse filme.