Entendo as críticas relacionadas ao fato de o filme ser mais uma história de "gays com aids", mas é importante lembrar que uma parcela gigante da comunidade LGBTQIA+ sucumbiu ao vírus durante os anos mais horríveis da pandemia e, por esse motivo, ainda existem muitas histórias não contadas e memórias esperando o momento certo para serem compartilhadas. Esse filme é uma dessas memórias e, possivelmente, a gente ainda vá assistir muitos outros filmes baseados nas vidas e histórias daqueles que perdemos.
Muito bom. Há tanto material há ser explorado no misticismo judeu que eu nunca tinha ouvido falar do demônio abordado no filme. O diretor se formou em uma escola rabínica e escreveu sua tese sobre monstros na cultura judaica e isso se traduziu muito bem no filme. Um outro aspecto positivo é esse esforço em reviver e criar cinema em yiddish que sofreu tantas percas depois do Holocausto. É bom ver novas gerações elevando a própria cultura.
Fora o poder que "Strange Fruit" emana, o que mais me chamou a atenção aqui é o racismo sistemático dentro do FBI e outros órgãos americanos que ainda hoje, na sua maioria branca, possuem como alvo comunidades negras e latinas pelos Estados Unidos. Não é a toa que no ano passado vários protestos aconteceram ao redor do país. A história é "velha", mas a discussão ainda habita o presente.
Há 30 anos atrás, "Driving Miss Daisy" (1989) ganhava o Oscar e ressaltava a obsessão da Academia por histórias com reconciliação racial. Difícil não lembrar da Kim Basinger apresentando o Oscar e ressaltando o fato de "Do the Right Thing" (1989) não ter sido nomeado, o filme que, nas palavras da atriz, era o mais próximo da realidade quando comparado aos outros filmes carregados de temas raciais que concorreram à estatueta em 1990. Com "Green Book" (2018) a história se repete, mostrando outra vez a obsessão da Academia por histórias de reconciliação racial, reconciliação que para alguns é bonita de se ver, é importante ser mostrada e que acalenta o coração, mas que para outros não passa de uma visão fantasiosa de uma america branca e suburbana que, no decorrer da história dos Estados Unidos, não sofreu por ter nascido com "a cor errada", nem foi excluída pela cor da sua pele. O filme é bom? É sim, mas isso não exclui a frustração dos que veem a Academia validar uma fantasia de reconciliação racial que, infelizmente, ainda está longe de acontecer nos Estados Unidos e que, quando aconteceu no passado, foi uma exceção.
Confesso que os primeiros minutos foram tediosos, pois mostraram imagens em P&B que eu já tinha visto diversas vezes em outros documentários sobre a primeira Guerra Mundial. No momento em que o as imagens digitalmente colorizadas apareceram, porém, meu queixo caiu. Cor, áudio, velocidade e tudo tão próximo da realidade que fica difícil você deixar a sala de cinema sem acreditar que você acabou de experenciar algo único. Vale muito a pena.
A melhor parte da nomeação de RBG ao Oscar de melhor documentário é que agora o mundo vai descobrir quem é a Ruth Ginsburg. Lembro de ter assistido em um cinema local com uma única sala que não aguenta mais de 100 pessoas, mas no final do filme todos estavam aplaudindo, talvez não o filme, mas a vida de uma ministra de justiça que se dedicou a luta pela igualdade entre homens e mulheres durante toda a sua carreira e que, mesmo quase chegando nos 90, ainda é uma força impressionante na Suprema Corte americana. Como bem diz Gloria Steinem no documentário, Ginsburg é o mais perto que a gente pode chegar de uma super-heroína.
Um filmaço que conta o início da história da Ruth Ginsburg. O documentário produzido pela CNN, “RBG”, conta a história dela com ainda mais detalhes e aqueles que ficaram com vontade de saber mais sobre a Ginsburg, é uma boa pedida.
Performance maravilhosa da Emma Thompson. Constante, imponente e que, quando se mostra vulnerável, traz à tona a vulnerabilidade de quem também assiste.
Tive o privilégio de assistir o filme com a autora do livro que inspirou o filme. Filme sensível, com cenas angustiantes e que, por mais estranho que pareça, consegue incluir uma dose de comédia em um ambiente de tanta repressão. No mais, fiquei querendo saber a direção que a vida dos personagens tomaram. Como já comentaram antes, muita coisa poderia ainda rolar e provavelmente rolou no livro, então agora me resta desligar a TV e começar a leitura.
Johnny se perdendo no corpo do Gheorge e ao mesmo tempo se encontrando ao compreender que sexo vai além de cuspe e penetração; e o diálogo dos dois no final, quando o Johnny quebra aquela barreira da "masculinidade" e diz que a razão de ele ter vindo atrás do Gheorge é que ele quer que os dois fiquem juntos.
Dá pra gargalhar e chorar em um intervalo de menos de dez minutos. Embora eu tenha achado "Frances Ha" um pouco pretensioso, ainda que divertido, o filme me fez dar extra atenção a Greta como roteirista e acho que com "Lady Bird" ela atingiu o nível de maturidade que eu sempre esperei de "Frances Ha". De tão natural e sem necessidade de uma conclusão ou desfecho, "Lady Bird" é um retrato genuíno de muita gente por aí saindo da adolescência para viver os inúmeros momentos não-especiais da vida.
Por ser baseado em um livro com tão poucos diálogos e tantos questionamentos internos, fiquei receoso quanto ao resultado final, mas o ambiente, a resposta dos corpos e os olhares ecoam maravilhosamente a obsessão do Elio pelo Oliver.
A história deixa a desejar, como eu meio que já esperava, mas essa experiência visual vale cada centavo, principalmente para aqueles que amam as obras do Van Gogh, pois uma das partes legais do filme é identificar as obras nas cenas.
Igualmente triste e divertido, Gook pode fazer com que os espectadores sintam todos os sentimentos, além de fazer com que a audiência pergunte todas as perguntas. Vinte e cinco anos após os protestos que abalaram Los Angeles, o filme apresenta ao público a oportunidade de dar uma olhada para trás e ver até onde a sociedade chegou (ou se chegou a algum lugar).
Saí do cinema com uma única certeza: nunca vi nenhum filme assim. No entanto, depois de pensar mais na história e de o absurdo ir ficando para trás para dar espaço às alegorias,
comecei a ligar as referências bíblicas presentes no filme. Uma casa ou mundo que não respeitamos e um deus que nos faz passar por guerras e turbulências desde que a gente o continue amando, pois o mesmo vive do nosso amor, não necessariamente de nos amar (ou pelo menos foi isso que entendi).
Dá pra entender o motivo de alguns acharem que o filme é anti-cristão, mas como não sou cristão, não posso afirmar assim com tanta certeza. Uma coisa é certa, é tanto absurdo, é tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo que você não sabe se se assusta, se ri ou se fica sem palavras.
Entendo que não dá pra se aprofundar muito em sete personagens que possuem todos a mesma importância, mas a atuação da Noomi Rapace deu conta do recado e o resultado final, ainda que em alguns pontos previsível, ainda é uma distopia que empolga quem está assistindo.
O enredo inicialmente pode até fazer alguém lembrar de Madame Bovary, mas não por muito tempo, pois Lady Macbeth assume um curso muito diferente da história do Flaubert. Baseado no livro "Lady Macbeth of the Mtsensk District" do escritor russo Nikolai Leskov, o filme consegue sair do silencio à tempestade em um período de tempo muito curto. A narrativa do filme não depende de diálogos para contar a história de Katherine. A configuração, a iluminação e a solidão em torno do ambiente falam mais que os próprios personagens. A falta de tons alegres na casa cria um habitat que desaparece da visão do espectador, o que deixa a atenção toda em Katherine ao mesmo tempo em que mostra o estado de tédio onde a mesma se encontra. O silêncio ao redor praticamente transforma a respiração da personagem na trilha sonora do filme, detonando o quão sufocante é a sociedade patriarcal em que ela está inserida. Nesse momento do filme, entre respirações e cômodos à meia luz, o espectador sente que também está preso na casa com a personagem principal.
A única forma que a Katherine encontra de se libertar e viver sua paixão por Sebastian é suprimindo qualquer compaixão e derrubando qualquer um que possa ameaçar os seus objetivos. É nesse momento do filme que o espectador entende a referência à Lady Macbeth de Shakespeare, uma mulher em conflito entre masculinidade e feminilidade em um momento da história em que ser implacável era um atributo visto como masculino. Katherine é uma personagem moderna perdida em um ambiente rústico e antigo. A fotografia está em consonância com essa afirmação, pois no filme é adotada uma abordagem moderna que não é freqüentemente usada em dramas históricos, o que nos aproxima de Katherine e nos faz sentir como se estivéssemos lá, ao lado da personagem.
O filme é o longa-metragem de estréia de William Oldroyd e a estréia de Alice Birch como roteirista. Quanto à atriz Florence Pugh, um pensamento acompanha o espectador: "Quem é essa atriz e por que eu nunca a vi antes?" Sua performance como Katherine cria uma mulher fatal do século XIX que leva seu amante - e também o espectador - a situações perigosas e mortais. À medida que a história se desenrola, o silêncio de Katherine é substituído pelo silêncio de uma audiência que fica sem fala.
O elenco é impecável e a história retrata a eterna relação entre Estados Unidos e América Latina, onde grandes empresas americanas destroem o ambiente e a economia de cidades no México, Panamá, etc., levando famílias a pobreza e eventualmente a imigração, sendo que esses imigrantes são geralmente destratados quando chegam na América. Como um latino-americano vivendo nos Estados Unidos, já ouvi um "but did you come here legally?" e talvez por estar numa situação tão próxima a da Beatriz, gostei bastante do filme.
O uso das cores nesse filme é espetacular. Em Elizabeth, há uma transformação do inocente e pálido coral dos vestidos para um poderoso vermelho sangue, que acompanha a ascensão da rainha. E, curiosamente, no Robert Dudley,
o verde musgo, usado largamente em filmes para representar veneno, está presente na maioria das suas indumentárias, sendo que mais tarde na obra a gente descobre as reais intenções do sujeito, que se torna um veneno para a rainha Elizabeth.
O Amor é Para Todos
4.0 333Entendo as críticas relacionadas ao fato de o filme ser mais uma história de "gays com aids", mas é importante lembrar que uma parcela gigante da comunidade LGBTQIA+ sucumbiu ao vírus durante os anos mais horríveis da pandemia e, por esse motivo, ainda existem muitas histórias não contadas e memórias esperando o momento certo para serem compartilhadas. Esse filme é uma dessas memórias e, possivelmente, a gente ainda vá assistir muitos outros filmes baseados nas vidas e histórias daqueles que perdemos.
The Vigil
2.9 31Muito bom. Há tanto material há ser explorado no misticismo judeu que eu nunca tinha ouvido falar do demônio abordado no filme. O diretor se formou em uma escola rabínica e escreveu sua tese sobre monstros na cultura judaica e isso se traduziu muito bem no filme. Um outro aspecto positivo é esse esforço em reviver e criar cinema em yiddish que sofreu tantas percas depois do Holocausto. É bom ver novas gerações elevando a própria cultura.
Estados Unidos Vs Billie Holiday
3.3 150 Assista AgoraFora o poder que "Strange Fruit" emana, o que mais me chamou a atenção aqui é o racismo sistemático dentro do FBI e outros órgãos americanos que ainda hoje, na sua maioria branca, possuem como alvo comunidades negras e latinas pelos Estados Unidos. Não é a toa que no ano passado vários protestos aconteceram ao redor do país. A história é "velha", mas a discussão ainda habita o presente.
Green Book: O Guia
4.1 1,5K Assista AgoraHá 30 anos atrás, "Driving Miss Daisy" (1989) ganhava o Oscar e ressaltava a obsessão da Academia por histórias com reconciliação racial. Difícil não lembrar da Kim Basinger apresentando o Oscar e ressaltando o fato de "Do the Right Thing" (1989) não ter sido nomeado, o filme que, nas palavras da atriz, era o mais próximo da realidade quando comparado aos outros filmes carregados de temas raciais que concorreram à estatueta em 1990. Com "Green Book" (2018) a história se repete, mostrando outra vez a obsessão da Academia por histórias de reconciliação racial, reconciliação que para alguns é bonita de se ver, é importante ser mostrada e que acalenta o coração, mas que para outros não passa de uma visão fantasiosa de uma america branca e suburbana que, no decorrer da história dos Estados Unidos, não sofreu por ter nascido com "a cor errada", nem foi excluída pela cor da sua pele. O filme é bom? É sim, mas isso não exclui a frustração dos que veem a Academia validar uma fantasia de reconciliação racial que, infelizmente, ainda está longe de acontecer nos Estados Unidos e que, quando aconteceu no passado, foi uma exceção.
Eles Não Envelhecerão
4.3 49Confesso que os primeiros minutos foram tediosos, pois mostraram imagens em P&B que eu já tinha visto diversas vezes em outros documentários sobre a primeira Guerra Mundial. No momento em que o as imagens digitalmente colorizadas apareceram, porém, meu queixo caiu. Cor, áudio, velocidade e tudo tão próximo da realidade que fica difícil você deixar a sala de cinema sem acreditar que você acabou de experenciar algo único. Vale muito a pena.
A Juíza
4.0 42 Assista AgoraA melhor parte da nomeação de RBG ao Oscar de melhor documentário é que agora o mundo vai descobrir quem é a Ruth Ginsburg. Lembro de ter assistido em um cinema local com uma única sala que não aguenta mais de 100 pessoas, mas no final do filme todos estavam aplaudindo, talvez não o filme, mas a vida de uma ministra de justiça que se dedicou a luta pela igualdade entre homens e mulheres durante toda a sua carreira e que, mesmo quase chegando nos 90, ainda é uma força impressionante na Suprema Corte americana. Como bem diz Gloria Steinem no documentário, Ginsburg é o mais perto que a gente pode chegar de uma super-heroína.
Suprema
3.9 105 Assista AgoraUm filmaço que conta o início da história da Ruth Ginsburg. O documentário produzido pela CNN, “RBG”, conta a história dela com ainda mais detalhes e aqueles que ficaram com vontade de saber mais sobre a Ginsburg, é uma boa pedida.
Suspíria: A Dança do Medo
3.7 1,2K Assista AgoraNão dá pra negar que o filme é bonito visualmente, mas que fiquei perdido às vezes, fiquei sim.
Boy Erased: Uma Verdade Anulada
3.6 404 Assista AgoraPraticamente a versão masculina de "The Miseducation of Cameron Post". Apesar disso, muito bom, sensível e que rendeu umas lágrimas aqui e acolá.
Um Ato de Esperança
3.3 59 Assista AgoraPerformance maravilhosa da Emma Thompson. Constante, imponente e que, quando se mostra vulnerável, traz à tona a vulnerabilidade de quem também assiste.
Infiltrado na Klan
4.3 1,9K Assista AgoraAté agora, melhor filme do ano e com um final que deixou a sala de cinema inteira sem palavras.
O Mau Exemplo de Cameron Post
3.4 318 Assista AgoraTive o privilégio de assistir o filme com a autora do livro que inspirou o filme. Filme sensível, com cenas angustiantes e que, por mais estranho que pareça, consegue incluir uma dose de comédia em um ambiente de tanta repressão. No mais, fiquei querendo saber a direção que a vida dos personagens tomaram. Como já comentaram antes, muita coisa poderia ainda rolar e provavelmente rolou no livro, então agora me resta desligar a TV e começar a leitura.
Eu Dançarei se Eu Quiser
3.9 3Simples, mas ainda assim super simbólico na sua simplicidade, principalmente na maneira como dispõe as três personagens na tela.
O Reino de Deus
4.1 335Duas cenas simples, porém bonitas:
Johnny se perdendo no corpo do Gheorge e ao mesmo tempo se encontrando ao compreender que sexo vai além de cuspe e penetração; e o diálogo dos dois no final, quando o Johnny quebra aquela barreira da "masculinidade" e diz que a razão de ele ter vindo atrás do Gheorge é que ele quer que os dois fiquem juntos.
Lady Bird: A Hora de Voar
3.8 2,1K Assista AgoraDá pra gargalhar e chorar em um intervalo de menos de dez minutos. Embora eu tenha achado "Frances Ha" um pouco pretensioso, ainda que divertido, o filme me fez dar extra atenção a Greta como roteirista e acho que com "Lady Bird" ela atingiu o nível de maturidade que eu sempre esperei de "Frances Ha". De tão natural e sem necessidade de uma conclusão ou desfecho, "Lady Bird" é um retrato genuíno de muita gente por aí saindo da adolescência para viver os inúmeros momentos não-especiais da vida.
Me Chame Pelo Seu Nome
4.1 2,6K Assista AgoraPor ser baseado em um livro com tão poucos diálogos e tantos questionamentos internos, fiquei receoso quanto ao resultado final, mas o ambiente, a resposta dos corpos e os olhares ecoam maravilhosamente a obsessão do Elio pelo Oliver.
Fiquei esperando 'Someone Like You' da Adele tocar no final.
Com Amor, Van Gogh
4.3 1,0K Assista AgoraA história deixa a desejar, como eu meio que já esperava, mas essa experiência visual vale cada centavo, principalmente para aqueles que amam as obras do Van Gogh, pois uma das partes legais do filme é identificar as obras nas cenas.
Gook
3.9 5Igualmente triste e divertido, Gook pode fazer com que os espectadores sintam todos os sentimentos, além de fazer com que a audiência pergunte todas as perguntas. Vinte e cinco anos após os protestos que abalaram Los Angeles, o filme apresenta ao público a oportunidade de dar uma olhada para trás e ver até onde a sociedade chegou (ou se chegou a algum lugar).
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraSaí do cinema com uma única certeza: nunca vi nenhum filme assim. No entanto, depois de pensar mais na história e de o absurdo ir ficando para trás para dar espaço às alegorias,
comecei a ligar as referências bíblicas presentes no filme. Uma casa ou mundo que não respeitamos e um deus que nos faz passar por guerras e turbulências desde que a gente o continue amando, pois o mesmo vive do nosso amor, não necessariamente de nos amar (ou pelo menos foi isso que entendi).
Onde Está Segunda?
3.6 1,3K Assista AgoraEntendo que não dá pra se aprofundar muito em sete personagens que possuem todos a mesma importância, mas a atuação da Noomi Rapace deu conta do recado e o resultado final, ainda que em alguns pontos previsível, ainda é uma distopia que empolga quem está assistindo.
Lady Macbeth
3.5 158O enredo inicialmente pode até fazer alguém lembrar de Madame Bovary, mas não por muito tempo, pois Lady Macbeth assume um curso muito diferente da história do Flaubert. Baseado no livro "Lady Macbeth of the Mtsensk District" do escritor russo Nikolai Leskov, o filme consegue sair do silencio à tempestade em um período de tempo muito curto. A narrativa do filme não depende de diálogos para contar a história de Katherine. A configuração, a iluminação e a solidão em torno do ambiente falam mais que os próprios personagens. A falta de tons alegres na casa cria um habitat que desaparece da visão do espectador, o que deixa a atenção toda em Katherine ao mesmo tempo em que mostra o estado de tédio onde a mesma se encontra. O silêncio ao redor praticamente transforma a respiração da personagem na trilha sonora do filme, detonando o quão sufocante é a sociedade patriarcal em que ela está inserida. Nesse momento do filme, entre respirações e cômodos à meia luz, o espectador sente que também está preso na casa com a personagem principal.
A única forma que a Katherine encontra de se libertar e viver sua paixão por Sebastian é suprimindo qualquer compaixão e derrubando qualquer um que possa ameaçar os seus objetivos. É nesse momento do filme que o espectador entende a referência à Lady Macbeth de Shakespeare, uma mulher em conflito entre masculinidade e feminilidade em um momento da história em que ser implacável era um atributo visto como masculino. Katherine é uma personagem moderna perdida em um ambiente rústico e antigo. A fotografia está em consonância com essa afirmação, pois no filme é adotada uma abordagem moderna que não é freqüentemente usada em dramas históricos, o que nos aproxima de Katherine e nos faz sentir como se estivéssemos lá, ao lado da personagem.
O filme é o longa-metragem de estréia de William Oldroyd e a estréia de Alice Birch como roteirista. Quanto à atriz Florence Pugh, um pensamento acompanha o espectador: "Quem é essa atriz e por que eu nunca a vi antes?" Sua performance como Katherine cria uma mulher fatal do século XIX que leva seu amante - e também o espectador - a situações perigosas e mortais. À medida que a história se desenrola, o silêncio de Katherine é substituído pelo silêncio de uma audiência que fica sem fala.
Annabelle 2: A Criação do Mal
3.3 1,1K Assista AgoraO filme ficou cem vezes melhor só por ser "de época", fora os sustos contínuos. Pra quê eu pago cinema pra ter pesadelo, pra quê?
Jantar Com Beatriz
3.3 56 Assista AgoraO elenco é impecável e a história retrata a eterna relação entre Estados Unidos e América Latina, onde grandes empresas americanas destroem o ambiente e a economia de cidades no México, Panamá, etc., levando famílias a pobreza e eventualmente a imigração, sendo que esses imigrantes são geralmente destratados quando chegam na América. Como um latino-americano vivendo nos Estados Unidos, já ouvi um "but did you come here legally?" e talvez por estar numa situação tão próxima a da Beatriz, gostei bastante do filme.
"Do you think killing is hard? Try healing."
Elizabeth
3.8 303 Assista AgoraO uso das cores nesse filme é espetacular. Em Elizabeth, há uma transformação do inocente e pálido coral dos vestidos para um poderoso vermelho sangue, que acompanha a ascensão da rainha. E, curiosamente, no Robert Dudley,
o verde musgo, usado largamente em filmes para representar veneno, está presente na maioria das suas indumentárias, sendo que mais tarde na obra a gente descobre as reais intenções do sujeito, que se torna um veneno para a rainha Elizabeth.